Sobre a questão da foto, referida e contestada pelo Marujo.
Deixa-me o companheiro o repto: «Mas insisto: é preciso atirar aos olhos de todos estas imagens, de quem insiste não ver que existe outro mundo - e que um mundo outro é possível».
Ora, aqui está o ponto, mas também a minha descrença.
Uma enorme fila na estrada que dá para a minha aldeia é um acontecimento, toda a gente sai do carro, «Deus do céu, o que terá acontecido?», bradar-se-ia. Agora, uma bicha descomunal na VCI ou na 2ª Circular (ou na Lourenço Peixinho) já é comum. No máximo diz-se: «Dass! Outra vez».
Ora, é deste «Dass!» que eu falo. Claro que as imagens impressionam, chocam, ao mesmo tempo são belas, raras. Mas a solução do problema daquelas pessoas que dão prémios a ganhar aos outros está há muito encontrada. Não se põe é em prática.
A banalização das imagens leva a que aqueles a quem «é preciso atirar aos olhos» as ditas passem cada vez mais ao lado. Cada vez olhas mais para a estética do que para a ética da foto. E a ética da foto parece-me gasta, porque já a WPP percebeu que um «happy time» dá menos publicidade do que a desgraça.
Deixo aqui os vencedores dos anos de 2003 e 2002. E proponho uma visita à página oficial do concurso e atentar no Children’s Jury Prizewinners, fotos escolhidas por crianças. Para que se note a diferença entre as escolhas adultas e as escolhas que são, no fundo, instintivas.
2002
2003