30.9.05

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

[à M., nos seus 29 assombrosos anos
com Alexandre O'Neill]

Decadência dos corpos [auto-ironia]

Um exemplo. Outro exemplo.

29.9.05

Classificados

Casal amigo tem uma casa à venda no coração da Bica (Lisboa): deliciosa e surpreendente. Assunto sério (informações para o e-mail deste blogue).

Pedido de desculpas

Não escrever porque se está em exames. E deixar este bigode aqui em baixo. É indesculpável, nós sabemos...

28.9.05

É p'ra já!



«A importância do clitóris é algo subjectiva. Tem uma função essencial no prazer sexual mas, para além disso, a sua mutilação não afecta nenhuma função vital [nomeadamente] a função reprodutiva.» Esta é uma das pérolas parlamentares de um senhor que já foi deputado do CDS que agora se candidata à Câmara Municipal de Vale de Cambra.

Sem acesso ao seu outdoor de campanha na net (ó Rui, fotografa lá isso!), imaginem a figura aqui posta olhando para o infinito, sobre um fundo azul-céu e umas nuvens... A frase, o slogan, a grande ideia de campanha? "Miguel Paiva, é p'ra já!"

New ceremony for an old skin

Terra. Terra. Terra.

New skin for an old ceremony

O Estado Civil é o mesmo de sempre. Irrepreensível. Pedro Mexia, claro.

27.9.05

A agência

Hoje, uma vez mais, a manchete do Público foi publicada no Metro e no PortugalDiário a 14 de Setembro.

26.9.05

Tão amigos que eles eram

"O programa mais perigoso do ponto de vista político é o do professor Carmona Rodrigues. É um programa que diz que é tudo mau, que é tudo para fazer de novo, apesar de ele (Carmona) ter sido vice-presidente e ser agora presidente" da autarquia, afirmou Maria José Nogueira Pinto numa acção de pré-campanha no Chiado. [da Lusa]

Quem desdenha...

O director do Público dizia há pouco tempo, num trabalho sobre os jornais gratuitos nas páginas do seu diário, que os gratuitos são uma compilação de breves notícias de agências noticiosas. Deve ser por isso que o Público diz hoje na sua primeira página que o novo carro da Volkswagen não será produzido em Palmela, citando a imprensa germânica de fim-de-semana, notícia que o Metro (um dos tais gratuitos) deu há uma semana, citando fontes da empresa.

[tempo de colheita]

A árvore frondosa.

25.9.05

O mundo como Nova Orleães

A revista "Forbes" diz que as 400 pessoas incluídas no top das mais ricas estão ainda mais ricas face à última análise. As fortunas subiram de 101,25 mil milhões de euros para os 915 mil milhões de euros.

Alegrete

O que faz correr Manuel, o poeta? Não sabemos. Eu não sei. Essa coisa da República é vaga qb para não se perceber o que o faz correr. Mas registem-se duas coisas positivas: 1) agora ficaremos a saber o real apoio que terá Alegre; 2) obrigará Soares a conquistar também o centro-esquerda...

23.9.05

Semana negra

Nunca como esta semana, descemos tão baixo, dirão os mais críticos. Ou os mais cínicos. Que me desculpem: já estivemos muito mais baixo, em quase 50 anos de ditadura. Nisto, não alinho no tom habitualmente autoflagelador dos opinadores (que nos males da pátria passam sempre uma esponja a esses anos - vd. Pulido Valente). O que torna esta semana má, mais do que o achincalhamento da justiça por Fátima Felgueiras, a juíza e a PJ, é o achincalhamento da democracia pelos populares que se prestam à aprovação destes "candidatos". Os políticos são maus, gatunos e o diabo a quatro, espumam os populares de raiva, mas quando têm oportunidade de se ver livre daqueles que são mesmo maus, gatunos e o diabo a quatro, juntam-se para os aplaudir...

Campanhas e encomendas II

O anónimo socialista postou agora o discurso na íntegra do primeiro-ministro na Assembleia da República.

22.9.05

Campanhas e encomendas

No post anterior falo de um tema que, há tempos, tinha abordado sobre a RTP e publicidade obscena. Agora, recuperei o post com a notícia da actuação da Autoridade para a Comunicação Social, e logo ali caiu um comentário sobre as medidas de Sócrates e críticas a uma suposta gente que ladra enquanto a caravana passa. Coisa encomendada, para pejar caixas de comentários dos blogues? Parece. Mesmo num blogue assumidamente à esquerda (pelo menos, por mim — solitário autor, de quando em vez ajudado, como nos últimos dias pelo João, no mundo da bola), estas encomendas sabem mal, às almas.

Alguém nos ouviu

O organismo que regula os media decidiu hoje instaurar um processo de contra-ordenação contra a RTP por ter transmitido um documentário sobre José Mourinho com um título semelhante ao anúncio protagonizado pelo mesmo treinador.
A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) considerou, de acordo com uma deliberação hoje divulgada, que o documentário sobre José Mourinho, tr ansmitido pela RTP 1 a 12 de Agosto, contém "graves indícios de infracção [ao artigo do] Código da Publicidade que regula os patrocínios em televisão".
O documentário, produzido pela BBC com o título original "The Special One", foi transmitido em Portugal com o título "Ganhe Como Eu", frase que é também o slogan da campanha publicitária que o técnico português protagoniza para o banco BPI e que patrocinou o programa. [da Lusa]

Universo Futebol II

Universo Futebol: tremendo universo este do futebol. Vamos actualizando este quadro, que o Tiago publicou ao longo das jornadas. Ao aplicarmos a regra do nosso companheiro lagarto, e se entendermos os últimos resultados como tendência, daqui a 3 ou 4 jornadas as equipas votadas à censura serão outras. Como muito bem disse o Joca as contas fazem-se no fim. Os enxovalhos são diários ou jornada a jornada, mas se ajuda recordar, não são as equipas que jogam o futebol mais bonito que ganham campeonatos, são as que ganham pontos. E ainda não existe nota artística... Mais acrescento que li num jornal desportivo (já não me lembro qual, confesso) que o Sporting tinha deixado de jogar um futebol esteticamente evoluído (seja lá o que isso for) para se tornar mais pragmático. A continuar assim é melhor voltar ao artístico... Digo eu.

This is Major Tom to ground control

O nosso Guia fez dois anos. Nem deu pela data — mas quando deu, arrasou a plateia.

Defendermo-nos

Aqui há dias dizia que, felizmente, não estava cá para ter de decidir o meu voto nas autárquicas. O Rui lamentava-se nos comentários do que fizemos à democracia, para que o melhor fosse fugir ao voto. Não fujo — as férias já estavam combinadas antes de Sampaio escolher a data. Mas, ausente, fico aliviado: não terei de pensar arduamente até ao dia, em quem votarei. Se votasse em Felgueiras (ou Amarante, ou Oeiras, ou Gondomar) o caso seria diferente: seria mais que um dever cívico votar, seria um voto de defesa da democracia — em Lisboa, que me desculpem, não é assim. Não será assim.

E de repente

O Outono.

21.9.05

O costume

Fátima voltou, os populares batem palmas. Um homem ousa a crítica — logo é apupado e achincalhado. À frente das câmaras de televisão, que é onde o povo ganha coragem. As eleições ditarão a sua vitória. Como Avelino em Amarante, Isaltino em Oeiras e Valentim em Gondomar. Mas os políticos é que são os canalhas do costume.

Regresso às aulas

20.9.05

Universo Futebol

Não há nada como começar este novo espaço com a qualidade devida. Logo num dia de festa. O Nacional é Bom!

Respigador III

O Público adoptou uma nova política de aumento de preço de capa sem dizer nada a ninguém. Antes, ainda tínhamos direito a nota editorial, justificação do director, ou coisa que o valha. Agora não: despacha-se a coisa com um anúncio factual, sem mais nada na primeira página, no próprio dia do aumento. Tinha sido assim às sextas, quando do lançamento do Inimigo Público, foi assim depois com o suplemento infantil Kulto ao domingo, e, por fim, ontem, com a revista de economia DiaD. Nunca nas campanhas publicitárias a estes novos suplementos, a direcção do Público fez o óbvio: dizer aos seus leitores que ia cobrar mais...

PS - O Público agora custa entre 1 e 1,40 euros. Apenas às terças, quartas e quintas tem desconto...

Respigador II

Ontem foi dia de safra.

Respigador

Ao contrário de semanas anteriores, ainda não recebi nenhum e-mail dos meus amigos portistas e sportinguistas a gozar...

19.9.05

Pestanas

Em hibernação: estudos antigos oblige.

17.9.05

O Sebastião do costume

Candidato apoiado pelo PS queria ex-comissário na estrutura da campanha, mas apesar de se declarar como apoiante entusiástico de Soares, António Vitorino alega «motivos profissionais», «falta de tempo e de disponibilidade» para recusar funções institucionais.

16.9.05

Não és nada: a televisão cretina

Sobre o programa da SIC que anda para aí, nada como reproduzir o texto de Miguel Vale de Almeida — que diz tudo.

[Amanhã, parece que a extrema-direita (eufemismo para fascistas e nazis) vai protestar contra a coisa (mais uma vez autorizados pelo Governo Civil, contra a Constituição). Os cretinos são assim: gostam uns dos outros.]

"O 'Esquadrão G - Não és homem, não és nada' é apenas mais um programa cretino duma televisão cretina. A única razão porque merece alguma atenção é por ter ser sido propagandeado como programa cujos protagonistas são gay. No deserto da homofobia é razão que baste para despertar interesse. Ontem juntámo-nos uns tantos e umas tantas aqui em casa para ver a estreia da coisa. Confirma-se: é um programa cretino para uma televisão cretina. Embora sem grande drama (não me parece que o programa faça mossa, assim como não contribuirá para a famigerada "mudança de mentalidades"), perpetua estereótipos de género e sexualidade: os homens (hetero) serão broncos insensíveis; as mulheres (hetero) vêem os seus homens como Barbies para vestir; e os gays (homens) gostam de trapos, amaciadores e comidas com nomes franceses. Programa cretino para televisão cretina num sistema de género e sexualidade cretino. Tudo bem. Mas o mais curioso da noite foi isto: nem no programa propriamente dito, nem no stunt publicitário com a presença do Esquadrão no programa de Herman José, logo a seguir, alguma vez se referiu sequer que os rapazes são gay. Isto é, a sua gayness desapareceu depois do anúncio do programa nas últimas semanas. A sua gayness surge apenas confirmada nos sinais exteriores de... gayness - coisa que só pode acontecer se esses sinais forem os de um estereótipo*. Circularidade absoluta. O silêncio foi tal que quase suspeito que fosse combinado.

Bocejo.

* Um estereótipo não é uma imagem horrenda que deve ser combatida em nome de uma imagem belíssima, definida sabe-se lá por quem e com que autoridade. Um estereótipo é apenas uma forma de pobreza. Não de quem o transporta em si, mas sim de quem o promove/incita nos outros.[...]"

O aperto

Carrilho não apertou a mão. Carmona diz que o outro é um grande ordinário. Lisboa merece mais, mesmo! Não mais do mesmo. Felizmente (estou convencido) estarei de férias — longe do país — quando forem as eleições.

Já agora: podiam antecipar o referendo sobre o aborto para Outubro... Evitava ouvir os dislates pró e contra.

15.9.05

Deus escreve

Ele não tem "nenhum pretexto para dar o link de novo, é só porque sim". Nós não precisamos de pretextos para ir visitando essa nossa outra casa — é só porque sim. Mas o melhor desse blogue de contemplação é a fotografia que alguns leitores lhe tiram, como este brasileiro: "E Deus Criou a Mulher - que bela forma de começar o dia. Deu até vontade de brigar com os tradutores da Bíblia: Em verdade, em verdade, Deus escreve certo por linhas curvas!"

14.9.05

Serviços mínimos

Já devem ter reparado: este blogue vai navegando em ritmo mais pausado, ao sabor de uns dias mais complicados. As contradições explicam-se assim. Têm muitas casas onde aportar, por estes dias. Espreitem a coluna de links.

Prostitutas, proscritos e outros

13.9.05

En portugués, por supuesto

El partido del pequeño líder, conocido por empezar sus frases con una citación de un poeta genial — ganda nóia —, todavía quiere defender la lengua y la cultura lusas contra la tomada del poder de una televisión por el grupo Prisa. Sobre el nuevo año escolar, nada se escuchou de su boca.

12.9.05

Misturas perigosas

Posto em sossego

Pouse-se os olhos na maçã, não nos admiremos que Adão tenha caído assim em tentação. Sobra-nos falta de vontade para escrever.

11.9.05

10.9.05

Nova Orleães, Portugal

Fosse Nova Orleães uma cidade do Litoral português (ou num qualquer recanto da União Europeia) e já a nossa alegre direita teria decretado a falência do Estado Providência, da Europa, da Segurança Social, do rendimento mínimo garantido. Como foi ali, no Sul dos Estados Unidos, esses senhores insistem na culpa de todos, de preferência pretos, de deus, de alá, mas nunca do Estado-que-não-intervém e muito menos de Bush. Já conhecemos a lenga-lenga.

[ver também este post]

Jornalistas, esses anti-americanos

«Katrina, Tratados como animais»
Apresentado as vítimas como refugiados, fizeram deles estranhos indignos de socorro.

«Os brancos não vivem em Nova Orleães»
Há muito que os negros eram os únicos habitantes das zonas mais vulneráveis da cidade. Além disso, 35 por cento da população negra não tinha automóvel para poder fugir do Katrina.

«George W., incapaz e insensível».
Quando milhares dos seus concidadãos sofriam e morriam diante das câmaras, Bush esteve abbaixo de tudo.

«O Estado é a civilização!»
O caos que se espalhou em Nova Orleães relançou o debate sobre a importância do Estado.

«Onde está a segurança interna?»
Se Nova Orleães tivesse sido atingida por terroristas, as autoridades também não teriam sido capazes de organizar as acções de socorro. Triste lição, quatro anos após o 11 de Setembro.

Acalme-se Pacheco Pereira. Os títulos e entradas que se reproduzem não são da perigosa e anti-americana imprensa portuguesa. São artigos, reproduzidos no Courrier desta semana, com origem nas publicações americanas The Lexigton Herald Leader, The New York Times, Salon, Slate. Tudo gente primária, já se sabe.

9.9.05

Hilariante EDP

Um mês e meio e vários telefonemas depois, a EDP devolve-me aquilo que me roubou - e meço as palavras. Dizem eles que a título excepcional me emitem uma nota de crédito. Uma empresa assim, devia ter um fim: acabar-se o monopólio, para se acabar a pesporrência.

[e-mail]

Toda a correspondência - para insultos ou elogios, confidências ou cartas abertas - deve ser remetida de agora em diante para mmarujo@gmail.com [a gerência agradece].

8.9.05

De uma vez por todas

O que está em causa em Pacheco Pereira é outra coisa, é a histeria anti-Sócrates, e anti-esquerda, que varreu o seu pensamento, com o primarismo habitual. — nova provocação ao senhor Pacheco, ao adaptar palavras primárias da sua crónica de hoje no Público, onde mais uma vez o articulista bate no pão que o alimenta todos os dias e confunde alhos com bugalhos ao insistir que um anti-Bush é um anti-americano! Não há pachorra!

7.9.05

A prioridade de Pacheco Pereira*

"Por cada euro que Portugal investe em ajuda humanitária, o Ministério da Defesa reserva dez euros para o seu orçamento militar, refere o Relatório 2005 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), hoje divulgado."

* - o título é provocador. Mas o autor do Abrupto prefere a guerra à paz. Digo-o de modo simplista — mas aqui, a opção é simples.

Terra concebida com pecado

Juliette Binoche em "Mary"

“Fui educado como católico e quando assim é não nos ensinam a pensar por nós mesmos. Não somos ensinados a pensar nas coisas com profundidade.” Frase de Abel Ferrara, realizador de Mary, filme ontem apresentado em Veneza. Para contrariar esta ideia, leia-se o início da colheita da terra.

Deixe em branco

6.9.05

Identificação de estilos

Passam por mim revisores da CP em estágio, no comboio da Linha de Sintra: com cabelos compridos, tatuagens, óculos escuros. Uma política de proximidade com os clientes, diria eu.

5.9.05

A produtividade, ora aí está!

"Trabalhar muitas horas prejudica a saúde. Um estudo americano revela que os riscos para a saúde sobem 61 por cento com horários longos e horas extraordinárias".

Forum Lisboa

O debate entre dois leitores sobre os apoios (ou não) ao IndieLisboa. Eu, por mim, mantenho: é (era) dinheiro muito bem gasto com o IndieLisboa...

Espanha, 2 - Portugal, 0

Marques Mendes.

Espanha, 1 - Portugal, 0

A linha editorial do El País é bem mais inteligente, rigorosa e credível que a da TVI.

4.9.05

Van Zelo

"O ex-administrador da TVI, João van Zeller, que se demitiu na quinta-feira, criticou no sábado, num artigo de opinião publicado no Expresso, a venda de acções da Media Capital à espanhola Prisa. De acordo com João van Zeller, a "tranquila assinatura" da operação só foi possível "graças a cumplicidades políticas entre os partidos e os governos socialistas dos dois países". [...]" — in Diário de Notícias.

Onde esteve este senhor no caso Rui Gomes da Silva? Não me lembro. Não consta que ele se tenha preocupado com as interferências políticas, que as houve, na TVI. Agora, antes de qualquer mexida na Media Capital, acena-se um espantalho que não existe. Quer-nos dizer o PSD, o CDS e até Pacheco Pereira, que o El País é pressionável, que nunca ali se denunciaram escândalos do PSOE?

O país das autárquicas II

A SIC Notícias diz que anda a debater as autárquicas. Mas nós duvidamos. O único critério para fazer debates é ter um ou mais candidatos duvidosos. Veja-se a lista: Oeiras, Sintra, Amarante, Gondomar. Faltará Felgueiras, certamente à espera de um desembarque em Pedras Rubras. E faltam os debates sérios — de um outro país. Aquele que não se discute com frases do género seja um homenzinho... Mas isso talvez não dê audiências.

O país das autárquicas

Em viagem ao Norte, descobre-se o país das rotundas (cuja única virtude parece ser ajudar quem dá indicações — passa a terceira rotunda e é à esquerda), das obras que se apressam para as eleições e dos cartazes de candidatos, entre os anedóticos e folclóricos e os profissionais e marketeiros. Melhor ainda, é ver como os partidos, todos!, cedem no populismo: o virgem-puro-e-inocente CDS candidata o limiano Daniel Campelo, em Ponte de Lima. "Uma equipa com provas dadas", diz o cartaz. Sem dúvida.

1.9.05

O exemplo irlandês

Portugal encontra-se em segundo lugar na lista dos que menos dinheiro gastam, com apenas 33 por cento do total da despesa pública a ser disponibilizado para funções de protecção social, como o pagamento de subsídios de desemprego e pensões. Em primeiro lugar, destaca-se a Irlanda que encaminha apenas 29,1 por cento da despesa pública para a protecção social.

Mofo

A JSD diz que Soares cheira a mofo. Razão tem Pacheco: as juventudes partidárias parasitam a democracia.

Carta aberta à Câmara Municipal de Lisboa e à Assembleia Municipal de Lisboa

[da Zero em Comportamento e do IndieFestival]

Foi com profunda consternação e grande preocupação que a associação Cultural Zero em Comportamento, responsável pela organização do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa, tomou hoje conhecimento da decisão da Câmara Municipal de Lisboa onde foi aprovada a transferência da gestão do Fórum Lisboa - sede da assembleia municipal - para a autarquia, pondo assim fim à tutela até aqui exercida pela EGEAC.

Lamentamos ainda mais esta decisão quando os motivos que a ela presidiram se prenderam com uma programação que "desagradava aos deputados municipais por ser demasiado festiva", segundo notícia publicada hoje no diário "Público".

A deliberação do executivo camarário afigura-se-nos de extrema gravidade. Em primeiro lugar, a limitação do acesso a um equipamento que pertence à cidade parece-nos muitíssimo redutora naquilo que diz respeito à desejável diversidade da oferta cultural da capital. Sob o argumento da programação do Fórum Lisboa ser "demasiado festiva" e deste espaço ser a casa da assembleia municipal, Lisboa poderá ficar impedida de um sem número de actividades que ali encontraram o seu público e um espaço privilegiado para serem desenvolvidas, nalguns casos com assinalável sucesso.

Por outro lado, a transferência das competências da gestão e programação do Fórum Lisboa da EGEAC para a Câmara Municipal de Lisboa põe em causa todos os compromissos assumidos por aquela entidade. A acreditar no artigo publicado na secção Local do jornal "Público", esta proposta subscrita pelo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. Pedro Santana Lopes, teve a unanimidade dos vereadores, com a adenda que fosse criado um gabinete de programação de actividades para o Fórum Lisboa. Tudo isto nos leva a crer que, por exemplo, as conversações que a Zero em Comportamento manteve com a Dra. Maria Louro, administradora da EGEAC, desde o final da 2ª edição do IndieLisboa (que, como é sabido, decorreu no final do mês de Abril no Fórum Lisboa, e com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa), para que o antigo cinema Roma fosse novamente em 2006 o centro das actividades do certame, poderão neste momento ficar sem efeito, na medida em que o plano de actividades do Fórum poderá vir a ser revisto, senão mesmo re-equacionado.

Estas deliberações, tomadas à revelia dos compromissos assumidos pela EGEAC, revelam um enorme desrespeito e uma profunda incúria com as actividades desenvolvidas pelos agentes culturais da cidade, podendo mesmo pôr em causa o bom prosseguimento dos planos por estes delineados.

O que é facto é que este é apenas mais um episódio da inconsequência da acção camarária. Se agora quer abrandar o ritmo da programação cultural do Fórum Lisboa (voltamos a sublinhar, "por ser demasiado festiva"), já antes demonstrou incapacidade para lidar com o S. Jorge (onde a Zero em Comportamento realizou a 1ª edição do IndieLisboa em Setembro de 2004), outra sala da capital que prometia alternativa cultural. Quase um ano após fecho para obras de remodelação, não existem nem previsões do modelo de gestão a adoptar nem mesmo de data para reabertura.

Fica a questão: estará esta presidência da Câmara a tentar deixar Lisboa sem espaços culturais que se dediquem a algo mais do que festas populares? E o que pretende a Assembleia Municipal ao exigir a tutela de um auditório de 800 lugares, onde se reúne uma vez por semana, e que tem sido desde o encerramento do São Jorge o único local para a realização de festivais e mostras de cinema na Cidade? Que Cidade moderna pretendem?

Gostaríamos ainda de acrescentar a tudo isto, e porque a gravidade da situação assim o exige, que a Câmara Municipal de Lisboa se encontra em situação de dívida para com a Zero em Comportamento. Tendo aceite apoiar financeiramente o IndieLisboa, concedeu à associação um subsídio que pressupunha o pagamento da verba acordada (35.000 euros) antes do início do evento, conforme protocolo assinado 28 de Fevereiro de 2005. Passaram já quatro (4) meses desde o final do festival e seis (6) desde a data combinada e essa verba ainda não foi liquidada.
Sendo a Zero em Comportamento uma associação cultural sem fins lucrativos, não dispõe, por isso mesmo, de meios próprios de resposta aos compromissos e responsabilidades assumidos, compromissos esses que não teriam sido assumidos se não houvesse garantia de apoio financeiro por parte da Câmara Municipal de Lisboa.

Dado o carácter de urgência deste problema, os contactos com a Câmara sucederam-se, mas sem quaisquer frutos: não só não se efectivou nenhum resultado, como não nos foram dadas quaisquer previsões de pagamento, apesar de variadíssimas vezes termos alertado para o carácter da urgência da situação.

A tudo isto, soma-se ainda o facto de desde há dois meses, termos vindo a tentar marcar uma reunião com a Srª. Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Drª. Maria Manuel Pinto Barbosa, reunião essa que serviria não só para apresentar a 3ª edição do IndieLisboa, mas também para fazer o balanço da edição transacta, de onde, obviamente, se salientaria o facto da verba de apoio concedido pela Câmara ainda não ter sido liquidada. Para nossa grande perplexidade, a reunião não só não teve lugar, como ainda nem sequer conseguimos que fosse marcada.

Por todas estas razões, não podemos deixar de lamentar a situação absolutamente inadmissível que a Câmara Municipal de Lisboa criou, e muito gostaríamos que todos os sectores, políticos e civis, se pronunciassem acerca de uma decisão tomada apenas a pouco mais de um mês das próximas eleições autárquicas, mas que deixará marcas negativas da vida cultural da cidade a muito mais longo prazo.


A Direcção da Zero em Comportamento e do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente

Miguel Valverde
Nuno Sena
Rui Pereira

Dar a cara, esconder a política

Carmona diz-nos agora que quer dar a cara por Lisboa... agora. Parece nunca ter sido responsável por um desvario contínuo de 4 anos, nesta autarquia, escondendo na pré-campanha que esteve com Santana... E escondendo com esta mensagem que, afinal, antes, nunca deu a cara pela Lisboa que terá governado.

[imagem BdE]

We have more beginnings

O mestre que foi de Aviz agora demanda sobre a origem das espécies. Com um template desarmante de tão simples e bonito. E a qualidade de sempre na leitura dos dias.