31.7.07

Michelangelo Antonioni
(1912-2007)


O desejo que vi nascer no meu cinema perde no mesmo dia dois dos seus melhores intérpretes. O cinema faz-se de afectos, até na hora da morte. Sobretudo na hora da morte.

30.7.07

Ingmar Bergman
(1918-2007)

Muito calor


O senhor Alberto acompanhado do senhor Luís ensandeceram sob o sol e a bebida do Chão da Lagoa. E querem dizer-nos que são respeitáveis. [foto Lusa]

29.7.07

Maybe...

28.7.07

Da música e dos livros e dos filmes

Da minha santíssima trindade pessoal estamos conversados: trago-os aqui, volta e meia, não por mero exercício de vaidade crítica (olha-me este! vê-se bem que lê todas as bíblias para debitar sentenças, diriam os leitores), mas porque gosto de dar aos outros aquilo que é mesmo bom. E antes que a ASAE e a PJ me fechem a Cibertúlia por partilha de ficheiros, prefiro revelar os sítios onde se podem adquirir coisas boas.

Lisboa

Cheira bem/Cheiras vem
Então vem/vem-te a Lisboa
Sabes bem/sabes quem...
Sobes? Vem! Desce a Lisboa



Sair à rua pode ser perigoso, descer ao Chiado depois de prolongada abstinência ainda mais. A FNAC transtorna-me, e à bolsa, e saio de lá com algo mais que a prenda necessária. E trago comigo «Lisboa», compilação de uma nova editora (Lisbon Records), com temas inéditos (excepto um ou dois). E divirto-me a ouvir um Rui Reininho portuense enamorado como um «amante preguiçoso» ou a voz da Mitó em A Naifa, das melhores descobertas dos últimos anos. E depois há os clássicos. Rodrigo Leão, The Gift, Danças Ocultas ou a voz da Sétima Legião a cantar a «magnífica luz». Lisboa é isto: pessoas diferentes, vozes únicas, poemas de amor, cores e credos. Bendita perdição, o Chiado.


[excerto da letra de O Estranho Caso do Amante Preguiçoso, de Rui Reininho, por Armando Teixeira e Rui Reininho]

Coisas óbvias

«Benedict XVI says youth will find meaning in their lives if they acknowledge the existence of their Creator. And, he affirms, the theory of evolution does not require denying God.» [in Trento na língua]

Verdete

Passeie-se pelas ruas de Campo de Ourique, ali nos Prazeres: verde a despontar por entre as pedras da calçada. Não é poesia. É sujo, verdete, erva que não é cortada, calçada so typically green. É uma cidade descuidada, esta. À espera de uma autarquia que funcione. Seis anos a ver um túnel a ser aberto, é tempo demais para uma cidade.

27.7.07

A banhos

O Correio da Manhã descobre hoje em manchete aquilo que todos os anos acontece: o bispo de Aveiro, António Francisco, vai às praias, no mês de Agosto. Já o anterior, António Marcelino, o fazia - de batina ou de calções de banho. A surpresa só pode ser de quem gosta de pensar a Igreja numa quadratura de círculo esclerosada, ensimesmada e fechada na sacristia. Que também a há, mas que não é única, nem maioritária. Eu, por mim, lamento que (depois da praia) o senhor bispo não vá à fábrica, mas isso, é outra história.

Editorial

«Cheias afectam cerca de 100 mil pessoas
As agências humanitárias estão a acelerar a ajuda alimentar e de "kits" de saúde para a região afectada.»

Não, não é no Reino Unido, é no Sudão. Alguém leu?

Homer

O pai Simpson aqui tanto tempo parado foi um acaso. Mas sabe bem o humor e a ironia deste tempo parado. Olhar as gordas dos jornais e perceber que este fim-de-semana temos de ir ao cinema. Com o pai Homer ou o verde ogre ou os aceleras do Tarantino.

26.7.07

Homus Simpson


Nos cinemas.

Mais natalidade?

«O ministro do Trabalho e da Solidariedade Social considera que uma medida de estímulo à natalidade é ter creches com horário alargado, apontando como exemplo ideal 24 horas de funcionamento. A ideia será ter mais filhos quanto menos os tivermos que ver.
Não terá posto o Sr. ministro a hipótese de que teríamos mais filhos se tivéssesmos mais tempo para eles. Se a licença de maternidade/paternidade fosse alargada e paga. Se o pai e/ou a mãe pudessem diminuir o número de horas de trabalho para acompanhar os filhos. Se as escolas não fechassem em Agosto. Se o Estado estimulasse as grandes empresas a ter creches próprias.

E evitem-se os prematuros para não perder um ou dois meses de subsídio pré-natal!»
[in Dias de uma princesa]

25.7.07

Famílias. Insistir no óbvio

Os juízes da Relação consideraram ainda que «a menor deve viver no seio de uma família, de uma família tradicional portuguesa, e esta não é, certamente, aquela que seu pai decidiu constituir, uma vez que vive com outro homem, como se de marido e mulher se tratasse».

Hospício

O senhor Jaime Ramos devia ser internado num hospício, não há escola de boas maneiras que o salve.

Geração rasca (ou critica sempre os outros apesar de eu ter feito bem pior)

Cito: "José Manuel Fernandes conta [ontem] no seu jornal como era «revolucionário» aos 17 anos e como liderou a malta dos liceus em Lisboa para não haver exames do antigo sétimo ano em 1975". O mesmo JMF que acha qualquer reivindicação estudantil e universitária dos dias de hoje leviana e sem fundamento, apesar de todas elas serem fundamentadas e pensadas, e não meras leviandades de quem acordou uma manhã livre (felizmente) e queria dar uns sopapos nos gajos do PCP (era lá com eles), que foi como pelos vistos a coisa se passou nesse dia.

Ibéria

José Saramago plantea la unión de España y Portugal y los dos países recelan,

... escreve o El Mundo, sobre as declarações que tantos se apressaram a desprezar, criticar ou gozar... mas ninguém cuidou de procurar pontos de vista (para além do económico) que nos dissesse um pouco mais... a não ser o El Mundo...

pero van las chicas Playboy y hasta se ofrecen voluntarias como embajadoras para la Iberia del nobel: «Seguro que a nosotras nos harían mucho más caso», presume Wilma González.

... Tal e qual. Este é o ponto de partida inesperado e delicioso de uma reportagem do suplemento «nove e semanas e meia de Verão» do jornal de referência espanhol. No fim, uma certeza: neste aspecto, Portugal não precisaria de união. A vitória é clara: 2-0. Afinal...

A Sara Santos, morena lisboeta, le falta su descaro, pero compensa su timidez alegrando al personal con la cara de no haber salido nunca de su madriguera.

Ser solitário assim...

Hola, soy el Solitário, disse o assassino que os espanhóis mais procuravam, frente a uma multidão ululante e a câmaras frenéticas. Aquela frase, naquele contexto, era um paradoxo. Ele era tudo menos um solitário, ali. A frase pode ser dita com muito mais propriedade pelo homem barbudo que se senta no banco da Avenida da Liberdade, de cartões e sacos na mão e pombos em volta a falar só. Sou um solitário, diz ele, sem dez segundos de fama, nem mortos no currículo.

24.7.07

Irrelevante

A Cátia de 10 anos cose os sapatos sem que ninguém saiba, depois de vir da escola - uns cinco euros por dia. O pai está desempregado, a mãe faz limpezas. A família tem direito ao rendimento mínimo. Ontem, por 30 euros, um grupo de crianças foi fazer de aluno a uma sala de aula recriada no CCB. Qual é a diferença? Nenhuma. Um é glamouroso, o outro não. Uma é socialmente censurada, a outra a própria ministra da Educação disse que é irrelevante.

23.7.07

21h02

Saio para a rua e vejo a noite a colorir o céu. Os dias longos encolhem, o Verão vai murcho, mas apetece muito estes dias - e noites.


[A solução de Pilatos era no Verão termos a hora da Europa e no Inverno regressarmos à portuguesa. Dias a perder de vista no calor, dias maiores no frio.]

Política sem futuro

Menezes insiste que Costa foi eleito por um em cada dez lisboetas. Eu (que nem votei no candidato do PS) pergunto quantos lisboetas votaram em Negrão? Pois.
(Estes senhores insistem em não perceber a abstenção dos lisboetas...)

Escola do futuro

José Sócrates apresentou um programa da "Escola do futuro"... Os jovens da assistência eram meninos contratados a uma agência de casting. De facto, tem tudo a ver: o trabalho infantil do futuro, ou a escola dos dias de hoje, chama-se televisão e fama. E o Governo bate palmas a isto ou pune quem contratou estes meninos?

Uma semana... e já saudades


Praia das Cacimbinhas, Tibau do Sul (RN), Brasil
(clicar para ver um quase-paraíso de perto; foto MM)

Trancas à porta

Paulo Portas não fez qualquer leitura sobre o exercício da política em Portugal. Alimentou um suposto tabu, para entreter e sacar da cartola um tiro ao alvo do segredo de Justiça cujas «24 violações» teriam prejudicado a candidatura a Lisboa. No discurso castrista (pela duração, como Fidel, pela secura, como o ex-líder deposto Ribeiro e Castro), o antigo director de O Independente do caso fax de Macau, dos hemofílicos de Évora e de muitos outros casos judiciais verberou (pasme-se!) essa violação do segredo de justiça. Não vale a pena lembrar estas contradições. O exercício da memória (esse sim) há muito que se esfumou da política. Para não falar do pudor.

22.7.07

[oração das] Laudes


Scarlett, Woody...
(clicar para a oração ser mais legível)
[via Breviário - das horas...]

20.7.07

Falsas virgens

Depois de Portas anunciar que está a reflectir, Santana Lopes afirmou estar "a pensar em toda a situação" do partido, aconselhando "todos" a fazerem "um exame de consciência" ao actual momento político depois do que aconteceu nas eleições intercalares de dia 15 de Julho em Lisboa. Eles querem voltar, pondo ar grave e sério e virgem. Mas os dois já provaram à saciedade que não são virgens.

Brown effect

«O Partido Trabalhista manteve os dois lugares no parlamento que foram a votos na quinta-feira, representando uma primeira vitória de Gordon Brown contra o líder dos Conservadores, David Cameron, foi hoje divulgado. Phil Wilson sucedeu a Tony Blair pelo círculo de Sedgefield, depois de o antigo primeiro-ministro ter renunciado ao título de deputado no mesmo dia em que abandonou a chefia do governo.» [Lusa]

19.7.07

Smells like teen spirit

Spencer Eldon, 17 anos. O bebé da capa de «Nevermind» dos Nirvana.


Ex

Chego tarde (mas sempre a tempo, nos blogues) à casa que o Ivan vai construindo, no lugar da sua praia. Fica a nota, começam as visitas.

18.7.07

Pecado

A notícia tem dias, mas tenho de a trazer: os gestores e empresários católicos querem flexibilizar horários e despedimentos. Estes senhores estão a pecar gravemente, mas nenhum bispo lhes puxa as orelhas!

17.7.07

Mapas

Lisboa juntou-se a Felgueiras, Gondomar e Oeiras. No prémio aos arguidos.

Literatura meteorológica

Ao acaso, a meteorologia das férias acompanhou os livros escolhidos. Um relato por uma Inglaterra chuvosa e a sensualidade de corpos e ritmos pulp fiction em versão Rio de Janeiro. A síntese fez-se em Tibau do Sul, um recanto do Rio Grande do Norte, só para baralhar ainda mais as coordenadas.




[Lidos, e recomendados: «Crónicas de uma Pequena Ilha», de Bill Bryson, Quetzal; «Bandidos e Mocinhas», Nelson Motta, Palavra]

Acanhamento

Actualize-se o pregão: mesmo acanhado, o Verão está aí.

Ceia

«Há um buraquinho para mais mimos?...» As frases que os publicitários da Danone esconderam nas tampas dos iogurtes chegam a ser perturbadoras.

16.7.07

Portas

Paulo que foi das feiras provou, nos últimos meses, como se pode fazer política sem olhar a meios e a quem. Mas ontem voltou a pôr o seu ar fingido de virgem ofendida para anunciar solenemente que vai pensar como se faz política em Portugal. Podia olhar-se ao espelho (e ao do partido). Talvez aprendesse de vez.

Lisboa

Assim, uma leitura rápida: Costa obrigado a governar à esquerda, evitando de preferência a lista arguida. A preferência confirmada dos eleitores por arguidos. A delícia da derrota de Portas (a "pessoalização" de Telmo é venenosa: este era a aposta "pessoal" de Portas). E Negrão a atear o lume brando em que se queima Marques Mendes. Lisboa tem de mudar devagarinho, em dois anos.

15.7.07

Semana fora

... desperdicei um convite radiofónico delicioso,
... perdi o folheto da CDU que anuncia o apoio de «Henrique Viana, actor»,
... vi que a comissão administrativa da Câmara mostrou obra, ao colocar uns pilaretes, para impedir que os eléctricos fiquem presos por carros mal estacionados nos Prazeres,
... perdi os Air, hoje serão os Nouvelle Vague, e deve haver mais, que nem consultei os guias, e para tortura já basta,
... e deve haver mais alguma coisa, mas ainda só saí para votar e não comprei jornais.
Há que prolongar este regresso vagaroso.

Regresso

Chegar devagarinho à cidade, que teima em tons cinzentos, a 15 de Julho, preparar o cartão de eleitor para votar, bem dizer a semana longe da campanha, longe de tudo, quase tudo. Chegar devagarinho ao blogue, não saber o que anima as outras casas. Não querer saber. Gozar a cidade, o dia. Devagarinho.

7.7.07


Film lovers will love this! Ou outra sagração do Verão, ou gostar da Europa.

6.7.07

Sagração do Verão

Lisboa acolhe, com calor, sol e luz quem chega de Glasgow. Luminosa cidade, lhe parece, a quem vem de um dito verão, chuvoso e sempre de casaco nas terras altas das bretanhas grandes. Vamos celebrar o Verão, então. Voltamos em breve. O arquivo, e os links, muitos aqui ao lado, ficam para explorar. E não perder fio à meada.

Humor involuntário

O Google Translator acaba de me traduzir Mr. Ban Ki-moon, o secretário-geral das Nações Unidas, como Senhor Proibição Ki-lua.

5.7.07

Virgem mas pouco

Há algo de virgem pudica na forma como Carmona se apresenta às eleições. Ele diz que fica porque não é vaidoso, e vá de retro acha que nunca mais se quer envolver com nenhum partido. O que ele nunca assume, e isto é fraqueza, não força, é que a Lisboa destes últimos seis anos tem a sua marca indelével: o compadrio, a corrupção, a falta de transparência, mas também as ruas sujas, o túnel que mais carros trouxe para a cidade que perde cada vez mais habitantes. Carmona não é virgem, faz-se. E há sempre quem esteja disposto a louvar estes técnicos muito mais perigosos que os políticos.

4.7.07

Radio Nostalgia

Entra-se no táxi e o mais improvável dos motoristas tem sintonizado um oásis radiofónico. Fala-se de Echo & The Bunnymen e dos Waterboys. Ele não muda a estação, segue imperturbável, mas acabou de alegrar a minha noite. Recupere-se a nostalgia.


Echo & The Bunnymen, Killing Moon


The Waterboys, This is the sea

Cine Paraíso

Já repararam como o Cinerama está mais bonito? A S. desenhou, a Rita continua a alimentar críticas, notícias e opiniões, enquanto os rapazes continuam quietinhos (mea culpa). Mas entregue só às duas, vale ainda mais a pena!

Salamaleques

As duas velhotas fazem a festa do encontro e entretêm-se a dizer como cada uma delas está tão bem. Até que uma faz o cumprimento final: «Está uma boneca, muito sexy!» E riem-se, com gosto.

3.7.07

Shame on you, mr Bush

Bush perdoou Libby e safou-o da pena de prisão, porque a decisão do juiz era «excessiva» (e às malvas a separação de poderes). Libby foi um senhor que para manter intacta a virgindade da administração que serviu não olhou a meios para dar cabo de quem denunciava a mentira do Iraque. Agora, Bush prova que mentir assim não merece cadeia. Só o outro senhor presidente que se esqueceu de dizer com quem fazia provas orais é que passou por um processo de impeachment.

2.7.07

Pouca terra

O serviço de restauração dos comboios dá prejuízo (à CP e às empresas que exploram os bares). Claro: experimente-se comprar uma garrafa de água e umas sandes de queijo e a coisa não ficará por menos de 4 euros. Assim, quem vai de viagem avia-se em terra.

Terror

Assusta ver a porta do terminal de aeroporto, que deixámos há 15 dias, destruída daquela forma. O terror tem destas coisas, tornar o banal em algo que se teme. Mas a melhor maneira para o combater não é, definitivamente, lançar anátemas sobre eixos do mal. Ao cultivar esse discurso, cultiva-se ainda mais o medo que eles querem fazer vencer. É isto que Bush nunca percebeu, nem perceberá. E esperemos que o escocês Brown o venha a perceber, porque Blair não quis.

1.7.07

Lança no mau português

Parece que anda meia blogosfera a atacar uma senhora Lança, Patrícia Lança, por uns dislates que escreveu sobre sodomia, sexo oral, homossexualidade e outras coisas que tais. Já outra meia casa, perde latim e tempo a defendê-la, nem que seja porque a rapariga tem uns arremedos neoliberalóides. Depois de ter seguido alguns links, como este por exemplo, a única coisa que me arrepia é o mau português da senhora (que se assina "Patricia Lanca"). E prefiro não meter mais nenhuma lança no debate.