4.8.03

A ver arder

Em casa, depois de um fim-de-semana a trabalhar - e a noticiar quase em contínuo um país a arder em desespero - olho distraído para alguns blogues que tento ler diariamente. E páro estupefacto perante a diatribe de Pedro Boucherie Mendes contra a "jornalistada" (num tique-muito-monteirista-portista-do-jornalista-acima-dos-jornalistas) que não se explica, nem explica a geografia dos fogos (deve ser o mesmo PBM que se queixa da estudantada portuguesa que não sabe nada!).
E páro surpreso, pela reacção de aplauso de Francisco José Viegas, que admiro e respeito, ao tom das "postas" de PBM sobre os fogos. FJV mete tudo no mesmo saco e descobre os rostos de quem viveu à custa dos subsídios naquelas caras sofridas de quem vê o fogo tudo levar.
No meio disto, penso, «Como reagiria eu?», se fosse um qualquer Zé ou Maria de Mação ou Oleiros ou Vila de Rei ou Sertã. Tenho dúvidas de que pensasse: «Isto não é nada, melhores dias virão, não vou chorar em fogo derramado». Ou, como escreve PBM, «A vida é mesmo isso, é começar tudo outra vez».
Não! É HIPOCRISIA A MAIS, de PBM. Sentadinho, confortavelmente no seu sofá lisboeta, a escrever no seu computador para o seu blogue, a perorar sobre o «desespero nacional, um desespero sem conta, sem peso, sem medidas»... A incendiar a blogosfera, pensa ele.
Felizmente, no fim da minha ronda, passei pelo
Outro, eu, do (também) jornalista Carlos Vaz Marques. E respirei aliviado. Há quem não se sinta acima dos «desgraçados». Leiam aqui. Vale a pena. Para apagar fogos de palavras mal pensadas.