Às vezes, apetecia-me saber escrever como CVM, o Outro Eu. Transcrevo-o, para ajudar a reflexões aqui feitas - e que se encontram mais abaixo:
«Qualquer bom boato precisa de boa publicidade. Se não tiver quem o transmita, pára perto. Sendo o megafone da publicidade consideravelmente mais potente que a voz que o propaga tanto melhor (para o boato, claro). José Pacheco Pereira tornou-se o maior divulgador de um blogue de boatos sobre a Casa Pia. Primeiro no Abrupto. Desde ontem, também na televisão. Quantos dos espectadores do Jornal da Noite, da SIC, já teriam ouvido falar do tal blogue? Todos? Não, certamente. Quantos terão ficado com vontade de o ir 'espreitar' para 'tirar a limpo' o que diz Pacheco Pereira? Muitos, decerto. Aquilo que Pacheco Pereira fez foi uma irresponsabilidade. Concordo com o que diz sobre o tal blogue. Bastava tê-lo dito uma vez. O que não posso é estar de acordo com a publicidade que não pára de lhe dar. De resto, Pacheco Pereira sabe-o. Por isso, escrevia ontem no Abrupto, numa espécie de antecipada justificação, esta frase: "a maioria dos nossos actos tem o efeito contrário da sua intenção. Pensando bem, teria que ser assim, porque os nossos actos são simples na sua intencionalidade e o mundo demasiado complexo para a manter. Logo à noite vou provar desta medicina". Mas Pacheco Pereira precisava de um tema juicy para inaugurar o blogue televisivo de domingo, na SIC. Imagino a satisfação dos promotores das denúncias anónimas a esfregarem as mãos de contentes e a repetirem a máxima: 'não importa que falem bem ou mal de nós, o que interessa é que falem de nós'. Pacheco Pereira deu-lhes ontem mais uma ajuda.»
[O sublinhado é nosso.]
Um detalhe, ou talvez não: o blogue citado (não faço "links"), está fechado. Aparentemente. Um leitor do PortugalDiário sustenta que o culpado é Pacheco Pereira, que os «assustou».