Voltei ao São Jorge. Sem hipóteses de ver «O Verão de Victor Vargas» (está reduzido a duas sessões numa única sala lisboeta – já repararam: não são só os filmes que se repetem nas salas, são as horas uniformes que deixam pouca margem de escolha "fora de horas"), resolvi ver a velha sala do centro da cidade, recuperada com gosto, maltratada a gosto. Não sei se é de propósito, mas parece ser intenção do autarca de Lisboa deixar morrer este "canto" da capital (a notável Zero em Comportamento, com provas dadas, já se propôs, sem resposta, gerir as três salas).
Quase não há informação sobre os filmes em exibição (uma folha de aspecto carote limita-se a repetir o que os jornais nos dizem – realizadores, intérpretes, horas, géneros). O painel electrónico com os horários das sessões não funciona. Um aviso na bilheteira esclarece que «por motivos de avaria técnica» não há ar condicionado em nenhuma das salas (felizmente já lá vão os dias de canícula rigorosa). O bar é compostinho, mas mortiço. A programação é estranha (sobras das distribuidoras? já disse que a Zero em Comportamento quer "pegar" nisto?). A sala tem um travo a mofo de reposteiros e alcatifas pesadas. Valham-nos os três euros do bilhete às segundas e o terraço (será? tem vista para uma coisa sem graça chamada Tivoli Forum e para os carros da Avenida - e se, em vez do túnel, o fechamento dos bairros históricos se estendesse a este passeio público? A cidade respira ali, mas apetecia respirá-la de outro modo).
Antes das obras, um dos filmes em exibição era «Porcos e Diamantes». Agora está «Sonhos Desfeitos».
PS - Àparte cinéfilo: gostei de Rui Baptista, no Público de sexta-feira, a falar de «Casablanca» - e do Aveirense, uma vingança para todos os cronistas que falam de monumentais e impérios, como se o país inteiro os conhecessem.
[Este "post" foi escrito na noite de segunda-feira. Os acontecimentos precipitaram o atraso na sua publicação.]