31.3.05

[uma noite assim]


Há sempre um sopro de vida, mesmo com a cadeira vazia.

A Bairrada não é Coimbra



1 leitão com 9 kg, alho, pimenta branca, sal e banha de porco.

Prepara-se o leitão, limpando-se bem. Reserva-se. À parte faz-se o molho com bastante alho, banha de porco, pimenta branca e sal. Desfazem-se estes ingredientes com a varinha mágica até se obter um creme. Coloca-se o molho dentro da barriga e pescoço do leitão, cozendo com agulha grossa e linha forte os dois orifícios. Vai a assar durante uma hora e meia a duas horas, em forno de lenha previamente aquecido durante uma hora (mínimo).
Nota: 3 colheres de sopa de molho são o suficiente para dar o verdadeiro sabor à carne.

Falamos de leitão, claro. Da bairrada.

[nota]

Os comentários voltaram a ser permitidos a todos os leitores. Até aqui só leitores registados podiam deixar a observação, o protesto, o louvor, o que lhes apetecesse. Tudo para contrariar alguns anónimos que insistiam em ultrapassar limites. Se esses anónimos voltarem e desrespeitarem o estatuto editorial deste blogue, os seus comentários serão apagados. A liberdade exerce-se na responsabilidade, não no disparate.

30.3.05

Da Universidade

Vasco Pulido Valente (VPV) escreveu mais uma crónica, própria de quem se acha inimputável pelo endeusamento acrítico geral, sobre a direita e a Igreja. Como se a Igreja fosse de direita e - mais grave ainda - fosse da direita (coisa desejada por alguns).

O que aqui me traz é, no entanto, uma pequena frase, quase lateral, no argumentário de VPV: «Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.» Há um fundo de alguma verdade neste resumo. Mas passo a minha objecção teológica de base sobre a Universidade Católica - os cristãos devem estar no mundo, não à parte -, para questionar a afirmação desta Universidade como a «principal escola de quadros da direita».

De facto, é indesmentível que as principais correntes filosóficas e ideológicas daquela Universidade se colocam politicamente à direita no pensamento social e económico. E este é o cerne de uma objecção mais funda, que nos devia fazer desejar outra universidade. Este desejo estende-se a todas universidades, que devem estar atentas ao mundo - e não desligadas dele (o discurso neoliberal fala-nos habitualmente do binómio redutor universidade-empresa, nós alargamos ao mundo, que deve ser inclusivo, não exclusivo), mas torna-se particularmente necessário quando se fala de uma universidade que clama para si o nome de «católica». A sua "catolicidade" parece esgotar-se nas suas faculdades de Teologia e nos centros de estudos canónicos e religiosos e está claramente ausente de outras faculdades - e em Economia, com mais acuidade.

Afinal, onde está o pensamento socio-económico que inclua o pobre, o marginal como elemento produtivo da sociedade? Não está, não existe. Pelo contrário, gestores e académicos conotados com a Universidade Católica têm quase sempre o discurso mais neoliberal no quadro económico português. Não há uma reflexão séria, sistemática e sistematizada sobre a pobreza, as suas causas e as possibilidades de a combater, reconhecidamente produzida pela Universidade. Não se conhece um programa (atrevo-me a dizê-lo) político que sustente uma opção preferencial pelos pobres.



Originalmente publicado na edição de hoje da Terra da Alegria.

De regresso...

... aos exclusivos de Deus.

Tecidos

«Na primeira, vira à esquerda.» Há um bicho da seda que tece um blogue absolutamente necessário. Com frases que impõem respeito, actos criativos que se recriam. E esparguete à bolonhesa servido com epistemologia das ciências sociais.

Esta terra assim

29.3.05

Os crentes da ladainha neoliberal

«É que há crer e crer. "Também os demónios crêem e tremem", advertiu-nos S. Tiago (2,19). Portanto, crer não é apenas ter uma (maior ou menor) certeza acerca da existência de Deus.» Mário Pinto volta a separar águas, na sua crónica semanal no Público. Para este professor na Universidade Católica, há os bons católicos, como ele certamente, e aqueles que pensam como ele, nomeadamente na "defesa da vida"; e há os outros, os eventualmente maus (também os demónios crêem, lembra-nos de cátedra).
Antes de nos deixar estas frases, Mário Pinto crê na sua ladainha habitual: reformar o Estado, porque continuamos «prisioneiros da administração pública, dos sindicatos e dos partidos estatistas de esquerda, que têm um verdadeiro poder de bloqueio, apoiados na Constituição». Ámen, grita a acidental direita!
Os desempregados? A fome? A pobreza? A exclusão? O subemprego? Os baixos salários? O neoliberalismo? Quer lá saber, Mário Pinto! O que lhe interessa é reformar, reformar, reformar (despedir, despedir, despedir, em tradução livre). Ele crê num mundo melhor - o dele, que não se lê nos Evangelhos. De atentados à vida, estamos conversados.

28.3.05

A normalidade

A política tem escasseado por aqui. Há propostas interessantes sobre a mesa. Mas a normalidade também se vive assim: deixar a poeira assentar, amadurecer as ideias e discuti-las. Antes, tudo era de facto anormal: não havia tempo - não existiam ideias.

[pub] Clube do Cebolinha

«Só para homens. Há imagens que dispensam palavras. Quando se vê uma fotografia da actriz Denise Richards não é preciso escrever uma legenda por baixo a dizer "esta miúda é 'muita' gira". Claro que é, está bem à vista e dispensa-se a adjectivação. Por isso é que o autor do blog "E Deus Criou a Mulher" não perdeu tempo com escritos inúteis e foi directo ao assunto: as fotografias. Este é um espaço inteiramente ocupado pela imagem. Nele sucedem-se os retratos de mulheres do mundo do espectáculo, todas lindas de morrer. Para ler há apenas um título em cada "boneco" e o nome da beldade que estamos a apreciar. Diga-se que os títulos – às vezes para lá de crípticos – dispensavam-se. Os nomes dão jeito aos que não conhecem a estrela merecedora da sua adoração. Nicole Kidman, Scarlett Johansson, Julianne Moore, Monica Bellucci, Salma Hayek, Halle Berry, Hilary Swank, Luma de Oliveira, Luana Piovani, Marilyn Monroe, Naomi Watts e Charlize Theron fazem parte do elenco deste blog. Nenhuma superprodução de Hollywood consegue competir com este casting. A ver num computador perto de si...»

Este texto do Tal & Qual contribuiu para que E Deus Criou a Mulher tivesse 250 visitas (das quais quase 90 na quinta-feira passada, dia da edição do jornal) e 650 páginas vistas, ao fim de uma semana. Só não concordamos com o título dado à prosa: as mulheres também se querem visitantes.

Par - ímpar

23:11, 00:12, 23:13, 00:14, 23:15, 00:16... Assim, nesta cadência, o relógio no Largo do Rato dava a hora - de Inverno e de Verão, alternadamente, sem se decidir, baralhado pela chuva que caía.

Nove minutos

Eram 23:51. Faltavam nove minutos para a meia-noite, para um novo dia, quando Rui Tavares escreveu no Barnabé - e colocou um ponto final a uma pausa de dois dias (Sábado e quase todo o Domingo de Páscoa). Queres ver que eles também andaram a celebrar a Vida?

Quinta das barbaridades

«Na Quinta das Celebridades, Lili Caneças pediu um minuto de silêncio pela morte de Jesus Cristo». Hilariante... e mais hilariante ainda porque ninguém explicou à senhora - ou a catequese perdeu-se numa qualquer festa da socialite ou num filme de Mel Gibson... - que hoje se celebra a Vida!

27.3.05

Libertação


Angels in America

Este é o dia

Esta é a noite

em que as trevas do coração e do espírito se dissipam.

26.3.05

Anos 50


Laura Elena Harring e Naomi Watts

Fora...

... de tempo: fizeram um ano.
... do mundo: continuam sem agenda.
... do tempo: Mexia voltou aos anos 50.

O país relativo...

... acabou. Já o sabíamos. Começou a 20 de Fevereiro. Um mês depois tornou-se oficial.

Outras horas de contemplação

Antigamente. E playmates.

25.3.05

Para este sábado

A Vida, esta vida. Stressemana: «Jesus estava condenado, havia muito, pelos defensores dos cânones religiosos e das conveniências sociais que se sentiram definitivamente postos em causa pela sua subversão.» | À mesa: «Podíamos ter um deus sisudo e distante. Mas não: ele revela-se na festa de amigos à volta duma mesa.» | Escolha pública: «Não estava escrito nas estrelas nem foi uma fatalidade pré-determinada. Jesus não foi uma marioneta comandada pelo destino.» (in Palombella Rossa)

A História. A História e a Páscoa. | Jesus, o judeu. (in Rua da Judiaria)

[chegada a hora terceira]

Pater, dimitte illis; non enim sciunt quid faciunt.
Amen dico tibi: hodie mecum eris in Paradiso.
Mulier, ecce filius tuus; et tu, ecce mater tua.
Eli, Eli, lama asabthani?
Sitio.
Consumatum est.
Pater, in tuas manus commendo spiritum meum.


24.3.05

Tal e qual

Um exclusivo de Deus.

Contabilidade

Scarlett, 14 vezes; Laetitia, 6; Nicole, 5; Marilyn, 4; Emanuelle, Kylie e Tori, 3. São 83 fotografias (até agora), num total de 24 actrizes, 10 modelos, 7 cantoras, 4 de outras categorias, mais coisa, menos coisa. O essencial, aqui, é visível aos olhos. Actualizado.

23.3.05

Últimas Ceias que nos provocam



A arte tem destas coisas. Uma representação em palco, uma imagem fotográfica, um sktech humorístico, o movimento de um filme, a luminosidade de um quadro ou (suprema blasfémia?) o mediatismo de uma campanha publicitária podem provocar-nos – a arte deve sempre provocar, creio. Os gostos discutem-se, não se impõem. E, no caso da representação da Última Ceia, que se mostra neste "link", há ali motivos para uma reflexão, como aliás instigou o nosso amigo Lutz. Como houve com Caravaggio, quando pintou – com escândalo – uma Nossa Senhora com o corpo e rosto de uma prostituta. Abençoada mulher!

A Igreja oficial não reagiu bem. Como agora em Itália e França, em relação à campanha de Marithé e François Girbaud. Como já não tinha reagido bem a "Je vous salue, Marie" ou à "Última Tentação de Cristo" e, pior ainda, à representação humorística de "A Última Ceia" e da "Rainha Santa Isabel", por Herman José. Ou agora com o "Código Da Vinci" a merecer reparos públicos do Vaticano, como se de um ensaio se tratasse. Valerá a pena? Acho que não – valeria a pena, suscitando a discussão sobre a Arte, promovendo a reflexão da Beleza, não “batendo-por-bater”. Porque, por oposição, a Igreja nunca critica a fealdade das novas igrejas, não censura coros que assassinam a liturgia e fazem corar Gregório, não critica uma oratória sem rasgo nem chama.

Bettina Rheims crucificou uma mulher [imagem em cima]. Agora a campanha da M+FG feminiliza a ceia – apóstolas e a filha de Deus. No fundo, Deus e o seu filho são humanizados – homem e mulher. E assim o encontro da história faz-se no reconhecimento de uma cena familiar.

Na Páscoa, são mulheres que já não encontram o corpo do Ressuscitado – as primeiras testemunhas da libertação. A Arte traz a mulher para o centro, para nos recordar que a Criação não se fez apenas à imagem e semelhança do homem. De uma vez por todas, resgate-se Eva do purgatório. E aceite-se os caravaggios de hoje, mesmo se não gostamos. Talvez ali se descubram novos caminhos de entender Deus – e de viver a Sua Páscoa.


[publicado hoje na Terra da Alegria]

Aproximava-se a hora terceira da tarde

Três causas da infelicidade

Bertrand Russell foi ao futebol.

[inquietações + provocações]

A mulher no poder provoca-nos? Parece que sim. O mundo continua masculinocêntrico? Talvez assim seja. No fundo, estas respostas escondem as reacções negativas que nos provocam ao olhar uma ceia de mulheres - presidida por uma filha de Deus. As inquietações que espelhamos podem ter respostas. Nós, apenas nos atreveremos a ensaiar novas provocações.

22.3.05

Semana da vida

Há quem prefira sublinhar a morte por estes dias. Mas a lista de amigos e familiares aniversariantes prova o contrário. Coincidência de calendário, mas a oportunidade de celebrar a vida - a Judite, a Mariana e o Lucas, o Miguel, o Zé Carlos, a Teresa e a Teresa, a Avó... Dias assim, semanas assim, celebram-se! Não se metem em relicários de flagelação e dor.

21.3.05

Poesia na rua

Sporting bate FC Porto indisciplinado e deixa Benfica mais líder.
[título da Lusa]

Terra húmida

O vento fustiga-nos o rosto. A chuva purifica o rosto ressequido. E a terra explode de cheiros.

18.3.05

Importam-se de repetir?

A Câmara Municipal de Lisboa atribuiu ao arruamento transversal ao Impasse 6 à Rua Fernando Namora um nome muito fácil de pronunciar ou mesmo soletrar em qualquer repartição onde se tenha de dar a morada: Rua Prof. Georges Zbyszewski.

Repitam lá comigo: Z-b-y-s-z-e-w-s-k-i!

[publicado no Boletim Municipal (nº 577, p.601). Obrigado à Sara, pela informação!]

Choque tecnológico

Alguns bloguistas e o inefável Nuno Melo, do PP, não resistiram a criticar o atraso na divulgação do programa do Governo, como um primeiro falhanço do choque tecnológico. Mas o que nos tem preocupado verdadeiramente é a instabilidade do blogger.com, que não nos deixa postar aquela ideia fulgurante ou a piada fácil do momento (como ao atraso da entrega do programa), no instante decisivo - como pede um blogue.

17.3.05

berA Primavera, por fim!


Scarlett Johansson

Um santana

Gosto dos trabalhos de casa. Os trabalhos de casa fazem-me feliz.
Não quero ir lá para fora. Quero resolver problemas de matemática.
[BIEERRRR]
O meu cérebro rejeita sempre transplantes de atitude.

Calvin, hoje no Público

[quiz]

Que é isto? Um avião? Um pássaro? Um governo? Um país? Um Santana?



Calvin, "roubado" ao Amor e Ócio

Mainada

Por aqui, gostamos de parasitar coisas boas. E não é o Mainardi.

16.3.05

Referendos de facto

O Bloco desconfia da simultaneidade de um referendo e eleições, pela "complexidade" dos temas. Deve ter sido por isso que o Bloco também não soube trazer para a campanha das legislativas o tema da Europa. Depois, insiste-se que assim é uma maneira de chamar mais gente a votar. Concordo. Ou prefere o Bloco que os referendos não sejam vinculativos, para assim poder reivindicar uma pretensa vitória, apesar de as suas opções serem derrotadas nas urnas? Aliás, como o PP espanhol fez, no referendo à Constituição Europeia. Os extremos tocam-se, de facto.

Magnolia



o pão na boca e o vinho nos lábios

Aforismo de terça à noite

O que é Internazionale é bom - desejava tê-lo escrito esta noite com um sentido inverso a outro aforismo. Infelizmente (digo-o sinceramente) o FCPorto caiu. Sobra a frase feita.

15.3.05

Ganda nóia!

Este blogue teve uma vaga de fundo - três pessoas apoiaram a sua continuação. E fica assim reposta a normalidade. Ou lá o que será isso.

Dois dias (a novela)

Primeiro episódio. Este blogue vai estar dois dias à espera de uma vaga de fundo. Depois anunciará que se vai embora porque «terminou um ciclo político».

Segundo episódio. Este blogue já assumiu as suas funções há dois dias, mas só hoje resolvemos divulgar, em comunicado para os telejornais, que «por direito próprio» voltámos ao nosso lugar. Para quê, não sabemos, nem explicamos. Até quando? O futuro estará escrito nas estrelas, Deus o saberá, nós logo decidimos.

Temos mais seis meses para novas trapalhadas. Bastarão mais dois dias para as mostrar.

14.3.05

Desmascarar

Um texto para desmascarar duas premissas básicas dos neo-liberais: 1. A minha liberdade acaba onde a liberdade dos outros começa; 2. Basta haver liberdade para haver desenvolvimento. Apresentadas as asneiras, leia-se o resto aqui.

13.3.05

50.000

Quero agradecer à M., pelos momentos únicos da nossa história, à minha Mãe e ao meu Pai, que nunca me lêem, aos meus irmãos e irmã e cunhadas, que também passam menos por aqui, aos restantes familiares e amigos, que caridosos ainda me espreitam e elogiam de quando em vez, aos anónimos ou nem por isso, ao Pedro, sem o qual muitas das postas não teriam sido possíveis, aos blogueiros prevenidos e aos que vêm por engano, aos leitores que insistem em directo do Canadá, Brasil, Suíça, EUA, Bélgica, Singapura, Austrália e Timor, já sou um conquistador, e à Monica, à Nicole, à Emanuelle, à Laetitia, à Scarlett e a tantas outras que nos permitem horas de felizes contemplação. Hoje, às 21h18, atingimos as 50 mil visitas.

Serviço público (2)

[ou uma contribuição para evitar problemas a amigos]


Scarlett Johansson

Serviço público (1)

Por mais fotos que aqui se pespeguem, este blogue continua imune a problemas tão sérios com mulheres, como os que nos relata JMF. E para lhe evitar mais aborrecimentos, vamos continuar a exercer os nossos deveres de solidariedade. Um serviço público que não tememos assumir.

O coleccionador compulsivo de blogues

Navega-se à bolina ou à deriva, aporta-se em diferentes terras e a coluna dos favoritos do computador vai enchendo - de blogues belos, de blogues divertidos, de blogues assim-assim, de outros que depois tenho que espreitar, dos e-mails que nos mandam olá, gostei muito do teu, vês o meu, dos amigos que também já tenho uma dessas coisas que tu fazes. E enche-se a pastinha, a pastinha compõe-se. Mas fica para ali. Sem mais. Isto pega-se?

12.3.05

Telefonema



«Telefonaram-lhe para casa e perguntaram-lhe se estava em casa.
Foi então que deu pelo facto. Realmente tinha morrido havia já dezassete dias.
Por vezes as perguntas estúpidas são de extrema utilidade.»

Mário Henrique-Leiria, Contos do Gin Tónico.

Aforismo de sexta à noite

O que é Nacional é bom.

Casting

Monica Bellucci não é Nossa Senhora, dizem-me. É, esclarecem-me, Maria Madalena. Pois: um eventual erro de paralaxe.

11.3.05

[banda sonora para hoje]

«Agnus Dei
Qui tollis peccata mundi
Dona nobis pacem
»

Rufus Wainwright, «Agnus Dei», in Want two

Um 11 de Março assim

[há um ano]


Uma pausa para não esquecer. Nunca.

De pé, ó vítimas...

1. A tomada de posse dos ministros no sábado não terá beija-mão ministerial. Ainda bem. Muita gente ficará em casa porque já não segredará parabéns ao ministro da tutela.
2. A justificação avançada é que não lembra a ninguém: «Este protocolo obrigava os ministros empossados a permanecerem de pé duas ou três horas e a cumprimentarem centenas de pessoas que desconheciam.» Em casa, perante a notícia, ouviram-se os protestos de quem passa em pé muitas das 24 horas de urgência a atender centenas de doentes.

Uma hipótese para o princípio do mundo

«Ontem, à mesa vizinha de um café, um homem de idade contava a seguinte história: que um dia uma sua tia ou avó comprou um botão de que gostou muito, depois foi ter com a costureira e disse-lhe "Faça-me um casaco para este botão."» [in Epicentro]

Parcimónia nos parabéns

Continuamos a chegar atrasados aos aniversários dos blogues. Que importa? Nada. Mas sempre são pretextos de memória, post-its colados no ecrã, para dizermos de como é bom partir daqui para outros portos. Da parcimónia e do bom uso das palavras, leia-se o umblogsobrekleist. Dois anos - e agora todos os caminhos vêm.

Breve explicação para a outra imagem

A Jennifer ao lado da Abelha Maia? Claro. Qualquer universitário da geração à rasca sabe a música de cor.

Breve explicação para três imagens

Jacky, o urso de Tallac existia lá em casa - em LP ou single, não me recordo. Lembro-me da capa, que ainda deve estar entalada entre os vinis da adolescência. Como o Wickie, que eu imaginava Vickie, numa edição deliciosa que juntava todos os patinhos sabem bem nadar e a melhor campanha de higiene em versão coro-de-santo-amaro-de-oeiras-com-mais-pinta que era lavar as mãos, sempre antes do comer, cheirinho a sabonete, que bom é lá trazer. Verdade, verdadinha: conheço a música de trás para diante, apesar do disco ter sido raptado pelos meus sobrinhos - mas tem "v" de volta escrito em letra de miúdo: "Miguel". Toma!

10.3.05

Um leitor de CD sem pudor

[ou um posto de escuta baralhado com as mais recentes edições discográficas]



Foram-se assim?

... sem mais?! Pode lá ser...

9.3.05

O dia 20 de Fevereiro já é da pré-história?

«Aquilo que eu espero. Aquilo que eu quero. Aquilo que eu. Eu.» Assim falaram abundantemente e quase infantilmente José Pacheco Pereira e António Lobo Xavier na Quadratura do Círculo, esta noite, na SIC Notícias. Aquilo que eles acham, lamento informá-los, foi aprovado por cerca de 35 por cento dos portugueses. Os outros todos acharam outras coisas, esperam outras coisas. Seja no défice, nos impostos, na educação, ou no anti-bushismo, que as iluminárias da direita insistem em chamar de anti-americanismo.

Virgem ofendida

[ou o novo credo de um cristão-novo]

Luís Delgado ontem na SIC Notícias atacou a «mentira» de Sócrates por ter prometido que não aumentava impostos e vir agora o futuro ministro das Finanças anunciar essa eventual inevitabilidade a médio prazo. «Seja a curto ou a médio prazo, não me interessa! São mentiras!» À memória vieram dois anos de embuste sobre armas de destruição maciça vistas em Londres, sempre acolitadas por... Luís Delgado, a agora virgem ofendida.

Pequenos que somos

A humanidade e a voz de Deus.

[nota editorial]

Uma arreliadora incompatibilidade entre mim e o Macintosh tem impossibilitado a actualização deste espaço durante o dia. Dois breves apontamentos, aqui preparados ontem à noite, dão entrada no ciberespaço 24 horas depois (não veio grande mal ao mundo: continuámos com Scarlett e Monica, bem visíveis mais um tempinho). A gerência agradece a compreensão.

8.3.05

Mulheres

Às minhas propostas de beleza, o Bruno propôs uma bela homenagem às mulheres deste país. Eu tinha apresentado uma possível representação de uma Madona (sim, Monica Bellucci como Nossa Senhora, e desculpem lá a imagem litúrgico-blasfema).

O dia da mulher é todos os dias...


Scarlett Johansson

... não passa nunca.

[E porque sim: um ano de desassossegos. Um ano imprescindível. Parabéns, Sara!]

Às mulheres, todas.


Monica Bellucci

CTT registam crescimento nas encomendas

A fotografia de Sousa Franco deve estar mesmo para ser enviada para o Rato.
A fotografia do jovem Zé Manel vai ser enviada pelo PCTP-MRPP para Bruxelas. À cobrança.
A fotografia do jovem Zé vai ser enviada pelo PCP(M-L) (interior) para Marte. À boleia.
A fotografia do jovem Paulo vai ser enviada para o Largo do Caldas - e para o movimento Women on Waves.

7.3.05

Assistência gratuita

Segundo fontes geralmente bem informadas, a Liga decidiu avançar com uma linha gratuita de apoio às equipas treinadas por Luís Campos. Aqui deixamos o número para os interessados: 0800 10 10 10. Repete-se, por extenso: zero oitocentos, desce, desce, desce.

Vox populi

A Terra da Alegria com vozes diferentes - os novos tempos sopram com intensidade.

Arrumar a louça

Pacheco Pereira, por causa do retrato de Freitas, explica as analogias entre o PP de Portas e o Bloco de "Louça". Não é erro meu, é insistência do historiador. Louçã, Francisco, é "Louça" para Pacheco. Distracção, ou diminuição menor?

Mais uma encomenda do CDS

Hoje no Público, Adriano Moreira, outro dos históricos do CDS e o único ex-presidente que se mantém no partido, volta a criticar a invasão do Iraque. Espera-se que JMF o ataque, como fez a Freitas, como um perigoso anti-americano, e que Paulo Portas trate de enviar o retrato do professor para a sede do Bloco de Esquerda.

6.3.05

A educação nunca foi o forte deles

«Temos muita juventude a aderir ao CDS e, no sábado [dia seguinte à apresentação do Governo], essa juventude perguntava porque é que temos na nossa sede o retrato de uma pessoa que frequentou comícios do Bloco de Esquerda e agora é ministro do PS», justificou o jovem secretário-geral do PP, Pedro Mota Soares, para enviar por encomenda o retrato do fundador do CDS para a sede do PS.

[Nota: O PSD portou-se como se portou na campanha. O CDS foi o partido de Estado, disse-se. Mas, na hora da azia, o verniz estala e cai a máscara. O PSD nunca enviou ao PS a foto de Sousa Franco, ex-líder do partido, e que foi anos mais tarde ministro pelo PS.]

As fugas

Em 2004, para aceitarmos o "golpe palaciano" da tomada de posse de Santana, disseram-nos que tínhamos eleito um Parlamento e não um primeiro-ministro, em 2002, contra todas as aparências. Nesta campanha, aqui e acolá, atacaram-se de novo os páraquedistas das listas de deputados. Não me parece que face a determinadas críticas passadas haja motivos para defender a ligação à região (afinal, Daniel Campelo foi criticado por defender coisas para a sua região, com o argumento de que o Parlamento e os seus deputados têm uma representatividade nacional)... E, sublinhe-se, mesmo na altura da saída de Durão, o principal argumento do PSD/CDS era que as pessoas elegiam partidos - logo a maioria permanecia - e não pessoas (Santana não era deputado). Parece que assumimos uma "regionalidade" na elaboração das listas de deputados, que contrariamos noutras alturas.
Como eleitor esperava ver representado o meu voto no Parlamento: se o "meu" deputado afinal não é "meu", pelo menos esperava ver representado o ideário político em que votei, com as caras que se apresentaram. Se tivesse votado PP ou PSD, gostaria de ver lá quem se bateu por aquele programa, a defendê-lo. O que não se passará com Santana Lopes - que deve regressar à Câmara e não ocupar o seu lugar de deputado ou, então, coisa nenhuma - e eventualmente com Paulo Portas, que deve ir para os Estados Unidos, apesar de ter anunciado que ocuparia a sua cadeira na Assembleia da República. Um e outro, demitiram-se da liderança dos partidos, mas não foi para isso que os portugueses os elegeram.
Afinal, em que ficamos: a 20 de Fevereiro, elegemos deputados ou apenas candidatos a primeiro-ministro? Definitivamente, a reforma do sistema político tem de apontar uma direcção.

[Nota: bem sei que Sampaio foi derrotado em 1991 e voltou à Câmara; mas voltou à Câmara, para continuar o trabalho e se recandidatar em 93. Santana não é claro que o faça e, no fundo, volta à autarquia por seis meses para colher os frutos do apaziguamento de Carmona. O que vale para os deputados eleitos, vale para os autarcas: João Soares devia ter assumido a oposição em 2002.]

5.3.05

Sebastianismos


Cavaco Silva já foi o Desejado. Hoje, a direita de 20 de Fevereiro ataca-o como o Encoberto. Também à direita, António Borges é - cada vez mais, para um PSD que sonha sempre com manhãs de nevoeiro -, o novo Sebastião.
Agora, há novo mito à esquerda: António Vitorino (e já foi, sabe-se lá porquê, Vitor Constâncio). A todos atribuem-se as mesmas características, quase salvíficas: competentes, consensuais, pátáti-pátátá. De Borges, já disse o que penso. De Vitorino, penso melhor. Mas irritam-me estes namoros não consumados: "estou disponível", "habituem-se!" e, depois, afinal, muitos sorrisos, muitos salamaleques, mas ala! que se faz tarde e no privado ganha-se melhor, com menos chatices. Não será assim? Talvez não seja. Mas, como diz Celso Martins, «Vitorino ou é candidato à presidência, o que é uma muito boa notícia, ou francamente eu não consigo perceber o que vai naquela cabecinha loira». A segunda opção deve levar-nos a "demiti-lo": quem não arregaça as mangas nas horas difíceis, porque há-de merecer a confiança nas horas fáceis?

[actualizado, por e-mail, Cláudia envia-nos uma possível explicação:
António Vitorino, um balanço.
Pensão de reforma de um comissário europeu durante os primeiros três anos: 18.000 Euros.
"Esta reforma, apesar de vitalícia, vai sendo deduzida quando o ex-comissário em causa voltar a uma actividade a full-time e, claro, remunerada. Ou seja, os 18 mil euros a que Vitorino tinha direito durante três anos, mais uma pensão vitalícia - e que nesse caso seria só uma parte do vencimento total - pode ficar reduzida a uns míseros 720 euros."

Parece-me lógico que o senhor não queira fazer nenhum (e não será só ser ministro) durante uns tempos...

Fonte: Portugal Diário]

Sete medidas para acreditar

A partir do Pula Pula Pulga, descobre-se um texto essencial, para discutir: «Sete medidas para um programa de esquerda». O autor? Luís Campos e Cunha, uma escolha menor, como nos dizem, para a pasta das Finanças.

Quem nunca borregou que atire o primeiro comment

Governo: alguns comentários

Não resisto a citar na íntegra o Celso Martins, no Barnabé...
«Nada como ver Carlos Magno dizer que este governo vai ser alvo de críticas à direita e à esquerda para ganhar um pouco de esperança. E há que reconhecer que temos razões para ter esperança:
- A tralha não regressa. Nem Pina Moura, nem Lello, nem Carrilho.
- Mariano Gago, Augusto Santos Silva e António Costa fazem parte do governo.
- Vieira da Silva na Segurança social é um sinal de que não vem aí mais do mesmo nesta matéria.
- Freitas do Amaral, que foi contra aguerra do Iraque, um dos políticos mais experientes e independentes da democracia portuguesa vai dar um contributo a um governo de salvação nacional. Boa moeda.
- Vitorino ou é candidato à presidência, o que é uma muito boa notícia, ou francamente eu não consigo perceber o que vai naquela cabecinha loira.»

... e a acrescentar umas notas mais:
- A desilusão pelo escasso número de mulheres.
- A satisfação por um grande número de independentes (oito-oito, numa proporção que mostra abertura à sociedade civil).
- A satisfação pelo Governo mais pequeno desde 1991 (que, esperemos, se mantenha com os secretários de Estado).
- A estupefacção pelos comentários de Guilherme Silva, que disse faltarem "pesos-pesados", como Vitorino, Gama, Coelho e Seguro. Se eles estivessem, o líder parlamentar do PSD diria que era mais do mesmo do guterrismo. E teria razão.
- A satisfação por não estarem Gama, Coelho e Seguro.
- A desilusão por mais um mito sebastiânico - António Vitorino.
- A satisfação por Mariano Gago assumir, com dez anos de atraso, a pasta do Ensino Superior.
- A satisfação por não haver um Ministério do Desporto ou da Juventude.
- A estupefacção pelos ataques liberais de José Manuel Fernandes, no Público, a Vieira da Silva - «sinal de um eventual regresso às políticas do tempo de Ferro Rodrigues»: JMF não percebeu que quem ganhou foi o PS, e não a direita, e que as políticas do tempo de Ferro Rodrigues assentaram apenas nessa medida revolucionária que foi o rendimento mínimo garantido.
- A satisfação por, como sublinha o Público, nenhum dos protagonistas do famoso cartaz do PSD "Quer mesmo que eles voltem?" ter entrado no Governo: nem Edite Estrela, nem João Cravinho, nem Pina Moura, nem Fernando Gomes. Até nisto, o PSD não sabia mesmo quem é que ele era.

E outra especial satisfação. Já não teremos de escrever mais coisas que nos envergonhavam (e/ou divertiam): "Santana Lopes, primeiro-ministro; Paulo Portas, ministro dos Assuntos do Mar; Bagão Félix, ministro das Finanças; Rui Gomes da Silva, ministro-adjunto; Nobre Guedes, ministro do Ambiente; António Mexia, ministro das Obras Públicas; Maria do Carmo Seabra, ministra da Educação; Maria João Bustorff, ministra da Cultura; Maria da Graça Carvalho, ministra da Ciência e Ensino Superior; Morais Sarmento, ministro da Presidência; José Luís Arnaut, ministro das Cidades"; e por aí fora.

A ler também: as primeiras impressões de José Mário Silva e o totoloto do Timshel.

4.3.05

O homem das estações

A visita daquele homem, ainda o sol teima em nascer, anuncia a mudança de estação. Todos os trimestres, o limpa-chaminés entra cá em casa e com a sua longa vassoura marca a viragem do tempo. Mesmo que o tempo insista em nos enganar.

Informação útil

A Capela do Rato fica na Calçada Bento da Rocha Cabral, número 2, em Lisboa, ali ao lado da sede do PS. Só heresias, já se vê.

Que é que eles têm que são diferentes dos outros?

Fazem anos de blogosfera. E por ordem de dias em atraso, os parabéns e as habituais recomendações de leitura: o Amor e Ócio, o Blasfémias, o Povo de Bahá e a Voz do Deserto.

Sinais de contradição



Por estes dias, a vida cruzou-se demasiadas vezes com a morte. Este blogue não escapa aos humores do tempo e às saudades das partidas. Faltam-nos as sementes de esperança, de uma mercearia: «O que pedimos a Deus? Normalmente, tudo: saúde, amor, felicidade, sabedoria e dinheiro, em doses e associações variadas. E, num assomo de má consciência, lá democratizamos o pedido, estendendo-o a todos os outros. O Deus atendedor do balcão desses pedidos responde sempre o mesmo, embora de muitas maneiras: "Acho que não me compreendeste. Aqui não vendemos frutos. Vendemos unicamente sementes".»

Carta a um Barnabé

[ou Idiotas, parte II - um longo comentário deixado no Barnabé]

Eis um verdadeiro democrata, este Nuno! Como deve ter aprendido no futebol que a melhor defesa era o ataque, defende-se - no Barnabé - misturando o que não é misturável, digno do melhor discurso de um padre Serras Pereira ou de um João César das Neves! Eles misturam alhos com bugalhos, o Nuno responde bugalhos com alhos. Paciência. O Nuno escorregou na casca de banana (um humor nojento - e sim, eu não faço humor com um velho doente, chamado Pinochet! Apenas espero que ele seja julgado e condenado pelos crimes!) e atirou-nos à cara com a nossa intolerância. A dele ficou arrumada numa gaveta qualquer...

Sim, o Papa errou várias vezes, Nuno. Mas gostava de saber a tua opinião, quando o mesmo Papa, contra a opinião de sectores conservadores da Igreja, visitou outro velho e doente, Fidel, de seu nome (sim, e eu também não gostei quando alguma gente parodiou/gozou a queda que ele deu há uns tempos!) e o chamou à pedra pela violação dos direitos humanos. Como fez em relação ao Chile, em mais do que um discurso e iniciativas diplomáticas. Como fez em relação a outros territórios (mesmo em Timor, depois de uma visita ambígua, em que parecia deixar para trás os anos de esforço da Igreja timorense, João Paulo II referiu-se por mais de uma vez à necessidade de referendar a autodeterminação e foi uma voz fundamental na condenação dos ataques das milícias pró-indonésias, a seguir ao referendo).

Sim, o Papa erra, quando insiste num discurso moralizador que confunde mais do que ajuda. Escrevi aqui, antes da tua piada reles: «O Papa mistura temas que não se comparam. Eutanásia, aborto, preservativo, por exemplo, lêem-se demasiadas vezes no mesmo parágrafo. Agora, o aborto e o Holocausto surgem no mesmo plano, levantando um coro de protestos. E com razão. Não pelo que se escreve no livro de João Paulo II (lendo bem, não há uma comparação "absoluta" aborto=Holocausto), mas pela forma confusa (intencional?) como se aborda os limites das leis. E, em vez de se reflectir seriamente sobre estes temas, acabamos por estar a discutir o acessório ou a defender e atacar semânticas.»

Lendo melhor, podia adaptar este post ao Nuno do Barnabé: «O Nuno mistura temas que não se comparam. Doença, velhice, poder, miséria, dor e mediatismo, por exemplo, lêem-se demasiadas vezes no mesmo parágrafo. Agora, o Chile de Pinochet e Serras Pereira surgem no mesmo plano. E, em vez de se reflectir seriamente sobre estes temas, acabamos por estar a discutir o acessório ou a defender e atacar semânticas.»

Neste caso, queres sublinhar uma alegada conivência deste Papa com regimes ditatoriais, mas esqueces a importância que ele teve na denúncia do comunismo e das ditaduras do Leste Europeu (ou não eram ditaduras?), mas também na denúncia do capitalismo, de um mercado que só pensava no «ter» e esquecia o «ser» (em 1980, e depois repetiu-o por várias vezes).

Mais: este Papa sempre deu jeito a muitos, que o atacam por causa da moral sexual, quando ele se colocou contra as guerras do Iraque (em 1991 e 2004).

Agora que vais descansar por uns dias, era bom que pudesses voltar, sem espingardar "à Serras Pereira ou César das Neves". Separando os assuntos, e reconhecendo: mandei uma boca infeliz. Quanto ao resto - o discurso com que procuraste justificar o injustificável, é matéria para séria discórdia. E debate. E que é diferente daquela piada. Muito diferente.

3.3.05

Estupefacção

Um senhor padre franciscano fez publicar um anúncio em que nega a comunhão a quase todos os católicos. O senhor Nuno Serras Pereira é tão católico como eu, tem tanta legitimidade para abrir a boca como eu. Mas o senhor Nuno Serras Pereira esquece-se que a exclusão é um caminho contrário ao anunciado por Jesus. E que a exclusão é o maior atentado à vida que existe.

2.3.05

[silêncio]

Quando a vida nos escapa, preferimos o silêncio. Este blogue volta dentro de momentos. De outras vidas fala-nos hoje a Terra da Alegria.

1.3.05

Idiotas*

Gosto do Barnabé. Gosto muito do Barnabé - e tenho lá amigos, uns mais do que outros; como tenho outros desconhecidos. Um deles assina-se Nuno Sousa. E assassina o bom gosto, parece-me. Tem lá um texto sobre um homem idoso de 84 anos, que está internado, e que já ingere alimentos por uma palhinha. Espera o Nuno que esse idoso, um homem muito doente, melhore rapidamente para poder "gatinhar sem amparo alheio". O Nuno é um idiota*: não deve ter avós, doentes ou não, deve cultivar o espelho e a figura viril e máscula da eterna juventude, sem maleitas ou deficiências, um mundo nazi de perfeição, em que os velhos gatinharão e isso é uma "excelente notícia"! O Nuno não pensa nada disto, se calhar, mas para achincalhar o Papa (é esse o idoso de que fala) raia o mau gosto e o fascismo do politicamente higiénico. Eu, por mim, tentei dizer-lhe (mas o computador bloqueou o envio do comentário, lá no Barnabé) que espero que ele nunca leve uma traulitada de um carro ou que mergulhe descuidamente num local com uma rocha matreira (tipo Mar Adentro) e fique internado durante algum tempo, a ter de ingerir alimentos por uma palhinha. Nessa altura, esperaremos todos que volte a gatinhar sem amparo! Rezaremos todos ao São Barnabé! Ámen!

[actualizado: o Nuno deve ser novo na blogosfera e, por isso actualizou o seu texto sem o indicar. O que lá estava era isto: "O Papa já bebe sozinho por uma palhinha. Os médicos estão em crer que, a partir de amanhã, poderá começar a gatinhar sem amparo alheio. Aguardamos ansiosos." Depois, resolveu acrescentar um comentário auto-explicativo, onde apenas revela mais algumas ideias "limpinhas": que o Papa morra longe dos nossos olhares, aquele velho! (as palavras são minhas, o tom é o do post). Estou à vontade para escrever o que escrevo aqui. Já defendi a resignação do Papa, como já ataquei aqueles que se incomodam com os velhos cuja "decrepitude e decadência do seu corpo" deve ficar "longe dos olhares do mundo".]

* - idiota: que tem ou denota falta de inteligência ou de bom-senso.

Música para se ver


Jennifer Lopez, com novo álbum desde ontem