Na noite de sexta-feira fiz uma pausa. Adriana Calcanhotto cercou-me num bonito jardim encostado ao Convento de Mafra: simpática, generosa, «com os dedos enregelados». O país afundava-se de vez na fractura quase irremediável que se desenha há muitos meses (dois anos?) no uso do poder. Há quem só saiba governar assim: sem questões fracturantes, mas rachando o país em bons e maus, e em que os outros são sempre maus, sem possibilidade de diálogo ou troca de ideias.
Na quinta-feira tinha estado no Parlamento. O turbilhão sussurrava-se, mas ninguém o admitia. E no hemiciclo a indolência, a má educação, quer na postura (palavra abusada para tudo e para nada, mas que aqui significa literalmente a posição na cadeira), quer na vozearia (que outro nome se dá à gritaria?) de deputados, como Isménia Silva (quem?), Álvaro Castelo-Branco, Diogo Feio ou Nuno Melo e outros desconhecidos.
Regresso à sexta-feira à noite. Feito o parêntesis a Sampaio (ninguém é de ferro!), Adriana faz-nos acreditar noutro país. Ela gosta de Portugal. Mas ela apenas nos encanta - e se encanta - de passagem. Assim, é fácil. Todos os dias, é pior. Todos os dias, cansa. Muito.