31.3.04

Ó Zé Manel, tu ficas-te?



Bush congratulou-se com a adesão de vários países do Leste europeu à NATO. Agora, disse, a Aliança Atlântica estende a sua influência «da baía de Biscaia ao Mar Negro»...

30.3.04

Obos móis (pausa para a merenda)



Não sei se repararam, mas a Deco fez um estudo ao pão-de-ló e aos ovos moles de Aveiro. E, nestes, há resultados surpreendentes (pela negativa) sobre mais uma das provas da existência de Deus: a pastelaria Ramos (Avenida) e a Costeira (Peixinho) tiveram problemas pontuais de microrganismos patogénicos (salmonelas). Valha-nos, Maria da Apresentação!

Votar em branco é participar

Embora nunca o tenha feito, já me ocorreu em algumas situações. O significado que dou ao voto em branco é:
O Exercício de um direito que me assiste.
Representa a minha não identificação com as soluções apresentadas.
A problema inerente á proposta de Saramago, é que, no limite, se só houver um a não votar em branco, passa ele a influenciar o modo de vida de todos os outros.
Se a proposta é a discussão do(s) modo (s) democrático, legítimo, estou aberto à discussão. Se entramos no campo da avaliação destrutiva tipo tuga :
"A culpa é do sistema" ; "mudam as moscas"; "são todos a mesma"; "querem é ganhar o deles"; "quem se ... é o mexilhão" , etc. Não contem comigo. Há bons e maus profissionais em todas as áreas e todos os quadrantes, está na altura de se criticar objectivamente indicando os responsáveis, e promovendo aqueles que ao serviço da "coisa pública" (República, lembram-se?) são actores da mudança.
É uma das alternativas de evolução do exercício democrático.
Deixemos de ser treinadores de bancada, ao contrário do que possa parecer, este país é mais do que futebol. O conceito de cidadania é feito em exercício, e não precisamos de ser todos o primeiro-ministro.

«O Senhor estava a chegar»

Todos os dias úteis, a laicidade do Estado é ludibriada na «Praça da Alegria». O inefável «padre Borga» (assim apresentado e chamado no programa de serviço público da RTP1) emite opiniões, graceja piadas e cantarola «o Senhor estava a chegar». Mas a isto os meus amigos do Barnabé não reagem. Preferem meter-se com uns miúdos que deram em copistas da Bíblia. Sem TSF que nos safe, uma RTP mais evangelizadora que a antiga TVI da igreja, viajo até à rádio privada de Tiago Guillul, disponível na Voz do Deserto. Ali, pelo menos, há humor.

Eu já votei em branco. E estava lúcido...

O novo livro de José Saramago, «Ensaio sobre a lucidez», conta a história de um país onde a grande maioria vota em branco, farta dos políticos. Escreve o Daniel Oliveira, num comentário a um longo "post" seu no Barnabé, sobre o lançamento do livro: «Vota tudo em branco, mostramos que estamos todos muito zangados, e construímos o quê? Umas das coisas que me faz gostar de coisas como o Fórum Social Mundial [FSM] é que, para além do protesto, debate alternativas e quer acrescentar democracia à democracia. Pode demorar ou não servir para nada, mas tem a honestidade de tentar. Votam todos em branco porque estão todos muito chateados com os partidos. E pergunto-te agora eu: ok, e depois? Que raio de caminho!»

Eu já votei em branco. No referendo do aborto, descontente com «a barriga é minha» dos pró-despenalização e dos pró-vida pouco preocupados com outras vidas. E acho que, assim, estou a ter a honestidade de tentar mudar. Por uma vez, dentro do sistema, fora dos partidos. Porque um movimento alternativo como o FSM faz-se à margem dos partidos. Porque não devo ser obrigado a escolher entre A e B, quando os dois radicalizam opções, sem espaço para procurar novos campos de debate. E um voto em branco é mais forte - e menos mau - que a abstenção. Voltarei ao tema.

29.3.04

Serviço público (como a PT nos rouba)

Foi anunciado: a Portugal Telecom chegou a acordo com a Deco por causa da famosa taxa de activação que nos cobrou ilegalmente em 1998 e 1999. Depois da condenação em tribunal, a PT pediu a todos os seus clientes que entregassem as facturas daqueles anos para poderem reaver o dinheirinho. A Deco voltou a protestar e conseguiu borlas para os telefonemas feitos pelos clientes da PT, a 15 de Março, entre as 19 horas e a meia-noite, e em todos os domingos, de 21 de Março e 13 de Junho. Dias depois - porque as outras operadoras protestaram por discriminação dos seus clientes que, entretanto, tinham saído da PT - a operadora quase monopolista anunciou que, para fazer as chamadas à borla, é preciso teclar o prefixo 1070.

Duas dúvidas:
1. E quem fez chamadas a partir de telefones PT sem o prefixo, nos dias à borla?
2. E quem entregou as facturas para ser reembolsado? Vai ficar a ver navios?

«Who The Fuck?»



PJ Harvey anunciou o seu novo álbum para 31 de Maio. «Uh Hu Her» tem um alinhamento sugestivo, avaliando (para já) os títulos das canções que fazem o álbum composto, tocado, produzido por PJ:
1.The Life and Death of Mr Badmouth, 2.Shame, 3.Who The Fuck?, 4.The Pocket Knife, 5.The Letter, 6.The Slow Drug, 7.No Child of Mine, 8.Cat on the Wall, 9.You Come Through, 10.It's You, 11.The End, 12.The Desperate Kingdom of Love, 13.The Darker Days of Me & Him.

A Galp lava mais branco

Estranho silêncio que se abateu sobre um trabalho jornalístico que coloca a petrolífera portuguesa na rota do financiamento da Al-Qaeda. Um mercado de publicidade demasiado apetitoso deve ser o motivo. Afinal, é fácil criticar os estádios do Euro, mas mexer noutras razõe$ mais fundas...

A esquerda sem ideias

Paulo Varela Gomes é académico de Coimbra. Transformou-se em míssil e acertou em cheio no xeque Yassin, senhor indesejável para a paz no mundo. Mas as posições de PVG não favorecem também a paz. A malta do Barnabé azedou com esta esquerda trauliteira, mas Ivan, o "teguível" (nadador-salvador da Praia onde PVG se travestiu de míssil), invoca a adolescência comum em que vertiam azedume sobre o Papa e a irmã Lúcia, que seriam «senis» (falarão do mesmo Papa que clamou contra a guerra do Iraque?). Eu, de esquerda, católico militante, pacifista convicto (palavra que horroriza a direita blogosférica e a esquerda missística), não gosto de frequentar uma praia sem ideias e que para rebater argumentários alheios prefere babar-se com imagens ridículas...

E quem votou em França?

O verdadeiro Eixo do Mal

1. Suharto (Indonésia), 2. Ferdinand Marcos (Filipinas), 3. Mobutu Sese Seko (Zaire), 4. Sani Abacha (Nigéria), 5. Slobodan Milosevic (Jugoslávia), 6. Duvalier (Haiti), 7. Fujimori (Peru), 8. Lazarenko (Ucrânia), 9. Arnoldo Alemán (Nicarágua), 10. Joseph Estrada (Filipinas).

[todos estes países estão/estiveram na "lista de preocupações" da Administração americana...]

26.3.04

Audiências

Mistérios de um bloguímetro. Em dia de muito trabalho e poucas postas (uma longa citação), as nossas audiências têm um dos seus melhores dias. Coisas. No fim-de-semana desceremos a níveis merecidos.

Os terrorismos (uma análise lúcida)

«[...] Sempre houve terroristas e sempre se acabou por negociar com os terroristas, passados os primeiros tempos em que só a vingança e o extermínio deles até ao último eram admissíveis. Ontem mesmo, na sua tenda do deserto, o agora "honourable" Muammar El Kadhafi, responsável directo por Lockerbie - o maior atentado terrorista cometido na Europa -, recebeu o "premier" inglês Tony Blair, um dos arautos principais da guerra "antiterrorismo" contra o Iraque. Kadhafi está assim de volta ao "mundo civilizado" [...].

Dirão que agora é diferente. Que agora se enfrenta um inimigo sem rosto nem causas, que proclama amar a morte, enquanto nós, ocidentais, amamos a vida. A frase é, sem dúvida, de uma bestialidade desumana, mas compromete apenas aqueles que põem as bombas ou que mandam pô-las, não aqueles que são supostos representar. Nada nos autoriza a presumir que seja diferente a dor dos palestinianos que choram os seus mortos da dos israelitas que choram os seus. Não há mortos injustos e mortos justificados, assim como não há terroristas sem perdão e terroristas legítimos. Não alcanço a diferença entre o terrorismo do xeque Yassin, chefe de um bando de assassinos, e Ariel Sharon, que o mandou assassinar, em nome de um terrorismo de Estado praticado às claras e assumidamente. É certo que, quando pratica os seus "assassinatos selectivos", os seus bombardeamentos sobre campos de refugiados civis ou a destruição das casas das famílias dos suspeitos, Israel está a exercer um direito de autodefesa, o direito de viver em fronteiras seguras, dentro do seu próprio Estado. Mas aí é que reside o problema: Israel tem um Estado e fronteiras e os palestinianos não. [...]

A ideia de que o terrorismo originado pelo fundamentalismo islâmico não tem causa - logo, não pode ser parte em negociações - é uma ideia preguiçosa e perigosa. Tem sim, tem uma causa, e todos sabemos qual é: chama-se Palestina. [...] A justiça devida aos mortos de Manhattan foi posta entre parênteses para que George W. Bush pudesse ganhar a sua guerrazinha pessoal contra Saddam Hussein. Perdeu-se tempo, credibilidade e andou-se para trás, no que verdadeiramente interessava.

Há, pois, outro caminho. E esse caminho não é ir ao Afeganistão convidar Bin Laden a sair da gruta e vir negociar a Genebra. Não é disso que se trata, quando se fala em negociações. Trata-se de desarmar a popularidade de Bin Laden no mundo muçulmano, de desarmar politicamente o terrorismo islâmico. [...]»

Miguel Sousa Tavares, «E Não Se Pode Exterminá-los?», in Público. A ler na íntegra.

25.3.04

O tempo

Enquanto Anthimio de Azevedo protesta pelo fraco tempo que se abateu nas televisões, o Rui obriga-me a visitá-lo todos os dias. Por vários amores, por alguns ócios, mas também para saber o tempo que faz em Aveiro. Assim transporto-me até lá e imagino a bátega que cai de todos os lados, o vento que traz o cheiro de Cacia ou a humidade que se entranha nos ossos e nos canais da cidade.

Parabéns, a dois pequenos viajantes!



A Mariana e o Lucas fazem hoje um ano. O primeiro do resto de muitas viagens...

24.3.04

Enchamos tudo de futuros



À memória da Rita. Dois anos depois, às 19 horas, na Capela do Rato.

«Tempos houve em que o meu demónio ria»

«Ao nosso lado está sempre tudo o que faz o nosso mundo, aqueles que amamos, os nossos livros, os nossos medos». Um novo blogue «fora do mundo» que é deste mundo. Por Francisco José Viegas, Pedro Lomba e Pedro Mexia. Bem-vindos nesta casa.

Jornalismo de causas



Há dias o Greenpeace protestou em Londres contra a guerra. No mesmo dia em que por todo o mundo, milhares de pessoas saíam à rua pela paz. «Time for truth», lia-se na bandeira desfraldada no Big Ben. Nesse dia, a CNN deu conta dos protestos. O texto lido dizia qualquer coisa como: «Dois activistas do Greenpeace escalaram o Big Ben para desfraldar uma bandeira. No final, foram detidos». As imagens omitiram convenientemente a bandeira. O texto não esclareceu que frase tinha sido mostrada. Só na SIC, mais tarde, pude ver a bandeira e a "perigosa" frase. De facto, a comunicação social portuguesa está tomada pela esquerda...

23.3.04

Sondagem a acompanhar

Façamos uma pausa para uma polémica bem mais saborosa: «Scarlett Johansson deve, ou não, pôr-se nuínha no próximo filme?» - podem responder no Martinho da Arcada e acompanhar no sempre atento Terras do Nunca...

Um assassinato

«The Yassin assassination was justified, no less so than American assassinations of Osama bin Laden and his cohorts would be justified. But 'justified' does not mean necessary and wise.»
Editorial do Haaretz, 23/3/04.

22.3.04

O fazedor de partilhas

Foi há uns anos. Defronte da catedral de Barcelona parámos inebriados. Andávamos assim há horas, a passear pelo Bairro Gótico, entre ruelas e pessoas, e parámos. E, de novo, inebriados, fomos rondados por mulheres de gestos alegres e ciganos, que nos prometiam este mundo e o outro. E entre um cravo que nos vendiam e o sonho de Abril em Janeiro voaram cinco mil pesetas (sim, ainda não existiam uniões de facto entre moedas), enquanto na carteira jaziam quase inúteis duas notas de mil escudos. Abençoadas mãos, que seleccionaram o trigo do joio. O Edgar exultava por não ter sido ele o ludibriado - e falava de partilha dos bens. Ontem e hoje, lembrei-me da história, por alguém estar a exultar de alegria com o meu telemóvel que fotografava a Mariana e o Lucas e registava mais de 100 números de telefone...

Corri para a estante de onde retirei «El hacedor», Jorge Luis Borges na versão de bolso da Alianza Emecé. Lá dentro, no papel já amarelecido, o Edgar registou o dia do encantamento: «No teu aniversário em Barcelona quando te roubaram o dinheiro». Cru como a vida.

Tudo se perdoa

Scarlett recusa despir-se no cinema. Nesta matéria estou mais próximo de JMF que dos rapazes do Cruzes Canhoto. A sensualidade insinua-se, não precisa de ser apregoada aos quatro ventos.

Do fim-de-semana

1. A melhor crítica de cinema que li nos tempos mais recentes não foi escrita por um crítico de cinema. Foi escrita por alguém que gosta de cinema.

2. «Al-Qaeda "fabricou" prestígio de Bush». Um dos textos mais inteligentes sobre a manipulação da verdade e as eleições de Espanha. Para Pacheco ignorar, claro.

3.«Há um ano começou a contagem»: 10.618. Números que incomodam um mundo que continua perigoso, mesmo depois do Iraque.

4. 200 mil pessoas passam fome, clamava ontem o Público. O trabalho é baseado em pessoas (sérias, competentes) que há anos lidam no terreno com esta realidade (e estes números). Mas Pacheco não gostou, claro. E duvida do trabalho dos jornalistas, claro. Porque os números (também aqui) incomodam.

20.3.04

11-M




até segunda-feira

a partir de uma ideia do A Bordo

19.3.04

Duas breves mensagens, sem contradição alguma

1.«Eles amam a morte, nós amamos a vida».

2.«Terrorismo e guerra, basta ya!. Manif. Dia 2o, às 15h00, no Lrg. Camões (Lisboa) e na Pr. Batalha (Porto).» [enviar aos amigos por SMS ou e-mail]

A paixão, de novo

Em tempos, um crítico de cinema virou-se para um jornalista que o acompanhou a uma projecção de um filme que poderia causar alguma polémica, «O Padre», para rematar: «Mas isto não é cinema!». Antes, a conversa ia animada - sobre as questões que eram colocadas pelo filme... Homossexualidade, celibato, segredo de confissão: tudo ficou no caixote da sentença definitiva: «Não é cinema»!

Já fui ver «A Paixão de Cristo», de Mel Gibson. Antes tinha comentado aqui alguns aspectos do filme, como a «extrema violência». Aquele corpo dilacerado que nos entra pelos olhos, pelos ouvidos, pelo corpo todo - é uma manifestação quase obscena de sofrimento. Meço as palavras: ouve-se o sangue a jorrar, a carne a ser rasgada.

Sim, sei que a tortura infligida aos prisioneiros de Roma era aquela. Mas ficaria este Jesus mais diminuído se a sua tortura fosse menos "gráfica"? Não creio. Este repisar da violência incomoda - digo-o agora, sem ser na condicional. E não creio ser uma questão eventual lateral: Mel Gibson assumiu-o em muitas entrevistas e há quem não desgoste deste «comprazimento com o lado meramente dolorista do cristianismo». A mim desgosta-me que seja todo um programa esse sofrimento. Sem negar a violência daquela «paixão», prefiro sublinhar (já o tinha dito, reafirmo-o) o carácter mais distintivo da Ressurreição.

Nestes apontamentos sobre o filme cabem duas ou três notas sobre o trabalho especificamente "cinematográfico": gosto da fotografia, não gosto da música (era difícil fazer melhor, depois de «Passion», a única coisa boa de «A Última Tentação de Cristo»), gosto de Maria e do seu olhar, não gosto da representação de Satanás.

Num texto longo sobre o filme, o poeta Pedro Mexia fala da credibilidade que ganham aquelas personagens com os diálogos em aramaico e latim. E sentiu que as palavras dos Evangelhos assim ditas têm «mais força», e «isso não [lhe] foi indiferente». E remata: «Mas isso, repito, não é cinema», como dizia há uns anos aqueloutro crítico de cinema.

É cinema. Se o cinema não nos interpela, não nos provoca, não nos diverte, não nos faz chorar ou rir, para que é que nos interessa o cinema? Seria uma «paixão» com pouco sentido. Como a de Mel Gibson.

18.3.04

A ETA é terrorista! A Al-Qaeda é terrorista!

Mas as mentiras das democracias não servem! Não podem servir! Outro mundo, sem guerra, é possível!

O post indigno de Pacheco Pereira (link ao lado):
«20:25 (JPP)
BASTA YA
Gente que não é capaz de dizer a simples frase "a ETA é terrorista", usa de forma indigna o nome de "Basta Ya", a organização mártir da luta contra a ETA, para convocar uma manifestação em Lisboa.»

Entre as paixões e os temores, parto à descoberta

Voz amiga apontou-me um afunilamento de temas - entre o 11-M e a Paixão de Mel Gibson, com pequenos apontamentos bloguísticos. Reconheço: mas também assim (me) descubro coisas novas, reconheço portos de abrigo e mestres de palavras. Já perceberam - devo continuar neste registo... Que venham de lá outros confrades com outros sobressaltos. [Até nas caixas de comentários, para visitantes ocasionais ou amigos de sempre.]

É grande uma Glória assim!

Grande texto, JPH! A ler, obrigatoriamente: «Terrorismo: Argumentos que ficam sempre bem num centro de mesa».

Despedida (longa) de solteiros

Confesso: nas últimas semanas já não acompanhava aqueles «classificados» com a mesma alegria. Mas as saudades dos Açores, os roteiros de viagens, ou a resignação de ser benfiquista faziam-me regressar lá. Descubro agora (pelo sempre atento mestre de Aviz), que os rapazes já não desejam casar. Também não procuram amantes, nem divórcios. Nem sequer quiseram «dar um tempo» à relação que ali crescia todos os dias. Apenas anunciam o «fim». E, por agora, estão em despedida... Vão lá! Há despedidas de solteiros que valem bem a pena.

Diário de Madrid

É fundamental regressar às terras do nunca. Os diários de Madrid, as questões e as provocações levantadas por esta última semana. Há ideias abruptas! Estão naquela terra!

17.3.04

Golpes

Houve quem se apressasse a matar a blogosfera portuguesa. Demasiado cedo, como provam blogues novos e os debates que por aí andam. E há golpes de vista que nos provam o contrário! E se a Ana o recomenda como recomenda...

Persistir no erro, sublinhar a mentira



«O primeiro-ministro, Durão Barroso, afirmou hoje que a realização da Cimeira das Lajes, nos Açores, onde se decidiu a intervenção no Iraque, foi uma "decisão acertada".»

Ortegi no poder

À direita, em Espanha e Portugal, grita-se que as bombas ganharam em Madrid. Pergunto: se o atentado fosse da ETA e Rajoy e o seu PP tivessem ganho, seria legítimo Zapatero dizer: «A ETA ganhou em Madrid»? Não, não seria. Está visto: a democracia digere-se com facilidade, se for a direita a ganhar. Se for a esquerda, os bombistas é que ganham...

A democracia faz mal a estômagos sensíveis

Hoje, um ministro espanhol ainda em exercício (de que não retive o nome), disse não saber quem ia governar em Espanha: se Zapatero ou Bin Laden.

16.3.04

Um sobressalto no olhar

Sobressaltos

Ontem e hoje, à volta da mesa, encontros que perduram nos dias. E na memória. Para fazer da memória projecto, para fazer da figueira fruto. Ontem à noite, entre os dois encontros, um corpo dilacerado que entrou pelos olhos, pelos ouvidos, pelo corpo todo, em «Paixão de Cristo». Haverá possibilidade de encontro, aqui?

Sobressalto católico

Em demanda googlística, à procura de uma imagem ou uma página que ajudasse a ilustrar aos nossos leitores quem é o Seabra da questão, encontrei uma pérola do economista católico de serviço: João César das Neves fala-nos de «um padre». Faltou-lhe a coragem suficiente para titular o texto como «O padre».

Afinal, escreve o escriba-economista-catequista, «com a sua "desfaçatez na Fé" só sei de outro [padre], um polaco chamado Karol Wojtyla». Assim, tal e qual. E anda a comunicação social distraída a pensar em José Policarpo como próximo bispo de Roma. Esqueçam: está aqui!

César das Neves ilumina a nossa vida sobre a vida e obra de Seabra: «O livro [deste padre] é, pois, uma notável mistura de catecismo, geopolítica, moral prática e história. Na clareza da argumentação, na contundência das comparações, sente-se o que tanto foi repetido nos milénios da Igreja: "Vieram para discutir, mas era--lhes impossível resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava" (Act 6, 9-10).»

Depois disto, falta-me a clareza da argumentação ou a contundência das comparações (exemplo: «A Europa é o nariz da Ásia. Se a Ásia se assoa, a Europa desaparece. (...) A Europa é o Cristianismo ou não é nada»). Frágil me confesso: as minhas certezas são as minhas dúvidas.

Sobressalto cómico

Em demanda blogosférica encontrei uma página que se apresenta singelamente por «João Seabra». Sobressaltado, a imaginar o padre trauliteiro de Santos-o-Velho a entrar no reino dos blogues, cliquei no endereço. Afinal, descobri que a comédia é outra: trata-se da página sobre «A vida de um Stand Up Comedian».

Passou um ano

Faz hoje precisamente um ano que Durão Barroso assumiu a responsabilidade de acolher, na Base das Lajes, aquela que ficou conhecida pela Cimeira da Guerra. Dos quatro protagonistas de há um ano, só já sobram três: Aznar e o seu PP foram castigados pelos espanhóis, entre outras coisas por causa da participação da Espanha na guerra contra o Iraque. O seu sucessor socialista, Zapatero, já anunciou que as tropas espanholas destacadas no Iraque vão regressar a casa. A "Velha Europa" rejubila; os aliados de Aznar mostram-se preocupados.

Entretanto, por cá, o mesmo Durão Barroso que trouxe todos os chefes guerreiros aos Açores, colocando Portugal na primeira linha da coligação que haveria de bombardear, invadir e ocupar o Iraque, levando-lhe o caos e a morte e a destruição; o mesmo Durão Barroso que diz ter visto provas que, hoje, todo o Mundo reconhece nunca terem existido; o mesmo Durão Barroso que se prestou a participar numa encenação ridícula que pretendia mostrar aos espanhóis que os governos europeus apoiavam Mariano Rajoy e o PP; o mesmo Durão Barroso que não resistiu a desfilar, ao lado de Aznar e de Berlusconi, numa manifestação que fazia parte da estratégia mentirosa e vergonhosa do governo espanhol para retirar dividendos eleitorais da morte de 201 seres humanos; esse mesmo Durão Barroso, primeiro-ministro de Portugal, veio hoje garantir que não há qualquer ameaça terrorista credível dirigida contra o nosso país.

Eu gostaria de acreditar, mas a verdade é que já há muito que as "garantias" do primeiro-ministro Durão Barroso deixaram, elas sim, de ser minimamente credíveis. Acaso terá o nosso primeiro visto provas da não existência de ameaças terroristas dirigidas contra Portugal? Ter-lhe-ão sido fornecidas essas provas pelo aliado e amigo George W. Bush? Serão os serviços de informações e segurança portugueses mais eficazes e mais competentes do que os seus colegas norte-americanos e/ou espanhóis?

Diz o primeiro-ministro que nenhum país no mundo pode estar absolutamente imune a atentados terroristas. É verdade. Ainda que também seja verdade que há uns menos imunes do que outros... Mas se isso é verdade, porque raio vem o primeiro-ministro dizer que não há ameaças terroristas contra Portugal e que, por isso, devem os portugueses estar tranquilos?!

Sejamos sérios e comecemos já por pôr de lado o nosso proverbial machismo: estamos todos preocupados. Alguns de nós, só estamos preocupados desde a semana passada; mas há outros que já estamos preocupados há muito tempo. Para este últimos, os atentados de Madrid vieram apenas reforçar a falta de tranquilidade.

O primeiro-ministro Durão Barroso bem pode tentar tranquilizar os portugueses. Eu, pela minha parte, não só ficava mais tranquilo mas também mais agradado, se o Governo português não esperasse que o drama acontecesse para, depois, tomar medidas. Preferia que retirássemos já as nossas tropas, que retirássemos já o nosso apoio à acção ilegal dos EUA e do RU e que engrossássemos, como país, as fileiras daqueles que ainda acreditam, como nos mostraram os nossos irmãos espanhóis, que o terrorismo deve (e só pode) ser combatido através da cidadania, da democracia, do diálogo e da tolerância activa.

Passou um ano. 366 dias. Muitas mortes. Demasiadas mortes.
Basta ya!

15.3.04

A bordo, outros companheiros

Uma pequena pausa na leitura dos dias e dos trabalhos, para actualizarmos a lista de outras leituras. Temos novos "links" na coluna de blogues de visita essencial: «A bordo», «Midrash», «O Céu ou Las Vegas» e «Timshel».

José Maria Aznar y Mariano Rajoy

«Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver
o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar
o que acontece
»

RIFÃO QUOTIDIANO, Mário-Henrique Leiria, Contos do Gin Tónico

Tão simples como a mentira

O Diogo já disse (quase) tudo sobre o essencial nas eleições de Espanha. Eu, por mim, peço desculpa por voltar a "ele": Pacheco Pereira. Começou por escrever no seu Abrupto que, «em democracia, o povo é quem mais ordena. É tão simples como isto e, antes de ficar complicado, deve continuar assim simples.» Eram 8h48 de hoje. Duas horas e pouco depois (às 11h15), desenvolve a sua ideia de «democracia simples»: «[Os olhos da Al-Qaeda] Vêem a bomba ter resultados que lhes convém, vêem o terror a dar resultados políticos. Eles não vão fazer a distinção entre as culpas do PP e os méritos da bomba. Eles são gente mais pragmática do que parece, ponderam as vantagens e inconvenientes de repetir a bomba, onde e como.»
Ainda não percebeu Pacheco que «(...) os povos estão fartos de guerras, do terrorismo, da escalada de violência e que desejam profundamente a paz, a tolerância e a compreensão», como sublinhou o Diogo. Mais: Pacheco Pereira ainda não percebeu que as pessoas se fartaram da mentira.

Buenos dias, España!

Las tropas españolas en Irak volverán el 30 de junio

Zapatero já fez a promessa. "No nos falles!", responderam milhares de espanhóis.
Vem aí um tempo novo!

10 chaves para compreender as eleições espanholas

A sombra do 11 de Março
O impacto do terror dos atentados do 11 de Março, nos quais morreram 200 pessoas, deu lugar a protestos para exigir ao Governo clareza na investigação policial e criticar directamente o PP. A sombra da Al Qaeda e, sobretudo, a participação espanhola na guerra no Iraque, serviram de pano de fundo.


Catalunha e a crise de Carod-Rovira
A convulsão política provocada pela reunião do líder da ERC, Jospe Lluís Carod-Rovira, com a ETA e pelo posterior anúncio de tréguas, ameaçou a estabilidade da coligação tripartida que governa a Catalunha e atingiu Zapatero num dos seus pontos mais fracos: a sua real influência sobre o PSC. No entanto, o PSOE consegue uma subida importante na Catalunha (mais 430 mil votos e mais 4 deputados) e, pela sua parte, Carod-Rovira não só salva a sua carreira política, mas também sai ganhador da sua aposta: sobe de um para oito deputados. A CiU é directamente prejudicada por esta subida republicana.


O Senado nas mãos do PP
Apesar de no Senado também se produzir uma reviravolta significativa, o PP continua a ser o partido mais votado, pelo que os socialistas terão de negociar na câmara alta para conseguir a aprovação das suas leis.


ZP e a mudança tranquila
Rodríguez Zapatero chegou sem alarido ao PSOE, quase por acaso. Foi acusado de "brando" dentro do seu próprio partido, até há poucos dias. A aposta do líder socialista, que teve inúmeros revezes, foi o pacto e o diálogo contra a "luta" política. E a mudança tranquila tornou-se realidade.


O adeus de Aznar e o seu sucessor
Aznar cumpriu a sua promessa de governar apenas durante duas legislaturas e deixou como legado o reconhecimento económico e uma sociedade dividida. Designou Mariano Rajoy para que continuasse a sua obra, preterindo Rodrigo Rato. Rajoy apresentou-se como o continuismo do PP e assumiu o balanço do governo de Aznar, o que, no fim de contas, se virou contra ele.


Bom para a esquerda, mau para a IU
Ainda que Gaspar Llamazares tenha dito que "o povo derrotou a direita autoritária e mentirosa", estas palavras não ocultam um dado catastrófico para a coligação comunista: uma redução de mandatos e uma descida abaixo dos 5% de votos, o que a impedirá de formar um grupo parlamentar próprio.


Uma participação avassaladora
Sem atingir um record histórico, a participação foi uma das chaves da vitória do PSOE: 8.5 pontos percentuais acima da registada em 2000. A base do PP é muito firme, já que apenas perde 700.000 votos. A derrota dá-se pelo aumento da votação socialista: três milhões de votos mais do que há quatro anos.


Andaluzia
Manuel Chaves fez coincidir as eleições autonómicas andaluzas (que o PSOE venceu com maioria absoluta) com as gerais com uma intenção evidente: arrastar com o seu poder eleitoral o voto socialista para Zapatero. E conseguiu-o. Nem mais nem menos do que oito deputados mais.


A matemática pós-eleitoral
O PSOE fica a 12 lugares da maioria absoluta (176). CiU, ERC, PNV e IU perfilam-se como candidatos para alcançar pactos de governo ou acordos pontuais que garantam a governabilidade, sem descartar outros grupos mais ou menos afins, como os nacionalistas galegos (BNG) e aragoneses (CHA). Mas há um dado a reter: a trindade que governa a Catalunha (PSOE, ERC e IU) tem peso suficiente para governar Espanha.


O PSE
No panorama político do País Basco, o equilíbrio entre nacionalistas e constitucionalistas mantém-se. Mas os socialistas (PSE) substituem o PP na posição de fiel da balança, com o Plano Ibarretxe no horizonte.

A esperança que sopra de Espanha

O PSOE conseguiu uma vitória contudente, inesperada e marcada pelos atentados do 11 de Março. José Luis Rodríguez Zapatero conseguiu dar a volta às sondagens e obteve quase 11 milhões de votos, que valeram ao PSOE 164 deputados. O PP, por sua vez, perdeu mais de 30 lugares, deixando Rajoy com um péssimo resultado (148 deputados).

Os efeitos dos atentados da passada quinta-feira (e, sobretudo, da forma como o governo do PP os geriu) parecem ter sido decisivos na viragem eleitoral. A oposição à guerra no Iraque e os pedidos de explicação sobre a autoria dos atentados terroristas foram sinais que o PP não entendeu e que podem muito bem ter estado na origem da sua derrota eleitoral.

Mas, para além dos dois partidos mais votados e que decidem entre si as vitórias eleitorais, há outros sinais que importa reter. Os partidos nacionalistas bascos e catalães convertem-se em forças pequenas mas com muito peso no Parlamento, indispensáveis para formar governo: a CiU perde apoio, mas confirma-se como terceira força (10 deputados); o PNV mantém os seus 7 deputados; a ERC, por fim, é o outro grande vencedor e passa de 1 para 8 deputados, apesar do escândalo Carod-Rovira e da trégua da ETA na Catalunha. A Izquierda Unida, por outro lado, é o outro grande derrotado: vítima do voto útil a favor dos socialistas, cai de 8 para 5 deputados e fica abaixo dos 5% dos votos.

Mas o dado mais relevante das eleições de ontem é o aumento da participação, 8.5% superior à que se tinha registado nas eleições de 2000. Relevante porque explica a vitória socialista (mais 3 milhões de votos do que em 2000, apesar de o PP apenas ter perdido 700 mil votos), mas, sobretudo, pelo que significa de manifestação cívica de resposta ao terrorismo e à arrogância e abuso de autoridade que o governo do PP tinha mostrado nas últimas 48 horas.

Tal como eu tinha desejado ontem, os eleitores espanhóis castigaram o PP e deram o poder ao PSOE. Para mim, é um sinal de esperança. Não só pelo que significa a substituição de um governo de direita por um governo de esquerda, mas sobretudo porque na primeira ocasião em que os eleitores foram chamados a referendar um governo que apoiou a guerra no Iraque, mostraram o seu descontentamento e acabaram por lhe retirar o poder. Para mim, este é um sinal importante de esperança: os cidadãos estão atentos e sabem escolher a paz. Se a tendência se mantiver, no próximo mês de Novembro John Kerry destronará George W. Bush. Pode ser que nessa altura os governantes se convençam de que os povos estão fartos de guerras, do terrorismo, da escalada de violência e que desejam profundamente a paz, a tolerância e a compreensão. Pode ser que nessa altura os Pachecos Pereiras e Josés Manuéis Fernandes deste mundo tenham de engolir as suas palavras, se forem suficientemente dignos para o fazerem.

14.3.04

Conspiração da esperança

«Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha: "Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?" Mas ele respondeu: "Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume. Se der frutos na próxima estação, ficará; senão, poderás cortá-la."»

do Evangelho deste domingo: Lucas. 13, 6-9

O teórico da conspiração

O conspiracionista-mor deste reino não é, definitivamente, Marcelo Rebelo de Sousa, submerso em mil leituras apressadas na sua missa dominical. Pacheco Pereira leva-lhe a palma. No seu blogue, desde quinta-feira, dia dos infames atentados de Madrid, só tem escrito com um propósito: apontar o dedo a uma perigosa esquerda que esfregaria as mãos de contentamento por os atentados serem da Al-Qaeda. É um insulto gratuito. Não há terroristas bons (todos são hijos de puta, como escrevemos aqui, naquelas horas).

O que não se admite a Pacheco Pereira é uma suposta superioridade moral. Lembro: a guerra contra o Iraque foi assente numa mentira, grosseira mentira, alicerçada num suposto engano de serviços secretos, mas que esqueceu o papel da ONU na vigilância ao regime odioso de Saddam.

Agora que a Al-Qaeda supostamente assume os atentados (como nos conta o Diogo), que afirmará Pacheco? Insistirá, como insistiu o líder do PP, Mariano Rajoy, ontem em dia de reflexão, na «autoria moral» da ETA? Ou sublinhará uma alegada aliança das «trevas», que é como quem diz a ETA aliada à Al-Qaeda, como defende hoje, em dia de eleições, a ministra Ana Palacios?

Os meus sublinhados não são inocentes: os populares (e Pacheco di-lo-á certamente) dizem que as manifestações de ontem contra o PP foram «ilegais» e partidarizadas. Não passa pela cabeça conspirativa de Pacheco que aqueles manifestantes se cansaram de mais uma «mentira». Mentiras que não significaram nada - mataram muita gente, continuam a matar todos os dias.

É isto: o que incomoda Pacheco (e seus acólitos) é que a mentira da guerra nunca foi a solução para paz nenhuma. Por isso, hoje os espanhóis votam contra todos os terrorismos. Mas também devem votar contra todas as mentiras. E contra a maior mentira - a da morte, a que defende a morte.

«Aqueles dispostos a abdicar da essencial liberdade em troca de uma segurança temporária, não merecem nem liberdade nem segurança.»
Benjamin Franklin, "Historical Review", 1759 [citado na Rua da Judiaria]

Nota final: contra mim escrevo neste "post" - assumi que era a ETA que tinha matado naquela manhã. Mas, ao contrário do polícia do pensamento correcto, não procuro tornar isto num desafio Benfica-Sporting. Eu, por mim, desde quinta-feira preferi lembrar os 200 mortos e os mais de 1400 feridos. Pacheco, hipócrita, nunca o fez.

Vídeo

Volto à carga, apenas para completar a informação.

O vídeo foi encontrado perto da Mesquita de Madrid e, nele, um suposto porta-voz "militar" da Al Qaeda na Europa (homem falando em árabe, com sotaque marroquino, e com roupa tipicamente árabe) assume a responsabilidade dos atentados terroristas cometidos no passado dia 11:

"Declaramos nuestra responsabilidad de lo que ha ocurrido en Madrid, justo dos años y medio después de los atentados de Nueva York y Washington. Es una respuesta a vuestra colaboración con los criminales Bush y sus aliados. Esto es como respuesta a los crímenes que habéis causado en el mundo y en concreto en Irak y en Afganistán y habrá más si Dios quiere. Vosotros queréis la vida y nosotros queremos la muerte, lo que da un ejemplo de lo que dijo el profeta Mahoma, si no paráis vuestras injusticias la sangre irá más a más y estos atentados son muy poco con lo que podrá ocurrir con lo que llamáis el terrorismo. Esto es un aviso del portavoz militar de Al Qaeda en Europa".*

A cadeia de televisão Telemadrid recebeu uma chamada de um homem com sotaque árabe, avisando de que teria deixado o vídeo na rua, perto da Mesquita da M-30, a circular rodoviária de Madrid. A Polícia encontrou a fita, que foi visionada e traduzida.

Estes dados, juntamente com a já referida detenção de três marroquinos, levam-me a pensar que se poderá vir a estabelecer uma ligação entre os atentados de Madrid e os que, em 16 de Maio de 2003, tiveram lugar em Casablanca. Aliás, já nessa altura, muita gente em Espanha mostrou preocupação pela proximidade do terrorismo islâmico. O que não é de estranhar, se se tiver consciência da permeabilidade existente entre Espanha e Marrocos.

Desta vez, a ETA parece não ter sido a culpada.

* tradução da responsabilidade de elmundo.es

13.3.04

Madrid, 11-M

O Ministro da Administração Interna do governo de Espanha, Ángel Acebes, acaba de revelar a existência de um vídeo no qual a Al Qaeda reivindica o atentado de 11 de Março.
Parece confirmar-se, por isso, a pista islamita. Pista que já hoje tinha sido reforçada pela detenção, por parte da polícia espanhola, de três marroquinos e dois indianos, supostamente relacionados com o atentado da passada quinta-feira.
O governo espanhol provavelmente sempre soube quem tinham sido os verdadeiros responsáveis pelo atentado, mas a revelação dessa verdade não beneficiava os interesses eleitorais do PP e, por isso, ela foi escondida.
Acho feio brincar-se assim com a dor provocada pela morte de tantos inocentes. E espero sinceramente que amanhã os eleitores espanhóis dêem nas urnas a resposta que o PP merece.

(silêncio)

12.3.04

Contra a «guerra total», mãos livres

Gracias a la vida

Ao JVA. Por muito...

«Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco,
Y en alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes al hombre que yo amo.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me ha dado el cielo que en todo su ancho
Graba noche y dia grillos y canarios,
Martillos, turbinas, ladridos, chubascos
y la voz tan tierna de mi bien amado.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con las palabras que pienso y declaro,
Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La vida del alma del que estoy amando.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me ha dado la marcha de mis pies cansados,
Con ellos anduve ciudades y charcos,
Playa y desiertos, montanas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me dio el corazon que agita su mano
Quando miro el fruto del cerebro humano,
Quando miro el bueno tan lejos del malo,
Quando miro el fondo de tus ojos claros.

Gracias a la vida, que me ha dado tanto,
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto,
Asi yo distingo dicha de quebranto,
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de todos que es mi propio canto.
»

Violeta Parra

O "meu" Cristo não é este

Ontem estreou «Paixão de Cristo». Sobre o filme veremos (quem sabe se segunda-feira). Mas as interrogações todas que nos coloca o filme devem ser pensadas e discutidas.
«O Cristo do filme [de Mel Gibson, «Paixão de Cristo»] é barroco. O acento está na dor, no sofrimento, não na ressurreição. É legítimo perguntar: porquê este Cristo agora? Não precisamos deste Cristo agora."»
Hoje no Y do Público, um debate interessante entre um judeu e um católico.

Abrupto, como de costume

Pacheco Pereira ironiza (com a esquerda, certo?) que «como de costume» «a culpa é da participação espanhola na coligação no Iraque. Já lá vamos chegar aos americanos». Como de costume pode incluir também o Ministério do Interior na sua análise...

PS - Continuo a achar que foi a ETA. Mas interessam-me pouco os culpados. Interessam-me mais as vítimas. E um outro mundo, sem «guerras totais»... que é possível!

Al-QaETA

A única resposta que o terrorismo - seja ele da ETA, da Al-Qaeda, de estado ou de fundamentalistas -, pode ter é uma conspiração da esperança.

actualização: uma homenagem que merece ser vista e escutada, aqui ao lado.

11.3.04

«Não somos ninguém»

«Ha estallado el corazón del pueblo obrero de Madrid. El Pozo del Tío Raimundo, Santa Eugenia, Atocha, tres barrios de la capital con solera, con historia, con aires de sufrimiento y gotas de sudor en el aire de sus calles.

Los atentados de la mañana del jueves rompieron la dura tranquilidad de las vidas de muchos vecinos, incrédulos ante lo que vivían, impotentes y desarmados. Desalmados y rotos. Juan, Manolo, la Paca, el Cheli. Ellos han sido el objetivo de una violencia inexplicable, ellos que, como dicen "no son nadie".
»

In El Mundo, hoje

Hijos de puta!


A ETA matou, esta manhã em Madrid.

10.3.04

Boletim meteorológico

Chove: o melhor indicador é o trânsito caótico que nos faz perder tempo e paciência. Impávidos ou irritados seguem condutores solitários nos seus carros particulares. Do outro lado, presos neste pára-arranca, passam quatro autocarros pegadinhos no sentido contrário ao desejado. O mundo entretido do "agarrem-me que quero ir para Belém" esquece-se de descer à cidade.

Hino para Cavaco*

«Eu que me candidato
Por tudo e por nada
Deixei-vos na lama
Na década passada
Usei o partido
Paguei o meu preço
Esqueci Santana
Limpei-me com o lenço

Olhei prá Figueira
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num congresso tonto
De mala na mão
Nem sequer falaram
Comeram e calaram
Nem sequer gemeram,
Morderam, abraçaram

Vai pra presidente
Quiseram depois
Tinha quinze anos
De poder, queria mais
Cheirava a mofo
À sopa dos pobres
O Sampaio à frente
Eu a comer bolo-rei
Saí da corrida
Alisando a blusa
Saltei p'la janela
Rosto derrotado
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão

Sobrancelha em asa
Disse: fui mamado
Ao filho e à mulher
Repeti a luta
Acabei Boliqueime
Larguei as memórias
Estendi-me ao comprido
De ouvido à escuta
Na FNAC falei
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
O Santana parado

Na berma da estrada

Eu que me candidato
Por tudo e por nada
»

* - in The Galarzas (adaptação livre de Lobo Antunes. Cantar com a música do Vitorino para este poema)

O mundo aqui tão perto

Comêmo-los!

9.3.04

Uma cidade com política dentro*

A vantagem de ter de ir ao lançamento do livro de Cavaco é poder subir o Chiado a horas em que a cidade ainda vive - e ficar a olhar: rostos bonitos, apressados, cansados. Outra vantagem seria a ida à FNAC, mas é preciso sair rapidamente para escrevinhar as inconsequências da intervenção do senhor professor. Depois, no largo do Camões, à espera de um eléctrico ou de um autocarro, ouve-se a música que anima as escassas dezenas de militantes pró-referendo para despenalizar o aborto. «Não tenho nenhum tabu e não se alimenta o que não se tem», podiam repetir as senhoras e os senhores deste movimento.

Assim posta em sossego

Ficou ela a olhar-nos. Deixei uma discreta indicação - «a todas as mulheres» - de memória do dia de ontem. O dia da mulher. Que é um dia que ajuda depois a esquecer "a mulher" nos outros dias todos. E, na hora de sublinhar o dia, sublinhei a beleza. Simplesmente isto. Boa tarde!

PS - Um amigo fez-me chegar outros motivos de júbilo. Fica o público agradecimento.

8.3.04

A todas as mulheres

A PortugalTelecom passou-se

Recebi um e-mail publicitário, daqueles que nos entopem as caixas de correio, e que na gíria se inscreve no famoso "spam" que todos os fornecedores de internet querem combater, mas que todos utilizam... O e-mail foi enviado pelo "site" de Leilões do «Sapo», o portal da PortugalTelecom. E qual é a proposta que me fazem? Uma viagem? O livro de Cavaco? Um poster da Scarlett Johanson? Não, nada disso. Depois de terem descoberto que o meu apelido é «Marujo» resolveram enviar-me esta «sugestão de leilão» extraordinária:

«Vídeo O Marujo Gay a partir de € 17,00.
Um verdadeiro marujo vai mostrar-lhe a força e encanto dos «Músculos Militares».A bordo deste navio tudo é possível com o instrumento do seu destemido Blake assina uma interpretação de luxo. Duração:90m (aprox.). Para mais informações visite o site - Um click para uma noite de sonho.»

E proibiu este Governo o Canal 18 em sinal aberto, na TvCabo, porque as crianças o podiam ver...

Felizmente

«Dejar un verso para la hora triste/ que en el confín del día nos acecha,/ ligar tu nombre a su doliente fecha/ de oro y de vaga sombra.»

De um fim-de-semana calmo, com o reencontro de amigos a apagar-nos aqui nestes cantos, não sobrou tempo para um lamento: Francisco José Viegas deixa a direcção da «Grande Reportagem». E apetece repetir os versos de Jorge Luis Borges, que Viegas nos traz das terras de Aviz, para constatar o óbvio. Felizmente, há Aviz, aqui ao lado.

Portas fechadas

Paulo Portas desafiou Mário Soares para um debate «à antiga». Depois percebeu-se: não se trata de um duelo de espadas ou pistolas. As armas são outras: «Tenhamos um debate de ideias sereno. É assim que em democracia as coisas se resolvem. Venha daí, doutor Mário Soares». Só não se percebe por que é que, noutras ocasiões, o senhor ministro da Defesa não quis discutir - ou explicar - as suas ideias.

Cavaco identifica-se com ela


Barbara Bush

5.3.04

Querem os senhores da TAP também esclarecer-me?

Pacheco Pereira zangou-se por um avião da TAP ter mudado de nome - de «Viana da Motta» para «Eusébio». Eu que nunca dei muita importância por ter viajado "sentado" no «Bartolomeu Dias» ou no «Luís de Camões», fiquei estupefacto quando hoje o nosso eurodeputado diz ter recebido «esclarecimentos da TAP». Melhor: fico contente, quando temos uma empresa aérea que não só deu lucro, como ainda lê blogues e esclarece bloguistas. Pena que a mim nunca me tenha «esclarecido» sobre os noticiários «paroquiais» transmitidos nos seus voos intercontinentais...

O «boneco»

Há 14 anos que acompanho diariamente o trabalho deste diário. Por razões de afectividade, é o meu jornal de eleição. Mas (fora essas razões) também é o melhor jornal português. E, por isso, é-se mais exigente: com os títulos que não correspondem às notícias, com as notícias que não citam as fontes primeiras dessas notícias (e, aqui, a queixa é às vezes pessoal), com os editoriais do director que nos tomam por parvos, com os erros de português dos artigos, com os atropelos de forma ou conteúdo ao seu próprio Livro de Estilo, com...
Mas, depois, há o resto. O grafismo (apesar de terem abandonado Cayatte), o jornalismo (apesar dos erros), os analistas (apesar das opiniões), as crónicas... Há 14 anos que tudo mudou com o «Público». Parabéns, miúdo!

«CAS.»

Com três letrinhas apenas, tudo mudou no meu bilhete de identidade (ao fim de vários meses). Agora sim, posso reconfirmar outros sinais exteriores de felicidade. Havia quem não me acreditasse...

P.S. - quanto tempo pouparão os senhores do BI ao não escreverem a palavra «casado»?

Não há coincidências (regresso à política)

«PAULO PORTAS E O TRAVESTI LOLA
Os factos:
[1] No início de Outubro de 2003, o programa "Vidas Alternativas" da Rádio Voxx entrevistou um travesti, Lola, o qual afirmou que Paulo Portas era cliente assíduo da homossexualidade.
[2] Em meados de Outubro de 2003, Luís Nobre Guedes - um destacado membro do PP, muito próximo de Paulo Portas - adquiriu a Rádio Voxx.
[3] Hoje, menos de seis meses depois, a Rádio Voxx termina.

Refira-se ainda que:
[1] Entre Outubro de 2003 e Fevereiro de 2004, nunca foi desmentido que Paulo Portas fosse cliente assíduo da homossexualidade.
[2] O programa "Vidas Alternativas" termina com a aquisição da Rádio Voxx por Luís Nobre Guedes.»

In Bloguítica, post 525 [actualização: com a Voxx é calada também a Luna, também adquirida por Nobre Guedes. Aqui só se passava jazz e música clássica. Que também não cabem nos ouvidos do dirigente do PP.]

O sufoco

«A palavra "guerra" significa em hebraico "aproximar-se demasiado um do outro", a ponto de não se conseguir respirar. A paz significa "afastar-se um pouco, para que eu possa respirar". Hoje, sufocamos.»

Elias Chacour, palestino, árabe, com cidadania israelita, cristão.

4.3.04

A (quase) omissão de Mel Gibson

Não vi o filme de Mel Gibson, mas já tive alguns ecos do meu irmão e de Nuno Guerreiro. Não posso falar dele como obra de cinema que é - quando cá chegar, a 11 de Março, veremos. Quem viu sublinha a violência, a extrema violência - era assim que eram torturados os prisioneiros de Roma, todos eles.

Mas este repisar da violência é que me incomoda(rá). Mais do que alegadas mensagens anti-semitas, que parecem afinal ter sido retiradas ou não existirem. Afinal, esta é uma visão da Paixão de Jesus que recuso. Por esquecer a Vida - que vem depois, que completa o caminho do Gólgota. E que o transcende. Por isso, quando José escreve no seu Guia dos Perplexos, «é na Paixão que reside o carácter mais essencial, a beleza mais transcendente, o carácter mais distintivo da nossa Fé Cristã», eu vacilo.

Acho que é na Páscoa, na Ressurreição, que reside, na minha modesta opinião, o carácter mais essencial e distintivo da Fé. E é isso que é quase omitido no filme de Gibson. De raspão, no final, dá-se conta da Ressurreição de Jesus. Da vitória da Vida sobre a morte, a dor e o sofrimento.

Mas isso não parece o importante para o realizador australiano: sublinhar a dor e o sofrimento será uma perspectiva redutora, simplista e (quanto a mim) ultrapassada do cristianismo. «A nossa cruz», uma expressão tantas vezes usada pelos nossos pais e avós, ou sacrifícios estéreis como de muitos peregrinos de Fátima, deviam ser "erradicados" da linguagem da Fé. Para que esta seja verdadeiramente uma Festa.

A desintegração dos transportes

A Carris acabou com muitos dos seus postos de venda de passes e bilhetes. Depois do Metro, a mesma Carris (e a Soflusa e a Transtejo) adoptou o «Lisboa Viva», um cartão com um chip que é "lido" pelas máquinas destes meios de transporte para se poder usar comboios, autocarros e barcos. Para usar o cartão nas máquinas é preciso «activar» (validar) o "chip". Em todas as estações de metro é possível fazer esta activação. O problema é que os passes podem ser usados noutras empresas (CP e LisboaTransportes, por exemplo), que não activam os passes. Resultado: comprei o passe L12 na estação da CP em Campolide e agora quando entro num autocarro diz-me sempre que o meu «título é inválido».

Inválido é este sistema todo modernaço que não prevê o óbvio: uma verdadeira política integrada dos transportes de Lisboa, ao contrário do que vão afirmando os nossos governantes.

3.3.04

Um post com dedicatória


Nicole Kidman, na noite dos Óscares

(desafinado)

actualizado O CC e o Luís Nunes afixaram os seus comentários de parabéns. Agradecemos. Mas os seus parabéns multiplicaram-se por todos os outros "posts". E depois de afinarmos as coisas, os comentários desapareceram. Mas estiveram lá...

2.3.04

O Martinho da Arcada abre as suas portas

(aos amigos de sempre da Cibertúlia)
Está aqui em cima, no cabeçalho deste blogue: «Em 1999 e 2000 entupimos as caixas de e-mail de uns e outros com dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos. Agora, em 2003, mudámo-nos para a blogosfera». Na mudança perdeu-se alguma coisa: a vivacidade do confronto de ideias - afinal, nem todos temos pachorra para escrever num blogue. Conversa puxa conversa e alguém sugeriu que se adoptasse, aqui, a técnica do comentário. Assim, os da primeira hora da Cibertúlia poderiam participar mais... Aqui está então: fomos ao Terreiro do Paço e abrimos as portas das tertúlias de sempre do Martinho da Arcada. Para que possam participar... com dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

(aos amigos que a Cibertúlia foi criando nesta nova casa)
Esta porta que agora se abre também é vossa. E nem se trata de qualquer tentativa de ser "mais de esquerda"...

[um agradecimento ao Galarza que me ajudou nesta coisa das caixas de comentários... que precisa ainda de ser afinada]

Apetites (depois dos Óscares)

É complicado voltar a olhar para este pedaço de terra, depois de termos espreitado o que se passou no tapete (os Óscares são sempre uma boa desculpa). Mas se insistíssemos no assunto ainda nos arriscávamos a levar puxões de orelhas por eventual «misoginia». E os meus amigos calaram-se, não vieram aqui dizer de si (e delas e deles), nem sobre polémicas antigas como o Portugal Mediterrâneo ou o filme de Gibson, nem o aniversário do Benfica, nem... Por isso, hoje não me apetece falar de um senhor burgesso (Avelino Ferreira Torres) e do silêncio comprometedor dos senhores-alegadamente-democrata-cristãos do PP (e do seu parceiro de coligação, PSD), de Pacheco Pereira a zurzir mais uma vez no PSD-PP, agora por causa do «Força Portugal!», nem do livro de receitas que se abre agora na página da Glória Fácil (embora ande a coleccionar os preceitos culinários para um destes dias impressionar lá em casa...), nem da acidez e doçura que se debate por essa mesma blogosfera a propósito de um certo (dizem) «patrulhamento ideológico». E, recuperado o computador, ainda não é desta que me dedicarei à paixão de Cristo... O que me apetece mesmo é fechar os olhos e perder-me na música...

1.3.04

Mea culpa!

Já houve quem analisasse os vestidos das senhoras. Das minhas escolhas, à esquerda é só elogios, a direita omissa e a do centro leva por tabela, por causa do trapo. Mas quem olha para o trapo? Por isso, optei pelas fotos... Mas faltaram a Julia, a Nicole e a Catherine!

[actualização, a 2/3, pela manhã: também no Público - texto apenas disponível na edição impressa - há uma "leitura" sobre os vestidos; e "olhos" amigos lembraram-me outro esquecimento meu: Angelina... Pois!]

Figuras de estilo

E se deixarmos assim, esta santíssima trindade, a olhar-nos mais um par de horas?! Hipérboles, metonímias, sinédoques, é o que é*!

* - nota: o link devia apontar directamente para um post de Pedro Mexia intitulado «SINÉDOQUE», de 11.2.04, mas aparentemente não funciona

Fomos ao tapete


Charlize Theron, Scarlett Johanson, Naomi Watts