28.4.06

Reposto o descanso

São sempre dias atípicos, semanas estranhas estas, em que feriados se misturam com doses grandes de trabalho, em que o reencontro com amigos se faz de momentos apressados à volta de um prato de tapas e umas cañas, numa rua do centro de Lisboa, ou em almoços festivos e demorados, na sala soalheira destes dias de Primavera.
Este blogue anda assim, entre o sol que liberta os umbigos, as pausas e as arritmias de feriados e dias úteis, a vontade pequena de perder mais do que dois segundos com políticos e futebóis, justiça e saúde, educação e moral, não necessariamente por esta ordem.
A cura para estes pólenes já aí vêm: uns dias mais de descanso. Sem alergias, o regresso faz-se a 1 de Maio, dia do trabalhador, bem escasso por estes dias.

27.4.06

Reposta a lavoura



Manifestação de agricultores em Évora, hoje.

[foto NUNO VEIGA/LUSA]

Reposta a alegria

Justiça e amor no mundo actual.

26.4.06

Reposta a normalidade

O PSD é contra as SCUT, nunca acabou com elas. O PSD acha que há funcionários públicos a mais, nunca os quis despedir. O PSD foi governo durante três anos com maioria com o PP. Agora na oposição lembra-se das medidas impopulares.

Reposta a legalidade

Pinto da Costa e Valentim Loureiro são ilibados do Apito Dourado e nem um sobressalto entre os que todos os dias clamam pelo descrédito da justiça.

Reposta a originalidade

Os novos campeões de futebol de Portugal não festejaram o seu feito. DesCOnfiam dele. Preferem vomitar insultos. Pequeninos, pequeninos.

25.4.06

Isto também é o 25 de Abril!


Esta imagem é da Lusa. Foi hoje publicada com a seguinte legenda: "Comemorações do 25 de Abril. Turistas trocaram os festejos comemorativos dos 32 anos da revolução de 25 de Abril de 1974, por um bom 'bronze' nas praias algarvias, terça-feira, 25 de Abril de 2006."

Esta imagem também é do 25 de Abril. Estas turistas comemoram à sua maneira a data. Esta comemoração não seria possível no país do 24 de Abril. Este post não existiria no país do 24 de Abril. Este blogue não existiria nesse país. Esse país acabou há 32 anos.

[foto LUIS FORRA/LUSA]

21.4.06

A fabricação de santos


Fábrica de santos

O primeiro volume da "Autobiografia Política" de Cavaco estava ontem colocado discretamente na secção das biografias de santos da livraria Paulus, na Baixa. O segundo volume ainda deve estar em apreciação na Congregação para as Causas dos Santos pelo cardeal Saraiva.

[adenda: o seu a seu dono, este post partiu de uma observação do Rui, a quem pedi para publicar.]

20.4.06

[pressa]

O lançamento correu bem, garantem-me. Cheguei já no fim, os croquetes pareciam bons, o sumo devia ser fresquinho, mas a pressa tem destas coisas: saí sem provar nem ouvir nada. Mas já tenho leitura para estes dias. Antes da Revolução.

[convite]


Assim, de repente, eu que só li umas quantas páginas nas provas, parece-me um livro a ler, obrigatoriamente, para questionar, aprender e limpar o sótão das ideias feitas. Passe a publicidade, claro.

Fechado para mudança de ramo

19.4.06

Goodfellas

Pelo menos 2 148 pessoas foram executadas, em 2005, no mundo, 94 por cento das quais na China, Irão, Arábia Saudita e EUA, revelou a Amnistia Internacional.

Ir ao Rossio, hoje

Eu não posso ir ao Rossio, hoje. Se fosse, justificar-me-ia assim, como escreve o Rui Almeida:
"Só soube que fazia agora 500 anos que tinha havido um massacre de judeus em Lisboa quando o Nuno Guerreiro falou disso, há uns meses. Nunca me falaram de tal coisa na escola... Mesmo do facto de ter havido expulsões de grupos étnicos, ao longo da história, no nosso país, só me apercebi que eram uma realidade significativa a partir de leituras menos canónicas que a dos manuais escolares.
Logo à tarde, irei passar pelo Rossio. Irei, sobretudo, para me lembrar de que os que mataram professavam a mesma fé que eu professo, que rezavam o mesmo credo que eu, que, de acordo com o que acredito, são parte do mesmo corpo que eu: a Igreja. Não posso afirmar o que faria se vivesse naquele tempo e naquelas condições (acho até este tipo de especulação estéril e inútil), mas sei que sou da mesma condição e sujeito às mesmas fraquezas daqueles que cometeram ou foram cúmplices de tal crime. Por isso peço para eles o perdão de Deus e a Deus peço que me ajude em cada momento da minha vida a manter a lucidez para evitar a violência e ajudar a construir a paz."

Retomo um breve relato de há dias


Afinal, o que se pode dizer de uma missa dita em incompreensível húngaro e de um episódio de Sete Palmos de Terra? É simples.

* - na foto: janela da Igreja da Madalena (ruínas), na colina do Castelo, em Budapeste, Abril de 2006.

18.4.06

Em extinção (reverso)

na Ponte das Correntes, Budapeste, foto MM, Abril de 2006

O Trabant é enganador. Vi apenas uns quantos, a acelerar por entre o trânsito. E uns tantos mais primos, os Lada. O parque automóvel de Budapeste é coisa já deste mundo, feito também de Hummers e bêémes ou Mercedes. Coisas caras. A cidade muda, há obra que se faz, o Parlamento em obras, igrejas, casas de cultura, um sem fim de guindastes, para desespero do turista acidental de máquina fotográfica em punho. Há um estranho (a)criticismo da ditadura comunista, em que se fala muito de 1956 e pouco do que se lhe seguiu. Afinal, lê-se na imprensa inglesa que ali se publica, o Governo dos socialistas (herdeiros - mais de nome que ideologia - do anterior regime, agora aliados aos liberais) é amigo do investimento privado e estrangeiro e a oposição de direita bate no peito perante a invasão de fora, clamando contra a dissolução de costumes juvenis, na poprock (sempre a rock'n'rollar) e nos mcdonalds, numa cidade ainda pouco virada para o franchising. O mundo não é a preto e branco definitivamente. Eu procuro nas estantes de CD os Muzsikás que cantam Bela Bártok e o folclore campesino da Transilvânia. O goulash é um prato muito condimentado que mistura carnes e enchidos e a inevitável paprica. A acompanhar com a excelente Dreher, que escorre bem em garrafas encorpadas de 50 cl, sem publicidade extra. Gosto desta sopa.

17.4.06

A derrota das couves e alforrecas

[divulgados hoje]

Top Bertrand:
1º (N) - «Diário da tua ausência» - Margarida R. Pinto
2º (1º) - «À primeira vista» - Nicholas Sparks
3º (N) - «Primeiro as senhoras» - M. Zambujal
4º (3º) - «Uma chuva de diamantes» - Sveva Casati Modignani
5º (N) - «As loucuras de Brooklyn» - Paul Auster
6º (N) - «No país dos jeitosos» - J. Pedro Gomes
7º (6º) - «O Codex 632» - José Rodrigues dos Santos
8º (7º) - «O Eduquês em discurso directo -
Uma crítica da pedagogia romântico e construtiva» - Nuno Crato
9º (N) - «Correspondência de Sophia de Mello Breyner
e Jorge Sena 1959 - 1978»
10º (8º) - «Freaknomics - O estranho mundo da economia»
- Steven D. Levitt

Top FNAC:
1º (N) - «Diário da tua ausência» - Margarida R. Pinto
2º (N) - «As loucuras de Brooklyn» - Paul Auster
3º (1º) - «à primeira vista» - N. Sparks
4º (4º) - «A inutilidade do sofrimento» - M. Jesus A. Reyes
5º (2º) - «Uma chuva de diamantes» - S. C. Mondignani
6º (5º) - «O Codex 632» - J. R. dos Santos
7º (3º) - «O Eduquês em discurso directo -
Uma crítica da pedagogia romântico e construtiva» - N. Crato
8º (6º) - «Freaknomics - O estranho mundo da economia» - S. D. Levitt
9º (N) - «Primeiro as senhoras» - M. Zambujal
10º (N) - «O código Stravinci» - Tony Clements

A produtividade, de novo

As 25 melhores empresas para trabalhar em Portugal estão hoje na Dia D, revista de economia do Público. Todas elas, sem excepção, têm pontos a melhorar (com mais ou menos variáveis são estes os aspectos referidos): "remunerações", "distribuição de lucros", "reconhecimento", "promoções", "regalias", "favoritismo" ou "equilíbrio entre vida pessoal e profissional". Afinal, de que lado está o problema da produtividade? Dos empregadores, claro: eles recebem muito mais dos seus colaboradores do que efectivamente dão.

O cantinho do democrata

Os portistas não deixarão de sublinhar que o FC Porto pode festejar mais um título no Estádio 25 de Abril.

Em extinção


Trabant, foto MM, em Buda, na colina do Castelo


Cá vou eu no meu Traby
De bar em bar a aviar
Sempre a abrir a noite toda
Sempre a rock & rollar

Charro aqui charro ali
Mais um vodka p'ra atestar
Corro Peste corro Buda
Sempre a rock & rollar

As noites de Budapeste
São noites de rock & roll

P'las caves da cidade
São só bandas a tocar
Pondo tudo em alvoroço
Tudo a rock & rollar

Mulheres lindas de morrer
Mini-saias a matar
Não tem fim o reboliço
Tudo a rock & rollar

As caves de Budapeste
São caves de rock & roll

Cá vou eu no meu Traby
De bar em bar a aviar
Sempre a abrir a noite toda
Sempre a rock & rollar

Charro aqui charro ali
Mais um vodka p'ra atestar
Sempre a abrir a noite toda
Sempre a rock & rollar'

As noites de Budapeste
São noites de rock & roll

(Budapeste, letra de Adolfo Luxúria Canibal, Mão Morta)

14.4.06

[mistérios da vida]

Ontem, a missa do lava-pés ouvi-a em húngaro, numa das mais belas igrejas que visitei até hoje - Mátyás templom, em Budapeste. Não percebi quase nada: apenas a cadência da oração, o Jezsus vivido ou o ámen universal. Na longa celebração, a estranheza da língua cuidou do tempo de outro modo. Com um coro, como nunca ouvi numa igreja portuguesa - a música tornada contemplação, e não acrescento pop para arregimentar jovens. E depois o silêncio e a luz. Közsönöm!

8.4.06

Coisas boas


Celebrar a vida. Festejar momentos únicos. Descobrir portos novos (uma surpresa única): uma semana para descansar.

* - a foto tem como título: Felizes os pacíficos porque é deles o reino dos Céus, e é da autoria de François Rousseau, para uma (sacrilégio) campanha publicitária da Renova. [voltamos depois, boa Páscoa!]

Liftings

Nas casas do lado, há novidades. Cinerama: de cara lavada, com a qualidade de sempre e os filmes que encantam. E Deus Criou a Mulher: uma operação completa, com mais espaço para a contemplação.

7.4.06

Kunami, fresquinho


Ao fundo das escadas rolantes da FNAC do Chiado, João Pedro George é a nova margarida-rebelo-pinto-da-semana, no escaparate onde habitualmente se vendem Sparcks e Coelhos, com 2-dois-2 livros (o "Couves e Alforrecas", com MRP dissecada, e "Não é fácil dizer bem", as outras críticas reunidas à parte).

Tv Cano

Assinei contrato há uns anos com a Tv Cabo, para poder ver o pacote clássico. Incluía cerca de 50 canais, uns desnecessários, outros indispensáveis. Deles fomos perdendo o rasto a uns quantos, que a empresa da PT entretanto resolveu "migrar" para um pacote novo, digital e pago a dobrar, como o Fashion TV ou a RAI.
Entretanto, esta semana, a rapaziada do Horta e Costa resolveu dar mais uma machadada no meu contrato (sem saberem se estou interessado em mais esta mudança), ao mesmo tempo que aumentaram muito acima da inflação o preço da assinatura. Acabaram com o GNT, do Jô, da Marília, do Jornal Nacional, do Brasileirão, do Carnaval de bundas gostosas, do que fosse, até novela chata.
Agora, não. Levo com a Tv Record, da IURD, que a esta hora transmite um fórum carpideira, prometendo muita prece e ajuda espiritual.
Pago mais por pior serviço, com direito a proselitismo madrugador. Quem precisa de ajuda sou eu. Não haverá por aí concorrência a sério?

Fundamental

O PP (a bancada parlamentar e o comentador-sic) descobriu o combate essencial que aflige os portugueses, e que o CDS (a bancada de Estrasburgo) terá esquecido, a avaliar pelas picardias internas dos senhores: a Constituição da República é que condiciona não sei o quê. Haja paciência.

6.4.06

José e mais dez

A magia.

[adenda]
Alma escreveu este post, que também conta muitas tardes minhas, em Aveiro...

"De um tempo em que quando não havia bola jogava com lata ou pedras…
De um tempo em que se escolhiam os companheiros e os adversários eram logo identificados…
De um tempo em que o prazer era total e era aquilo mesmo…
De um outro tempo em que a minha avó, depois de o meu pai e amigos terem construído durante a noite o campo, lhes cortou a bola com uma faca, porque se podiam aleijar…
De um tempo em que não queria saber delas porque elas não jogavam…e aquele jogo era tudo…
De um tempo em que acordei uma manhã e tinha uma bola nova ao lado cama…acho que nunca mais sorri assim…
De um tempo em que a minha mãe berrava até mais não e eu respondia “Só falta mais um golo!!”…

Como gostei deste tempo…"

5.4.06

A natureza

Acabou. A cidade continua em silêncio, sente-se aqui à janela da sala, fustigada por uma chuva breve, forte. Há dias assim. A natureza remete-nos para um cantinho.

Barcelona, 2 - Benfica, 0

Exultam alguns portistas e sportinguistas, pequeninos, pequeninos.

Nas bancas

"Os problemas da pobreza e da ajuda aos mais débeis é, hoje, responsabilidade da sociedade como um todo e, particularmente, dos Estados. Trata-se da promoção de modelos de sociedade que implementem a justiça". Assim, na terra.

Défice democrático

[De um comentário certeiro do Rui] «Como já alguém disse, até me parece uma boa ideia [a de Jardim e lacaios não comemorarem o 25 de Abril]. Sempre se reduz um bocadinho a hipocrisia. O 25 de Abril ainda não chegou à Madeira.»

4.4.06

Encontro de hooligans

Amanhã podemos combinar encontro, esperando eu que rasgues o cartão, de novo. Porque sim.

Pobre país, o nosso

O tempo de reacção de Cavaco, segundo a Lusa (sublinhados nossos): "O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, expressou hoje a sua "consternação" pelas vítimas dos sismos que abalaram o Irão na semana passada, numa mensagem de solidariedade dirigida ao seu homólogo iraniano, Mahmud Ahmadinejad."

A única coisa certa a dizer-se

O secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis, considerou hoje «triste» e «errónea» a decisão da justiça norte-americana que abre caminho à condenação à morte de Zacarias Moussaoui pelos atentados de 11 de Setembro.
«Não se honra a memória das vítimas ao derramar ainda mais sangue», afirmou o responsável, em comunicado, reagindo à decisão do júri do tribunal de Alexandria, na Virgínia, de que o marroquino Moussaoui pode ser condenado à morte por cumplicidade com os autores dos atentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos. «No contexto da luta contra o terrorismo, a pena de morte não é apenas errónea, mas contraproducente», argumenta Davis.

Na opinião do mesmo responsável, «um julgamento que dá voz às divagações de um fundamentalista alucinado e lhe dá a oportunidade de se tornar um mártir aos olhos dos seus colegas fanáticos, é uma oportunidade falhada que se engana no alvo».

[da Lusa]

Claro, ele é o mandante

Alberto João Jardim apoiou hoje a decisão da Assembleia Legislativa da Madeira de não comemorar o 25 de Abril de 1974.

3.4.06

Couves e alforrecas (preçário)

Couves, 1,58€/kg, no mercado de Campo de Ourique.
Couves e Alforrecas, 7,66€, na FNAC online.

2.4.06

Lisboa, sol, domingo

O que impressiona não é o Parque das Nações cheio. É o Vasco da Gama - atravessado em passo apressado e aos ziguezagues, entre a estação de metro e o Pavilhão de Portugal - também cheio.