30.11.03
Outras leituras
Ivan na praia diz que conhece poucos católicos. E menos ainda o que pensam os católicos. Melhor dito: conhece pouco aqueles que «são católicos porque pensam nisso». Nós por aqui, às vezes, pensamos nisso. Mas há outros. A blogosfera pode ser um primeiro encontro, em muitos e variados estilos (Companheiro Secreto, Palombella Rossa, A Quinta Coluna, Rui Almeida, por exemplo). Mas, também no Público de hoje, há uma entrevista a um teólogo muito estimulante (e pouco querido no Vaticano), Juan José Tamayo. Prometo voltar ao tema. Como Ivan prometeu.
O fim-de-semana às avessas
Agora, a companhia ao sábado mudou. O «DNa» passou para a sexta-feira, a «Grande Reportagem» passa a semanal e encartada no DN e no JN. Ao domingo, também a NotíciasMagazine (que acompanha os dois "notícias") teve um "lifting", ou nas palavras de Isabel Stilwell foi ao guarda-roupa e mudou tudo.
O que fica?
O guarda-roupa da «NM» mudou, mas o estilo é o mesmo. Não paremos aqui muito tempo.
A sexta não é dia para o «DNa», que fica à espera da noitinha ou do sábado de antigamente para a leitura sossegada.
O sábado é dia para a «GR» - e que excelente resultado está ali. Se acho que ficam arestas por limar - mais no grafismo, que no conteúdo, na minha opinião de leitor -, o que encontrámos ontem foi bom jornalismo mensal-tornado-semanal. Explico-me: se mês a mês se perdia muitas vezes na resposta à actualidade, ganhava-se com a profundidade na abordagem dos temas. E isso continua lá.
Resultado? O DN é assim um «Expresso». Não se consegue ler muito do caderno principal, mas alguns dos seus suplementos são um prazer.
O que fica?
O guarda-roupa da «NM» mudou, mas o estilo é o mesmo. Não paremos aqui muito tempo.
A sexta não é dia para o «DNa», que fica à espera da noitinha ou do sábado de antigamente para a leitura sossegada.
O sábado é dia para a «GR» - e que excelente resultado está ali. Se acho que ficam arestas por limar - mais no grafismo, que no conteúdo, na minha opinião de leitor -, o que encontrámos ontem foi bom jornalismo mensal-tornado-semanal. Explico-me: se mês a mês se perdia muitas vezes na resposta à actualidade, ganhava-se com a profundidade na abordagem dos temas. E isso continua lá.
Resultado? O DN é assim um «Expresso». Não se consegue ler muito do caderno principal, mas alguns dos seus suplementos são um prazer.
Os mitos da direita sobre a Constituição
Portas perorou ontem à noite a um grupo de jovens populares sobre a necessidade de acabar com «marcas revolucionárias» da Constituição de 1975. Também esta semana, Durão acusava que a Lei Fundamental «não nasceu democrática», com o mesmo ar com que - no mesmo ano de 1975 - se insurgia contra a «burguesia».
Hoje, no Público, Mário Mesquita faz um saudável exercício de memória, para lembrar aos desmemoriados "afilhados" de Sá Carneiro (o jovem Paulo, nos anos 70, e o "entradote" José Manuel, já na década de 80), a posição do PPD no voto da Constituição, em 1975.
«(...) Votámos a Constituição porque ela foi o produto honrado do jogo democrático. Votámos a Constituição porque, no essencial, ela também recolhe o fundamental do nosso programa. Mas votámos a Constituição sem qualquer crença fixista sobre a história. Votámo-la coma consciência clara de que este Povo de mais de oito séculos vai retomar, serena e firma, a sua longa aventura de liberdade». Barbosa de Melo, professor da Faculdade de Direito de Coimbra e, mais tarde, Presidente da Assembleia da República, na declaração de voto do seu próprio partido.
«Votámos a favor do texto da Constituição em globo com a convicção de que - com todos os seus erros ou defeitos - corresponde a um marco histórico fundamental na institucionalização da democracia e no avanço reformista para o socialismo humanista no nosso país". Os constituintes do PPD escrevem que, "no seu todo, em coerência com a opção social-democrática (...), votámos favoravelmente o texto da Constituição crentes de que o seu saldo é francamente positivo e esperançados de que todos os verdadeiros democratas (...) tudo farão para que a democracia triunfe irreversivelmente em Portugal (...).» Marcelo Rebelo de Sousa, Coelho de Sousa e Mário Pinto, então deputados do PPD, em declaração de voto.
Hoje, no Público, Mário Mesquita faz um saudável exercício de memória, para lembrar aos desmemoriados "afilhados" de Sá Carneiro (o jovem Paulo, nos anos 70, e o "entradote" José Manuel, já na década de 80), a posição do PPD no voto da Constituição, em 1975.
«(...) Votámos a Constituição porque ela foi o produto honrado do jogo democrático. Votámos a Constituição porque, no essencial, ela também recolhe o fundamental do nosso programa. Mas votámos a Constituição sem qualquer crença fixista sobre a história. Votámo-la coma consciência clara de que este Povo de mais de oito séculos vai retomar, serena e firma, a sua longa aventura de liberdade». Barbosa de Melo, professor da Faculdade de Direito de Coimbra e, mais tarde, Presidente da Assembleia da República, na declaração de voto do seu próprio partido.
«Votámos a favor do texto da Constituição em globo com a convicção de que - com todos os seus erros ou defeitos - corresponde a um marco histórico fundamental na institucionalização da democracia e no avanço reformista para o socialismo humanista no nosso país". Os constituintes do PPD escrevem que, "no seu todo, em coerência com a opção social-democrática (...), votámos favoravelmente o texto da Constituição crentes de que o seu saldo é francamente positivo e esperançados de que todos os verdadeiros democratas (...) tudo farão para que a democracia triunfe irreversivelmente em Portugal (...).» Marcelo Rebelo de Sousa, Coelho de Sousa e Mário Pinto, então deputados do PPD, em declaração de voto.
29.11.03
Lá como cá
Os portugueses parecem ter sido precursores de um novo movimento de protesto no mundo. Se o país está enfiado num buraco financeiro, enfie-se um autocarro numa cratera lisboeta para a metáfora. Agora, é em Itália. Ficamos apenas sem saber se o protesto é contra a realização da cimeira da União Europeia em Nápoles, contra o governo de Silvio Berlusconi ou contra a referência a Deus na Constituição Europeia ou nada disto...
28.11.03
Tendo a concordar, caro Tiago
«Pacto com o diabo
Durão Barroso foi rever a Concordata ao Vaticano. A Igreja Baptista de Moscavide tem um problema de infiltração de águas que torna o culto nos meses de Inverno num exercício de desportos náuticos. A culpa não é do vizinho negligente que provoca o fenómeno mas do maldito documento com Roma. Este trato é satânico. Mostra que ainda somos um país de malfeitores.»
Durão Barroso foi rever a Concordata ao Vaticano. A Igreja Baptista de Moscavide tem um problema de infiltração de águas que torna o culto nos meses de Inverno num exercício de desportos náuticos. A culpa não é do vizinho negligente que provoca o fenómeno mas do maldito documento com Roma. Este trato é satânico. Mostra que ainda somos um país de malfeitores.»
W de visita onde?
Não sei se alguém já terá dito isto. Ou se é apenas uma perplexidade minha. Todos, ou quase todos, falaram na «visita surpresa de George W. Bush ao Iraque», «a primeira de um presidente americano» ao país que já foi de Saddam. Duas horas e meia no aeroporto é visita a um país? Fixe, pá: já posso acrescentar algumas paragens exóticas no meu currículo de passageiro ocasional (Nova Deli, Qatar, ou mesmo Londres, onde consegui permanecer uma noite e duas manhãs inteirinhas em dois "stop-overs"). Depois, uma última dúvida me assalta: se os iraquianos querem tanto a democracia levada pelos GIs americanos por que é que Bush não se passeou um pouco mais por Bagdad?
Eu gostava de ter professores assim...
... ou como a (falta de) exigência no Ensino Superior é (muito) culpa de professores como este senhor.
Ele dá notas com uma facilidade extrema. Ele facilita imenso a vida aos seus alunos. Com professores destes não admira que haja cadeiras com notas inflacionadas (ao contrário de outros, que adoram chumbar os alunos). Marcelo Rebelo de Sousa diz, hoje em entrevista à revista «Tempo» (que substitui o desaparecido «Euronotícias»), que há um conjunto de ministros com uma prestação sofrível ou razoável neste Governo. Nota final: 14. Fantástico, professor.
Ele dá notas com uma facilidade extrema. Ele facilita imenso a vida aos seus alunos. Com professores destes não admira que haja cadeiras com notas inflacionadas (ao contrário de outros, que adoram chumbar os alunos). Marcelo Rebelo de Sousa diz, hoje em entrevista à revista «Tempo» (que substitui o desaparecido «Euronotícias»), que há um conjunto de ministros com uma prestação sofrível ou razoável neste Governo. Nota final: 14. Fantástico, professor.
27.11.03
Ele há presépios assim (II)
«Façamos então o presépio para este ano. Há musgo? Então acame-se. Agora, as figuras: os reis magos, o pastor, o menino e Maria. Ficou bonito? Para alguns ingleses está óptimo. José, o marido de Maria, não faz falta nenhuma. Foi assim que entendeu a cadeia de lojas John Lewis, que conta com diversos armazéns espalhados pelo país de Sua Majestade. O objectivo é vender presépios monoparentais, só com Maria e o menino. O êxito desta nova representação do nascimento de Jesus Cristo está assegurado para os lojistas da John Lewis: é que certas famílias monoparentais ou homossexuais preferem um presépio «adaptado» à realidade da família que têm.
Segundo relata o semanário Sunday Times, os clientes que têm perguntado aos lojistas o que aconteceu a José têm recebido uma e única resposta: «fugiu». Este fugiu tem um sentido comercial: falar ao coração das mães solteiras que viram os pais dos seus filhos «fugirem» antes do parto.
Mas as novidades não param por aqui. É comum saber-se que os três reis Magos, Baltazar, Gaspar e Melchior, eram dois brancos e um negro. Mas nesta cadeia de lojas, há pacotes de reis magos para o gosto de cada um: três brancos, dois negros e um branco, um asiático e dois negros, e por aqui fora. As combinações são feitas “à la carte”, e permitem que cada família escolha os seus reis. [...]»
João Vasco Almeida (que também me falou no porquinho natalício), in PortugalDiário, Dezembro de 2000
Segundo relata o semanário Sunday Times, os clientes que têm perguntado aos lojistas o que aconteceu a José têm recebido uma e única resposta: «fugiu». Este fugiu tem um sentido comercial: falar ao coração das mães solteiras que viram os pais dos seus filhos «fugirem» antes do parto.
Mas as novidades não param por aqui. É comum saber-se que os três reis Magos, Baltazar, Gaspar e Melchior, eram dois brancos e um negro. Mas nesta cadeia de lojas, há pacotes de reis magos para o gosto de cada um: três brancos, dois negros e um branco, um asiático e dois negros, e por aqui fora. As combinações são feitas “à la carte”, e permitem que cada família escolha os seus reis. [...]»
João Vasco Almeida (que também me falou no porquinho natalício), in PortugalDiário, Dezembro de 2000
Presépios
Hoje, «A Capital» traz um porco como oferta diária para o presépio que está a ser oferecido aos seus leitores. Leram bem: um porco. Ele há presépios assim.
É a vidinha...
... e regressámos mesmo à nossa vidinha: Casa Pia e exames e revistas, Moderna e sentenças, desemprego com recordes em cinco anos (mas a culpa deve ser de Guterres), cunhas no ensino (mas a culpa é do adjunto, nunca do responsável), greves da Carris (e nada de ideias claras para incentivar o uso do transporte público), cheias (e ainda agora caíram as primeiras chuvas), taxistas que querem ganhar mais no aeroporto e pagar nada nos impostos, futebóis.
Lá fora: há crianças detidas em Guantanamo (e nem um clamor, um simples ai! dos bushistas nossos de cada dia), há um Iraque que continua sem rei nem roque, há um terrorismo desumano que mata a esperança.
Valham-nos pequenas coisas, mesmo muito pequenas. Amanhã é dia de «O Inimigo Público», no Público, e de «DNa», agora às sextas no DN, porque aos sábados - e esta é outra boa notícia (outra pequena coisa) - haverá «Grande Reportagem» no DN.
Lá fora: há crianças detidas em Guantanamo (e nem um clamor, um simples ai! dos bushistas nossos de cada dia), há um Iraque que continua sem rei nem roque, há um terrorismo desumano que mata a esperança.
Valham-nos pequenas coisas, mesmo muito pequenas. Amanhã é dia de «O Inimigo Público», no Público, e de «DNa», agora às sextas no DN, porque aos sábados - e esta é outra boa notícia (outra pequena coisa) - haverá «Grande Reportagem» no DN.
26.11.03
Zero de cultura
Numa entrevista a publicar por estes dias, Simão Rubim, da Companhia Teatral do Chiado, diz que «não há teatro em Portugal». Deste Ministério da Cultura nunca ouviu falar, este ministro ninguém o conhece. Hoje, a Zero em Comportamento anuncia o seu fim. Diz-se farta das palmadinhas do ICAM e de Santana Lopes - «mas [que] até hoje não [contribuíram] com nada de concreto». É este um retrato possível da nossa cultura actual. Mas o que o povo quer é vela, ó marujo!
Classificados - uma pergunta repetida...
Quem foi Damasceno Monteiro?, perguntei aqui há dois meses. Hoje, um leitor da Cibertúlia questionou-me se já tinha resposta. Apesar da minha demanda, ainda não tenho. Não há ninguém que nos ajude? (E não estamos a falar da personagem do livro de Tabucchi...)
E já podemos voltar à nossa vidinha...
Lisboa-Cascais perdeu a Taça América em vela para Valência em Espanha...
Hoje somos todos marujos!
Os marujos agradecem a atenção que os meios de comunicação social têm dispensado à nossa arte de marear. Os hossanas que se cantam fazem lembrar a excitação pré-Expo e pré-Euro. Depois virão as preocupações com os dinheiros públicos, blá-blá-blá... Ó Durão: e as listas de espera nos hospitais?
25.11.03
Blogues novos, velhos amigos
Estão aí na coluna da direita as novas moradas que valem muitas visitas: Palombella Rossa, pela pena de José Pureza, e Causa Nossa, onde assina Jorge Wemans - com outros, vários outros, que mal ou bem também têm de ser lidos: Vicente Jorge Silva, Luís Osório, Luís Nazaré, Ana Gomes, Eduardo Prado Coelho, Vital Moreira e Maria Manuel Leitão Marques...
As Cobaias da Europa.
Há políticas que não se percebem. E por não se perceberem é que entram em descrédito. E por entrarem em descrédito é que se procuram alternativas. Foi assim com o PS e agora com o PSD...
Eu não percebo porque é que "Ferreira Leite não permite desvios no défice português, mas é benevolente com Paris e Berlim".
Quem lê a noticia linkada fica ainda com uma outra pior sensação. Que Portugal foi uma cobaia nesta história de Pacto de Estabilidade e Crescimento, e que agora "[...] a Comissão Europeia «aprendeu» com o caso português". Obrigadinho. Se ao menos isso significasse o desapertar do cinto.
Para mim, pessoalmente, fica ainda outra imagem passada pela ministra, se calhar errada e injusta, mas também tenho direito a erros.
Eu não percebo porque é que "Ferreira Leite não permite desvios no défice português, mas é benevolente com Paris e Berlim".
Quem lê a noticia linkada fica ainda com uma outra pior sensação. Que Portugal foi uma cobaia nesta história de Pacto de Estabilidade e Crescimento, e que agora "[...] a Comissão Europeia «aprendeu» com o caso português". Obrigadinho. Se ao menos isso significasse o desapertar do cinto.
Para mim, pessoalmente, fica ainda outra imagem passada pela ministra, se calhar errada e injusta, mas também tenho direito a erros.
Um autocarro engolido, o défice compreendido
Não sei se é metáfora, mas na mesma noite em que Ferreira Leite votou contra aquilo que era a sua obsessão, um autocarro foi engolido por uma enorme cratera que se abriu em Lisboa.
[foto captada, ainda noite, por telemóvel]
24.11.03
Alguém falou em Guterres (II)?
«Durão Barroso promete Marinha com nova capacidade de acção... em 2010».
[lido na Lusa; sublinhado nosso]
[lido na Lusa; sublinhado nosso]
A nova táctica de Manuel Monteiro: gritar contra o stress
«O método inovador de combate ao stress que o psicólogo Manuel Monteiro desenvolveu em França, onde reside há cerca de 30 anos, vai ser objecto de uma conferência em Lisboa no próximo sábado.
Monteiro define o stress como uma «doença invisível» que surge como uma «resposta do organismo à agressão exterior». «O problema actual é que as pessoas não se conseguem exprimir. Vão para casa descarregar nos próximos, na família», uma irritação que é transmitida e registada depois nas próprias crianças. O psicólogo propõe assim uma «terapia do grito» [...].»
In PortugalDiário
Monteiro define o stress como uma «doença invisível» que surge como uma «resposta do organismo à agressão exterior». «O problema actual é que as pessoas não se conseguem exprimir. Vão para casa descarregar nos próximos, na família», uma irritação que é transmitida e registada depois nas próprias crianças. O psicólogo propõe assim uma «terapia do grito» [...].»
In PortugalDiário
A rangelização da TSF
Trinta e dois estudantes estrangeiros morreram esta segunda-feira num incêndio que destruiu uma residência universitária em Moscovo. Às 10 horas, a TSF começou com a notícia da morte... de um gorila albino no Jardim Zoológico de Barcelona. Só depois veio a informação de Moscovo.
22.11.03
21.11.03
Santana está atrasado quase nove anos
É bom lembrar algumas promessas. Antigas promessas, como as de Santana Lopes, em 1994. Lido no Umbigo (post XXVII):
«É sempre um prazer reencontrar Santana Lopes. Na capa do «Expresso», número 1148, de 29 de Outubro de 1994, o título: «Santana Lopes abandona a política em 1995...»
O então Secretário de Estado da Cultura dizia, em discurso directo, que o seu limite de participação na vida política activa «é Outubro de 95». E adiantou: «Isto vai dar uma grande alegria a muita gente».
Só cabe perguntar: Pedro, porque estás há nove anos para cumprir a promessa? Vá lá, não nos dás uma «alegria»?
P.S. - lembre-se que, por causa de uma rábula de João Baião, Santana Lopes já tinha prometido outra vez que deixava a política. E até foi queixar-se da rábula do Baião ao Senhor Presidente da República. Pior ainda: foi recebido!»
«É sempre um prazer reencontrar Santana Lopes. Na capa do «Expresso», número 1148, de 29 de Outubro de 1994, o título: «Santana Lopes abandona a política em 1995...»
O então Secretário de Estado da Cultura dizia, em discurso directo, que o seu limite de participação na vida política activa «é Outubro de 95». E adiantou: «Isto vai dar uma grande alegria a muita gente».
Só cabe perguntar: Pedro, porque estás há nove anos para cumprir a promessa? Vá lá, não nos dás uma «alegria»?
P.S. - lembre-se que, por causa de uma rábula de João Baião, Santana Lopes já tinha prometido outra vez que deixava a política. E até foi queixar-se da rábula do Baião ao Senhor Presidente da República. Pior ainda: foi recebido!»
A Cibertúlia errou
O respeitinho é muito lindo. Quisemos associar o aniversário do Banco de Portugal ao rato Mickey e metemos o pé na poça (por uma "inside information" errada). Mea culpa: o aniversário do respeitável BP é apenas um dia depois do do ratinho da Disney. Vitor Constâncio é que antecipou os festejos porque viajava no dia seguinte para a reunião do BCE.
O bruááá merecido
O Diogo voltou para uma posta de um fôlego só e não parece que a blogosfera tenha dado grande conta. Malheureusement. Eu dei! Inteligente e mordaz, mesmo a citar prosas alheias, valeu a pena deixar de ser o cavaleiro solitário desta tertúlia. Venham de lá mais mentiras novas, Diogo. E dos outros todos, já agora.
As dúvidas que as perguntas pertinentes levantam
Porque o mundo não é feito de certezas. E porque o meu tempo é escasso e o Terras do Nunca responde às suas perguntas - e às de outros blogues -, volto a enviar-vos para aquele sítio. Tem três posts sobre o terrorismo. E muito que ler - e reflectir.
Uma pergunta pertinente
«O mundo está mais ou menos perigoso do que antes de George W. Bush ter iniciado a sua guerra contra o terrorismo?». A pergunta é chata, diz-nos Terras do Nunca. Eu acrescento: e muito pertinente. Mas devemos andar todos enganados, claro.
20.11.03
Lisboa, Istambul
Hoje almoçámos os dois. E falámos da Istambul que só conheço pelas palavras, imagens e sons que Ela me deu a conhecer, das duas vezes que lá foi. Hoje, aquele mundo de encontros e pontes, aquela «outra Lisboa» (como Ela falava dela) sofreu com a cegueira do Mal (qualquer que ele seja).
Ao fim da tarde, descubro um outro belo pedaço de encontro com Istambul, de quem se sentiu também em casa: «Eu sei que aquelas ruas escondem violências antigas, talvez latentes. Mas também percebo que a cidade poderia ser um começo, um entre tantos outros, para um mundo um pouco melhor. Os atentados desta semana são contra essa possibilidade. Esse esboço. Querem atingir Bush, Blair e companhia, mas o que realmente põem em causa é o outro lado. A parte do outro lado que Istambul representa.»
O horror e a dor ficaram ainda mais próximos.
Ao fim da tarde, descubro um outro belo pedaço de encontro com Istambul, de quem se sentiu também em casa: «Eu sei que aquelas ruas escondem violências antigas, talvez latentes. Mas também percebo que a cidade poderia ser um começo, um entre tantos outros, para um mundo um pouco melhor. Os atentados desta semana são contra essa possibilidade. Esse esboço. Querem atingir Bush, Blair e companhia, mas o que realmente põem em causa é o outro lado. A parte do outro lado que Istambul representa.»
O horror e a dor ficaram ainda mais próximos.
Sons em trânsito
Não posso estar em Aveiro. Mas tenho pena. E como o Filipe ficou a ver um filme mais "longo" - retirado do seu mundo asceta - e a Isa ainda não tem um blogue, faço eu a publicidade a quem puder ir àquela cidade, para assistir a músicas de todo o mundo.
Deixo aqui uma breve apresentação do Sons em Trânsito:
«O SET está de volta! Ou seja, o principal objectivo da primeira edição foi concretizado: Justificámos a existência de uma segunda! E aqui estamos nós prontos para mais algumas aventuras por línguas exóticas, viagens sonoras inovadoras ou instrumentos nunca antes escutados!
Nas músicas do mundo cruzam-se a tradição com a vanguarda, o rústico com o cosmopolita, derrubam-se fronteiras e dogmas, ignoram-se conflitos étnicos ou religiosos! Tudo se faz com tolerância, espírito aberto e vontade de partilhar.
Este ano, as responsabilidades aumentam, mas a qualidade, diversidade e espectacularidade do programa garante-nos que todos ficarão satisfeitos! Teremos hinduísmo e judaísmo, sul-americanos e norte-americanos, europeus e asiáticos, finlandeses e guineenses, a kora africana e as tablas indianas, o cajon catalão e a nossa braguesa, a sanfona e o acordeão, a harpa venezuelana e...muitas outras combinações e enquadramentos estranhos que fazem do SET uma festa da GLOBALIZAÇÃO FRATERNA!»
Deixo aqui uma breve apresentação do Sons em Trânsito:
«O SET está de volta! Ou seja, o principal objectivo da primeira edição foi concretizado: Justificámos a existência de uma segunda! E aqui estamos nós prontos para mais algumas aventuras por línguas exóticas, viagens sonoras inovadoras ou instrumentos nunca antes escutados!
Nas músicas do mundo cruzam-se a tradição com a vanguarda, o rústico com o cosmopolita, derrubam-se fronteiras e dogmas, ignoram-se conflitos étnicos ou religiosos! Tudo se faz com tolerância, espírito aberto e vontade de partilhar.
Este ano, as responsabilidades aumentam, mas a qualidade, diversidade e espectacularidade do programa garante-nos que todos ficarão satisfeitos! Teremos hinduísmo e judaísmo, sul-americanos e norte-americanos, europeus e asiáticos, finlandeses e guineenses, a kora africana e as tablas indianas, o cajon catalão e a nossa braguesa, a sanfona e o acordeão, a harpa venezuelana e...muitas outras combinações e enquadramentos estranhos que fazem do SET uma festa da GLOBALIZAÇÃO FRATERNA!»
2004, o ano de Bagão
O ano de 2004 é um ano bissexto... mais um diazinho de trabalho.
O 25 de Abril calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho.
O 1 de Maio calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho.
O 10 de Junho é também o dia de corpo de Deus... dois feriados num só, mais um diazinho de trabalho.
O 13 de Junho calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho (pelo menos, em Lisboa).
O 15 de Agosto calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho.
O Natal calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho.
O dia 1 de Janeiro de 2005 calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho. E Bagão feliz.
O 25 de Abril calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho.
O 1 de Maio calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho.
O 10 de Junho é também o dia de corpo de Deus... dois feriados num só, mais um diazinho de trabalho.
O 13 de Junho calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho (pelo menos, em Lisboa).
O 15 de Agosto calha a um domingo... mais um diazinho de trabalho.
O Natal calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho.
O dia 1 de Janeiro de 2005 calha a um sábado... mais um diazinho de trabalho. E Bagão feliz.
19.11.03
De volta
Voltei! E bastaria dizer isto para fazer notícia no blogosfera, mas não me contenho...
A paternidade tem-me absorvido quase completamente, o que significa que quando não estou a trabalhar, estou a ser pai, o que resulta em que não tenho tido tempo para mandar umas postas. E bem merecidas seriam, já que as últimas semanas têm sido férteis em matéria a pedir comentários.
Como estou há muito tempo parado e não quero contrair uma lesão de esforço, vou ser breve.
Hoje, na sua crónica no Público, o Álvaro Domingues faz referência a uma pintada existente num muro da Rua do Campo Alegre, no Porto. Fica do lado esquerdo de quem vai em direcção ao Fluvial e sempre que por lá passo não consigo disfarçar um sorriso, que fica a meio caminho entre o achar piada e a admiração em relação ao seu autor. A frase é simples e tem apenas três palavras mas, como diz Álvaro Domingues, «é um caso de produtividade comunicacional»: QUEREMOS MENTIRAS NOVAS!
Depois dos argumentos invocados para a invasão e ocupação do Iraque, depois das promessas eleitorais do Dr. Durão Barroso, depois dos últimos números avançados pelo Banco de Portugal em relação à economia portuguesa e de todas as outras mentiras a que nos foram habituando, está na hora de começarmos a pintar os muros de todo o país.
Já não pedimos a verdade; contentamo-nos com mentiras novas.
A paternidade tem-me absorvido quase completamente, o que significa que quando não estou a trabalhar, estou a ser pai, o que resulta em que não tenho tido tempo para mandar umas postas. E bem merecidas seriam, já que as últimas semanas têm sido férteis em matéria a pedir comentários.
Como estou há muito tempo parado e não quero contrair uma lesão de esforço, vou ser breve.
Hoje, na sua crónica no Público, o Álvaro Domingues faz referência a uma pintada existente num muro da Rua do Campo Alegre, no Porto. Fica do lado esquerdo de quem vai em direcção ao Fluvial e sempre que por lá passo não consigo disfarçar um sorriso, que fica a meio caminho entre o achar piada e a admiração em relação ao seu autor. A frase é simples e tem apenas três palavras mas, como diz Álvaro Domingues, «é um caso de produtividade comunicacional»: QUEREMOS MENTIRAS NOVAS!
Depois dos argumentos invocados para a invasão e ocupação do Iraque, depois das promessas eleitorais do Dr. Durão Barroso, depois dos últimos números avançados pelo Banco de Portugal em relação à economia portuguesa e de todas as outras mentiras a que nos foram habituando, está na hora de começarmos a pintar os muros de todo o país.
Já não pedimos a verdade; contentamo-nos com mentiras novas.
A cadeado
A Universidade de Coimbra voltou a ser fechada a cadeado. Durante as minhas férias perdi (um)a (das) maior(es) manifestação(ões) em muitos anos de estudantes. Mas os ecos que me chegaram (sobretudo na blogosfera) foi de repúdio pelo fecho a cadeado da Universidade coimbrã. É uma medida de protesto radical (sim, também eu preferia uma greve de zelo), que incomoda pelos vistos muito e muita gente (apesar de tudo, nada que se compare com os métodos de um jovem-mrpp-hoje-feito-cherne que, nos seus tempos áureos de lutador anti-burguês, chegou à sede do partido com uma camioneta carregada de móveis retirados da Faculdade de Direito). Feche-se o parêntesis, e olhemos para a realidade do ensino superior (para lá do parque de estacionamento, que tanto indigna os comentadores da nossa praça).
O que mudou em dez anos de propinas? Nada mudou na «qualidade do ensino», muito propangadeada pelo governo de então de Cavaco (e Ferreira Leite e Pedro Lynce e Durão Barroso), e muito mudou na desresponsabilização dos sucessivos governos - agravada com este, é verdade! -, na orçamentação das universidades e dos institutos politécnicos. As propinas servem hoje para pagar o papel higiénico e ordenados, não os laboratórios e as condições de excelência.
A propósito, aconselho vivamente a leitura de um texto do Barnabé (há lá outros textos, soltos, ao correr da pena, que vale a pena procurar sobre o assunto). E, à nova ministra do Ensino Superior, gostava de lhe indicar a leitura de um antigo documento, produzido pelo Conselho Nacional de Educação, algures no início da década de 90 (actualíssimo, se refrescarmos os dados estatísticos): «Manifesto sobre o Ensino Superior».
O que mudou em dez anos de propinas? Nada mudou na «qualidade do ensino», muito propangadeada pelo governo de então de Cavaco (e Ferreira Leite e Pedro Lynce e Durão Barroso), e muito mudou na desresponsabilização dos sucessivos governos - agravada com este, é verdade! -, na orçamentação das universidades e dos institutos politécnicos. As propinas servem hoje para pagar o papel higiénico e ordenados, não os laboratórios e as condições de excelência.
A propósito, aconselho vivamente a leitura de um texto do Barnabé (há lá outros textos, soltos, ao correr da pena, que vale a pena procurar sobre o assunto). E, à nova ministra do Ensino Superior, gostava de lhe indicar a leitura de um antigo documento, produzido pelo Conselho Nacional de Educação, algures no início da década de 90 (actualíssimo, se refrescarmos os dados estatísticos): «Manifesto sobre o Ensino Superior».
Alguém falou em Guterres?
«O primeiro-ministro garantiu terça-feira que o défice orçamental deste ano irá ficar abaixo dos três por cento, devido ao recurso a receitas extraordinárias, tendo admitido que o mesmo poderá suceder em 2004.
"Este ano vamos reduzir o défice abaixo dos três por cento. Tenho plena confiança nisso", afirmou Durão Barroso, acrescentando que em 2004 a despesa irá igualmente cumprir o valor máximo estabelecido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, "se necessário" através de receitas extraordinárias.»
[in PortugalDiário, sublinhado nosso]
"Este ano vamos reduzir o défice abaixo dos três por cento. Tenho plena confiança nisso", afirmou Durão Barroso, acrescentando que em 2004 a despesa irá igualmente cumprir o valor máximo estabelecido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento, "se necessário" através de receitas extraordinárias.»
[in PortugalDiário, sublinhado nosso]
18.11.03
Silêncios
A Glória Fácil está a gerir o silêncio. O seu silêncio. Terrível tarefa, reconhece Ana Sá Lopes: «É preciso que os receptores (do silêncio) não incorram na imediata e fatal dedução segundo a qual quem está calado, regra geral, não tem nada para dizer.» Ora, também por terras de Aviz, o silêncio se faz de sugestões: «A noite», lembrou Francisco José Viegas (citando um jovem poeta), «é a plataforma/ da vinda áspera do coiote» - e foi à sua vida. Mas nós temos saudades, depois destes silêncios.
O Mickey faz anos (I)
O ratinho de grandes orelhas arredondadas criado por Walt Disney faz hoje 75 anos.
17.11.03
Impressões de quinze dias lá
O "cliché": o Brasil é um país de contrastes. Que se sentem no asfalto, olhando os morros do Rio de Janeiro. Que se espreitam nas manchetes ensanguentadas dos jornais, nas grades dos prédios de classe média, nos vidros fumados de carros potentes. Mas há outros brasis, para além deste retrato apressado de turista reincidente. Um desses retratos é aquele que volta e meia amantes daquelas terras nos trazem, só como eles sabem: Francisco José Viegas, Jorge Marmelo ou Rui Baptista. Eles (pelo menos eles) trazem-nos histórias das mil folhas que se escrevem e nos seduzem ali, naquele pedaço de terra. Os livros são obras de arte, que apetece tocar, ler, comprar, olhar, admirar, cantar. O livro ali é bem tratado, seja na cosmopolita Rio ou na pequena Paraty. Metade daqueles livros em Portugal - e este país respirava melhor.
Impressões de quinze dias longe disto
Saí porta fora e quando voltei a casa encontrei tudo mais ou menos na mesma. Muito desarrumado, portanto. As manchetes dos jornais voltaram a falar do mundo, mas só porque dois jornalistas cá do burgo se meteram em trabalhos. Antes disso, numa rápida volta pelas gordas de jornais já amarelecidos e da leitura fora de tempo de blogues descobri um umbigo animado com um casal de suposto jet-set apanhado com jóias não declaradas, uma actriz que vomitou o camarão estragado e foi tornada em fenómeno paranormal, a adequada resposta para-católica de duas estátuas que lacrimejam e curam, a provedora da Casa Pia que elogiou processos sumários dos tempos absolutistas de D. Miguel e a expulsão dos infiéis de hoje (pedófilos, who else?) para paragens exóticas que lá as criancinhas podem ser abusadas pois então, o aniversário de Cunhal que recebe cada vez mais encómios da mesma direita que critica a esquerda por eventualmente se subjugar perante Fidel, a inauguração contínua de estádios apadrinhadas pelo regime de agora esquecendo as críticas de ocasião quando assumiram o poder e os beija-mão a sua santidade o papa do norte transformados em caso nacional, a assobiadela dos bispos às vaias dos benfiquistas (serão sportinguistas? portistas? beiramarenses?) ao senhor primeiro-ministro, quando não ouvi idêntica reprimenda à assobiadela tenística com que o então primeiro-Guterres foi presenteado (o ténis é coisa de finos? ou os bispos não vêem aquele desporto?), as cidades que continuam a ser pensadas ao acaso com parques mayers pagos a peso de Gehry e torres quase aprovadas só porque são do Siza e um túnel que até "vai servir para alguma coisa" como diz o presidente da autarquia de Lisboa.
Uff! Respiremos. Deixo quatro sugestões. Atrasadas, mas que merecem a leitura - e reflexão: um retrato sobre a vida religiosa (dito assim, "simplisticamente") de Luís Osório, no DNa, de 8 de Novembro, sábado; um texto que procurou descobrir o melhor da pior escola do país, como assinalaram as estatísticas frias do Ministério, assinado pela excelente Sónia Morais Santos, também no DNa, mas deste último sábado, 15 de Novembro; a reportagem ontem, domingo, na Pública sobre a excisão, de Sofia Branco (já premiada por outra reportagem sobre o mesmo tema) e, por fim, o ódio de estimação de algumas lojas e botequins, Miguel Sousa Tavares, com nova leitura pertinente sobre o Iraque e a ida da GNR.
[Torno este "post" maior e cito parte de MST, porque o texto desaparece dentro de dias]
«[...] não sou contra o envolvimento de forças portuguesas além-fronteiras, onde e quando a intervenção for legítima e estiver em causa a segurança colectiva do mundo em que nos integramos ou a salvaguarda de direitos fundamentais violados de forma sistemática e intolerável. Com uma condição adicional: que a intervenção militar não seja um fim em si mesma, mas um meio para atingir uma solução política. Por isso, fui a favor de uma intervenção séria, ao lado dos Estados Unidos, na primeira Guerra do Iraque, onde se tratava, de expulsar Saddam do Kuwait e evitar que, de seguida, deitasse mão ao petróleo do Médio Oriente e iniciasse um processo de chantagem sobre o Ocidente (curiosamente, um governo de que Durão Barroso fazia parte reduziu esse apoio à coligação internacional a uma ajuda menos que simbólica e quase na fronteira da cobardia). Por isso, fui a favor da intervenção na Bósnia, onde uma guerra civil étnica de uma desumanidade impensável na Europa de hoje era uma ofensa intolerável à consciência de todos nós.
Por isso mesmo, também, fui contra a intervenção no Kosovo, que não tinha - como não tem até hoje - "follow-up" político que deixe prever o fim da presença militar internacional e que só foi levada a cabo porque os Estados Unidos queriam bombardear Belgrado e Milosevic e, de caminho, livrarem-se de toda uma geração de armas em final de período de validade.»
Uff! Respiremos. Deixo quatro sugestões. Atrasadas, mas que merecem a leitura - e reflexão: um retrato sobre a vida religiosa (dito assim, "simplisticamente") de Luís Osório, no DNa, de 8 de Novembro, sábado; um texto que procurou descobrir o melhor da pior escola do país, como assinalaram as estatísticas frias do Ministério, assinado pela excelente Sónia Morais Santos, também no DNa, mas deste último sábado, 15 de Novembro; a reportagem ontem, domingo, na Pública sobre a excisão, de Sofia Branco (já premiada por outra reportagem sobre o mesmo tema) e, por fim, o ódio de estimação de algumas lojas e botequins, Miguel Sousa Tavares, com nova leitura pertinente sobre o Iraque e a ida da GNR.
[Torno este "post" maior e cito parte de MST, porque o texto desaparece dentro de dias]
«[...] não sou contra o envolvimento de forças portuguesas além-fronteiras, onde e quando a intervenção for legítima e estiver em causa a segurança colectiva do mundo em que nos integramos ou a salvaguarda de direitos fundamentais violados de forma sistemática e intolerável. Com uma condição adicional: que a intervenção militar não seja um fim em si mesma, mas um meio para atingir uma solução política. Por isso, fui a favor de uma intervenção séria, ao lado dos Estados Unidos, na primeira Guerra do Iraque, onde se tratava, de expulsar Saddam do Kuwait e evitar que, de seguida, deitasse mão ao petróleo do Médio Oriente e iniciasse um processo de chantagem sobre o Ocidente (curiosamente, um governo de que Durão Barroso fazia parte reduziu esse apoio à coligação internacional a uma ajuda menos que simbólica e quase na fronteira da cobardia). Por isso, fui a favor da intervenção na Bósnia, onde uma guerra civil étnica de uma desumanidade impensável na Europa de hoje era uma ofensa intolerável à consciência de todos nós.
Por isso mesmo, também, fui contra a intervenção no Kosovo, que não tinha - como não tem até hoje - "follow-up" político que deixe prever o fim da presença militar internacional e que só foi levada a cabo porque os Estados Unidos queriam bombardear Belgrado e Milosevic e, de caminho, livrarem-se de toda uma geração de armas em final de período de validade.»
Ditosa pátria
Com este título, Francisco José Viegas "postou" - e muito bem - sobre a inauguração do novo Estádio do Benfica. Tenho pena que a ditosa pátria tenha esmorecido, agora que se inauguraram em directo na TV pública uma rua e uma loja.
E as vacas sagradas, conhecem?
Portugal tem muitas vacas sagradas. Passam por nós todos os dias, são utilizadas a todo o momento, gostamos delas - e queremos sempre mais. Margarida Rebelo Pinto, ela mesma, revela-nos tudo: «Isto é Portugal: carros e telemóveis. Telemóveis e futebol. Futebol e carros. Carros e carros, Futebol e futebol. Ou seja, mais do mesmo.»
Sim, vá, onde está o Helton?
No meu lento regresso à "actualidade noticiosa" dei de caras com esta pertinente notícia: «onde está o Helton?». Dão-se alvíssaras.
16.11.03
Actualizados
Já foi actualizada a coluna dos blogues que nos acompanham muitas outras vezes. O Bloguítica, na sua nova morada, e os amigos Ânimo e O Companheiro Secreto, mas também o Miniscente de Luís Carmelo e Murmúrios do Silêncio (cada vez mais obrigatório...).
Site (mili)meter
É divertido ver quem nos lê. Descobrir leitores (certamente perdidos) na Ásia (Rússia? Bangladesh? China?), ou algures no eixo EUA (André, és tu?)-Guiana-Brasil-Paraguai-Uruguai... E é divertido ver como andaram tantos (escassas dezenas, nada comparável à glória de outros, mas tantos para nós) a alimentar o site(mili)meter da Cibertúlia, mesmo durante estes tempos de esperado sossego.
Repórteres da sorte
Ainda bem! Carlos Raleiras foi libertado. Maria João Ruela estará a caminho de Portugal. Mas sobram algumas perplexidades, algumas dúvidas e algumas irritações (como as que João Pedro Henriques deixa no Glória Fácil) sobre o dia em que os jornalistas foram notícia.
Actualização: o sempre pertinente Terras do Nunca também deixa algumas notas sobre os jornalistas portugueses e as guerras. Também o "TSF" Carlos Vaz Marques conta que a libertação de Raleiras foi celebrada com tinto... e lembra que há reportagens que implicam mais custos.
Actualização: o sempre pertinente Terras do Nunca também deixa algumas notas sobre os jornalistas portugueses e as guerras. Também o "TSF" Carlos Vaz Marques conta que a libertação de Raleiras foi celebrada com tinto... e lembra que há reportagens que implicam mais custos.
14.11.03
Repórteres do azar
Carlos Vaz Marques tem um camarada de redacção desaparecido no Iraque. Mas não tem medo em escrever sobre o azar que se abateu sobre os jornalistas portugueses no Iraque, num alerta que é também um grito sobre o aventureirismo com que se faz jornalismo de guerra em Portugal - e que devia responsabilizar também os patrões da comunicação social, não apenas os profissionais. Outro jornalista, João Pedro Henriques, também promete voltar ao tema, mas «quando tudo se resolver». Esperemos que, para Carlos Raleiras, tudo se resolva bem.
Segredos revelados
Como por acaso descobri a nova morada do Tolentino Mendonça, que tinha partido para parte incerta com os seus intrusos amigos. Agora, apresentam-se como o companheiro secreto. E à Cibertúlia chamam de «caldeirada de enguias à moda de Aveiro». Há lá muitas outras iguarias.
13.11.03
O baile da paróquia
Nos voos da TAP, os passageiros podem assistir a um breve serviço noticioso da SIC que resume, em quatro ou cinco notícias, algumas das "histórias" do dia. Mas o serviço é mau. Dito de outro modo: é um serviço paroquial, burocrático e que se limita a um "boa viagem" do apresentador de plantão como sinal de que se trata de algo preparado para os aviões da TAP. Para os estrangeiros, será ainda pior: nas duas viagens que fiz tivemos direito a notícias sobre suspeitas de pedofilia (what else?!) de um professor de Évora, Casa Pia, nada de política (excepto o beija-mão que agora todos fazem à Casa Pia), João Vale e Azevedo, uma perseguição policial que acabou mal e o retrato da violência sobre os polícias, as obras do novo túnel das Amoreiras que complicaram ainda mais os acessos a Lisboa e uma única notícia do mundo: um advogado atingido a tiro por um seu alegado ex-cliente nos Estados Unidos.
É este o mundo da SIC, é este o mundo que a companhia aérea estatal portuguesa tem para mostrar aos seus viajantes, portugueses e estrangeiros, com direito a tradução em "canal inglês". Um mundo de vistas curtas, que se resume ao baile da paróquia. Será que Pacheco Pereira não viaja na TAP, para nunca se ter indignado com este serviço público de iniciativa privada?
É este o mundo da SIC, é este o mundo que a companhia aérea estatal portuguesa tem para mostrar aos seus viajantes, portugueses e estrangeiros, com direito a tradução em "canal inglês". Um mundo de vistas curtas, que se resume ao baile da paróquia. Será que Pacheco Pereira não viaja na TAP, para nunca se ter indignado com este serviço público de iniciativa privada?
Primeiros passos
O ritmo é ainda de férias. Doze dias longe de quase-tudo ajudaram a retemperar forças. Agora redescobre-se o mundo-como-ele-é. Pior: redescobre-se que o país não foi de férias, como lhe fazia bem. Bastou ler meia-dúzia de títulos da imprensa no avião de regresso ou ouvir na voz do comandante que o Benfica continua o mesmo. Depois: os e-mails de sempre ("pay your debt", "girls", "virus"), o blogger em baixo (Due to planned maintenance, Blogger will be unavailable for a few hours starting at 11pm (Pacific) on Wednesday, November 12. Thanks for your patience) e uma absoluta incapacidade de ler uma ínfima parte do que se escreveu na blogosfera. Valham-nos as águas calmas da Cibertúlia, com as chuvas de Novembro em Coimbra (obrigado, Saraiva) e o entusiasmo do João Borges (sim, o disco é muito bom e de onde veio, veio por metade do preço, com o nome certo de Maria Rita, JB!).
Devagar vamos chegando.
Devagar vamos chegando.
10.11.03
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos.
Porque nunca entendi a Cibertulia como um monólogo venho preencher alguns minutos da ausência do Miguel. Queria partilhar com vocês algo de Coimbra, porque só de Coimbra posso falar, porque é em Coimbra que trabalho e vivo.
Em Coimbra choveu de manhã e agora está sol. Acredito que ainda vá chover hoje e em seguida, num volte-face nunca visto, venha a ficar sol. Ou não. E depois vai anoitecer, o que não invalida que volte a chover.
Estou à minha secretária a trabalhar, enquanto olho para fora, pela janela, para vos poder fazer a crónica do tempo que faz em Coimbra. O Caetano Veloso está a cantar "Meia lua inteira" dentro de umas pequenas colunas que tenho em cima da minha secretária, consequência de prodigios da tecnologia que ainda hoje me espantam.
O meu trabalho, programador, permite-me estar a escrever isto e os meus colegas ficarem a pensar que, pela forma como ataco o teclado e carrego em teclas atrás de teclas, estou a trabalhar no duro. Na verdade coloquei um processo a correr e tenho que estar à espera que acabe para poder continuar a trabalhar. E entretanto pus-me a blogar, porque o Miguel nunca mais volta de férias.
Pensei em escrever qualquer coisa de pertinente sobre a actualidade portuguesa ou internacional... mas não há pachorra.
O processo acabou e tenho que voltar ao trabalho. Isto de Blog's é muito melhor numa perspectiva consumista mas eu não gosto de silêncios incómodos, de cortar à faca. Gosto deles contemplativos ou significativos, mas não incómodos.
E se o Miguel não voltar? [arrepio].
P.S.
Demoro sempre mais tempo a inventar um titulo para os Post's do que a escrevê-los. Normalmente (sempre) deixo isso para o fim. E agora? Como vou intitular este? Bolas. Tenho que voltar para o trabalho... Olha porque não... obrigado ó Caetano.
Em Coimbra choveu de manhã e agora está sol. Acredito que ainda vá chover hoje e em seguida, num volte-face nunca visto, venha a ficar sol. Ou não. E depois vai anoitecer, o que não invalida que volte a chover.
Estou à minha secretária a trabalhar, enquanto olho para fora, pela janela, para vos poder fazer a crónica do tempo que faz em Coimbra. O Caetano Veloso está a cantar "Meia lua inteira" dentro de umas pequenas colunas que tenho em cima da minha secretária, consequência de prodigios da tecnologia que ainda hoje me espantam.
O meu trabalho, programador, permite-me estar a escrever isto e os meus colegas ficarem a pensar que, pela forma como ataco o teclado e carrego em teclas atrás de teclas, estou a trabalhar no duro. Na verdade coloquei um processo a correr e tenho que estar à espera que acabe para poder continuar a trabalhar. E entretanto pus-me a blogar, porque o Miguel nunca mais volta de férias.
Pensei em escrever qualquer coisa de pertinente sobre a actualidade portuguesa ou internacional... mas não há pachorra.
O processo acabou e tenho que voltar ao trabalho. Isto de Blog's é muito melhor numa perspectiva consumista mas eu não gosto de silêncios incómodos, de cortar à faca. Gosto deles contemplativos ou significativos, mas não incómodos.
E se o Miguel não voltar? [arrepio].
P.S.
Demoro sempre mais tempo a inventar um titulo para os Post's do que a escrevê-los. Normalmente (sempre) deixo isso para o fim. E agora? Como vou intitular este? Bolas. Tenho que voltar para o trabalho... Olha porque não... obrigado ó Caetano.
4.11.03
Ana Rita
Sim !!!! A que vinha na revista do Expresso. Comprei, ouvi, amei. Tem em comum com a mãe (Elis Regina) a "espessura" da voz. As letras são boas, os arranjos de uma simplicidade fantástica. Depois do popular "tribalismo", há um regresso ao novo intimismo brasileiro. Passem por lá.
1.11.03
Momentos únicos
© Jorge Colombo (para M e M)
Estou de partida, por uns dias. Sem saber o que é isso de blogar. Fora de tempo - e (quase) fora deste mundo. Há outros "cibertúlicos" por aí. Pode ser que eles resolvam tomar este barco...
Early night blogs
Leituras nocturnas antes de ir de férias (e uma actualização pela fresquinha):
1. Um blogue - mais um a "linkar" em futura actualização da coluna de favoritos -, que também me chega por e-mail. «Miniscente», uma criação de Luís Carmelo que, numa visita impressionista, agrada - e não só à vista. A visitar com tempo, noutras tardes e noites.
2. Era impossível manter a nossa OPA (oferta pública de acolhimento) a Ana Sá Lopes depois da resposta que nos deu. Ficámos derretidos.
3. O nosso médico recorda os doentes que lhe passam numa urgência:
«[idade] 95 - [sexo] Feminino: agitação, sons imperceptíveis, grunhidos, gemidos, psicose senil, acamada, suja, urinada, escariada, abandonada dentro da família. Quando mostram a vida dos 113 anos, esquecem-se de muitos anos sem vida. Estes casos não convêm expor nos monitores das nossas televisões. Expor doentes, só com casas com piscina, da nossa nova burguesia, ou quando cheira a negligência médica ou do Estado. Quando a negligência é das famílias, as televisões escondem-se.
Este e outros breves retratos num retrato que ministros, políticos e jornalistas podiam espreitar.
4. A viagem de transportes do Terras do Nunca em dias cinzentos. E de como a (minha) alternativa não será blogar. Mas sair. Para longe - de férias (de tudo).
1. Um blogue - mais um a "linkar" em futura actualização da coluna de favoritos -, que também me chega por e-mail. «Miniscente», uma criação de Luís Carmelo que, numa visita impressionista, agrada - e não só à vista. A visitar com tempo, noutras tardes e noites.
2. Era impossível manter a nossa OPA (oferta pública de acolhimento) a Ana Sá Lopes depois da resposta que nos deu. Ficámos derretidos.
3. O nosso médico recorda os doentes que lhe passam numa urgência:
«[idade] 95 - [sexo] Feminino: agitação, sons imperceptíveis, grunhidos, gemidos, psicose senil, acamada, suja, urinada, escariada, abandonada dentro da família. Quando mostram a vida dos 113 anos, esquecem-se de muitos anos sem vida. Estes casos não convêm expor nos monitores das nossas televisões. Expor doentes, só com casas com piscina, da nossa nova burguesia, ou quando cheira a negligência médica ou do Estado. Quando a negligência é das famílias, as televisões escondem-se.
Este e outros breves retratos num retrato que ministros, políticos e jornalistas podiam espreitar.
4. A viagem de transportes do Terras do Nunca em dias cinzentos. E de como a (minha) alternativa não será blogar. Mas sair. Para longe - de férias (de tudo).
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