A Cóia (olá!) escreveu-nos um e-mail dos Alpes. Mais precisamente de Vaduz, Liechtenstein. Ficam as suas (soltas) impressões de viagem.
Pois é uma linda terra, sim senhora! Tudo verde, tudo arranjadinho, tudo no seu sítio, todas as pessoas são simpáticas e amigáveis, algumas já estiveram em Portugal, outras até mesmo no Algarve e há até quem passe férias no Carvoeiro, onde eu vivo neste momento. Por isso, aquela teoria de o mundo ser piqueno é mesmo verdade. Existem muitos portugueses por estas bandas, como por exemplo o director do McDonalds cá da terriola. Mas existem outros que não aprendem nada com novas culturas...é uma pena... Na sexta-feira, no feriado cá do burgo, houve uma "ganda" festa que acabou por volta das 11h da noite, foi engraçada, mas a família real nem sequer apareceu na janela e eu que até contava que o príncipe se encantasse mal me visse. Ele que até nem é de deitar fora.
Ouvi entretanto dizer que Portugal está a arder, é que não vejo TV há algumas semanas, até já recebi uma mensagem da minha vizinha inglesa a dizer para não me preocupar porque as nossas casas ainda estão intactas.
Aqui, meus amigos, chove, está frio e eu já não tenho roupa para usar porque na malinha vieram só coisas fresquinhas e sandálias. Uma pessoa a viver no Algarve fica mal habituada. Mas, quando estive em Frankfurt, bem me fizeram jeito com o calor que estava e com as caminhadas que fiz com a minha amiga Patricia.
Vou voltar para a semana e já não era sem tempo porque estou um pouco farta de tanta perfeição, falta-me o caos do Algarve, o sol, os turistas, os lisboetas de férias (eh, eh, eh)...
Enquanto cá estive aproveitei e aluguei uma bicicleta e andei a pedalar junto ao Reno, depois fui até aos montes. A paisagem é realmente linda, não há dúvida. O que me faz confusão é perceber o que levou aquela gente a subir aos montes, há 100 anos atrás ou mais, apenas com a ajuda de burros e vacas. Falo de montes com 1600 a 2000m de altura.
O bus por estradas muito arranjadinhas demora 30 minutos a subir e eu demorei 4 horas a descer a pé. Mas, sem estradas e os utilíssimos túneis, como é que aquela gente chegou lá acima, para depois ter de construir tudo. Sim porque lá em cima, não há nada a não ser uma vista linda, as nuvens ao alcance das mãos, o verde e as árvores. Dizia o meu amigo Marujo que talvez seja por isso mesmo, mas eu acho que para se ter uma vida as pessoas que lá moram têm de descer. A diferença é que descem de Porsche, Ferrari, Maserati, Harleys, etc..
Lembram-se do filme da Amélie? Pois aqui também existem muitos jardins com duendes e coelhinhos...
O Burro é um animal muito estimado e existe até o congresso internacional dos burros. É verdade! Pessoas de todos os lados trazem os seus burros para concurso e têm livro de família e tudo. As vaquinhas têm uns sinos muito ruidosos pendurados e as crianças jogam futebol nos jardins com camisolas do Figo. Ao segundo dia, quando lia o meu livro sossegadamente na varanda, os miúdos vizinhos juntaram-se e começaram a falar comigo. Foi engraçado porque com o dialecto deles é impossível perceber seja lá o que for, por muito alemão que se saiba. E então a minha primeira resposta foi "auf deutsch bitte"... Eles lá fizeram um esforço, gostaram de saber que vinha da terra do Figo e, pronto, já tenho amigos no Liechtenstein!