31.10.06

Trentinices, bizantinices e beatices

O blogue que se anuncia aqui em baixo é coisa pouco católica, já se sabe, e reúne católicos e evangélicos ou protestantes e católicos, todos com os seus credos na boca. Outras novidades poderão agitar a blogosfera nos próximos dias, sempre entretida com as suas biza(ntinices)rrias, como o do copista-anti-plagiador-vertido-em-encomiasta (sem que ninguém se digne a dizer quem encomendou os respectivos sermões). De resto, sobra sempre muito espaço para outras beatices, coisas muito católicas, já se sabe também. Que os há, há. Por nós, preferimos este tempo cinzento para toldar as cabeças. Amanhã, antecipam-se os finados, que são coisa para se celebrar a 2 de Novembro.

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30.10.06

[dar um jeito]

Lula ganhou e terá de mudar, Pinochet está sob prisão domiciliária e Berlusconi vai ser julgado por corrupção. Há dias que isto até parece ter conserto.

Acne

O blogger tem andado irrequieto, instável, como um adolescente em crise de crescimento, cheio de porquês, sem conseguir fazer nada, prostrado, e eles (o mundo, claro) que se amanhem, não é nada comigo. O miúdo consegue enfurecer o mais calmo dos calmos, o pacato professor que escreve as suas impressões do ensino que se desmorona e dos adolescentes irrequietos e instáveis que lhe aparecem pela frente, do violento adepto de futebol que quer teclar gatuno antes que a memória apague esta jornada ou do anónimo convicto na denúncia de escritores menores num registo cobarde e pequenino. Por estes dias, todos se comportam como a teenager farta dele não tclr nem dar um toque e ameaçam jurar amores imperfeitos a outros. Mas depois acabam por deixar a tempestade passar e continuam a postar no blogger.

29.10.06

[foto DR]

28.10.06

Debates para dias com tempo

O aborto. Nesta matéria estou muito mais próximo do Lutz que do Timshel.

Religião e media, equívocos e possibilidades. Ponto de partida para um debate por fazer.

27.10.06

Copistas

Não estou encartado para defender Miguel Sousa Tavares, mas neste caso ele não é plagiador, nem plagiou nada. E o bloguista anónimo é um mau copista, como se pode constatar pela comparação de textos.
Fosse com a minha professora Maria Alice, umas reguadas, é o que era, por cópia tão má!

Têmpera

«[...] Toda esta prosa encantada mas verdadeira tem uma finalidade, caro leitor. A crónica nunca é inocente nem desprevenida, para mais quando se ocupa de blogues.Deixo por isso a pergunta final: para além das excepções da praxe, não será por causa de todo este pesado enredo histórico que são da autoria de mulheres os blogues portugueses em que mais se funde o humor, a paródia, a têmpera, o desconcerto, a provocação e a vitalidade? Querem confirmar? [...]» Vejam então os exemplos de Luís Carmelo, no imprescindível Miniscente. Ou espreitem a coluna aqui à direita. Já há várias semanas que os blogues que nos vão deixando KO são maioritariamente femininos. E percorram essa coluna: as surpresas femininas são muitas - e variadas.

26.10.06

Para sermos coerentes

Aplauda-se Pacheco, pelo inteligente artigo, hoje no Público (sem link, mas que deve ser disponibilizado mais tarde no Abrupto) sobre a indecente invasão da privacidade, que assalta páginas de jornais de referência, como por exemplo o Expresso.

Aznarento

Aznar colocou uma esferográfica no decote de uma jornalista. Por cá, a nossa direita, sempre pronta para a sua glorificação, não tugiu nem mugiu.

Não deixes que a coerência estrague um bom post [III]

Sobre isto de Pacheco Pereira, JPH assinala como o abrupto comentador não está a ser sério.

Boas memórias


Há um ano, por estes dias, saíamos de Los Angeles para San Francisco. Percorremos os dois as imensas auto-estradas da cidade dos sonhos até à costa de Santa Barbara, agarrados aos map quest e ao Lonely Planet. Depois de um percurso mais montanhoso, em San Luís Obispo partimos para o Oceano Pacífico a caminho do Big Sur - e daí para norte, para Carmel e depois San Francisco. Uma das viagens mais inesquecíveis que fizemos. Nós e a quietude do mar e da floresta. Apetece regressar, nem que seja assim, por lembranças.



[fotos MM, no Big Sur, Califórnia, EUA, em Outubro de 2005. Nesta última vêem-se leões marinhos. Clicar para aumentar]

25.10.06

Não deixes que a coerência estrague um bom post [II]


[foto manuphoto]


Alguém explica a Pacheco Pereira que os manifestantes anti-guerra ou anti-globalização não eram todos de extrema-esquerda ou anti-americanos primários?

Dois mentirosos
Não deixes que a coerência estrague um bom post [I]


À atenção de Pacheco Pereira.
Um mentiu sobre a situação económica do país para ganhar as eleições. Logo se aplaudem as manifs e a contestação.
O outro mentiu sobre as propostas económicas para ganhar as eleições. Este outro ainda mentiu sobre umas armas de destruição maciça para obrigar o país a apoiar uma guerra. Este outro mentiu mais uma vez dizendo que ficaria no cargo e tinha percebido a mensagem dos portugueses. Este outro é presidente da Comissão Europeia.

[posto de escuta]

Pessoal e transmissível.

Códigos [ilustrado]

24.10.06

Códigos

«Sinalização. Hierarquia: agentes, temporária, luminosa, vertical, marcas.» Ou de como os meus amigos rejubilarão com este post.

Lembrar (sempre) o essencial

«[...] Você vive durante mais tempo do que é comportável para os cofres da Segurança Social. Você tem menos filhos do que deveria ter. O seu salário é demasiado alto para o nosso Estado; o seu despedimento é demasiado difícil para as nossas empresas. Caso tenha sido despedido, você é um privilegiado do subsídio de desemprego ou, pior ainda, um privilegiado do rendimento mínimo. O país produz pouco e você tem culpa. O país não é competitivo e você tem culpa. Você tem culpa porque se endividou. Você tem culpa porque é professor e não ensina. Você tem culpa porque é aluno e não aprende. Você tem culpa porque é funcionário público e nem vale a pena pormenorizar as suas culpas. Você tem culpa porque trabalha no privado, mas não tanto como deveria. Se você é português, tem culpa. Se é estrangeiro, tem mais culpa ainda.[...]» [Rui Tavares, sempre essencial, mesmo quando discordamos, o que neste caso, não é o caso! E o texto completo é imperdível.]

23.10.06

Buda e peste


É uma cidade fantástica, de edifícios únicos e imponentes, rasgada pelo Danúbio. As barcas passam, as bicicletas e os eléctricos serpenteiam a margem, as colinas de Buda guardam as feridas, a planura de Peste esconde as revoltas. Há 50 anos, mais uma vez a História escreveu-se de sangue. Hoje, nas ruas a violência cresce com um primeiro-ministro que mentiu (e por isso devia ter pedido a demissão). Mas a extraordinária ironia é ver o aplauso destas manifestações por quem sempre desdenhou das manifestações contra a guerra e quem chame «mentiroso socialista» quando aplaudiu e aplaude as mentiras de Bush e Blair que nos conduziram a uma guerra. Sim, falo de Pacheco Pereira, que devia ter algum pudor. [«Ele sabe que eu sei que ele sabe que é assim.»]


[foto de uma igreja bombardeada na Segunda Guerra Mundial, em Buda, de que restou parte de uma torre e esta janela - Abril de 2006, por MM]

[post-it]

Hoje, 18h30.

22.10.06

une gravité qui m'attire [II]

500 mil visitas! [na nossa outra casa]

une gravité qui m'attire





«Les femmes de trente ans me touchent. Elles sont en partie adultes, en partie encore enfants. Il y a chez ces filles une gravité qui m'attire.
Comme si elles avaient un peu peur d'être tout à fait des adultes.
A quel âge devient-on adulte? c'est quoi être grand ?
Ces questions je me les posent pour moi, et c'est à travers ces filles que je cherche une réponse.

Je les photographie chez elles, en essayant de garder très peu de décor,
je les photographie en lumière naturelle pour garder présent la fragilité de ces moments.
je les photographie comme je pourrais les toucher, du bout du doigt : le temps de pose est lent, la netteté ponctuelle,
j'essaye de photographier lorsque l'image s'en va.
l'attention, la concentration montent pour arriver à un moment photographiable, et moi j'attends que ce moment soit en train de partir pour le photographier
J'essaye.
Ces photographies sont une tentative, vaine et maladroite.»

[texto e fotos: Olivier Roller, nascido em 1971 (nas fotos, Anne, Michelle, Kea e Sophie)]

Dores de cabeça

Mais de 40 por cento dos portugueses vão injustificadamente às urgências. O ministro da Saúde, já se sabe, é um deles.

Chuva, quedas de árvores, aluimento de terras

A semana horrível do Governo, como já lhe chamam os jornais, pode ainda agora estar a começar.

21.10.06

6,1 por cento

Pode soar a demagogia a capa do Correio da Manhã, do aumento salarial de 6,1 por cento previsto para os ministros. Mas não é. Quem parte e reparte e fica com a melhor parte tem arte. Não tem é bom senso, nem vergonha na cara.

Final Performance


This is Johnny Cash at the Carter Family Fold July 5th 2003.

Quase que pegava fogo!



O regresso! [com Burning Down The House, dos Talking Heads]

[ouvir, ler]


Um ano! [com French Kissin In The USA, por Debbie Harry]

20.10.06

A factura

Nunca ninguém é responsável. O Estado tem as costas largas. Só não as tem, se for para cobrar a factura. Da Segurança Social, da Saúde, da educação. Quando é o contrário, nunca ninguém é responsável.

14,30 euros

De Alverca a Aveiro Sul, sob chuva intensa, sem dar tréguas, com obras durante vários quilómetros e uma auto-estrada reduzida a uma via para cada lado, os carros a cruzarem-se, ainda mais perigoso que a velhinha EN1, e ninguém parece querer saber. No fim, a via verde cobra tudo na mesma como se nada fosse e a Brisa continua a lucrar com a sua galinha de ovos de ouro. Não há uma lei para diminuir portagens nestes casos? Onde pára?

19.10.06

Lembrar o essencial

Sem se despedir

A vidinha

Estes dias são dias cinzentos: um Orçamento mais de sacrifício para os mesmos, as scut que já não o serão, a electricidade que continua a encarecer cada vez mais, sem contrapartidas de qualidade, um governo que se multiplica em disparos acidentais, sem razoabilidade nas afirmações. Mas da espuma destes dias, o que parece ser o tema principal é o aborto. Para isso também continuam a contribuir os senhores bispos, que fazem desta questão caso de acesa luta, esquecendo a vidinha de todos os dias. Nas questões sociais, o silêncio dos bispos é grande e o combate anunciado nulo.

[um convite]

Fundação John Templeton
Conferência das Igrejas Europeias(CEC)
Conselho Português de Igrejas Cristãs(COPIC)

Têm o prazer de convidar V. Exa. para a conferência do Prémio John Templeton para o Jornalista Europeu de Assuntos Religiosos do ano 2005
RELIGIÃO E MEDIA - EQUÍVOCOS E POSSIBILIDADES
Conferência de ANTÓNIO MARUJO,
e comentário de ADELINO GOMES (jornalistas do "Público")
Segunda-feira, 23 de Outubro, 18h30, Lisboa,
Grémio Literário, R. Ivens, 37 (Metro Chiado)

Sol ofuscado

«Estudo indica que 63% dos leitores preferem o Expresso ao Sol. De acordo com um estudo realizado durante três semanas pela Marktest junto de leitores do Expresso e do Sol, o semanário da Impresa Jornais obteve um grau de preferência de 63% na intenção futura de compra, no caso de terem de optar apenas por um destes jornais. Segundo o mesmo estudo, a preferência pelo Sol gerou 20% de respostas positivas, sobrando 17% de indecisos.» [in Meios e Publicidade]

18.10.06

O último apaga a luz

A culpa dos aumentos na electricidade é dos consumidores, diz o secretário de Estado. Eu que moro junto à Presidência do Conselho de Ministros e vejo todas as noites uma grande quantidade de consumidores ligados, proponho que a coisa seja dividida equitativamente.

E agora, cultura

Ela já tinha provocado: agora, Scarlett Johansson está a gravar um álbum de versões de temas de Tom Waits. O registo, com o título provisório de «Scarlett Sings Tom Waits», deverá ser editado na próxima Primavera.
[A dica preciosa é de Pedro Adão e Silva.]

Rivoliçãozinha

Não percebo o Norte, essa entidade mítica (ab)usada por portuenses para exigirem ao centralismo lisboeta o que quer que seja. Na Madeira, a chantagem é mais eficaz, mas esse Norte-que-afinal-se-resume-ao-Porto é mais rico, será mais rico que a ilha de jardins. Por isso, também esse argumento ajuda menos à pura pedinchice. E casos como os que volta e meia acontecem mais razão dão a quem desconfia de quem grita muito carago! e pouco faz. Vejamos: desde que Abrunhosa se acorrentou às portas do Coliseu, a política cultural do Porto foi definhando (falo do que ouço a amigos e do que respigo nos jornais, é pouco dir-me-ão...). O empresariado nortenho tão solícito em desancar no centralismo e no Estado e sempre muito elogiado pelo seu empreendedorismo, nunca se chegou à frente em quase nada (a excepção talvez seja Serralves) no mecenato a sério de artes e cultura no Porto. Por isso, o Porto vê fugir equipamentos e gentes sem dor, nem ranger de dentes. Querem o melhor retrato deste Porto? Vem hoje no Público, e não é a notícia do Rivoli. É a vinda de mais uma galeria de arte para Lisboa, com as queixas de sempre. Eles ficam cada vez mais mortos no deserto, com o Porto assim.

[Mais sobre o Rivoli: Jorge Marmelo, Eduardo Pitta e o blogue No Rivoli.]

[post-it]

Só para lembrar: a inflação disparou para os 3,1 por cento! Alguém reparou?

Quadri(+)Chromies

O concerto não foi bem concerto. Foi antes um espectáculo de música, imagem, sensações e estática. Estranho, não necessariamente entranhado, mas uma viagem única.

17.10.06

... mas os concertos podem ser

Quadri(+)Chromies: Hector Zazou + Bernard Caillaud
Espectáculo de música-imagem desenvolvido pelo músico francês Hector Zazou com o pintor digital Bernard Caillaud (falecido em 2004). A colaboração resultou num disco em que colaboraram nomes como Brian Eno, David Sylvian, Ryuichi Sakamoto e R.E.M.. [Hoje, no CCB, por um passatempo da Flur.]

Os almoços não são grátis

O Nuno diz que vale a pena esperar, antes de apresentar sentenças finais sobre o Orçamento de Estado. Disse-mo ao almoço. Onde comentámos os números da inflação que dispararam para 3,1 por cento e que não mereceu desenvolvimentos por aí além de quase ninguém (excepto no DE, com chamada tímida de primeira página, escondida pelo suplemento do... OE; no Público mereceu uma breve notícia, tão pouco analítica que parece um resuminho do comunicado do INE).

En passant: com mais destaque no Público, a notícia dos aumentos na electricidade, escandalosamente obscenos (45 por cento nalguns casos, sempre a pesar mais na factura dos particulares).

Mas todos dizem o mesmo: contribuintes e saúde pagam redução do défice. Os mesmos de sempre a pagar. O PS desbarata uma maioria que não votou neste sacrifício. Votou em sacrifícios, necessários, depois de desvarios da tripla Durão-Portas-Santana, mas não votou em sacrifícios neoliberais (não se entende que as empresas e a banca sejam beneficiadas, não se compreende que os prevaricadores sejam safos).

Nota final: o anúncio destes dois aumentos enormes (da inflação e da electricidade) coincidiu com a apresentação do Orçamento de Estado, numa jogada de mestre para calar eventuais protestos e reacções negativas. E tudo ficou entretido com a pen do senhor ministro.

Hoje fazem anos

O Público não traz a lista dos que hoje me importam.

16.10.06

Lembrar o essencial [act.]


João recorda-nos que este mês o nosso orçamento vai aumentar nas despesas. [Também disponível em versão adsl, sem tanta graça.]

Onde é a saída de emergência?

Quando uma editora publica um livro cujo início inenarrável é esta coisa pessimamente escrita (que seria zurzida pela nossa boa intelectualidade, fosse a pena de Rodrigues dos Santos ou do arquitecto Saraiva) e se torna o livro mais vendido (e mais lido?) destes dias, devemos dar um desconto à escola.

«Porque corre um homem? Sendo este homem de que se fala a generalidade de toda a espécie, aquele que todos representa, o todo, todos, sem excepção, porquanto não existe neste caso, a excepção, bem entendido. Mas a pergunta mantém-se, o que o faz correr? No sentido literal da expressão, uma perna à frente da outra, o pé direito a seguir ao pé esquerdo e vice-versa, não há primeiros lugares nestas coisas do corpo humano, será pelo prazer do sofrimento em si, todas aquelas centenas de músculos a trabalhar em prol de um bem-estar físico e psicológico a ser usufruído na posteridade do exercício? A uns é a glória que os move, os segundos e os minutos com que palmilham o terreno dão vitórias, dinheiro e fama ou desilusão, desconsolo e choro, a outros nada mais os motiva do que a extracção de alguns quilos descomedidos com o desígnio final e único de agradar ao outro género ou ao mesmo dependendo dos gostos de cada um e de cada qual. Seja como for, a soma dos fundamentos têm base num só, todos correm pela vida, nada mais os move.» [O Último Papa, de Luís Miguel Rocha, ed. Saída de Emergência]

Perceberam? Não? Leiam de novo, vão continuar na mesma.

Ouvir

Grandes portugueses


Pequeno contributo para os grandes portugueses, esse produto de entretenimento da RTP confundido com a aula de História: Pedro João Baptista e Anastácio Francisco, pombeiros, que realizaram «[...] uma das travessias africanas mais injustamente esquecidas, já que foi das mais notáveis. Dois escravos semi-iletrados foram os primeiros a conseguir ligar Angola e Moçambique por terra - e a pé. Os pombeiros, normalmente mestiços ou negros, representavam interesses comerciais em zonas do sertão angolano onde os brancos não podiam chegar. [...] A proeza de chegar a Tete, tocando a fronteira ocidental da penetração portuguesa a partir do Índico, levou tempo - de 1802 a 1814. Mas Pedro João Baptista e Anastácio Francisco conseguiram antecipar-se meio século à "primeira" travessia do continente por David Livingstone, de Luanda a Quelimane (1854-56) - decerto uma ironia de travo ingrato para o missionário que tinha por África uma paixão razoavelmente maior que pelos africanos. Os pombeiros chegaram antes de todos os exploradores europeus de nome gordo [...].» [Pedro Rosa Mendes, Baía dos Tigres, Publicações Dom Quixote, pág. 201]

Dias cinzentos

A chuva cai com força. É tempo dela, dizem. Pois: andamos é desabituados. Como em tantas coisas.

Noites claras

Há uma tempestade que se aproxima, vinda do mar, ali na boca do rio, pressente-se, vê-se, aqui na janela em frente.

15.10.06

Lembrar o essencial

«[Para] o criador do Sistema Nacional de Saúde (SNS), António Arnaut [...], “embora cinco euros não sejam uma quantia muito elevada”, a taxa é “inconstitucional” e “uma pedra no orçamento de muitas pessoas que não estarão isentas”. O advogado lembra que a gratuitidade do SNS passou a ser tendencial na segunda revisão constitucional para permitir a introdução de taxas moderadoras apenas como forma de evitar abusos no acesso aos cuidados de saúde.
Antigo ministro dos Assuntos Sociais, Arnaut salienta que a futura taxa de utilização (também aplicável à cirurgia em ambulatório, com um valor ainda desconhecido) “é, na verdade, um co-financiamento do utente que vai contra a Constituição e ofende o princípio da solidariedade”. E diz ainda estar “chocado” com o facto de ser “um ministro do PS a atacar esse princípio e a transformar uma lei de inspiração socialista numa aberração lógica”.
Segundo o ex-governante – que afirma estar convencido de que o primeiro-ministro, José Sócrates, não deixará que Correia de Campos “continue por muito mais tempo à vara larga” – o SNS “não pode distinguir entre pobres, ricos e remediados”. “Isso faz-se no sistema fiscal”, sustenta.
O “pai” do Serviço Nacional de Saúde vai ainda mais longe, ao considerar que o ministro da Saúde “é um tecnocrata e político de direita sem sensibilidade social”, que “está a alterar o paradigma do SNS e a criar um outro tipo de sociedade”.
“É preciso cortar nos excessos e não nas carências. Pode-se desengordurar em muitos sítios, mas nunca indo ao cerne do drama humano”, remata.» [in Expresso]

Levantar contra a pobreza

Hoje e amanhã.

14.10.06

«o seu carácter epidémico»


[clicar para aumentar]

[Obrigado ao António, que me fez chegar este decreto vagamente anti-FCP.]

Vai buscar!

1. A PT não me informou da suspensão imediata do tarifário gratuito, a que aderi anteontem.
2. A PT não me informou que me aumentava a assinatura, ao contrário do anunciado.
3. A PT mantém no ar a sua campanha publicitária extremamente divertida e enganadora.
Definitivamente, quem vai buscar sou eu. Outra operadora. De vez.

[actualizado: a PT informa-me por e-mail do seu serviço de apoio que aderi antes da decisão da Anacom, por isso não serei prejudicado; que a minha assinatura não sofrerá qualquer agravamento; estarei atento às próximas facturas.]

13.10.06

Frases comentadas (II),
ou o Pulo do Lobo

«Eu não quero com os meus roteiros criar problemas. Não tenho vocação para força de bloqueio.» [Cavaco Silva, 10 de Outubro de 2006]

«[...] tem a ver com a permanência nos valores mentais, nos hábitos da nossa democracia, dos quadros do Portugal de Salazar. Valores como o "respeitinho", a hipocrisia pública, a retórica antipolítica, a tentação de considerar que o suprapartidário é bom, a obsessão pelo "consenso", o medo da controvérsia, a cunha e a clientela, mesmo a corrupção pequena, a falta de espírito crítico desde as artes e letras até à imprensa e Igreja, tudo vem do quadro do salazarismo e reprodu-lo. O medo do conflito, essa tenebrosa herança de 48 anos de censura, permanece embrenhado na vida política da democracia e isso dá vida à nostalgia da pasmaceira vigiada de Salazar.» [Pacheco Pereira, 12 de Outubro de 2006]

Frases* comentadas (I),
ou o regresso do Oásis

«A crise acabou.» [ministro da Economia, Manuel Pinho, 2006]

«Olhe que não, olhe que não...» [Álvaro Cunhal, 1975]



[* - frases sem aparente ligação comentam-se...]

As pessoas, claro


Nem de propósito! O Prémio Nobel da Paz a Muhammad Yunus e ao seu Grameen Bank, que tornou possível o microcrédito, é a prova que a paz também se faz combatendo a pobreza. Este também seria um óptimo Nobel da Economia, que mostraria que a economia se faz de pessoas, só de pessoas, não de números dispensáveis.

Dêem-lhes outra carreira

Quem se manifesta nas ruas fá-lo em seu nome, do emprego certo, das horas certas, não dos desempregados. Podia ser de outra maneira, mas do outro lado da barricada, aos engravatados do Beato não preocupa a desfaçatez de dizer que há 200 mil dispensáveis, como se estes 200 mil não tivessem nome, família, contas para pagar. Porque eles, os do Beato, nunca estarão nesse lugar, de desempregados, antes saltitam das empresas públicas para as privadas e destas para as SA que são públicas, aplaudem qualquer liberalização ou flexibilização, porque as únicas que conhecem é dos horários de trabalho ou do número de assentos de conselhos de administração.

Como Medina Carreira que hoje citava Pulido Valente, no Público [que em dia de manifestação, parece uma bíblia neoliberal de opiniões, e talvez assim se explique também a malaise do jornal], depois do segundo ter citado o primeiro, e neste pinguepongue de salamaleques, debita a habitual pesporrência do perigo que aí vem no ano de 2015, que é a alegada falência da Segurança Social, certinha para os nossos filhos e que temos de cortar a eito nas despesas sociais.

O mais engraçado é que estes senhores falam de barriga cheia, com uma reforma máxima garantida, sem preocupações na assistência de saúde (têm seguros, abusam de amigos médicos, não esperam horas nas bichas do centro de saúde ou nas urgências), não são desta terra estes senhores, vivem na lua, mas somos nós, os que queremos mudar o estado social sem o destruir os inconscientes e os aluados. Pois, pois, eles que vivam um ano inteirinho com o salário mínimo e o acesso normal ao serviço nacional de saúde, ou que esperem dois meses pelo subsídio de desemprego e, no fim, logo faremos contas das suas ideias.

12.10.06

Cuidar de deus

No Vaticano também se preocupam com as coisas de Deus. Só assim se vê que, da Biblioteca Apostolica Vaticana, tenham procurado informação no E Deus Criou a Mulher, nomeadamente no mês de Junho de 2005 [com algumas fotos a precisarem de serem actualizadas, é verdade...].
Depois partiram à descoberta de «algumas [que também] passam por aqui», a forma quase enigmática como se apresenta o Cinerama, imprescindível blogue sobre cinema (foi aliás a Rita que deu conta desta visita e me proporcionou este apontamento). O percurso terá começado aqui neste «paraíso de onde elas vêm», e passou depois pelo «elogio da Criação». Nada como o sitemeter para ver como são insondáveis os caminhos dos senhores vaticanos.

Sondagens

Hoje, Lisboa está um pandemónio. Bastava circular, como eu, pela colina do Campo de Santana, depois demandar as Avenidas Novas e arribar a Campo de Ourique: não havia canto onde as buzinadelas e os palavrões não se ouvissem. Nos carros e nas paragens de autocarro, muitos terão dirigido as suas imprecações a José Sócrates ou Carvalho da Silva. Do resultado subjectivíssimo desta sondagem, sairá sabe-se lá o quê.

Entrega-se...

... este blogue a quem provar pertencer-lhe.

11.10.06

PSI 20 em alta
[a bolsa e a vida]



[com um agradecimento a quem é amigo!]

A defesa de deus

«[...] Adular formas, intentar piropos originais e embever-se com a beleza feminina, são, creio, justas e maturadas prerrogativas de uma masculinidade 'languidamente contemplativa'. A humilhante incontinência de testerona mal parada fazendo uso de um 'poder contingente ou estrutural' é outra coisa.» [Bruno Sena Martins]

Bilhardices

No cabelereiro de homens como num blogue.

Meter os pés...

O mesmo senhor Silva que pressionou um pacto extra-parlamentar sobre a Justiça e que sugeriu um outro sobre a Segurança Social vem, agora, candidamente, dizer que espera que o acordo para a Segurança Social seja melhorado no Parlamento e lembra que «a discussão política de fundo se realiza no local próprio que é a Assembleia da República» (como ele certamente promoveu no caso da Justiça!). A isto chama-se coerência estratégica.

10.10.06

Não pôr os pés

«Cavaco não vai "pôr os pés na realidade da Serafina"», diz o Público hoje. Não são apenas diferenças de estilo, também o são de política. Lembrem-se de Mário Soares na sua presidência aberta em Lisboa, há 13 anos, ou Jorge Sampaio na Madeira a obrigar Jardim a fazer um bairro novo para quem vivia em condições sub-humanas.

[actualizado: e a Liberdade vai até Cavaco]

Eixo do mal

China, Irão, Arábia Saudita e EUA foram responsáveis por 94 por cento das 2148 execuções realizadas em 2005.

Culturas



Não gosto da mentalidade merceeira na cultura, que contabiliza apenas os gastos no orçamento do Estado por espectadores nas salas. Mas não compreendo que a cultura de alguns jornais se resuma muitas vezes a pedaços pequenos e obscuros das artes, e sejam os estagiários a fazer as entrevistas da treta, mesmo que a treta seja peça de sucesso público e até (imagine-se) com qualidade. Como não compreendo que Rui Rio queira mostrar obra dando ao privado a gestão do Rivoli, para depois exigir 300 espectáculos por ano, que nunca ele próprio quis inscrever no seu programa municipal.
Mas entre este haver excessivo, há sempre um deve que se pode questionar - e, por exemplo, o uso do Teatro Camões é um deles. Entregue há três anos à Companhia Nacional de Bailado, o espaço vive enclausurado, com poucos espectáculos (contei perto de 30 apresentações, em menos dias, no ano passado; e este ano, o site só permite ver quatro apresentações em três dias de Setembro e Outubro e um ciclo de 15 dias, mas sem datas definidas e outras informações...). Estarei enganado, ou há espaços que preferem viver à margem?! Do rio - e, neste caso, mais ainda dos públicos.

9.10.06

O mundo ao contrário

Entro no noticiário da SIC às 20h28 e assisto a breves pinceladas sobre o ensaio nuclear da Coreia do Norte. Depois vem rapidamente a indicação do sucessor de Kofi Annan e, mais tarde, o julgamento de Saddam e o Nobel da Economia. Notícias todas elas breves. Ignoro o que ocupou durante meia hora a atenção do principal telejornal da SIC, mas este mundo assim despachado não preocupa o cronometrista Eduardo Cintra Torres. [E depois foi-se para um intervalo, de looongos minutos.]

Exercício prático

«Não cobiçarás a mulher do próximo, mas poderás cobiçar a mulher do longínquo porque a globalização assim o permite.» [Hugo Rosa, Frases para ter na carteira, Ed. Livramento]

No quintal do Kim

A Coreia do Norte realizou um ensaio nuclear. O mundo estremeceu, e bem. Mas o que se segue? Uma invasão do território, em busca de verdadeiras armas de destruição maciça? Ou o estrangulamento de todos os canais de alimentação deste verdadeiro programa nuclear? [Acaso seremos ingénuos para achar que os norte-coreanos têm tudo no seu rectângulo e não precisam de estarem a receber produtos e materiais e recursos humanos para desenvolver estes ensaios?!]
Por mim, a diplomacia oriental milenar deve ser posta em marcha acelerada. E evitar que o ranger do Texas decida ir brincar aos cowboys para o quintal do Kim.

Sonhar

Num jogo de palavras: o que se pode transportar num vagão de mercadorias?, pergunta o pai de L.. O miúdo responde: Nuvens!

8.10.06

Sonhar Lisboa


[in Ana, as aventuras de Filipe Seems, ilustração de António Jorge Gonçalves. Clicar para aumentar o sonho.]

Interrupção voluntária do diálogo
[debates destes dias II]

[nota prévia:
quando se reacendem velhos debates recupero textos antigos meus para dizer ao que venho... agora, o aborto, que já aqui falámos.]

Há um debate por fazer na sociedade portuguesa - o do aborto. Longe do soundbyte que foram os momentos legislativos e o referendo de 1998. [Antes que a poeira volte a soltar-se], retomo esta questão [...].
A interrupção voluntária de diálogo joga-se entre a barriga em que só a mulher manda e uma concepção da vida que, no limite, pode excluir outras vidas. Não parece nunca haver um caminho diverso destes que opte, serenamente, por encontrar uma tábua de compromisso - necessária e desejável. Quanto a mim, não é contraditório afirmarmo-nos «pela vida» e simultaneamente procurar-desejar-conseguir a despenalização da mulher.
Explico melhor a recusa da habitual "dicotomia" que tem prevalecido nas discussões sobre o aborto. Recuso a ideia de que é [apenas] a mulher quem manda na sua "barriga". Com este argumento, há uma desresponsabilização séria do papel do homem na vida a dois. Já bastam as situações em que deliberadamente o homem foge a essas responsabilidades. Mas também não entendo o carácter categórico com que se defende a vida nestas paragens e se desdenha dela em situações concretas de todos os dias.
A pobreza extrema é tolerada, a pena de morte eventualmente aceitável, aquela raça de ciganos e pretos roubam-nos tudo: posso estar a ser injusto, mas já ouvi às pessoas cheias de boas intenções este tipo de afirmações. A Igreja Católica é, pois, bem mais afirmativa "nesta" defesa da vida do que em outros momentos, que nos exigem (também) muito.
Não é fácil procurar um terceiro caminho. Na via legal - aquela onde acaba por se jogar a discussão do aborto - tivemos [...] uma proposta que, pelo menos, tentou estabelecer pontes. O insuspeito Diogo Freitas do Amaral, antigo dirigente do CDS e professor de Direito, procurou «despenalizar a mulher que aborta sem descriminalizar o aborto», em dois artigos publicados em Fevereiro e Março [de 2004], na revista Visão [não disponíveis na internet].
Recordo alguns aspectos essenciais dessa proposta, por eventualmente ser desconhecida dos meus ocasionais leitores: para o jurista bastará acrescentar uma nova disposição ao artigo 142º do Código Penal («Que já se intitula - imagine-se! - "interrupção da gravidez não punível"», ironiza o próprio), com uma redacção aproximada a isto: «A interrupção voluntária da gravidez praticada, a pedido da mulher grávida, fora dos casos previstos neste artigo, e até às 12 semanas de gravidez, presumir-se-á ocorrida em estado de necessidade desculpante, com dispensa da pena, salvo se o Ministério Público apresentar prova concludente em contrário».Permitam-me ainda duas pinceladas mais para melhor compreender o enquadramento deste possível debate. Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda (partido que defende a legalização), na altura, reagiu dizendo que «a diferença é, a partir desta proposta, já muito curta, entre o que propomos e o que diz o professor Freitas do Amaral. Mas temos condições para ir mais longe». O mais longe de uns pode não ser o de outros, mas como então alertava Freitas, o país só tem «a perder», se se mantiver o «método "ou tudo ou nada" (que até aqui tem sido utilizado de ambos os lados)». E defendia o «método da busca do "consenso possível"». Vamos retomar o diálogo?

[E para se perceber que os católicos não se abstêm de pensar diferente, eis outra perspectiva sobre o tema: «Teólogo católico diz que aborto não é sempre homicídio».]


[texto originalmente publicado na Terra da Alegria, a 2 de Junho de 2004.]

7.10.06

Coisas

Um verdadeiro hino aos cromos da bola. À atenção da Ana, com carinho.

Espesso

Não se assuste o incauto ou ocasional leitor. Por ser sábado, e por termos texto longo já a seguir, não estamos a concorrer com o Expresso e o Sol.

Romper os muros do clube
[debates destes dias I]

[nota prévia:
agora que se reacendem velhos debates recupero textos antigos meus para dizer ao que venho... hoje, sobre a Turquia, antes que o Papa lá vá.]


Os mapas enganam: a velha Europa rejuvenesce por estes dias. De Talin a Lisboa, o sonho desenhado por gestos e palavras de João Paulo II e (depois) Mikhail Gorbatchov, é uma realidade única – mas diversa.
Os quadros enganam: esta nova Europa toma ares de velha, quando olhamos os números de frias maiorias. Entre a quase unanimidade de Malta (98 por cento de católicos romanos) ou da Polónia de Karol Wojtila (95 por cento) e a “estranha” paridade checa entre ateus (39,8) e católicos romanos (39,2, mais 7,6 por cento de outras denominações cristãs), há uma pertença prática ou apenas estatística que permanece de matriz judaico-cristã: 60,3 por cento de católicos (mais 12,5 por cento de outros cristãos) na Eslováquia; 70,8 por cento também de católicos na Eslovénia; 78 por cento de luteranos (mais 19 por cento de ortodoxos) na Estónia; 67,5 por cento de católicos (e 25 por cento de calvinistas e luteranos) na Hungria; 79 por cento de católicos romanos na Lituânia, e números não determinados na Letónia mas que apontarão para uma maioria clara de crentes cristãos.
Quase fora deste mapa, a República do Chipre tem 78 por cento de cristãos gregos ortodoxos e 18 por cento de muçulmanos. A ilha dividida do Mediterrâneo pode ser a última fronteira, mas o muro permanece por derrubar. A escassos 75 quilómetros da costa cipriota, está outro “obstáculo” a uma Europa ainda mais rica na sua diversidade: a Turquia.
Que podem significar estes jogos geoestratégicos ou de soma das partes “religiosas” [...]? Tudo: no diálogo interconfessional reside o maior desafio das igrejas. Aos profetas do Mal que proclamam este novo século como o do terror, a resposta tem de ser outra. Necessariamente, a do diálogo, das pontes que se fazem, dos muros que se derrubam.
Daí o regresso à Turquia. A porta do Oriente e do diálogo com o mundo muçulmano deve ser um desejado parceiro europeu, de pleno direito na União Europeia. Não escondo algum incómodo naquela democracia musculada, com uma tutela abusiva dos militares e constantes atropelos de direitos humanos básicos. Mas – por acreditar que «todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos» (João Paulo II, Sollicitudo Rei Socialis) – julgo que uma Turquia na União Europeia poderá ser uma forte machadada no fundamentalismo islâmico e na defesa da laicidade no mundo muçulmano. E representará um passo seguro para democratizar o país (como foi, a outra escala, com a Grécia, Portugal e Espanha).
Aqui é que a velha Europa torce as ideias: são de uma direita dita cristã os principais críticos e opositores à integração da Turquia na UE. Por temores otomanos, aqui d’el Rei, que se defenda o Papa e a cristandade. O absurdo deste medo inscreve-se na defesa de uma Europa com vocação de «clube cristão», na expressão de Helmut Kohl. Só que a vocação universal do cristianismo é a da inclusão, não da exclusão. Uma Turquia “europeia” não pode nunca significar uma tentativa (tentação) de a cristianizar, para pertencer ao clube. A única “cruzada” (chamemos-lhe assim, para alguns perceberem) admissível é outra – a da democracia, dos direitos humanos, da laicidade, da liberdade. E isto conquista-se pelo respeito da diferença, por uma Turquia muçulmana a romper os muros de abençoados clubes cristãos.
Dados estatísticos: in Atlas da Nova Europa, revista Visão, 29 de Abril de 2004.
[texto original publicado na Terra da Alegria, a 5 de Maio de 2004.]

6.10.06

IKEA couples

Ela de lápis e fita métrica em punho, ele a puxar o carrinho.

5.10.06

E dá no blog o José Cid a cantar...


«A Pouco e Pouco»... se constrói um grande amor!

4.10.06

Post com destinatário

«Os medíocres dão com os válidos em loucos».
«Quem agride um trabalhador válido é um cobarde medíocre, normalmente com problemas na infância».
«[O perfil desse medíocre] É mentiroso, cheio de empáfia e ilusões sobre os seus próprios méritos, mas, sobretudo, é uma pessoa cruel e sem qualquer tipo de consciência moral [...]. No interior das empresas, estas pessoas são uma espécie de parasitas, que cultivam um encanto pessoal falso, gente medíocre e manipuladora.»
Pilar Varela, psicóloga espanhola, em entrevista à Focus de hoje

Fronteiras indefinidas


Olivença [foto MM, Julho/06]

Lisboa que adormece

Há três janelas largas à minha frente, um carro acabou de passar e os homens do lixo atarefam-se na rua. Mas a cidade, este cantinho de cidade que se torna nosso, aquieta-se. Gosto de noites assim. Com banda sonora precisa.

Roubar azulejos

«Eu pensei que tinha nascido com este nome, e que apenas por isso grandes desígnios me esperavam pela frente, a toda a hora, sucediam-se ao longo da passadeira vermelha, que eu diria encarnada, aliás, eu pensei que o meu destino me caía em cima da cabeça, da mesma forma que me acontecem outras coisas extrordinárias todos os dias [...].» [Diana]

3.10.06

Do país da cegonha

À nossa volta, nasceu hoje a Clara, há dias a Inês (parabéns!). A Maria está quase-quase e nos próximos meses mais uns quantos se anunciam. Se este país não inverte as estatísticas da demografia, não é por falta de empenho dos meus amigos.

A indústria faz tudo por um pouco de publicidade

«Uma vítima de um acidente de viação na Bulgária foi salva pelas próprias mamas de silicone, que funcionaram como airbags e absorveram o impacto da colisão. A notícia foi divulgada pelo jornal local Standart e publicada esta terça-feira no site da Ananova. Elena Marinova, de 24 anos, vinha de Sófia quando o seu veículo colidiu frontalmente com outro automóvel na cidade de Ruse. Os dois carros ficaram destruídos e o outro condutor ficou gravemente ferido. Mas Marinova não sofreu ferimentos graves graças aos seus implantes. Um polícia búlgaro explicou que os implantes (muito grandes) "absorveram o impacto do embate". "Funcionaram tal qual airbags, protegendo as costelas e órgãos vitais da vítima», acrescentou. "No entanto, os implantes não são tão seguros quanto os airbags porque podem explodir, o que não deveria acontecer com os airbags", alertou.» [in PD, sublinhado nosso.]

Levántate Zapatero...

... contra a pobreza!


[A história contada na imprensa.]

Depois das grades, a rua



[foto MM, Julho 06]

2.10.06

Do outro lado do Atlântico

quem mostre outra face deste Brasil, o de Lula. Também me desiludi muito nestes quatro anos. Mas sou um optimista incorrigível, e gosto de acreditar. Ingenuamente, se calhar. E não sou daqueles que diz que todos roubam. Devia ser o contrário - e quero crer que a política se pode gerir de outro modo. E como acredito que devia ter sido o contrário, compreendo que se fale numa traição que inibiria Lula de concorrer a segundo mandato. Como seria votar hoje no Brasil? Não sei.

Fazer uma cena

Aforismos

A minha pressa nunca é a pressa dos outros.

À segunda

O Brasil tem hoje menos pobres que há quatro anos (o nível mais baixo dos últimos 25 anos). É bom que se refira isto, num país atolado em mensalões, dossiês e cliques. Lula deixou-se levar e foi levado agora à segunda volta. Talvez assim perceba que o aplauso imenso que merece com o primeiro facto não pode fazer esquecer que governar não deve ser com a marca deste primeiro mandato - e que deve agora debater e limpar toda a lama que se lhe colou.