«O decretar pelo Governo de luto nacional pela morte de Carlos Paredes causa perplexidade. Não porque Carlos Paredes não seja uma personalidade digna de tal distinção. É claro que é. A sua obra e o seu génio engrandeceram e enriqueceram o país e, por isso, deve ser distinguido na morte como o devia ter sido em vida.
A questão é outra. Por que razão não foi decretado luto nacional quando da morte de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Maria e Lourdes Pintasilgo? Porque em causa estão duas mulheres? Quais os critérios que o protocolo de Estado e o Ministério dos Negócios Estrangeiros usam para decidir sobre quem é susceptível de tal homenagem? O Presidente da República não tinha obrigação de estar atento? [...]
Mesquinho país onde a ignorância atrevida é compensada com comendas e benesses e o conluio negocista e caciqueiro impera, e que ignorou duas mulheres cuja dimensão humana é maior, muito maior que as suas apertadas e ridículas fronteiras.»
[São José Almeida, Público]