7.7.03

Björk

1. Este fim-de-semana foi sinónimo de Björk: fantástica, fabulosa, sublime. Do fogo-de-artifí­cio ao «obrrrrigado» exótico houve de tudo. Mas houve sobretudo música interpretada de uma maneira assombrosa, sem artificialismos.

2. Artificialismos são aqueles que povoam os manuais escolares americanos, expurgados de qualquer referência considerada ofensiva para minorias: «gordo», «coruja», entre outras palavras muito perturbadoras para os estudantes americanos, não podem ser aprendidas. O fenómeno é provocado pelos extremos - de direita e de esquerda - que pressionam as autoridades para evitar desvarios. Não admira que o Bush venda uma mentira, e todos caiam nela.

Mas há uma deliciosa: Deus foi banido (alô, constituição europeia?!) porque é uma ofensa para os não cristãos. Isto no país em que o seu Presidente invoca Deus para fazer a guerra.

Cito do Público, a lista completa:
- Actriz (palavra considerada sexista; usar actor para os dois sexos)
- Adão e Eva (usar "Eva e Adão", para mostrar que os homens não têm precedência)
- Anão (usar "pessoa de reduzida estatura")
- Deus (banida por ter ser discriminatório para os não cristãos)
- Diabo (idem)
- Dogma (considerada etnocêntrica, usar doutrina)
- Escravo (substituir por "escravizado")
- Gordo (usar obeso ou pesado)
- Homem Cro-Magnon (usar "pessoas Cro-Magnon")
- Iate (banida, considerado elitista)
- Maluco, Doido (usar "pessoa com problemas emocionais")
- Leste, Oeste (consideradas eurocêntricas quando usadas para descrever regiões planetárias, usar apenas os nomes de continentes)

· temas a evitar em textos de manuais
- Magia, sobrenatural
- Morte
- Aborto
- Doenças
- Teoria da evolução
- Religião
- Questões militares
- Desporto
- Terminologia agrícola, financeira, jurídica, científica
- Polí­tica
- Estilos musicais "controversos" (rap, rock n' roll)
- Desemprego
- Criaturas "assustadoras" ou "sujas" (ratos, morcegos, escorpiões)

·livros banidos
- "Huckleberry Finn", Mark Twain
- "Não matem a cotovia", Harper Lee
- "Admirável Mundo Novo", Aldous Huxley
- "Uma agulha no palheiro", J. D. Salinger
- "Adeus às Armas", Ernest Hemingway
- "Diário", Anne Frank
- "As vinhas da Ira", John Steinbeck
- "Voando Sobre um Ninho de Cucos", Ken Kesey
- "Fahrenheit 451" (ironicamente, um livro cujo tema é a censura), Ray Bradbury
- "Harry Potter", J.K. Rowling