Ela não está nomeada...
29.2.04
O voto popular
Uma sondagem divulgada pela TVI apresentou os «cinco melhores jogadores de sempre» do Benfica. Não sei se a votação foi por SMS ou pela net, o que sei é que os resultados sofrem do mal de tantas «selecções» - memória curta. Os melhores, dizem-nos eles (votaram os tecno-benfiquistas):
1. Eusébio, 2. Simão Sabrosa, 3. Nuno Gomes, 4. Chalana, 5. Coluna.
O que me importa é a inclusão de Simão e Nuno Gomes, esquecendo tantos e tão bons jogadores, que viriam antes de qualquer um dos dois (por muito que eles nos valham no presente). De repente, daqueles que eu "vi", posso citar... Humberto Coelho, Carlos Manuel, Nené, Bento, Veloso, Filipovic, Jonas Thern, Mozer, Ricardo Gomes, Shéu, Preud'homme, Rui Costa, João Pinto (sim, esse!)... E posso recuar mais e citar o meu Pai que colocaria aqui na lista Torres, José Augusto ou Águas (pai).
A minha selecção é outra: a de jogos, como o primeiro de todos ao vivo (um particular em Aveiro, por causa da transferência do Veloso, com os "reservas" a despacharem o Beira-Mar por 8-2), ou com o Marselha e a mão de Vata, ou contra o Arsenal em Londres, a taça ganha no Porto porque Pinto da Costa não queria jogar em "Oeiras", ou outro, inesquecível, contra o Bayer Leverkusen (com a vitória de 5-4). Também não me esqueço de derrotas (sim, os 7-1, ou as finais da Taça dos Campeões, uma delas "vista" na Ribeira do Porto e com direito a cortejo fúnebre de um boneco vermelho pelas ruas da Sé...).
28.2.04
Bonitas memórias
«O Benfica faz 100 anos, a minha infância não volta, mas sempre digo que o futebol me aliena menos do que os blogues. O que é que tem o Benfica que é diferente dos outros?» O André diz tudo sobre o Benfica. Para ler por adeptos, simpatizantes, ou apenas por quem gosta de futebol. É bonita a festa, pois!
27.2.04
(meti água)
Ando com a casa às costas, a saltitar de computador em computador, porque "meti" água no meu. Maldito copo que se tombou à minha frente, sem apelo pelas teclas nem agravo pelos "chipezinhos" que se alojam no seu interior. Resultado: um coma profundo e um ou dois "posts", que estavam em preparação/ebulição à espera de tempo e recriação para os alojar por aqui. Um deles aprofundava a omissão de Mel Gibson, que aqui se aflorou (quase) ao de leve. Agora - espero redimir-me em teclado alheio, mas a coisa pode demorar mais. Por enquanto, vou mergulhando no fim-de-semana...
À conversa no autocarro (II)
Conta-nos o JMF que por "Espanha" se «defende um método alternativo às sondagens: a frequência dos transportes públicos». Mas uma amostra assim - sendo merecedora de registo - será cada vez mais aleatória.
Todos os anos, o número de utilizadores dos transportes públicos diminui. E, nestes casos, não podiam ser sondados o Zé e a Maria, tão queridos de Durão e Portas. Afinal, dizem-nos sociólogos e cronistas políticos, que o Zé e a Maria saem todos os dias, manhã cedo, dos seus apartamentos suburbanos de classe média, para enfrentar as bichas do IC19 ou da VCI. E o que seria deles (políticos) sem poderem invocar em cada missa profana (congresso) o Zé e a Maria?
Todos os anos, o número de utilizadores dos transportes públicos diminui. E, nestes casos, não podiam ser sondados o Zé e a Maria, tão queridos de Durão e Portas. Afinal, dizem-nos sociólogos e cronistas políticos, que o Zé e a Maria saem todos os dias, manhã cedo, dos seus apartamentos suburbanos de classe média, para enfrentar as bichas do IC19 ou da VCI. E o que seria deles (políticos) sem poderem invocar em cada missa profana (congresso) o Zé e a Maria?
Estupidez de destruição maciça
O Presidente americano, George W. Bush, anunciou que vai continuar a produzir minas anti-pessoais, ao contrário do que tinha decidido o seu antecessor Bill Clinton. Diz ele (o Bush) que daí não vem mal ao mundo: serão minas inteligentes.
À conversa no autocarro
Queixou-se JMF no Terras do Nunca que, «mesmo num mês de 29 dias, estar 15 minutos numa bicha para comprar o [passe] L, no dia 26, parece-me um exagero». São prevenidos é o que é, caro JMF. Eu que não cuidei que este mês se acaba já no domingo, vou ter de penar, não numa qualquer bicha, mas sim à procura de um postozinho da Carris ou do Metro que venda o passe ao fim-de-semana (e um L12 é ainda mais difícil de encontrar). Mesmo com aumentos, não dá para passar sem passe.
26.2.04
E o Mediterrâneo aqui tão perto...
... o sismo em Marrocos deixou um rasto de destruição e centenas de mortos. Poucos se importaram. É tudo muito longe - e, no entanto, aqueles rostos são-nos familiares.
[actualização: li apenas agora, ao fim da tarde, no Terras do Nunca um comentário pertinente sobre «a nossa equipa em Marrocos»: «E o sismo, ainda alguém se lembra do sismo?»]
[actualização: li apenas agora, ao fim da tarde, no Terras do Nunca um comentário pertinente sobre «a nossa equipa em Marrocos»: «E o sismo, ainda alguém se lembra do sismo?»]
Um zero a menos
The dullest blog in the world
«Restarting my blog (dull, November 7)
I hadn't written in my blog for a while. I turned on the computer and wrote a new entry. I clicked the 'submit' button, thereby restarting my blog.»
Um blogue genial.
I hadn't written in my blog for a while. I turned on the computer and wrote a new entry. I clicked the 'submit' button, thereby restarting my blog.»
Um blogue genial.
Poste da situação
Há novidades na coluna dos blogues [à direita]: o Amor & Ócio, com um escriba que nos anima no Público e que vem das boas terras aveirenses, Rui Baptista; o Estrago da Nação, de Pedro Almeida Vieira, em novo endereço e formato, mas com a mesma acutilância; o novo Carlos Vaz Marques assinou o óbito do seu Outro Eu, o que lamentamos; o benfiquista "sete a zero" perdeu a vontade, num "premonitório" poema anterior ao desaparecimento de Fehér; e acrescentámos (há já algum tempo) três blogues essenciais e verdadeiros serviços públicos: Almocreve das Petas, Blog sobre Kleist e Sous les pavés, la plage! Ide ler.
[mais logo, poremos os links para os referidos blogues]
[mais logo, poremos os links para os referidos blogues]
Justiça «casa pia»
«Mais de dois anos depois de ter começado a levar para Guantanamo os suspeitos taliban e membros da Al-Qaeda capturados nos meses que se seguiram ao 11 de Setembro, o Pentágono anunciou as primeiras duas acusações entre os cerca de 660 detidos. Não foi avançado nenhum calendário para os julgamentos e há indicações de que o processo de pode arrastar.» [in Público]
25.2.04
Marretadas neles
Eles fizeram um ano (parabéns!). É muito tempo - aqui, em qualquer lugar... Confesso (e vou levar marretadas por isso) que não são leitura diária. Mas eles têm graça. Em especial, o Animal - que, como bom animal de esquerda, é o mais divertido da companhia (nova marretada, agora à direita). Hoje, um outro blogue "parabenizou-os" com um blogue de parabéns. Nada de original (marretada nossa!): já aqui se tinha antecipado um aniversário e aqui se tinha felicitado o acontecimento.
«Do sonho deste dia»
«Se nós recebemos hoje sobre a cabeça o austero sinal das cinzas, é para reacordar em nós a esperança como uma força», escreve hoje o companheiro Tolentino, num texto magnífico.
Nós, modestos, prometemos regressar à paixão de Cristo - pela omissão de Mel Gibson, em dia de estreia americana do filme da polémica.
Nós, modestos, prometemos regressar à paixão de Cristo - pela omissão de Mel Gibson, em dia de estreia americana do filme da polémica.
Dá cá um abraço, pá!
Passou por mim no corredor e, no seu melhor estilo político, rasgou um sorriso e disse: «Boa tarde!» - não caibo em mim de contente!
«El final del siglo veinte es un show de funerarias»
(um tango para Woody Allen)
«Woody Allen, quiero verte en Buenos Aires,
ruso piola y atorrante de Manhattan,
con tu cara de gilastro,
y tu corazón en llamas,
te veo por Corrientes palpitando
nostalgias que hacen mal, pero son lindas:
Buenos Aires, viejo Woody, es una mina
de la que ya never more escaparás.
Verás, che Woody Allen
tu biógrafo en porteño,
cuando Hugo del Carril de la pantalla se salía
por darle una alegría de amor a Doña Nadie
y el cielo era la vieja vigilando junto a Dios.
Verás a las mellizas
New York y Buenos Aires,
bellísimas y neuras como niñas inmortales,
cambiando amor por sexo y a los cafés por bancos,
bailar el tango al ritmo de tu rubio bandoneón.
Woody Allen, tengo ganas de abrazarte
contemplando que el final del siglo veinte
es un show de funerarias:
Chernobyl, El Golfo, El Sida.
Y, al fin, si es inmoral seguir con vida,
vení, que aquí están Groucho y Pepe Arias
y nos vamos a morir, pero de risa,
para dentro de dos siglos despertar.
Verás, che Woody Allen
tu biógrafo en porteño,
cuando Hugo del Carril de la pantalla se salía
por darle una alegría de amor a Doña Nadie
y el cielo era la vieja vigilando junto a Dios.
Verás a las mellizas
New York y Buenos Aires,
bellísimas y neuras como niñas inmortales,
cambiando amor por sexo y a los cafés por bancos,
bailar el tango al ritmo de tu rubio bandoneón.»
Horacio Ferrer, «Woody Allen»
[um obrigado ao Primo pela referência]
ruso piola y atorrante de Manhattan,
con tu cara de gilastro,
y tu corazón en llamas,
te veo por Corrientes palpitando
nostalgias que hacen mal, pero son lindas:
Buenos Aires, viejo Woody, es una mina
de la que ya never more escaparás.
Verás, che Woody Allen
tu biógrafo en porteño,
cuando Hugo del Carril de la pantalla se salía
por darle una alegría de amor a Doña Nadie
y el cielo era la vieja vigilando junto a Dios.
Verás a las mellizas
New York y Buenos Aires,
bellísimas y neuras como niñas inmortales,
cambiando amor por sexo y a los cafés por bancos,
bailar el tango al ritmo de tu rubio bandoneón.
Woody Allen, tengo ganas de abrazarte
contemplando que el final del siglo veinte
es un show de funerarias:
Chernobyl, El Golfo, El Sida.
Y, al fin, si es inmoral seguir con vida,
vení, que aquí están Groucho y Pepe Arias
y nos vamos a morir, pero de risa,
para dentro de dos siglos despertar.
Verás, che Woody Allen
tu biógrafo en porteño,
cuando Hugo del Carril de la pantalla se salía
por darle una alegría de amor a Doña Nadie
y el cielo era la vieja vigilando junto a Dios.
Verás a las mellizas
New York y Buenos Aires,
bellísimas y neuras como niñas inmortales,
cambiando amor por sexo y a los cafés por bancos,
bailar el tango al ritmo de tu rubio bandoneón.»
Horacio Ferrer, «Woody Allen»
[um obrigado ao Primo pela referência]
24.2.04
O Zeca que me tem cativo...
... desde que me lembro, chegou-me pelos meus irmãos e pelo meu pai. Sem fervores demasiados, apenas a música pela música - e já é dizer tanto. Também me lembro dos dias da morte de Zeca Afonso. Andava pelo 9º ano e, na minha turma, o filho de um industrial-devidamente-PPD-PSD (não é uma mania santanista, na altura era mesmo assim) vociferava contra o músico-militante, ou, se calhar, só contra o militante, mas o músico levava por tabela. Por ser «comunista» (numa altura em que os comunistas comiam criancinhas ao pequeno-almoço), gritava/insultava o B., em pleno balneário depois da aula de Educação Física. Saí em defesa de Zeca, citando um trecho de uma entrevista (ao Expresso?) em que ele admitia uma admiração por Jesus. A memória atraiçoa-me e o baú que guarda estas coisas deve estar perdido em Aveiro. Mas era aquilo que ele mais ou menos dizia. O outro, católico-suficientemente-devoto, não acreditava no que lhe contava. O mundo era a preto-e-branco, na cabeça formatada lá em casa. Há uns assim hoje em dia, mas - o pior - é que chegaram ao poleiro.
23.2.04
A fuga (exercício de memória)
Das leituras soltas deste fim-de-semana, vale a pena lembrar a de Ana Sá Lopes (imprescindível) no Público (sábado).
«[...] Quando o PSD invoca a "fuga" de António Guterres esquece-se do mais mirabolante abandono da vida política dos últimos anos, que foi o de Cavaco Silva: Cavaco Silva inventou um "tabu" que deixou o país suspenso e o partido de mãos atadas; "mandou" elaborar uma moção de estratégia a um congresso; já a moção de estratégia estava pronta, anunciou que não era candidato; já não havia tempo para fazer mais moções; os candidatos que apareceram ficavam (e ficaram) sujeitos à moção de Cavaco Silva; Cavaco manteve-se primeiro-ministro, enquanto Fernando Nogueira, o desgraçado vencedor do congresso, fingia que era líder do PSD. E por aí fora, até à derrota eleitoral do partido. [...]»
[sublinhado nosso]
Acrescento outro dado: Cavaco nos dias anteriores às autárquicas, que levaram à demissão de Guterres, pediu várias vezes que os portugueses dessem uma «vassourada» nos socialistas. Depois, qual virgem pura, acusou o primeiro-ministro de então de «fugir às suas responsabilidades». Os espelhos estão todos partidos lá na travessa do Possolo.
«[...] Quando o PSD invoca a "fuga" de António Guterres esquece-se do mais mirabolante abandono da vida política dos últimos anos, que foi o de Cavaco Silva: Cavaco Silva inventou um "tabu" que deixou o país suspenso e o partido de mãos atadas; "mandou" elaborar uma moção de estratégia a um congresso; já a moção de estratégia estava pronta, anunciou que não era candidato; já não havia tempo para fazer mais moções; os candidatos que apareceram ficavam (e ficaram) sujeitos à moção de Cavaco Silva; Cavaco manteve-se primeiro-ministro, enquanto Fernando Nogueira, o desgraçado vencedor do congresso, fingia que era líder do PSD. E por aí fora, até à derrota eleitoral do partido. [...]»
[sublinhado nosso]
Acrescento outro dado: Cavaco nos dias anteriores às autárquicas, que levaram à demissão de Guterres, pediu várias vezes que os portugueses dessem uma «vassourada» nos socialistas. Depois, qual virgem pura, acusou o primeiro-ministro de então de «fugir às suas responsabilidades». Os espelhos estão todos partidos lá na travessa do Possolo.
La veterana
Cloquea su putodio de largo ministerio
con voz encorsetada. Y va, de contrapunto
-detrás de los exangües y lacios hemisferios
del pecho- en son postrero de nalgas y de untos.
Y en tanto monologa falópicos asuntos
con ojos apagados de sándalo y de mica,
celebra, herejemente, su risa de difuntos
o da su avemaría, llorando, a unos maricas.
A veces, arrastrando la elizabetardente
careta embadurnada de heroicos ingredientes,
su orgullo busca un poco de alcohol o de pelota;
y pasa la ortopedia procaz de su alegría
mostrando entre las mesas, como una demasía,
la inútil y erudita vejez de su derrota.
22.2.04
Uma surpresa em «domingo gordo»
A ver «Ser e Ter». Por tudo. Também por causa de Jojo. O miúdo desta foto...
em exibição nos UCI Cinemas (El Corte Inglés, Lisboa)
em exibição nos UCI Cinemas (El Corte Inglés, Lisboa)
A dois
Na Dois (ou 2: ou RTP2, para todos os efeitos) falou-se da blogosfera. Não haverá comentários, nem piadas, nem observações de outros blogues & blogueiros. Afinal, passou no «Setenta vezes Sete» (às 9h30!) - e também se perguntou por Deus, aqui, nestes espaços. O Tolentino disse de si, dos seus companheiros, dos blogues (e de Deus, claro) melhor do que nós.
20.2.04
Vazios
Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares disseram tudo sobre o vazio de uma possivel candidatura de Santana Lopes a Belém. O que me preocupa mais é o que ele tem feito à cidade onde vivo e o que ele não tem feito para melhorar Lisboa. Pior é (quase) impossível. Mas de política virtual estamos cansados. Como estamos fartos de ouvir Durão (acolitado por Ferreira Leite) a encher a boca com os 2,8 por cento. Guterres afinal tinha razão: o seu défice estava abaixo dos 3 por cento. Bastava fazer engenharia financeira, como fez então e como foi duramente criticado por... Durão & Ferreira.
E agora, depois de ter lido aquilo?
Hoje, no DNA, há cinco histórias, cinco vidas, cinco magníficos textos de Sónia Morais Santos. A ler, obrigatoriamente.
ÃÂÃÂÃÂó
Pois: o post anterior devia estar isento de sinais estranhos, mas quis o blogger que ficassem alteradas as palavras com acentos... Por isso, este texto ficou assim: isento de acentos, o que se revela complicado de escrever. Mas, sim, conseguimos - e driblamos os gajos...
[Actualização: este "post" perdeu a validade depois de termos actualizado os textos com os acentos...]
[Actualização: este "post" perdeu a validade depois de termos actualizado os textos com os acentos...]
Protesto
Esperei mais de 24 horas e nada. Nem um e-mail simpático a agradecer a disponibilidade e "sem mais" blá-blá-nos-despedimos-até-à-proxima, mas o senhor afinal não cumpre o critério de ter o cartão do partido. Nada!
19.2.04
Classificados
Senhora ministra da Justiça. Sou jovem, tenho alguma experiência profissional. Posso aprender rapidamente algumas coisas sobre leis, mas já tenho umas quantas ideias sobre «auditoria e modernização» da justiça. Posso remeter CV. Uma remuneraçãozinha na ordem dos 5 mil e poucos euros não estava mal, mas aceito algo mais em conta. A bem do défice. [Responder a este blogue]
18.2.04
Uma cruz de sofrimento
Há um sofrimento explorado à exaustão. Parece ser esta a linha de Mel Gibson na sua «última tentação»: «The Passion of the Christ», que filma as últimas 12 horas de Jesus, colocando (segundo os relatos mais ou menos inflamados que nos chegam dos EUA) a culpa da morte de Jesus nos judeus. Na Rua da Judiaria, Nuno Guerreiro introduz - de forma ponderada e documentada, como sempre - o filme, depois de o ter visto, e lança um desafio aos seus «amigos cristãos» para falarem/comentarem o filme. Não fui interpelado, mas as notícias (à volta) do filme têm-me interpelado. E há interpelações novas, pelas respostas ao "post" da Rua da Judiaria. Voltaremos a elas...
Fugir aos impostos é «moralmente justo»
«O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, afirmou esta quarta-feira que fugir aos impostos elevados não só é "moralmente justo", como também entra no terreno das "verdades" do chamado "direito natural". Depois da polémica suscitada pelas declarações que proferiu na terça-feira de que os impostos altos fazem com que os cidadãos se sintam autorizados a fugir ao seu pagamento, Berlusconi voltou a justificar a tese: "Não é uma ideia minha, é uma verdade que existe porque existe o direito natural que está dentro da mente e do coração de todos os homens em todos os países do mundo", disse numa entrevista na rádio.» [in PortugalDiário]
O que dirão Durão e os nossos liberais blogueiros, que tanto gostam de elogiar Berlusconi e a sua "famiglia"?
O que dirão Durão e os nossos liberais blogueiros, que tanto gostam de elogiar Berlusconi e a sua "famiglia"?
Religião na blogosfera
A Agência Ecclesia publicou, na sua edição de 10 de Fevereiro, um dossier sobre a religião na blogosfera... A Cibertúlia pára por lá. Lá dentro descobre-se uma interessante entrevista a Manuel Pinto, um dos promotores do especialista Jornalismo e Comunicação, que expressa a vontade das igrejas «interagirem com outra gente» por estas novas "ágoras".
Mas por onde é que ele anda que ninguém nota?
«Quem trabalha comigo, e mesmo o vereador Pedro Pinto, sabe que sempre que ando na rua estou constantemente a ligar-lhes para lhes dizer que aquele sinal de trânsito está torto ou que faltam pedras num passeio. Temos de ser exigentes, por uma questão de brio», comentou Santana Lopes [in Público].
Os jaquinzinhos querem ser espanhóis
Em Valença, o gasóleo está a ser vendido a 0,708/litro, a gasolina sem chumbo 98 a 1,039 euros, a de 95 a 0,969 euros e a super a 1,035 euros. A pouco mais de um quilómetro, a principal "bomba" da cidade de Tui (Espanha) tem vindo a absorver toda a sua clientela (e a de outros estabelecimentos da região) com os seus preços altamente concorrenciais: 0,69 euros para o gasóleo, 0,932 para a gasolina sem chumbo 98, 0,842 para a gasolina sem chumbo 95 e 0,91 para a gasolina super.
17.2.04
A flor murchou
A tentação é grande - vir à net e não blogar... Não resisti, homem de pouca fé que sou, e vi-me a espreitar os «clássicos». E aí percebi que a Flor de Obsessão vai acabar. O blogue de Pedro Lomba, com quem tantas vezes aqui andámos às turras (sozinhos que, ele a nós, não nos ligou nenhuma), vai acabar - e de vez. Lomba diz que apagará os registos da blogosfera. Sem deixar rasto do que escreveu. Nós lamentamos - o fim, o fim do arquivo, tudo. Deixamos de ter alguma da direita interessante (que há, que há), que (ainda) anda por aqui. Mas, na despedida, Lomba escreve algo que mais do que português fala muito também da direita (peço desculpa, por polemizar na hora da despedida).
«Nós somos os únicos habitantes deste mundo que deixamos as coisas a meio, que não terminamos nada, que saímos quando ninguém espera. Adiar, interromper, parar, são verbos muito portugueses. Eu sei disso. Eu tenho todos os defeitos dos meus compatriotas.» De repente, só me lembrei de Santana Lopes...
Ulcermin, ou a direita de 1986
Freitas do Amaral deixou ontem escapar na SIC Notícias que a direita portuguesa está a ser pouco inteligente em relação à sua pessoa. E explicou: ele é de direita, recolhe simpatias ao centro e à esquerda, tem tido posições moderadas e de consenso. Perante isto, esperava Freitas, a direita portuguesa deveria olhar para ele e dizer: «Epá (a direita não diz epá, mas desta vez passa), o gajo até, se calar, consegue ganhar esta gaita das presidenciais, arruma-se ai o Santana e o Cavaco, que voltou ao tabu, que se lixe».
Esta é a ideia de Freitas. Uma ideia de quem evoluiu demais para a direita que existe hoje em Portugal. Dois exemplos para esta frase: quem despenalizou o aborto em França foi a direita, quem ainda ontem à noite falava que os esquerditas tinham dado cabo da economia a 11 de Março de '75 foi Paulo Portas, o jovem.
Freitas está assim condenado ao limbo. Ele lá tinha razão no nome do partido, Centro Democrático Social. Ele até defendia a ideia de Deus e da democracia cristã, adepto do Vaticano Segundo, da Rerum Novarum.
Mas estes senhores que pegaram agora na «direita» portuguesa estão ali porque a geração de Freitas fugiu a sete pés. E a geração de Freitas à esquerda ainda mexe.
O que o ex-candidato presidencial não percebe é porque não pode agora o CDS/PP tomar um Ulcermin, uns sais de fruto, como o PCP tomou, e engolir um candidato consensual. Freitas não é um pacóvio, é um consensualista, até pode ter participado no arrepio do «integralismo lusitano». Mas os seus escritos e a sua participação pública não chocam os mais atentos. Não se enreda. Evoluiu. Fez o que queria: Prá frente Freitas, já que Portugal não o quis em 1986.
Será que Santana ou Cavaco são melhores Presidentes que Freitas?
E, ao cingirmo-nos a esta questão, a resposta parece dramática. Não que Cavaco fosse um péssimo presidente. Mas falta-lhe um lado magnânime, um lado de charme político, uma certa credibilidade internacional e, julgo, uma inversão do radicalismo com que deixou a vida política - se bem se lembram a comer bolo-rei de boca aberta.
Mas a direita não vai sequer avaliar a hipótese do «Judas» do Amaral. A direita, uma vez conservadora, outra vez liberal, tornou-se hoje, um pouco por todo o lado, um nicho onde neo-liberalistas, neo-capitalistas e neo-empresários que vêem na liberalização dos despedimentos a saida para a crise se sentaram com o poder.
A democracia-cristã só enche a boca aos que, no poder, tentam a todo o custo safar-se dos rótulos impropéricos que o centro e o centro-esquerda lhes tenta colar. Quase que apetece dizer que, 30 anos depois, enquanto a nossa esquerda acaba a adolescência, do outro lado começa o «complexo de direita».
Freitas não se encaixa em lado nenhum. À esquerda, BE e PCP não o podem apoiar (antes o Boaventura Sousa Santos ou mesmo a Lurdes Pintasilgo). Mas pode existir um pauzinho na engrenagem: Mário Soares.
Será que o «bochechas», vendo o drama Guterres-Constâncio, não irá obrigar o seu PS a tomar sais de fruto e apoiar Freitas? Será que a ironia final da vida de Soares e do PS de Soares vai ser derrotar a direita com a bomba atómica direitista de 1986?
Afinal, quantos anos se passaram?
Esta é a ideia de Freitas. Uma ideia de quem evoluiu demais para a direita que existe hoje em Portugal. Dois exemplos para esta frase: quem despenalizou o aborto em França foi a direita, quem ainda ontem à noite falava que os esquerditas tinham dado cabo da economia a 11 de Março de '75 foi Paulo Portas, o jovem.
Freitas está assim condenado ao limbo. Ele lá tinha razão no nome do partido, Centro Democrático Social. Ele até defendia a ideia de Deus e da democracia cristã, adepto do Vaticano Segundo, da Rerum Novarum.
Mas estes senhores que pegaram agora na «direita» portuguesa estão ali porque a geração de Freitas fugiu a sete pés. E a geração de Freitas à esquerda ainda mexe.
O que o ex-candidato presidencial não percebe é porque não pode agora o CDS/PP tomar um Ulcermin, uns sais de fruto, como o PCP tomou, e engolir um candidato consensual. Freitas não é um pacóvio, é um consensualista, até pode ter participado no arrepio do «integralismo lusitano». Mas os seus escritos e a sua participação pública não chocam os mais atentos. Não se enreda. Evoluiu. Fez o que queria: Prá frente Freitas, já que Portugal não o quis em 1986.
Será que Santana ou Cavaco são melhores Presidentes que Freitas?
E, ao cingirmo-nos a esta questão, a resposta parece dramática. Não que Cavaco fosse um péssimo presidente. Mas falta-lhe um lado magnânime, um lado de charme político, uma certa credibilidade internacional e, julgo, uma inversão do radicalismo com que deixou a vida política - se bem se lembram a comer bolo-rei de boca aberta.
Mas a direita não vai sequer avaliar a hipótese do «Judas» do Amaral. A direita, uma vez conservadora, outra vez liberal, tornou-se hoje, um pouco por todo o lado, um nicho onde neo-liberalistas, neo-capitalistas e neo-empresários que vêem na liberalização dos despedimentos a saida para a crise se sentaram com o poder.
A democracia-cristã só enche a boca aos que, no poder, tentam a todo o custo safar-se dos rótulos impropéricos que o centro e o centro-esquerda lhes tenta colar. Quase que apetece dizer que, 30 anos depois, enquanto a nossa esquerda acaba a adolescência, do outro lado começa o «complexo de direita».
Freitas não se encaixa em lado nenhum. À esquerda, BE e PCP não o podem apoiar (antes o Boaventura Sousa Santos ou mesmo a Lurdes Pintasilgo). Mas pode existir um pauzinho na engrenagem: Mário Soares.
Será que o «bochechas», vendo o drama Guterres-Constâncio, não irá obrigar o seu PS a tomar sais de fruto e apoiar Freitas? Será que a ironia final da vida de Soares e do PS de Soares vai ser derrotar a direita com a bomba atómica direitista de 1986?
Afinal, quantos anos se passaram?
(pausa para café)
Não tenho lido blogues, quase nem espreitei os jornais, não vejo noticiários. Tudo isto há mais de 24 horas. Lá para baixo falamos do Mediterrâneo e do World Press Photo. E temos o melhor êxito musical dos 30 anos do 25 de Abril em linha.
16.2.04
E agora, Arly Cravo!
clique aqui para ouvir... bem alto e até ao fim
[tirado com a devida vénia de The Galarzas, discípulos dilectos de Shegundo]
15.2.04
Um verdadeiro golpe de rins
«O presidente da Junta [de Vila Boa do Mondego] hoje eleito é César Olival, monitor de karaté da Escola Desportiva de Celorico da Beira, foi militante do PS, expulso por se ter candidatado nas últimas eleições autárquicas pelo MPT, tendo agora apresentado a sua candidatura pelo PSD».
[in PortugalDiário, sublinhados nossos]
[in PortugalDiário, sublinhados nossos]
O regresso ao Mediterrâneo
Portugal não é mediterrânico. Não tenho queda para gaffes principescas. Não caio na simplificação da identidade cultural deste cantinho. Mas, se bebemos naquelas águas, isso não há dúvida. Na música - como bem diz o Diogo - também bebemos no Atlântico celta - das costas galegas às bretãs, das asturianas e bascas às irlandesas.
Por exemplo, Carlos Nuñez, galego de gaita, foi à Bretanha cozinhar um álbum fantástico. Como antes já tinha aportado na costa andaluza e, de outra vez, passado o rochedo de Perejil para dialogar com a música de Marrocos. E desculpem mais esta: Nuñez também já tinha "gaitado" com os irlandeses Chieftains pelos caminhos de «Santiago» (onde se ouve «Não vás ao mar, toino, que o mar está bravo»)...
É este cruzamento, melhor, esta capacidade de cruzar influências, linguagens e culturas que admiro nos povos mediterrânicos e naqueles que "jogam" entre cá e lá. Entre o Atlântico e o Mediterrâneo.
Por isso, prefiro ultrapassar a discussão sobre «a influência mediterrânica em Portugal capaz de rivalizar com o poderio da influência atlântica». É como o debate estéril entre a vocação atlântica ou a atenção à Europa, que se faz na política. Portugal podia ser uma jangada de pedra entre estes mundos, que aqui se cruzam - das correntes quentes mediterrânicas, das águas frias atlânticas e do vento ibérico. Como escreve Matvejevitch, no texto aqui trazido pelo Diogo: «Na realidade, a península Ibérica é mais um continente que uma península: prolongamento ou extremidade da Europa, ambas as coisas ao mesmo tempo. As suas terras do interior não são mediterrânicas, nem as suas costas o são de modo igual».
Dão-se alvíssaras por este desafio, isso sim.
Por exemplo, Carlos Nuñez, galego de gaita, foi à Bretanha cozinhar um álbum fantástico. Como antes já tinha aportado na costa andaluza e, de outra vez, passado o rochedo de Perejil para dialogar com a música de Marrocos. E desculpem mais esta: Nuñez também já tinha "gaitado" com os irlandeses Chieftains pelos caminhos de «Santiago» (onde se ouve «Não vás ao mar, toino, que o mar está bravo»)...
É este cruzamento, melhor, esta capacidade de cruzar influências, linguagens e culturas que admiro nos povos mediterrânicos e naqueles que "jogam" entre cá e lá. Entre o Atlântico e o Mediterrâneo.
Por isso, prefiro ultrapassar a discussão sobre «a influência mediterrânica em Portugal capaz de rivalizar com o poderio da influência atlântica». É como o debate estéril entre a vocação atlântica ou a atenção à Europa, que se faz na política. Portugal podia ser uma jangada de pedra entre estes mundos, que aqui se cruzam - das correntes quentes mediterrânicas, das águas frias atlânticas e do vento ibérico. Como escreve Matvejevitch, no texto aqui trazido pelo Diogo: «Na realidade, a península Ibérica é mais um continente que uma península: prolongamento ou extremidade da Europa, ambas as coisas ao mesmo tempo. As suas terras do interior não são mediterrânicas, nem as suas costas o são de modo igual».
Dão-se alvíssaras por este desafio, isso sim.
Shooting the picture
Sobre a questão da foto, referida e contestada pelo Marujo.
Deixa-me o companheiro o repto: «Mas insisto: é preciso atirar aos olhos de todos estas imagens, de quem insiste não ver que existe outro mundo - e que um mundo outro é possível».
Ora, aqui está o ponto, mas também a minha descrença.
Uma enorme fila na estrada que dá para a minha aldeia é um acontecimento, toda a gente sai do carro, «Deus do céu, o que terá acontecido?», bradar-se-ia. Agora, uma bicha descomunal na VCI ou na 2ª Circular (ou na Lourenço Peixinho) já é comum. No máximo diz-se: «Dass! Outra vez».
Ora, é deste «Dass!» que eu falo. Claro que as imagens impressionam, chocam, ao mesmo tempo são belas, raras. Mas a solução do problema daquelas pessoas que dão prémios a ganhar aos outros está há muito encontrada. Não se põe é em prática.
A banalização das imagens leva a que aqueles a quem «é preciso atirar aos olhos» as ditas passem cada vez mais ao lado. Cada vez olhas mais para a estética do que para a ética da foto. E a ética da foto parece-me gasta, porque já a WPP percebeu que um «happy time» dá menos publicidade do que a desgraça.
Deixo aqui os vencedores dos anos de 2003 e 2002. E proponho uma visita à página oficial do concurso e atentar no Children’s Jury Prizewinners, fotos escolhidas por crianças. Para que se note a diferença entre as escolhas adultas e as escolhas que são, no fundo, instintivas.
2002
2003
Deixa-me o companheiro o repto: «Mas insisto: é preciso atirar aos olhos de todos estas imagens, de quem insiste não ver que existe outro mundo - e que um mundo outro é possível».
Ora, aqui está o ponto, mas também a minha descrença.
Uma enorme fila na estrada que dá para a minha aldeia é um acontecimento, toda a gente sai do carro, «Deus do céu, o que terá acontecido?», bradar-se-ia. Agora, uma bicha descomunal na VCI ou na 2ª Circular (ou na Lourenço Peixinho) já é comum. No máximo diz-se: «Dass! Outra vez».
Ora, é deste «Dass!» que eu falo. Claro que as imagens impressionam, chocam, ao mesmo tempo são belas, raras. Mas a solução do problema daquelas pessoas que dão prémios a ganhar aos outros está há muito encontrada. Não se põe é em prática.
A banalização das imagens leva a que aqueles a quem «é preciso atirar aos olhos» as ditas passem cada vez mais ao lado. Cada vez olhas mais para a estética do que para a ética da foto. E a ética da foto parece-me gasta, porque já a WPP percebeu que um «happy time» dá menos publicidade do que a desgraça.
Deixo aqui os vencedores dos anos de 2003 e 2002. E proponho uma visita à página oficial do concurso e atentar no Children’s Jury Prizewinners, fotos escolhidas por crianças. Para que se note a diferença entre as escolhas adultas e as escolhas que são, no fundo, instintivas.
2002
2003
14.2.04
O voyeurismo da desgraça
copyright Jean-Marc Bouju,
homem iraquiano conforta o seu filho num centro de detenção para prisioneiros de guerra,
em Najaf, Iraque, 31 de Março de 2003.
Sobre o vencedor do World Press Photo deste ano, interroga-se Primo Galarza se «só as desgraças e os pobres e as guerras têm direito a prémio». E acrescenta: «Elas existem, estão lá, e os fotógrafos captam as imagens que, sim, são chocantes para o mundo ocidental ou ocidentalizado, que vê nestes reflexos o horror de um mundo. Mas um mundo distante.»
Mas, pergunto (como já lhe perguntei), e se este «mundo distante» nem assim nos chegasse? Continuávamos contentinhos da silva a ir de casa para o emprego, do andar de subúrbio para o balcão de repartição ou do condomínio de luxo para o open-space de account manager, e nada nos incomodaria. Uma redoma com direito a tanga, mas uma tanga só nossa.
Escreve ainda o Primo Galarza que não percebe se o «World Press Photo passou a ser uma extensão da Amnistia Internacional ou ou se jurados e fotógrafos se tornaram numa espécie de voyeuristas das desgraças, que sabem que os intelectuais de esquerda e direita, com erros de paralaxe, vão olhar para a foto de lógicas diferentes mas, no fundo, com o mesmo sentimento hedonista: ainda bem que isto é lá, não é cá». Tá bem. Mas insisto: é preciso atirar aos olhos de todos estas imagens, de quem insiste não ver que existe outro mundo - e que um mundo outro é possível.
13.2.04
Um primeiro regresso ao Mediterrâneo
Mediterraneo
[actualização, escrita a 14 de Fevereiro, 11:09 - não há qualquer intencionalidade em comemorar um pretenso São Valentim namoradeiro, com a foto que aqui se coloca. Santos namoradeiros são matéria para outras conversas.]
Pres(s)a de viver
A luz iluminava o interior do carro de alta cilindrada e ela, nos seus 40, lia apressadamente várias páginas de um qualquer documento. Que pressa haverá em despachar mais um relatório enquanto se aguarda o verde do semáforo, antes de chegar a casa, numa sexta-feira à noite?
Um segredo bem guardado
Por pudor, não se revelam segredos partilhados nos nossos locais de trabalho. Mas há outros que permanecem (quase) por revelar se apenas se escrever isto: obrigado, L.
A Cibertúlia é notícia...
Sabe-se lá porquê. Bateram-nos à porta e pediram para nos conhecer - e para ouvir-nos falar de blogues. Não sei se soubemos. Mais tarde poderemos descobrir...
12.2.04
Uma questão de linguagem
«[...] A lei em discussão se "destina àqueles que arriscaram a vida a combater no Ultramar"». Portas dixit, hoje no Parlamento [sublinhado (escusado) nosso].
A «velha» Europa
A mana Jackson, Janet, não teria tido problemas com as autoridades federais americanas. E a provocação estaria lá...
Aconteceu
«Aconteceu quando a gente não esperava
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor»
(Péricles Cavalcanti)
Há dez meses... cantado todos os dias!
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor»
(Péricles Cavalcanti)
Há dez meses... cantado todos os dias!
11.2.04
Há dias assim...
... e semanas assim. Em que o tempo sobra para pouco, mesmo para continuar uma conversa muito interessante com o Diogo - sobre o mediterrâneo. Felizmente, houve cinema em dose dupla. Voltaremos.
Retratos de um país
No fim-de-semana passado foi assim, na inaguração de uma ponte em Entre-os-Rios.
Ontem foi assim, no encontro de 400 empresários & companhia que querem mudar (o) Portugal (deles).
Ontem foi assim, no encontro de 400 empresários & companhia que querem mudar (o) Portugal (deles).
Demasiado previsível
«"Nova vaga" propõe fim do sigilo bancário e liberalização dos despedimentos». 400 cabecinhas pensadoras para isto.
10.2.04
Compromisso... qual?
400 ou mais empresários, gestores, economistas, académicos, neoconservadores, liberais e reformadores. Todos juntos e ao vivo dizem querer criar uma vaga de fundo. A imprensa exultou, o povo não deu por nada. Em Coimbra, 70 trabalhadores foram surpreendidos com o fecho da fábrica. Nas Minas da Panasqueira, mais 220 trabalhadores não vêem qualquer luz ao fundo do túnel.
A única boa notícia é que o «desempregado» da blogosfera, que mantinha (e manterá?) um interessante blogue sobre a crise, arranjou emprego.
A única boa notícia é que o «desempregado» da blogosfera, que mantinha (e manterá?) um interessante blogue sobre a crise, arranjou emprego.
Abril em Março
«Tão pouco e tanto», o genial álbum de Janita Salomé, vai ser ouvido ao vivo no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a 6 de Março. No Grande Auditório, às 21h30.
Juiz, disse ele
Lido no JN de hoje: «Juiz [do escândalo Casa Pia] considera irrelevantes datas de crimes. Despacho sobre Carlos Cruz admite que as testemunhas podem corrigir depoimentos».
Quarto segredo de Fátima
Chama-se «Compromisso Portugal». E, rezam as crónicas, a «nova geração de decisores quer criar vaga de fundo no país».
Rimas para Santana
Atenta aqui o Marujo que nada rima com Lisboa no Gelo. Ora, eis algumas sugestões:
Lisboa no gelo tem pêlo
Lisboa no gelo: antes frio que aquecê-lo
Lisboa no gelo vai bem com grelo
Lisboa no gelo: para quê tê-lo
Lisboa no gelo: antes no talho que no Restelo
Lisboa no gelo: foi o santana que o fê-lo
Como viram, há bastas rimas.
Já agora, companheiro Marujo, credite lá a fotozinha PACE
Lisboa no gelo tem pêlo
Lisboa no gelo: antes frio que aquecê-lo
Lisboa no gelo vai bem com grelo
Lisboa no gelo: para quê tê-lo
Lisboa no gelo: antes no talho que no Restelo
Lisboa no gelo: foi o santana que o fê-lo
Como viram, há bastas rimas.
Já agora, companheiro Marujo, credite lá a fotozinha PACE
9.2.04
As palavras de ordem de Santana
Primeiro tivemos um «Bairro Alto astral». Agora temos «Lisboa on ice é nice» [sic]. Fica a dúvida: "Lisboa no gelo" não rimava com nada? Ou a língua portuguesa nunca foi opção para o novo "brinquedo" de Santana? Fica outra dúvida: por que não se incomodam os puristas, como Vasco Graça Moura ou David Justino, com estas idiotices?
8.2.04
7.2.04
Azia espessa
Há uma semana evitei ler o alegado jornal sério, mas a blogosfera deu conta da coisa. Hoje, não. Resolvi comprá-lo - e, pumba!, passei o dia com um mal-estar geral. Deve ter sido da «nota editorial», eventualmente escrevinhada pelo Grande Arquitecto, que nos anuncia que boas notícias são as «surpreendentes» e que estas são «verdadeiras», depois de devidamente «testadas». Julguei que no jornalismo se cruzam informações, para saber da sua veracidade. Mas parece que não. Testam-se. Deve ser por isso que o Expresso confirmou Oscar Niemeyer como o autor da nova catedral de Lisboa...
6.2.04
Postas longas
Sim, hoje os textos que aqui se colocaram são longos - melhor: são longas citações. Mas são alguns bons exemplos de como as coisas não se moldam a preto e branco. Por mim, no fim-de-semana retomo a conversa com o Diogo sobre o mare nostrum.
Mais uma leitura, adiando o regresso à polémica
Inês Serra Lopes*: «Todos diferentes...»
«O antigo ditador iraquiano foi preso há 56 dias, a 13 de Dezembro. Na comunidade internacional ninguém sabe onde está detido Saddam Hussein nem qual o tribunal que o irá julgar ou qual a lei que será aplicada no julgamento. O mundo foi informado de que Saddam está no Iraque e de que foi declarado prisioneiro de guerra a 10 de Janeiro.
Mas há muito pior. Há Guantánamo, a prisão especial que abriu as portas no início de 2002, quatro meses após o devastador 11 de Setembro. Ainda hoje estão em Guantánamo, entre civis e militares, 660 presos que não podem escolher advogado, não foram acusados de qualquer crime concreto e não têm ideia de como, onde e quando vão ser julgados – se alguma vez o forem (dados da organização Human Rights Watch). A indefinição é quase tão gritante como a indiferença internacional.
As vozes que se têm feito ouvir (pouco) no Ocidente sobre o abandono de toda e qualquer humanidade e igualdade no tratamento de pessoas que podem perfeitamente estar inocentes são de organizações de direitos humanos e de um ou outro partido sem vocação de poder e tendencialmente marginais nos sistemas políticos onde se enquadram – como
o nosso saudável Bloco de Esquerda.
É obrigação elementar de todos os que apoiaram os Estados Unidos exigir agora que seja feita justiça e que se acabe com a indefinição que leva a que centenas de pessoas possam estar presas em Cuba durante dois anos e meio sem qualquer direito, mesmo os mais básicos.
José Manuel Durão Barroso, a quem a Justiça é tão cara e que apoiou os americanos de modo tão "natural", não disse uma palavra sobre o tema.Tem boa companhia: a comunidade internacional tem calado o assunto de forma que é difícil de adjectivar.
Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha continuam a discutir-se os relatórios de inteligência e a sua fiabilidade.
Enquanto isto, a autoridade reguladora dos Estados Unidos vai investigar um seio e as aberturas dos telejornais repetem à exaustão as imagens do peito nu de Janet Jackson no "Super Bowl". A mesma cantora que esta semana, submissa, monopolizou as notícias e comoveu a América pedindo desculpa por ter mostrado o corpo.
Somos todos irremediavelmente iguais.»
* - outra de quem sou insuspeito de gostar muito...
«O antigo ditador iraquiano foi preso há 56 dias, a 13 de Dezembro. Na comunidade internacional ninguém sabe onde está detido Saddam Hussein nem qual o tribunal que o irá julgar ou qual a lei que será aplicada no julgamento. O mundo foi informado de que Saddam está no Iraque e de que foi declarado prisioneiro de guerra a 10 de Janeiro.
Mas há muito pior. Há Guantánamo, a prisão especial que abriu as portas no início de 2002, quatro meses após o devastador 11 de Setembro. Ainda hoje estão em Guantánamo, entre civis e militares, 660 presos que não podem escolher advogado, não foram acusados de qualquer crime concreto e não têm ideia de como, onde e quando vão ser julgados – se alguma vez o forem (dados da organização Human Rights Watch). A indefinição é quase tão gritante como a indiferença internacional.
As vozes que se têm feito ouvir (pouco) no Ocidente sobre o abandono de toda e qualquer humanidade e igualdade no tratamento de pessoas que podem perfeitamente estar inocentes são de organizações de direitos humanos e de um ou outro partido sem vocação de poder e tendencialmente marginais nos sistemas políticos onde se enquadram – como
o nosso saudável Bloco de Esquerda.
É obrigação elementar de todos os que apoiaram os Estados Unidos exigir agora que seja feita justiça e que se acabe com a indefinição que leva a que centenas de pessoas possam estar presas em Cuba durante dois anos e meio sem qualquer direito, mesmo os mais básicos.
José Manuel Durão Barroso, a quem a Justiça é tão cara e que apoiou os americanos de modo tão "natural", não disse uma palavra sobre o tema.Tem boa companhia: a comunidade internacional tem calado o assunto de forma que é difícil de adjectivar.
Nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha continuam a discutir-se os relatórios de inteligência e a sua fiabilidade.
Enquanto isto, a autoridade reguladora dos Estados Unidos vai investigar um seio e as aberturas dos telejornais repetem à exaustão as imagens do peito nu de Janet Jackson no "Super Bowl". A mesma cantora que esta semana, submissa, monopolizou as notícias e comoveu a América pedindo desculpa por ter mostrado o corpo.
Somos todos irremediavelmente iguais.»
* - outra de quem sou insuspeito de gostar muito...
O futebol, sei lá!
«Vinte e dois pares de pernas musculadas atrás de um esférico na tentativa de o entregar às malhas até pode ter o seu quê e fazer algum sentido». Sim, e o seu quê está aqui. Não temos de levar com o Mourinho todos os dias na sopa! Essa é que é essa.
Três leituras, antes de regressar à polémica
Sou insuspeito de gostar muito de Vasco Pulido Valente e José Manuel Fernandes. Mas hoje não resisto a assinar (quase) por baixo os seus textos. Reproduzo na íntegra (ou quase) os seus dois textos. E remato com uma terceira citação, de João Bénard da Costa (deste eu gosto muito e recomendo a leitura na edição impressa porque não tem "link" no Público online).
Vasco Pulido Valente: «Um regresso»
«O CDS não existe no Governo e deixou de existir fora dele. Barroso meteu Portas num beco sem saída. Ninguém toma nota das façanhas que se fazem ou não fazem na Defesa, a não ser para chorar - um tanto irresponsavelmente - o dinheiro que lá se gasta. O ministro da Justiça tem pouco poder e Celeste Cardona não conseguiu sair da mediocridade habitual. Quanto a Bagão Félix, é um senhor sério, um avô respeitável, um pilar da Igreja, que na prática conserva toda a sua independência e não se confunde com o partido a que pela forma aderiu. Ao contrário do que os seus críticos proclamam, a acção do CDS não foi até agora nem de extrema-direita, nem à direita da ortodoxia de Barroso: foi politicamente nula. Para agravar as coisas, cá fora, Paulo Portas perdeu a televisão: Telmo Correia e Pires de Lima não são o ideal do «comunicador»; a Lobo Xavier falta o compromisso e o zelo; e ele próprio, assoprando a sua imagem de estadista, se impediu de entrar no corpo-a-corpo de que, no fim, tudo depende. Não admira que o CDS, sempre um objecto gasoso, esteja em perigo de se esfumar. Paulo Portas precisa de «causas» ou, no mínimo, de «escândalos». Precisa principalmente de «inimigos». Por azar dele, a sombra do PSD não lhe permite tirar grandes lucros da imigração ou da «Europa» e no resto nada, ou quase nada, o distingue. O regresso ao passado - à guerra colonial e à descolonização - serve pelo menos para encher o vazio. Para fingir um princípio e uma originalidade. Hoje, absurdamente, o CDS transformou Soares no seu adversário por excelência e falsifica sem vergonha a história para o combater. Não lhe ocorre que, de caminho, confirma o pior sobre a sua natureza e se afunda numa total irrelevância. Anda por aí, mas com trinta anos de atraso. E cheio de queixinhas.» [sublinhado nosso]
José Manuel Fernandes: «Insultos Cruzados»
«"Sempre reconheci os acertos e os desacertos da colonização portuguesa. Conheço bem a gesta heróica dos portugueses em África - os seus feitos, realizações, lacunas, insuficiências. Nunca condenei a colonização portuguesa em bloco. O Liberalismo e a I República deram passos importantes e positivos. Condenei, sim, o colonialismo de Salazar e Caetano, (....) sobretudo após a II Guerra Mundial".
Esta frase - a meu ver infeliz, sobretudo porque o colonialismo português não era melhor no século XIX e início do século XX do que foi no período salazarista - não foi dita por ninguém de extrema-direita interessado em reescrever a história: foi proferida por Mário Soares na sua entrevista autobiográfica a Maria João Avillez (volume 1, pág. 301). Mais adiante (pág. 318), o próprio acrescenta, a propósito da descolonização: "O que aconteceu é que eu cavalguei a questão africana e comecei a correr à desfilada para ser eu a resolvê-la: na convicção de que poderia solucioná-la melhor do que os outros ou, pelo menos, com menos estragos para o país. Não foi o caso, infelizmente. Reconheço-o".
Cito estas duas frases de Mário Soares apenas para mostrar como é escorregadia uma discussão em torno da descolonização. E como é despropositado usá-la hoje como arma de arremesso entre a esquerda e a direita. No entanto foi isso que se passou ontem na Assembleia após uma escalada de troca de insultos entre o CDS/PP, de um lado, e Soares e o Bloco de Esquerda, do outro.
É difícil recordar o momento exacto em que a discussão descarrilou, pois as culpas são muitas e repartidas. Foi Soares que atacou primeiro, quando chamou "tumor" a Paulo Portas? Ou foi este, quando tratou de forma malcriada Maria Barroso, ao despedi-la da Cruz Vermelha? Tem razão Soares quando insiste na tecla da extrema-direita, ou tal classificação, que tem hoje contornos políticos precisos na Europa, não é identificável com o CDS/PP? E por muito que se possa dizer do comportamento de Mário Soares no processo de descolonização, é aceitável a acusação de "criminoso"? Como reagir quando um deputado - Francisco Louçã - utiliza um termo com a carga de "inimputável" para atacar um membro do Governo? Chamar-lhe também "inimputável" e ameaçar com o dislate de um processo judicial, como fez António Pires de Lima?
Tudo isto está para lá do razoável, mesmo considerando que no debate político é possível uma latitude de linguagem inaceitável noutras áreas. Tudo isto aproxima o nível desse debate daquele a que, desgraçadamente, nos habituámos no mundo do futebol. E tudo isto faz lembrar o pior que conhecemos de desbragamento verbal, ou seja, a forma de intervir de Alberto João Jardim. O que quer dizer que a boçalidade tende a substituir o argumento e o insulto pessoal o debate de ideias. [...]»
João Bénard da Costa: «Uma estrumeira em fermentação»
«Em momentos desres, entre vociferações várias (dentes que rangem de dor, dentes que rangem de raiva), há sempre alguém a dizer que, apesar de tudo, isto há 50 anos era bem pior e há 100 pioríssimo era. Nessas alturas, costumo ir buscar às estantes e a velha edição encadernada da "História de Portugal" de Pinheiro Chagas. [...] Para descobrir as diferenças.» Descubram-nas.
Vasco Pulido Valente: «Um regresso»
«O CDS não existe no Governo e deixou de existir fora dele. Barroso meteu Portas num beco sem saída. Ninguém toma nota das façanhas que se fazem ou não fazem na Defesa, a não ser para chorar - um tanto irresponsavelmente - o dinheiro que lá se gasta. O ministro da Justiça tem pouco poder e Celeste Cardona não conseguiu sair da mediocridade habitual. Quanto a Bagão Félix, é um senhor sério, um avô respeitável, um pilar da Igreja, que na prática conserva toda a sua independência e não se confunde com o partido a que pela forma aderiu. Ao contrário do que os seus críticos proclamam, a acção do CDS não foi até agora nem de extrema-direita, nem à direita da ortodoxia de Barroso: foi politicamente nula. Para agravar as coisas, cá fora, Paulo Portas perdeu a televisão: Telmo Correia e Pires de Lima não são o ideal do «comunicador»; a Lobo Xavier falta o compromisso e o zelo; e ele próprio, assoprando a sua imagem de estadista, se impediu de entrar no corpo-a-corpo de que, no fim, tudo depende. Não admira que o CDS, sempre um objecto gasoso, esteja em perigo de se esfumar. Paulo Portas precisa de «causas» ou, no mínimo, de «escândalos». Precisa principalmente de «inimigos». Por azar dele, a sombra do PSD não lhe permite tirar grandes lucros da imigração ou da «Europa» e no resto nada, ou quase nada, o distingue. O regresso ao passado - à guerra colonial e à descolonização - serve pelo menos para encher o vazio. Para fingir um princípio e uma originalidade. Hoje, absurdamente, o CDS transformou Soares no seu adversário por excelência e falsifica sem vergonha a história para o combater. Não lhe ocorre que, de caminho, confirma o pior sobre a sua natureza e se afunda numa total irrelevância. Anda por aí, mas com trinta anos de atraso. E cheio de queixinhas.» [sublinhado nosso]
José Manuel Fernandes: «Insultos Cruzados»
«"Sempre reconheci os acertos e os desacertos da colonização portuguesa. Conheço bem a gesta heróica dos portugueses em África - os seus feitos, realizações, lacunas, insuficiências. Nunca condenei a colonização portuguesa em bloco. O Liberalismo e a I República deram passos importantes e positivos. Condenei, sim, o colonialismo de Salazar e Caetano, (....) sobretudo após a II Guerra Mundial".
Esta frase - a meu ver infeliz, sobretudo porque o colonialismo português não era melhor no século XIX e início do século XX do que foi no período salazarista - não foi dita por ninguém de extrema-direita interessado em reescrever a história: foi proferida por Mário Soares na sua entrevista autobiográfica a Maria João Avillez (volume 1, pág. 301). Mais adiante (pág. 318), o próprio acrescenta, a propósito da descolonização: "O que aconteceu é que eu cavalguei a questão africana e comecei a correr à desfilada para ser eu a resolvê-la: na convicção de que poderia solucioná-la melhor do que os outros ou, pelo menos, com menos estragos para o país. Não foi o caso, infelizmente. Reconheço-o".
Cito estas duas frases de Mário Soares apenas para mostrar como é escorregadia uma discussão em torno da descolonização. E como é despropositado usá-la hoje como arma de arremesso entre a esquerda e a direita. No entanto foi isso que se passou ontem na Assembleia após uma escalada de troca de insultos entre o CDS/PP, de um lado, e Soares e o Bloco de Esquerda, do outro.
É difícil recordar o momento exacto em que a discussão descarrilou, pois as culpas são muitas e repartidas. Foi Soares que atacou primeiro, quando chamou "tumor" a Paulo Portas? Ou foi este, quando tratou de forma malcriada Maria Barroso, ao despedi-la da Cruz Vermelha? Tem razão Soares quando insiste na tecla da extrema-direita, ou tal classificação, que tem hoje contornos políticos precisos na Europa, não é identificável com o CDS/PP? E por muito que se possa dizer do comportamento de Mário Soares no processo de descolonização, é aceitável a acusação de "criminoso"? Como reagir quando um deputado - Francisco Louçã - utiliza um termo com a carga de "inimputável" para atacar um membro do Governo? Chamar-lhe também "inimputável" e ameaçar com o dislate de um processo judicial, como fez António Pires de Lima?
Tudo isto está para lá do razoável, mesmo considerando que no debate político é possível uma latitude de linguagem inaceitável noutras áreas. Tudo isto aproxima o nível desse debate daquele a que, desgraçadamente, nos habituámos no mundo do futebol. E tudo isto faz lembrar o pior que conhecemos de desbragamento verbal, ou seja, a forma de intervir de Alberto João Jardim. O que quer dizer que a boçalidade tende a substituir o argumento e o insulto pessoal o debate de ideias. [...]»
João Bénard da Costa: «Uma estrumeira em fermentação»
«Em momentos desres, entre vociferações várias (dentes que rangem de dor, dentes que rangem de raiva), há sempre alguém a dizer que, apesar de tudo, isto há 50 anos era bem pior e há 100 pioríssimo era. Nessas alturas, costumo ir buscar às estantes e a velha edição encadernada da "História de Portugal" de Pinheiro Chagas. [...] Para descobrir as diferenças.» Descubram-nas.
5.2.04
A polémica continua
Já está! A polémica por mim lançada foi agarrada pelo Miguel! Adoro polémicas! Ehehe!
E esta é das boas, porque sendo absolutamente inócua e não se prevendo, por isso, que venha a prejudicar alguém, é, ao mesmo tempo, interessante e... edificadora.
Vou, por isso, continuar.
Sem prejuízo dos esperados comentários do Zé Salvado sobre a flora mediterrânica, gostaria de esclarecer duas coisas: em primeiro lugar, eu não disse que Portugal é um país mediterrânico. Sobre isto, poderia ser lançada uma nova polémica... e eu não quero ir por aí. Na verdade, eu próprio não tenho a certeza se acho que Portugal é um país mediterrânico. Tendo a pensar que não... embora gostasse de pensar o contrário. Ou seja, como gosto muito do Mediterrâneo e do que ele representa em termos culturais ou, se quiserem, civilizacionais, eu gostava que Portugal fosse um país mediterrânico; mas, no fundo, acho que não é.
O Miguel tem razão num aspecto: não haja dúvidas que a identidade portuguesa bebe das águas mediterrânicas. Nisso estou de acordo! Mas quando ele insinua que Matvejevitch considera Portugal um país mediterrânico, aí já não tenho tantas certezas. E cito, mais uma vez:
«Na realidade, a península Ibérica é mais um continente que uma península: prolongamento ou extremidade da Europa, ambas as coisas ao mesmo tempo. As suas terras do interior não são mediterrânicas, nem as suas costas o são de modo igual. Os Espanhóis não são um único povo, embora possuam em comum uma pátria, a Espanha: a cordilheira dos Pirinéus contribuiu, mais que a vontade própria deles, para que ficassem juntos. Passados diferentes compuseram a sua história comum: pedaços do país acabaram por conquistar o país inteiro. A Espanha mostrou que isso era possível e qual o respectivo preço. Os dois lados da península foram partilhados por dois mares, pelos horizontes de cada um deles, pelas vocações de um e de outro. O mar interior pouco prometia: os rivais dos Apeninos tinham entrado na corrida mais cedo, mantinham melhores ligações com as outras paragens, possuíam costas mais amenas. O oceano Atlântico permaneceu durante muito tempo desconhecido e parecia perigoso: era ali que havia que procurar a salvação. (Neste período imaginamos geralmente o mundo ibérico em conjunto, a Espanha e Portugal lado a lado.) A Espanha transmitiu uma parte de si mesma ao Novo Mundo: mais uma vez, fraccionou-se e esgotou-se. Mostrou que sabia conquistar melhor que conservar e que partilhava com dificuldade o fruto das suas conquistas (talvez justamente porque ela mesma estava partilhada). Neste novo mundo latino, a sua latinidade perdeu-se. A sua ligação com o Mediterrâneo deixou de a servir.»
Quantas polémicas não poderão estalar a partir de um não muito grande parágrafo... Mas tentemos focar-nos no essencial: Portugal é ou não é um país mediterrânico?
O Miguel traz o argumento musical. Talvez tenha razão quando diz que as sonoridades corsas e sardas são próximas das nossas. Talvez. Mas são certamente mais próximas entre si e das sonoridades catalãs ou occitanas...
Da mesma forma que também podemos encontrar proximidade entre algumas das nossas sonoridades e as sonoridades ditas celtas (galegas, asturianas, bascas, bretãs, galesas, irlandesas, etc.).
Não digo isto para contrariar o Miguel, mas sobretudo para apoiar Matvejevitch: a península Ibérica está culturalmente dividida entre duas massas de água - o Mediterrâneo e o Atlântico.
Seria fácil e tentador encerrar aqui a polémica dizendo que Portugal é mediterrânico e atlântico. Mas eu ainda não estou convencido. E, por isso, a polémica vai continuar: será a influência mediterrânica em Portugal capaz de rivalizar com o poderio da influência atlântica? Dão-se alvíssaras!
E esta é das boas, porque sendo absolutamente inócua e não se prevendo, por isso, que venha a prejudicar alguém, é, ao mesmo tempo, interessante e... edificadora.
Vou, por isso, continuar.
Sem prejuízo dos esperados comentários do Zé Salvado sobre a flora mediterrânica, gostaria de esclarecer duas coisas: em primeiro lugar, eu não disse que Portugal é um país mediterrânico. Sobre isto, poderia ser lançada uma nova polémica... e eu não quero ir por aí. Na verdade, eu próprio não tenho a certeza se acho que Portugal é um país mediterrânico. Tendo a pensar que não... embora gostasse de pensar o contrário. Ou seja, como gosto muito do Mediterrâneo e do que ele representa em termos culturais ou, se quiserem, civilizacionais, eu gostava que Portugal fosse um país mediterrânico; mas, no fundo, acho que não é.
O Miguel tem razão num aspecto: não haja dúvidas que a identidade portuguesa bebe das águas mediterrânicas. Nisso estou de acordo! Mas quando ele insinua que Matvejevitch considera Portugal um país mediterrânico, aí já não tenho tantas certezas. E cito, mais uma vez:
«Na realidade, a península Ibérica é mais um continente que uma península: prolongamento ou extremidade da Europa, ambas as coisas ao mesmo tempo. As suas terras do interior não são mediterrânicas, nem as suas costas o são de modo igual. Os Espanhóis não são um único povo, embora possuam em comum uma pátria, a Espanha: a cordilheira dos Pirinéus contribuiu, mais que a vontade própria deles, para que ficassem juntos. Passados diferentes compuseram a sua história comum: pedaços do país acabaram por conquistar o país inteiro. A Espanha mostrou que isso era possível e qual o respectivo preço. Os dois lados da península foram partilhados por dois mares, pelos horizontes de cada um deles, pelas vocações de um e de outro. O mar interior pouco prometia: os rivais dos Apeninos tinham entrado na corrida mais cedo, mantinham melhores ligações com as outras paragens, possuíam costas mais amenas. O oceano Atlântico permaneceu durante muito tempo desconhecido e parecia perigoso: era ali que havia que procurar a salvação. (Neste período imaginamos geralmente o mundo ibérico em conjunto, a Espanha e Portugal lado a lado.) A Espanha transmitiu uma parte de si mesma ao Novo Mundo: mais uma vez, fraccionou-se e esgotou-se. Mostrou que sabia conquistar melhor que conservar e que partilhava com dificuldade o fruto das suas conquistas (talvez justamente porque ela mesma estava partilhada). Neste novo mundo latino, a sua latinidade perdeu-se. A sua ligação com o Mediterrâneo deixou de a servir.»
Quantas polémicas não poderão estalar a partir de um não muito grande parágrafo... Mas tentemos focar-nos no essencial: Portugal é ou não é um país mediterrânico?
O Miguel traz o argumento musical. Talvez tenha razão quando diz que as sonoridades corsas e sardas são próximas das nossas. Talvez. Mas são certamente mais próximas entre si e das sonoridades catalãs ou occitanas...
Da mesma forma que também podemos encontrar proximidade entre algumas das nossas sonoridades e as sonoridades ditas celtas (galegas, asturianas, bascas, bretãs, galesas, irlandesas, etc.).
Não digo isto para contrariar o Miguel, mas sobretudo para apoiar Matvejevitch: a península Ibérica está culturalmente dividida entre duas massas de água - o Mediterrâneo e o Atlântico.
Seria fácil e tentador encerrar aqui a polémica dizendo que Portugal é mediterrânico e atlântico. Mas eu ainda não estou convencido. E, por isso, a polémica vai continuar: será a influência mediterrânica em Portugal capaz de rivalizar com o poderio da influência atlântica? Dão-se alvíssaras!
O ministro estava enganado. "Elas" continuam...
«Ligou para a Direcção-Geral de Saúde. A sua chamada encontra-se em lista de espera. Obrigado.»
Da geografia dos afectos
O Portugal mediterrâneo não é apenas uma "gaffe" norueguesa. Predrag Matvejevitch de facto - como o Diogo abundantemente transcreve - também o acaba por "fazer" [«Breviário Mediterrânico» foi um dos meus livros de eleição no Verão passado, também para perceber o que se passa lá longe noutras paragens...]. Geograficamente, "strictu sensu", o Mediterrâneo acaba ali no estreito de Gibraltar. Era isso a que se referiam aqueles que falaram em "gaffe" principesca e (no meu caso) "ignorância" dos leitores do PD.
Mas, como insiste o Diogo, a nossa identidade também bebe a fonte mediterrânica. Concordo. Deixo as árvores para o Zé - e pego na música: quem ouve as polifonias corsas (pela mão de Hector Zazou) ou os "sonos" sardos de Elena Ledda não pode deixar de se surpreender com uma sonoridade tão visceralmente próxima de nós! Mas pego num exemplo português muito recente. O último álbum (que outros blogues têm elogiado - e que o "Retorta" nos mostra em fantásticas fotografias) da Ronda dos Quatro Caminhos que é uma «terra de abrigo» para coros alentejanos, uma orquestra sinfónica, vozes e instrumentos portugueses, espanhóis e árabes. É a prova viva que o estreito de Gibraltar é apenas um acidente geográfico. E (não é "gaffe") Predrag Matvejevitch tem razão.
A Ronda dos Quatro Caminhos, in Ocarina
Mas, como insiste o Diogo, a nossa identidade também bebe a fonte mediterrânica. Concordo. Deixo as árvores para o Zé - e pego na música: quem ouve as polifonias corsas (pela mão de Hector Zazou) ou os "sonos" sardos de Elena Ledda não pode deixar de se surpreender com uma sonoridade tão visceralmente próxima de nós! Mas pego num exemplo português muito recente. O último álbum (que outros blogues têm elogiado - e que o "Retorta" nos mostra em fantásticas fotografias) da Ronda dos Quatro Caminhos que é uma «terra de abrigo» para coros alentejanos, uma orquestra sinfónica, vozes e instrumentos portugueses, espanhóis e árabes. É a prova viva que o estreito de Gibraltar é apenas um acidente geográfico. E (não é "gaffe") Predrag Matvejevitch tem razão.
A Ronda dos Quatro Caminhos, in Ocarina
Polémica Mediterrânica
Tendo em conta a enorme adesão à polémica por mim lançada (ver abaixo), não podia deixar de insistir nela, desta feita com argumentos mais "terrenos", numa piscadela de olhos muito pouco subtil aos conhecimentos florestais do Zé Salvado (onde andas?!).
As citações são, uma vez mais, de Matvejevitch.
«A figueira assinala os limites do Mediterrâneo e alarga-os mesmo onde a oliveira recua. Segundo um provérbio rimado da Herzegovina, não é ao Sul a terra "em que o burro não zurra e a figueira não cresce". A alfarrobeira e a amendoeira acompanham-na ao longo dos rios, até ao primeiro afluente mais frio. A laranjeira e o limoeiro desaparecem para além das embocaduras dos rios, consoante os solos: transplantados para a bacia mediterrânica, acabaram por lhe pertencer e por se tornar emblemas dela. As plantas herbáceas, mais resistentes, vão mais longe, ultrapassam as montanhas: estão ali desde sempre. Algumas plantas aromáticas não tardam a desvanecer-se: o alfazema e o rosmaninho. O loendro, a jujubeira, e até o tenaz "maquis", extinguem-se sucessivamente, apesar da sua resistência ao vento. Apenas persiste a romãzeira (que vive nestas regiões há muito tempo), mas um pouco mais a norte torna-se ácida e brava: toma então outros nomes consoante as terras. A salva perde o seu vigor e as suas virtudes medicinais para além da zona mediterrânica; torna-se absinto. Do tamariz e do mirto apenas subsiste o nome, da palmeira e da tamareira a recordação, da alcaparra e do funcho um leve sabor. A composição e o cheiro da cebola e do alho são, perto do mar, sensivelmente diferentes das que têm nas regiões continentais. Os tomates (pomidori, pomos de ouro) são mais vermelhos e firmes na costa: quem poderia supor que também eles provêm de outros litorais? A giesta está inteiramente entregue ao Sul: vai buscar a sua cor amarela e o seu singular perfume à terra mais árida e talvez mesmo ao coração das pedras. Nas regiões meridionais o loureiro parece mais desenvolvido ou orgulhoso; à medida que avança para Norte, as suas folhas apertam-se e encarquilham. A coroa de louros continua a ser o atributo da glória, mesmo onde essa planta só é conhecida através da retórica. A vinha adpata-se, alternando variedades e virtudes, abandonando, ao que parece, algumas características bíblicas, salvo talvez ao longo de três ou quatro rios abençoados que recortam o continente. É muito difícil encontrar a mandrágora, que se tornou rara nestas costas: os marinheiros de Kotor levaram-me até ela, até perto de um rio chamado Ljuta (o Furioso), nas imediações do lago dito de Esculápio, não longe de Konavli, na fronteira entre a antiga República de Ragusa e o actual Montenegro, onde se cruzam o Mediterrâneo católico e o Mediterrâneo ortodoxo.»
Portugal é ou não é mediterrânico?
As citações são, uma vez mais, de Matvejevitch.
«A figueira assinala os limites do Mediterrâneo e alarga-os mesmo onde a oliveira recua. Segundo um provérbio rimado da Herzegovina, não é ao Sul a terra "em que o burro não zurra e a figueira não cresce". A alfarrobeira e a amendoeira acompanham-na ao longo dos rios, até ao primeiro afluente mais frio. A laranjeira e o limoeiro desaparecem para além das embocaduras dos rios, consoante os solos: transplantados para a bacia mediterrânica, acabaram por lhe pertencer e por se tornar emblemas dela. As plantas herbáceas, mais resistentes, vão mais longe, ultrapassam as montanhas: estão ali desde sempre. Algumas plantas aromáticas não tardam a desvanecer-se: o alfazema e o rosmaninho. O loendro, a jujubeira, e até o tenaz "maquis", extinguem-se sucessivamente, apesar da sua resistência ao vento. Apenas persiste a romãzeira (que vive nestas regiões há muito tempo), mas um pouco mais a norte torna-se ácida e brava: toma então outros nomes consoante as terras. A salva perde o seu vigor e as suas virtudes medicinais para além da zona mediterrânica; torna-se absinto. Do tamariz e do mirto apenas subsiste o nome, da palmeira e da tamareira a recordação, da alcaparra e do funcho um leve sabor. A composição e o cheiro da cebola e do alho são, perto do mar, sensivelmente diferentes das que têm nas regiões continentais. Os tomates (pomidori, pomos de ouro) são mais vermelhos e firmes na costa: quem poderia supor que também eles provêm de outros litorais? A giesta está inteiramente entregue ao Sul: vai buscar a sua cor amarela e o seu singular perfume à terra mais árida e talvez mesmo ao coração das pedras. Nas regiões meridionais o loureiro parece mais desenvolvido ou orgulhoso; à medida que avança para Norte, as suas folhas apertam-se e encarquilham. A coroa de louros continua a ser o atributo da glória, mesmo onde essa planta só é conhecida através da retórica. A vinha adpata-se, alternando variedades e virtudes, abandonando, ao que parece, algumas características bíblicas, salvo talvez ao longo de três ou quatro rios abençoados que recortam o continente. É muito difícil encontrar a mandrágora, que se tornou rara nestas costas: os marinheiros de Kotor levaram-me até ela, até perto de um rio chamado Ljuta (o Furioso), nas imediações do lago dito de Esculápio, não longe de Konavli, na fronteira entre a antiga República de Ragusa e o actual Montenegro, onde se cruzam o Mediterrâneo católico e o Mediterrâneo ortodoxo.»
Portugal é ou não é mediterrânico?
Terão baixado as calças?
(uma provocação amiga aos amigos sportinguistas)
A UEFA escolheu o estádio de Alvalade (reconhecidamente a maior e mais colorida casa-de-banho do mundo) para a final da sua Taça. Os portugueses esperam agora ter o Benfica nesse jogo.
Eu também me queixei à Câmara...
... mas ainda não obtive solução, um ano depois. Enquanto isso...
Santana Lopes queixou-se ontem na reunião de câmara do ruído sentido na casa onde actualmente mora, na Rua Garcia de Orta, devido a obras num prédio contíguo ao seu, barulho que o impede de dormir de manhã cedo e perturba também o estudo aos filhos.
Por isso: o presidente da Câmara de Lisboa, Santana Lopes, está a considerar mudar de casa, da zona da Lapa para o Bairro Alto. Uma das hipóteses em vista é o palacete situado na esquina da Rua Fernandes Tomás, no Alto de Santa Catarina, próximo do Adamastor, onde morou Freitas do Amaral.
Senhor presidente, não me arranja um palacetezinho?
Santana Lopes queixou-se ontem na reunião de câmara do ruído sentido na casa onde actualmente mora, na Rua Garcia de Orta, devido a obras num prédio contíguo ao seu, barulho que o impede de dormir de manhã cedo e perturba também o estudo aos filhos.
Por isso: o presidente da Câmara de Lisboa, Santana Lopes, está a considerar mudar de casa, da zona da Lapa para o Bairro Alto. Uma das hipóteses em vista é o palacete situado na esquina da Rua Fernandes Tomás, no Alto de Santa Catarina, próximo do Adamastor, onde morou Freitas do Amaral.
Senhor presidente, não me arranja um palacetezinho?
4.2.04
Alerta amarelo (piada privada)
Este blogue está sob "vigilância". Mas as costas deste escriba são largas. Over and out.
Breviário Mediterrânico
«Não sabemos ao certo até onde vai o Mediterrâneo, nem que parte do litoral ocupa, nem onde acaba, tanto em terra como no mar.» É assim que começa o belíssimo livro de Predrag Matvejevitch, que dá pelo nome de Breviário Mediterrânico. «Os sábios da Antiguidade ensinavam que os confins do Mediterrâneo se situam onde a oliveira se detém», continua. E o parágrafo termina com esta bela frase: «O Mediterrâneo não é apenas uma geografia.»
Aconselho profundamente o resto das 264 páginas, cheias de frases que mereceriam ser citadas e que lançariam ainda maior confusão sobre a tal gaffe do Príncipe da Noruega.
De facto, o PortugalDiário tem razão: do ponto de vista geográfico, Portugal não é banhado pelas águas do Mediterrâneo. Mas seria a isso que se referia o Príncipe? Não domino suficientemente a língua norueguesa (prometo perguntar ao meu irmão um dia destes), mas conheço várias línguas em que seriam facilmente confundíveis as ideias de "banhado pelo Mediterrâeno" e "mediterrânico".
Estou muito pouco preocupado em saber se o Príncipe cometeu ou não uma gaffe. Mas, a propósito, lanço a polémica: Portugal é ou não é um país mediterrânico?
Claro que faço esta pergunta com base nos pressupostos de que o Mediterrâneo não é apenas uma geografia, nem apenas uma história, o que equivale a dizer que as suas fronteiras não se inscrevem nem no espaço nem no tempo. Matvejevitch acrescenta: «Não são históricas, nem étnicas, nem nacionais, nem estatais: círculo de giz que se traça e se apaga constantemente, que ondas e ventos, obras e inspirações alargam ou restringem.»
«A Europa nasceu no Mediterrâneo». Hoje, há quem a queira encerrar aí, transformando o Mediterrâneo num muro que proteja os países ricos da União Europeia das hordas de nómadas da miséria: os albaneses que se dirijem a Itália através do Adriático ou os africanos que se dirijem a Espanha através do estreito de Gibraltar, são apenas dois exemplos.
Infelizmente, como nos lembra Bernard Ravenel na sua obra Méditerranée, l'impossible mur, a liberdade de movimentos e de cidadania existe apenas para as mercadorias e os capitais: «pour le reste, entre pays pauvres et pays riches est en train de s'élaborer une nouvelle science de la frontière, une nouvelle technologie de l'exclusion.»
Neste triste sentido, Portugal é, cada vez mais, um país mediterrânico. Ironicamente, do grupo dos ricos.
Mas contra esta imagem triste e descolorida, vale a pena lembrar que o Mediterrâneo, sendo o berço da Europa, é-o também do Magrebe; sendo o berço do cristianismo, é-o também do judaísmo e da islamismo; de Atenas e Roma, mas também de Jerusalém, Alexandria e Constantinopla; das artes gregas e do direito romano, mas também da ciência árabe; da poesia provençal e do renascimento italiano, mas também da cultura dos eslavos do sul (isto é, dos jugoslavos).
Limitar o Mediterrâneo à sua componente europeia/ocidental é «reduzir ou deformar o alcance e o conteúdo do Mediterrâneo.»
Neste sentido tão alegre e tão rico, Portugal parece, cada vez mais, não querer ser um país mediterrânico. Ironicamente, isso faz-nos mais pobres.
Aconselho profundamente o resto das 264 páginas, cheias de frases que mereceriam ser citadas e que lançariam ainda maior confusão sobre a tal gaffe do Príncipe da Noruega.
De facto, o PortugalDiário tem razão: do ponto de vista geográfico, Portugal não é banhado pelas águas do Mediterrâneo. Mas seria a isso que se referia o Príncipe? Não domino suficientemente a língua norueguesa (prometo perguntar ao meu irmão um dia destes), mas conheço várias línguas em que seriam facilmente confundíveis as ideias de "banhado pelo Mediterrâeno" e "mediterrânico".
Estou muito pouco preocupado em saber se o Príncipe cometeu ou não uma gaffe. Mas, a propósito, lanço a polémica: Portugal é ou não é um país mediterrânico?
Claro que faço esta pergunta com base nos pressupostos de que o Mediterrâneo não é apenas uma geografia, nem apenas uma história, o que equivale a dizer que as suas fronteiras não se inscrevem nem no espaço nem no tempo. Matvejevitch acrescenta: «Não são históricas, nem étnicas, nem nacionais, nem estatais: círculo de giz que se traça e se apaga constantemente, que ondas e ventos, obras e inspirações alargam ou restringem.»
«A Europa nasceu no Mediterrâneo». Hoje, há quem a queira encerrar aí, transformando o Mediterrâneo num muro que proteja os países ricos da União Europeia das hordas de nómadas da miséria: os albaneses que se dirijem a Itália através do Adriático ou os africanos que se dirijem a Espanha através do estreito de Gibraltar, são apenas dois exemplos.
Infelizmente, como nos lembra Bernard Ravenel na sua obra Méditerranée, l'impossible mur, a liberdade de movimentos e de cidadania existe apenas para as mercadorias e os capitais: «pour le reste, entre pays pauvres et pays riches est en train de s'élaborer une nouvelle science de la frontière, une nouvelle technologie de l'exclusion.»
Neste triste sentido, Portugal é, cada vez mais, um país mediterrânico. Ironicamente, do grupo dos ricos.
Mas contra esta imagem triste e descolorida, vale a pena lembrar que o Mediterrâneo, sendo o berço da Europa, é-o também do Magrebe; sendo o berço do cristianismo, é-o também do judaísmo e da islamismo; de Atenas e Roma, mas também de Jerusalém, Alexandria e Constantinopla; das artes gregas e do direito romano, mas também da ciência árabe; da poesia provençal e do renascimento italiano, mas também da cultura dos eslavos do sul (isto é, dos jugoslavos).
Limitar o Mediterrâneo à sua componente europeia/ocidental é «reduzir ou deformar o alcance e o conteúdo do Mediterrâneo.»
Neste sentido tão alegre e tão rico, Portugal parece, cada vez mais, não querer ser um país mediterrânico. Ironicamente, isso faz-nos mais pobres.
O Mediterrâneo no Algarve
É um "fait-divers", divertido, quase inócuo. O príncipe regente norueguês, Haakon Magnus, cometeu uma "gaffe" no seu discurso durante o banquete em honra de Jorge Sampaio, refere hoje a imprensa norueguesa. Os jornais destacam em primeira página que Haakon Magnus referiu-se a Portugal como sendo um país banhado pelo Mediterrâneo.
É um "fait-divers" quase inócuo, mas depois de ler comentários de leitores do PortugalDiário que garantem a pés juntos que não há "gaffe" alguma, porque a água algarvia até é mais quente, começo a ficar preocupado... Por outro lado, é todo um novo mundo que se abre aos publicitários que têm de promover a imagem do reino dos algarves.
É um "fait-divers" quase inócuo, mas depois de ler comentários de leitores do PortugalDiário que garantem a pés juntos que não há "gaffe" alguma, porque a água algarvia até é mais quente, começo a ficar preocupado... Por outro lado, é todo um novo mundo que se abre aos publicitários que têm de promover a imagem do reino dos algarves.
3.2.04
O ecumenismo (outro post aberto a Tiago*)
Acompanho a sua Voz há muito. Por me fazer reflectir. Por me divertir, também. E porque sim!
Sou católico, nunca o escondi aqui. E alimento este blogue (acompanhado de outros amigos) com as minhas (nossas) preocupações - que vão da política ao desporto, do cinema à religião.
Em Setembro passado, li com atenção as suas "aulas" de «Religião e Moral». Agora acompanhei a sua «exegese». Senti-me interpelado, por não se querer ecuménico (digamos assim):
- por causa do ecumenismo, que me abriu portas para um entendimento diferente da Palavra e da celebração (aliás, a noção de Festa fui bebê-la em celebrações ecuménicas ou de outras igrejas cristãs);
- por causa da Festa: não percebi se prefere uma celebração que seja apenas ritualista, ou se pelo contrário acha pertinente trazer expressões da Cultura e da Arte para o seio das celebrações da sua Igreja;
- por causa ainda da expressão da fé "fora de portas": «É assunto daqueles que lá estão. Exclusivamente». E por ter escrito, nos últimos dias, que «a propaganda pertence aos que clamam por Barrabás - os que nunca perdoaram Jesus por ter vindo por causa da alma e não por causa da política».
Perante a afirmação que faz - «Deixa-nos espaço para que as igrejas se dediquem à fé e não à voluptuosa transformação do mundo» -, pergunto-me(lhe): não deve a nossa fé interpelar-nos para a constante vontade de transformar o mundo. Sei que nos posicionamos politicamente de modo diverso: mas à "direita" e à "esquerda" a fé não deve ser constante interpelação do quotidiano?
* - para leitores ocasionais ou outros, aconselho ainda uma outra interpelação a Tiago, do amigo CC.
Sou católico, nunca o escondi aqui. E alimento este blogue (acompanhado de outros amigos) com as minhas (nossas) preocupações - que vão da política ao desporto, do cinema à religião.
Em Setembro passado, li com atenção as suas "aulas" de «Religião e Moral». Agora acompanhei a sua «exegese». Senti-me interpelado, por não se querer ecuménico (digamos assim):
- por causa do ecumenismo, que me abriu portas para um entendimento diferente da Palavra e da celebração (aliás, a noção de Festa fui bebê-la em celebrações ecuménicas ou de outras igrejas cristãs);
- por causa da Festa: não percebi se prefere uma celebração que seja apenas ritualista, ou se pelo contrário acha pertinente trazer expressões da Cultura e da Arte para o seio das celebrações da sua Igreja;
- por causa ainda da expressão da fé "fora de portas": «É assunto daqueles que lá estão. Exclusivamente». E por ter escrito, nos últimos dias, que «a propaganda pertence aos que clamam por Barrabás - os que nunca perdoaram Jesus por ter vindo por causa da alma e não por causa da política».
Perante a afirmação que faz - «Deixa-nos espaço para que as igrejas se dediquem à fé e não à voluptuosa transformação do mundo» -, pergunto-me(lhe): não deve a nossa fé interpelar-nos para a constante vontade de transformar o mundo. Sei que nos posicionamos politicamente de modo diverso: mas à "direita" e à "esquerda" a fé não deve ser constante interpelação do quotidiano?
* - para leitores ocasionais ou outros, aconselho ainda uma outra interpelação a Tiago, do amigo CC.
A descolonização da Defesa
Hoje, em comunicado timbrado do Ministério da Defesa Nacional, assinado pelo «TCor Inf Vasco Francisco de Melo Parente de Alves Pereira, chefe da SIPRP/GabCEME», lê-se a seguinte prosa:
«Por motivo do falecimento do Excelentíssimo Tenente General Kaúlza Oliveira de Arriaga, difunde-se a seguinte informação:
Hoje, 03 de Fevereiro de 2004, pelas 13h00, o corpo do Exmo TGen Kaúlza de Arriaga será depositado na capela do Hospital Militar Principal (Estrela) onde permanecerá em câmara ardente [...], hora a que se celebrará missa de corpo presente [...].» [sublinhados nossos]
Dúvida: um dia, com a morte do tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, o comunicado terá o mesmo tom cerimonioso?
«Por motivo do falecimento do Excelentíssimo Tenente General Kaúlza Oliveira de Arriaga, difunde-se a seguinte informação:
Hoje, 03 de Fevereiro de 2004, pelas 13h00, o corpo do Exmo TGen Kaúlza de Arriaga será depositado na capela do Hospital Militar Principal (Estrela) onde permanecerá em câmara ardente [...], hora a que se celebrará missa de corpo presente [...].» [sublinhados nossos]
Dúvida: um dia, com a morte do tenente-coronel Otelo Saraiva de Carvalho, o comunicado terá o mesmo tom cerimonioso?
Encontrámo-las!
130 milhões de americanos viram isto*. Menos Bush, que estava a dormir. Agora, vai ser feito um inquérito federal à roupa que se "abriu"... Afinal, as armas de destruição maciça estavam na América!
* - isto é: Janet Jackson e Justin Timberlake cantavam no intervalo da final do SuperBowl (final do campeonato de futebol americano) quando um movimento do rapaz "desvelou" a mama da rapariga.
* - isto é: Janet Jackson e Justin Timberlake cantavam no intervalo da final do SuperBowl (final do campeonato de futebol americano) quando um movimento do rapaz "desvelou" a mama da rapariga.
Os enganadores por eles mesmos
Derlei: «Há muito teatro no futebol», in MaisFutebol, a 23/10/2002
O número anormal e excessivo de faltas cometidas durante o F.C. Porto-Benfica não impressiona Derlei, que, inclusive, admite tratar-se de uma quantidade «nomal para um clássico». «Tratando-se de um jogo tão importante, é natural que o jogador chegue um pouco mais duro no lance», justifica o brasileiro.
Derlei chega a comparar as queixas benfiquistas a «uma tempestade num copo de água», enquanto lembra que jogadores do F.C. Porto já foram alvos de agressões e casos semelhantes. «No futebol há muito teatro, jogadores que tentam iludir os árbitros e as pessoas vivem reclamando», argumenta.
Derlei tem também uma boa explicação para o facto de o F.C. Porto ser uma das equipas que mais faltas comete: «Nós não esperamos pelo adversário, jogamos em cima dele e isso promove o contacto físico. Mas não vamos mudar pelo facto de nos assinalarem muitas faltas».
O número anormal e excessivo de faltas cometidas durante o F.C. Porto-Benfica não impressiona Derlei, que, inclusive, admite tratar-se de uma quantidade «nomal para um clássico». «Tratando-se de um jogo tão importante, é natural que o jogador chegue um pouco mais duro no lance», justifica o brasileiro.
Derlei chega a comparar as queixas benfiquistas a «uma tempestade num copo de água», enquanto lembra que jogadores do F.C. Porto já foram alvos de agressões e casos semelhantes. «No futebol há muito teatro, jogadores que tentam iludir os árbitros e as pessoas vivem reclamando», argumenta.
Derlei tem também uma boa explicação para o facto de o F.C. Porto ser uma das equipas que mais faltas comete: «Nós não esperamos pelo adversário, jogamos em cima dele e isso promove o contacto físico. Mas não vamos mudar pelo facto de nos assinalarem muitas faltas».
2.2.04
Instituto de apoio à D.Cardona
A página neste clique anuncia o INSTITUTO NACIONAL DE CARDOLOGIA PREVENTIVA, para quem sofre de retenção e outros males aposentados. A visitar em «Apontadores», na página referida.
Dois lados da questão
Quinta-feira foi dia da incontinência urinária. Hoje é dia mundial das zonas húmidas. Isso mesmo. E como lembram os nossos ambientalistas: «As zonas húmidas continuam mal geridas e precisam urgentemente de planos de ordenamento, de gestão e de medidas de recuperação».
Respigador de fim-de-semana
O engano de José Manuel Fernandes. «O relatório Hutton é de um maniqueísmo extremo: o juiz condena a BBC por considerar que o seu sistema editorial falhou - não confirmou como devia a prova da manipulação governamental - e "absolve" o Governo que partiu para uma invasão territorial sem confirmar como devia as informações dos seus serviços secretos.» Ana Sá Lopes, in Público.
O garoto expresso. «Não há cura. Trinta anos depois, temos saudades de Salazar e continuamos talhados para a ditadura.» João Pereira Coutinho, in Expresso [lido no Barnabé].
Se o garoto fosse inteligente e responsável apresentava-lhe Maria C., vítima de tortura às mãos da PIDE de Salazar.
O garoto expresso. «Não há cura. Trinta anos depois, temos saudades de Salazar e continuamos talhados para a ditadura.» João Pereira Coutinho, in Expresso [lido no Barnabé].
Se o garoto fosse inteligente e responsável apresentava-lhe Maria C., vítima de tortura às mãos da PIDE de Salazar.
(breve nota editorial sobre imagens trocadas)
Basta fazer "scroll" e ler alguns textos mais antigos. As imagens não batem a bota com a perdigota: quando se elogia a primeira página de A Bola sobre Fehér aparece João Pinto a dizer que jogaram melhor. Quando se põe «a última vontade» acompanhada da reflexão de Luís Afonso no seu "Barba e Cabelo" (também sobre Fehér) surge uma outra conversa sobre José Mourinho. Coisas da bola (e dos computadores, é certo)!
1.2.04
Sweet Texas
Convém não esquecer que a santíssima trindade Bush (pai, filho e avô*) soube durante mais de 20 anos quem era Saddam e continuou alegremente a negociar.
(inspirado aqui)
* - e todos os anjos deste corpo celestial, como se prova por esta foto
(inspirado aqui)
* - e todos os anjos deste corpo celestial, como se prova por esta foto
posto em sossego
Não li o Expresso este fim-de-semana. E continuo sem ler. Li apenas uns zunzuns pelos blogues. Mas, entre a incredulidade e o espanto, achei que estava a ler ecos do Inimigo Público. Vou continuar a ignorá-lo.
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