28.2.05

Serviço público

Há quem transmita futebol em diferido à hora de telejornais e quem atire a repetição dos Óscares para a hora de Los Angeles. Nós por cá - perdoe-se-nos o ponto de vista unilateral - decidimos fazer o acompanhamento possível das estatuetas de terras da América. Não houve muitos que se desassossegassem a acompanhar aqueles momentos.

Antes e Depois de... Sócrates

Antes, os espanhóis engoliam-nos na economia e nos mapas apressados de jornais e organismos. Agora, conquistamos nós o Executivo de Madrid e governamos esta jangada de pedra.

[a partir do nosso amigo Sirhaiva]

Dá deus Óscares a quem não tem dentes

A emissão dos Óscares começou por volta da uma da manhã. Hoje, a TVI mostra um compacto - supostamente para quem não cometeu a loucura, como eu, de ver pela noite fora a emissão em directo. Mas a que horas nos mostra a TVI essa repetição? 1h da manhã! Depois do futebol e da novela.

Fomos ao tapete: as imagens (versão 2005)



Hilary Swank | Halle Berry | Salma Hayek —— entre as melhores

Uma noite em branco

Fomos ao tapete (versão 2005)

As minhas apostas nos prémios foram um "flop". Por isso, deixo-vos outra leitura possível.

As melhores: Halle Berry, Hilary Swank, Natalie Portman, Cate Blanchett, Scarlett Johansson (porque sim, mas esqueçam o cabelo), Salma Hayek, Charlize Theron, Julie Delpy.
Em apreciação: Kate Winslet, Catalina Sandino Moreno, Gwyneth Paltrow, Kirsten Dunst, Beyonce Knowles (antes de mudar de vestido para cantar Vois sur ton chemin).
As piores: Renee Zellweger, Laura Linney.


[Em 2004, foi assim: as primeiras fotos, mais comentários]

27.2.05

Dois lutadores pela liberdade

Vítor Wengorovius, fundador do Movimento de Esquerda Socialista ao lado de Jorge Sampaio, morreu hoje. Wengorovius foi dirigente da Juventude Universitária Católica. Em 1974, ajudou a fundar o MES, uma organização nascida a partir da ala católica da CDE e do movimento estudantil pré-25 de Abril. [excertos da breve nota biográfica da Lusa].
Ontem, como bem assinalaram o Barnabé e o Blasfémias, foi conhecida a morte de Peter Benenson, o fundador da Amnistia Internacional. A história é conhecida: dois estudantes brindaram à liberdade na Lisboa salazarenta dos anos 60 e foram presos. Um advogado leu a breve notícia num jornal inglês - e puxou de uma carta e de uma caneta para criar um movimento que hoje é essencial na luta pela liberdade e a favor dos direitos humanos.
Cada um à sua maneira, Wengorovius e Benenson brindaram à liberdade... que é sempre pouca!

Deus escreve direito por linhas tortas

O mau tempo impediu hoje de sair às ruas de Évora a tradicional Procissão do Senhor dos Passos, este ano com a intenção especial de pedir chuva, sendo substituída por uma via sacra no interior da igreja. Com a particularidade de se realizar desde o século XVIII, a procissão deste ano visava também a oração pela chuva, mas a precipitação, vento e frio levaram à sua substituição por uma via sacra no interior da Igreja do Espírito Santo. [da Lusa]

One world is enough for all of us

À mesa de jantar, as entradas fazem-se com um atrevido vinho tinto rosé moldavo, umas ovas de peixe com nome impronunciável ucraniano. Quando se entra na sopa, estranha-se e entranha-se: beterraba, batata, funcho, feijão e outras iguarias não nomeadas - numa mistura improvável de sabores e cheiros. Seguem-se umas almôndegas com gretska, um cereal que ficou sem tradução mas com um gosto delicioso na boca. Tudo regado a vodka com pimenta - e duas cascas repousam na garrafa para o atestarmos. A sobremesa voa entre ameixas fumadas embebidas em natas e nozes e um bolo de chocolate. Delicious. À mesa, os preconceitos morrem sempre: os racistas e xenófobos não se alimentam bem.

[Talvez a propósito: o supermercado do Corte Inglés tem a semana dos alimentos europeus. A descobrir.]

26.2.05

Quatro momentos para acreditar

Uma brecha no cinismo [1bsk, em nova morada] | O conforto dos mitos [Pedro Oliveira, no Barnabé] | A criação do mundo [Alice mora aqui] | A Natalia obrigou JMF a regressar às Terras do Nunca

Sem glamour

Atire-se para trás o brilho das estrelas. Hoje, a primeira página do Expresso revela-nos o que não devia - o que não pode acontecer - no Portugal de 2005. A tortura é sempre injustificável. Mesmo a uma mulher que terá morto a sua filha. E mesmo que a tenha eventualmente morto com requintes de malvadez, como se contou já em muitos artigos de jornal, o que distingue o Bem e o Mal (para não falar do estafado Estado de Direito) é a descoberta da verdade sem o recurso a métodos medievais. A PJ precisa de um curso de democracia, bom senso, civilidade. Isto, senhor (ainda) ministro da Defesa, é bem mais grave num «país civilizado» que meras percentagens a separar alegados democratas-cristãos e eventuais trotskistas.

25.2.05

Óscares


Nicole Kidman


Há quem esteja ausente dos prémios da Academia. Emanuelle, Scarlett e Nicole - por exemplo. Elas não se importarão - nós também não.

De acordo, por uma vez

Aleluia, meu irmão!

Quero agradecer a todos os meus amigos, conhecidos e família que me reencaminharam e-mails em cadeia durante 2003 e 2004. Graças à vossa bondade:

- Continuo à espera do meu telemóvel Nokia grátis que nunca chegou. Também nunca chegaram as passagens que tinha ganho para umas férias pagas na Disneyland.
- Parei de beber Coca Cola, desde que soube que serve para retirar manchas da sanita.
- Deixei de ir ao cinema, com medo de me sentar numa agulha infectada com sida.
- Cheiro a refogado, desde que parei de usar desodorizantes porque causam cancro.
- Não deixo o carro em parques de estacionamento nem em qualquer outro sítio, com medo de alguém me drogar com uma amostra de perfume e tentar assaltar-me.
- Também deixei de atender o telefone, com medo de me pedirem para discar um número estúpido e receber uma conta de telefone infernal com chamadas para o Uganda, Singapura e Tóquio.
- Também parei de beber a partir da lata, com medo de ficar doente das fezes e urina de rato.
- Quando vou a festas, não olho para gaja nenhuma, por mais boa que seja, com medo que ela me leve para um hotel, me drogue e me tire os rins para vender no mercado negro.
- Também doei todas as minhas poupanças à conta da Amy Bruce, uma menina doente que estava a morrer no hospital... desde 1993. Amy Bruce, desde então, mantém a bonita idade de oito anos.

NOTA FINAL: Se não enviares este e-mail a pelo menos 1200 pessoas, nos próximos 10 segundos, um pássaro vai cagar na tua cabeça, amanhã às 17:30.

[A partir daqui...]

Que passos futuros?


A resignação - é o caminho que o Papa deve agora seguir. Não antes. Apenas agora.

[actualizado: na caixa de comentários, há quem defenda que não: «Ele está a fazer isto por ser o mais difícil e não por ser o mais fácil».]

Histerias, marketings

Vi os U2 na Zooropa Tour e depois na Pop Mart Tour. Comprei os bilhetes depois de ponderar preços, disponibilidades, vontades. Dias ou semanas depois de serem colocados à venda. Sem pressas e filas de horas. Agora, em 2005, é impossível. Já tinha sido assim (contam-me que eu não fui) com Madonna, Rolling Stones e outros: filas enormes, horas de espera, bilhetes vendidos num ápice. Não percebo porquê.

[actualizado: bato três caixas multibanco, às 14 horas, em Campo de Ourique. «Por dificuldades de comunicação, não podemos satisfazer o seu pedido.» Pequenos grupos vão pairando em torno das máquinas. Risos e desânimo - «houve granel na FNAC do Colombo», «não se consegue». No último multibanco, népias: «Bilhetes MB relvado esgotados». De Aveiro, o J. e a G. contam-me o mesmo. «Fora de serviço». Pois. Sempre se poupam uns trocos, resigno-me.]

O povo é estúpido...

... até prova em contrário - que é quando vota à direita, claro.

24.2.05

Andamos sempre nisto

O Papa mistura temas que não se comparam. Eutanásia, aborto, preservativo, por exemplo, lêem-se demasiadas vezes no mesmo parágrafo. Agora, o aborto e o Holocausto surgem no mesmo plano, levantando um coro de protestos. E com razão. Não pelo que se escreve no livro de João Paulo II (lendo bem, não há uma comparação "absoluta" aborto=Holocausto), mas pela forma confusa (intencional?) como se aborda os limites das leis. E, em vez de se reflectir seriamente sobre estes temas, acabamos por estar a discutir o acessório ou a defender e atacar semânticas.

23.2.05

A dança da chuva


Nicole Kidman, em To Die For


Hoje um avião voou para nos dar chuva. A ciência junta-se às orações de Fátima para que se acabe a seca. Só ninguém se lembrou de pedir ajuda a uma meteorologista disposta a tudo. E lá fora, chove!

Quem ganhou foi a direita?

Outra boa anedota do dia: o director do DN, Miguel Coutinho comenta, na SIC Notícias, a futura política do Governo. «Vamos ver se governa ao centro ou se faz cedências à esquerda» [sublinhado nosso]! Raios! Estes senhores ainda não perceberam que foi eleito um governo de esquerda? e que a esquerda teve cerca de 60% dos votos? A esquerda, apre!

A anedota do dia

"PSD ainda líder" - o título da Focus não lembra a ninguém. A não ser que seja uma legenda à peça de capa: "Riso combate vírus e bactérias".

Lá dentro descobre-se um título ainda pior, sobre uma foto de Sócrates: "Triunfal, mas PSD ainda é líder". Quatro páginas depois explica-se: "Os socialistas conquistaram agora a maioria absoluta, mas somando os votos e fazendo a média das percentagens obtidas desde as primeiras eleições legislativas, em 1976, o PSD continua na dianteira". Hilariante!

[actualizado: fonte bem colocada garante-nos que esta brilhante ideia editorial deve-se à cabecinha pensadora de Jacques Rodrigues, o patrão...]

A terra...

... lavrada à segunda-feira, é revolvida à quarta-feira. Sempre à espera que dê frutos.

«it seems you need a soldier girl»

General Joy

General Joy
I know I know
you’ll take me there –
where your boys were
left behind

General Joy
it seems you need
a soldier girl –
now "they" have Liberty gagged

by boat
by tram
by motorbus
could it be the fates
are protecting us
from the Hawks that
have stolen the bird
from the sky

and I know
you will always love Sorrow
is that why
you gave her dress
to Happiness?
'cause it matches her eyes
when she cries

General Joy
it seems
you don’t love your Bride
generally
you’re friends but
she is not the love of your life

to dye
to perm
to change your hair

or your wife
the possibilities
are there
and its time
for you to decide

General Joy
I know I know
you’ll take me there –
but you’ll need strength
from within
General Joy
it seems you need
a soldier girl –
and a willing coalition

by boat
by tram
by motorbus
could it be the Hawks
are protecting us
from the Men who
have now assumed
their name


Tori Amos. Desde esta terça-feira, num escaparate perto de si.

22.2.05

Habituem-se!

Ele voltou, renovado, certamente com cavanhaque e sempre azul e branco. Um verdadeiro marco geodésico.

Pastéis de Belém

Portas demitiu-se. A pensar na Presidência?
Santana vai demitir-se. A pensar na Presidência?

Guillermo Cabrera Infante


Morreu aos 75 anos. Merecia ter visto Cuba libre!

Deus assim quis a derrota da direita

[ou o dedo esticadinho de Paulo expulso do paraíso]



Marc Chagall, Adam and Eve are Banished From Paradise


A noite de ontem foi entre o trabalho intenso e a (cada vez mais difícil de esconder) alegria pelas notícias que iam chegando. Impossível postar, a não ser aquelas breves palavras, que retirei de um curto sms do Diogo. Mas 24 horas depois, sublinhe-se a grande azia por entre a blogosfera direitista [ver também os dois posts anteriores]. Ele é o PREC, ele é o «populismo e demagogia que tantos frutos parecem colher entre o povo e entre algumas elites do burgo»...

Recupero as palavras de Paulo Portas, ar fúnebre, compungido: «Respeito a vontade popular, o povo é soberano» - para minutos depois, atacar essa mesma populaça que, «num país desenvolvido», deu apenas menos um por cento de votos aos trotskistas que aos "democratas-cristãos". «Caso único».

Caso menos único era termos um partido na extrema da direita no Governo, como é em Itália, como foi na Áustria. Caso menos único ainda, e mais grave, é continuarmos a ter de ouvir Paulo Portas invocar o nome de Deus em vão. Apetece dizer-lhe que um Deus que ama a vida deve ter dado um empurrão a esta maioria absoluta da esquerda.

[post-it]

[ou o falhanço do ensino]

Oferecer livros de História do século XX e de ciência política, uma colecção de jornais de 1975, DVDs do Canal História ou um simples manual de bom-senso à direita que andava de fraldas no PREC.

21.2.05

Pedidos no café

Saia um Alka-Seltzer para a mesa da direita...

20.2.05

Viva Portugal!

O sms do Diogo diz tudo.

Hoje vota-se...

... e todos temos de votar. Para acabar de vez com meninos-guerreiros. Toca a sair de casa e votar!

19.2.05

Pacto de regime

[ou motivos sempre renovados para um entendimento na sociedade portuguesa]


Denise Richards

[advertência]

Este blogue não tem problema em violar a lei que diz que hoje não se pode fazer campanha. O dia de reflexão não lembra a ninguém.

Se eu fosse como o...

...inefável César das Neves*, só que com um discurso contrário, o homem pedia a minha excomunhão (pensando bem: ele pode pedir, o meu discurso é totalmente contrário, mas sem disparates daquele calibre). Mas com o argumentário do homem, começo a achar que o Vaticano tem motivos para abrir um processo.

[actualizado: as más companhias deste senhor: um livro «em defesa da vida» (que ele esquece em todas as dimensões da vida, mas continua a achar que sim, que a defende), em que este senhor escreve é publicado por uma editora de extrema-direita, Nova Arrancada, e os seus panfletos são republicados nos blogues fascistas.]

* - entrevista lida via Barnabé

A Coreia do Norte vista pelo camarada-operário


Kim Jong-Il, por Fewings

«[...] Em relação a esse conflito e a esse perigo [da Coreia do Norte], que existe, e aí também era importante falar das pressões, do cerco por parte do imperialismo que tenta hoje impôr uma ordem única à escala planetária, que a solução passa por uma solução política em que prevaleça a paz. Em relação ao regime político creio que é claro da nossa parte que, nós, comunistas portugueses, temos o nosso próprio projecto de sociedade, o nosso modelo de democracia avançada, - a perspectiva do socialismo continua a ser a nossa -, mas de certeza que é claramente diferenciada em relação a outros modelos, incluindo o da Coreia do Norte. [...]
Ora, a resistência por parte dos povos e dos países que impeçam essa imposição à escala planetária dos interesses e hegemonia dos EUA são esforços que valorizamos. [...]»

18.2.05

Porque vou votar Jerónimo



Santana Lopes é um apresentador de Circo, onde o domador foi comido pelo leão, a contorcionista partiu a coluna, os palhaços foram presos por perjúrio. Sócrates é um cónego que está no púlpito a falar para as viúvas de Guterres. Paulo Portas é um humorista que tem sempre a cara séria e, por isso, as pessoas não se riem. Mas se ele contasse o que promete em cima de um palco, a passear de cá para lá com o micro na mão, em jeito de piada, isso sim, era gargalhar. Louçã anda permanentemente com duas listas telefónicas debaixo de cada pé, para parecer mais alto. Está chato e quanto mais chato está menos piada tem. E o Louçã que a malta gostava tinha piada, não era demagogo.

Resta o Jerónimo.
Já chega de défices, desempregos, aumentos, IRCs, banqueiros, a zona franca da Madeira, a colocação dos professores, a pressão sobre os media, a irmã Lúcia e o carmelo de Coimbra, a Marisa e os Madredeus, o Gato Fedorento e o Balsemão.

Estou farto. Se pudesse votava nos meus amigos, para os chagar durante quatro anos. Votava no Peter Gabriel, no Harry Potter, nos Marretas, na Tori Amos, no Padre Borga. Se pudesse, votava logo para os próximos dez anos, para me desampararem a loja. Fazia uma espécie de boletim “cinco semanas”, com direito a interrupção quando alguém tipo-esquerda, em bom, aparecesse.

Resta o Jerónimo.
O Jerónimo não tem qualidades políticas maiores que o Louçã, não é mais letrado que o Sócrates, não fala melhor que o Portas nem tem mais instinto que o Santana. Mas parece um gajo porreiro. Eu estou farto de políticos.
E apetece-me votar num gajo porreiro.

Dia de reflexão

Para ajudar a passar o sábado

A ler, antes de votar ou para reflectir: da política - no Pula Pula Pulga; e das sondagens - no Margens de Erro.

[pergunta irreflectida]

A Comissão Nacional de Eleições vai escrutinar amanhã, dia de reflexão, todos os blogues e "sites", para saber se há apelos ao voto e notícias sobre os partidos?

Os irmãos Dalton


Paulo Portas nunca compraria um carro em segunda mão a Miguel Portas.

É por isso que vais perder

«Que congruência existiria em chamar quem errou, quem pecou, quem esbanjou?», questiona Santana Lopes.

[coisas boas]

[ou faltam quatro dias para The Beekeeper]

[coisas boas]

Faltam dois dias, para se acabar a silly season.

Três razões para votar...

... no PS, reproduzidas a partir de um texto do Timshel, absolutamente essencial:

«- A primeira razão radica na convicção que é o partido que, nas circunstâncias actuais, mais possibilidades tem de lutar eficazmente e convictamente contra a pobreza e as desigualdades sociais.
[...]
- A segunda razão resulta de um pequeno ponto do seu programa, até aqui quase ignorado no debate público e que reza assim: "Criar um concurso anual, a nível nacional, para selecção de recém-licenciados candidatos à Administração Pública".
[...]
- A terceira razão é a consequência de circunstâncias factuais que levam a que o PS seja neste momento o único partido com possibilidades de obter a maioria absoluta.»

17.2.05

O riso de Deus

"Talvez por tanto falar no Céu alguns cristãos estão a perder a hipótese de se divertirem um bocadinho nesta vida. Dietas de hóstias não dão cus que enchem as calças, perdoem-me a ousadia. Nós sabemos que o Deus judeu é o verdadeiro por causa do seu humor. Toda a tralha pagã é inútil porque não tem gracinha alguma." [Tiago, in Voz do Deserto].

Depois de escrever isto, o mesmo Tiago propõe a canonização de dois profetas. Onde podemos assinar?

16.2.05

Pacto de regime


Joana Amaral Dias, candidata a deputada pelo BE


Margarida Marinho, actriz

Afonismos

Houve quem se libertasse do acessório, e preferisse saborear o tempo. Houve quem descresse e descobrisse a beleza e a esperança do ex-voto. Houve quem olhasse a família e defendesse a justiça social e o seu contrário ou a mesma coisa. Houve quem ficasse em silêncio, mesmo sem estar afónico. Aforismos, dúvidas, cogitações, no sítio do costume.

15.2.05

O grau zero do comentário

Dizem-nos, na televisão: Jerónimo Sousa ganhou - por não falar, de tão afónico estava. Mais valia estarem calados. Afinal, antes atacavam Sócrates por (supostamente) não falar. Não há quem possa calar estes comentadores? Ou pedir-lhes que fiquem afónicos?

O eleitor vítima do sistema

O Zé recebeu uma carta em casa. Vinha num envelope sem qualquer logotipo enviada por INFOMAIL e que apenas dizia "SE NÃO COSTUMA VOTAR, LEIA ESTA CARTA." A carta propriamente dita também não tem qualquer logo e apenas no final identifica o remetente, com uma daquelas assinaturas digitais.

Eis o conteúdo:


Caro(a) Amigo(a),

Não pare de ler esta carta.

Se o fizer, fará o mesmo que o Presidente da República fez a Portugal, ao interromper um conjunto de medidas que beneficiavam os portugueses e as portuguesas.

Portugal precisa do seu voto para fazer justiça.

Só com o seu voto será possível prosseguir as políticas que favorecem os que menos ganham e que exigem mais dos que mais têm e mais recebem.

Você não costuma votar, e não é por acaso.

Afastou-se pelas mesmas razões que eles nos querem afastar.

E quem são eles?

Alguns poderosos a quem interessa que tudo fique na mesma.

Incluindo a velha maneira de fazer política.

Eles acham que eu sou de fora do sistema que eles querem manter. Já pensou bem nisso?

Provavelmente nós temos algo em comum: não nos damos bem com este sistema.

Tenho defeitos como todos os seres humanos, mas conhece algum político em Portugal que eles tratem tão mal como a mim?

Também o tratam mal a si. Já somos vários.

Ajude-me a fazer-lhes frente.

Desta vez, venha votar. É um favor que lhe peço!

Por todos nós,

Pedro Santana Lopes

Lutos

Hoje é dia de luto nacional, naquele dia não foi! Não houve eleições!

Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento.


SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Os bispos vermelhos

Esta igreja acidental que critica D. Manuel e D. Januário é a mesma que só tem um discurso sobre a vida - a do padre de São João de Brito. E que esquece as vidas, «quando os bispos se põem a fazer política».

A palavra, de acordo com a direita...

...tem de estar entregue à direita - a «verdade» é a deles, a «competência» é a sua. Por isso, Louçã disparatou e eles dispararam para o fuzilamento mediático, sem cuidar que há anos alimentam a fogueira da violência irracional e demagógica. Agora, Portas falou no aborto como uma pena de morte e ao disparate não se conheceu igual fuzilamento mediático, que era merecido - safou-se com a morte de Lúcia e com o seu ar compungido saiu de cena.
Também, com Lúcia, os bispos falaram e logo a direita disparou. Se fosse um bispo a disparatar contra a esquerda, aplaudiriam de pé. Como dois homens da Igreja falam de outro modo (pode lá ser? nós os únicos democratas-cristãos!), eles fuzilam de novo, e aguardam que os outros bispos - os verdadeiros, de acordo com a palavra da direita - «desvalorize estas declarações despropositadas». Os acidentais devem estar todos de luto, claro está.

14.2.05

Os dois primeiros milagres de Lúcia

[à atenção do padre Luís Kondor]

No Blogue de Esquerda, andou uma grande confusão, com acusações violentíssimas entre vários escritores da casa, e o Zé Mário e o Manuel a tentarem compor a coisa, sem grande sucesso. Mas bastou a morte de Lúcia, para logo os irmãos desavindos se entenderem e o amor entrar nos seus corações. É um verdadeiro milagre de Fátima, e desde já podemos invocá-lo para a irmã Lúcia... Ah! e o segundo milagre é o próprio regresso virtual do Luís! Salvé Raínha, mãe de Deus!

O luto nacional

Há bispos que criticam a interrupção da campanha e apontam o dedo ao aproveitamento político como pano de fundo do luto nacional, decretado por Lúcia. Eu apenas gostava que me explicassem os critérios para o decreto de luto nacional. Vejamos: para Sophia e Lourdes Pintasilgo não houve funerais de Estado. Para Sousa Franco, Carlos Paredes, Aragão Seia e, agora, a irmã Lúcia, o luto foi decretado. Porquê? Não questiono cada um dos nomes - e a sua importância. Acho apenas que não podemos deixar estes decretos na mão de conveniências pontuais.

A história de um ferreiro

«Aconteceu que um dos burros perdeu uma ferradura».

Sobressaltos, acasos

Este blogue nunca teve agenda, não fala de tudo o que acontece, nem pretende tal, e pode pular de temas sérios para breves exaltações da beleza ou curtas declarações voluntárias de humor. É assim, assim será sempre. Este domingo, a última vidente de Fátima, irmã Lúcia, morreu, quando por aqui deixávamos entrar a volúpia. Devo deixar a Luma ou pôr um ar circunspecto, pensei. Nem uma, nem outro. Apenas esta quase nota editorial, de quem sente que a morte daquela religiosa será sentida por quem a entende como próxima, mas de quem não dogmatiza Fátima e o fenómeno da Cova da Iria.

13.2.05

Idade da inocência


Em Novembro de 2004, revelaram a força dos 40. Agora desvelam a qualidade dos maduros 30. Aqui já se reconheceu um fraquinho por mulheres maduras.

Da coerência na política

[ou apanhados sem classe]

Marques Mendes nunca se envolverá com Santana. Que ameaçou sair do seu partido para um novo partido. [a partir do Pula Pula Pulga]

12.2.05

Da vida

"Deixa sem tardar,
ao subires aos céus
à terra o que é da terra.
Em breve te juntarás ao Pai,
E, deus, dançarás em Deus"





teclas de um piano

A nossa amiga partiu. Numa tarde de domingo de Ramos, para constar de estatísticas frias que escondem rostos - e a dor e a saudade. Agora que aqui também se celebra a vida, recordo a R., dias depois do seu dia de anos, pela memória da Inês. Para que nunca se perca a esperança de encher a vida de futuros.


[e de outras vidas: o Ma-Schamba assinou o seu epílogo: «Cheguei a um acordo perfeito com o mundo: em troca do seu barulho dou-lhe o meu silêncio (Nassar)». Aguardamos novas safras. Enquanto isso, descobrimos o Chuinga, uma estrada para seguir - acasos encontrados pelas páginas do amigo Lutz.]
Há-de uma grande estrela cair no meu colo...
A noite será de vigília



à Alice, que nasceu ontem - e aos pais, Margarida e Zé Mário. palavras de «Reconciliação», de Else Lasker-Schüler, in Baladas Hebraicas, com ilustração de Miguel Rocha, in Março.

11.2.05

Agora dizem-nos que ela é perigosa...

Lamentamos informar a Greenpeace, mas já sabíamos!


[Scarlett, no anúncio de Eternity for Woman]

[citação]

«Vale tudo»

É assim que dirigentes do PSD têm confidenciado que seria esta campanha eleitoral. A do «vale tudo».
E já se percebeu que sim, vale mesmo tudo: primeiro, os boatos alimentados canalhamente por quem tinha responsabilidades, mas que há muito se mostrou inimputável. Depois, como nada disto parecia resultar, a(lguma) PJ faz mais um favorzinho: sai cá para fora uma notícia com óbvias intenções político-partidárias (as cassetes desta vez não devem gravar nada), no jornal que mais gosta de lucrar com este tipo de noticiário. [Seria interessante analisar a quantidade de "escândalos" que atingiram, segundo o antigo semanário de Paulo Portas, os governos de Durão e Santana: quantos ministros PSD e quantos governantes PP...]

Sobre mais esta campanha da lama, a ler: Bloguítica, impreterivelmente.
[actualizado: todos nós sabemos o que significam «fortes indícios», na terminologia jornalístico-pjotística.]

10.2.05

Mulheres inúteis e incompetentes?

Recebi cá em casa - contra a indicação do autocolante que não gosta de publicidade não-endereçada (o primeiro autocolante de Sócrates, do you remember?) - um panfletozinho a anunciar-me que «a competência é útil para Portugal.»
E um friso de notáveis (que já precisariam de um minibus), 15-quinze-15, a olharem-nos fixamente: Portas ao centro e em plano maior. Depois os outros em leque. Um leque de gravatas, à excepção de 3-três-3 mulheres. Pergunta-se a Portas: a competência das mulheres não é assim tão útil para Portugal? Ou é inútil a sua competência para o projecto revolucionário do século XXI?

9.2.05

Quadratura do círculo

Pacheco Pereira não quer que «o PS seja Governo», mas também não quer Santana como primeiro-ministro. Então? Deixamos o PSD decidir, com as «quotas do dia», como fizeram em Junho?

E se Cristo descesse à terra?

«Alguém imagina que se Cristo voltasse à Terra e exercesse o seu direito de voto, votaria no Portas? Antes ser crucificado!»

Retomo a frase final do longo comentário do Afonso, à minha (também longa) proposta para católicos votarem à esquerda. Para aguçar o apetite para um texto que não pode ficar ali (quase) esquecido.

O karma e a Trindade...

... porque há mais para lá da política nesta Terra.

Meter a mão na massa

[ou escritos em defesa do voto na esquerda]

Este texto é publicado hoje na Terra da Alegria, onde outros apresentam também a sua leitura da coisa política. Por a Cibertúlia ser um blogue de cariz diferente, atrevi-me a acrescentar um último parágrafo, ainda mais politizado que o texto original.


Quem me segue nesta casa, já percebeu que não escondo alguma ruptura com questões mais práticas do exercício de sectores ditos conservadores da Igreja. Também na escolha política em vésperas de eleições o faço. O discurso da Igreja não pode ser só associado a homilias como a do padre de São João de Brito, compreendidas à cautela pelo Patriarcado. Mas também não pode remeter-se a uma lógica de fechamento na sacristia. Bem sei que o texto do José, aqui na semana passada, não vai por aí - mas a leitura que ali se retira também pode ser perigosa. Ele sabe-o e por isso, já no fim, acena com caminhos de esperança, contra o derrotismo do seu discurso.

Ao católico, cabe participar na política? Cabe. Como um dever quase sacramental. Se o templo foi tomado pelos medíocres, devemos procurar a expulsão dos vendilhões - ou pelo menos da sua mediocridade, com critérios de exigência. É mais cómodo e fácil gritar pobre país, o nosso e mantermos o apoio ao nosso clube, só porque é o nosso clube. Mas, para lá desta quase fatalidade de adepto, vale a pena ensaiar rupturas.

E que rupturas são essas?

O apelo do senhor padre lisboeta é um apelo habitual, quase farisaico - o de quem olha para a maçã e prefere sempre o lado mais lustroso, porque tem medo de trincar a parte mais pisada. Pede-se que não se vote naqueles que atacam a vida. Por uma vez, gostava de ouvir alguém gritar o mesmo - mas contra o ataque à vida que é a pobreza e a miséria. Por uma vez, gostava que a moral sexual ou questões que remetem para a consciência individual e familiar dos cristãos (corrijo: de todos os portugueses), fossem conscientemente debatidas no interior da Igreja, sem a demagogia dos assassinos (por oposição ao absurdo radical da barriga que é minha). Lamento: mas a eutanásia ou o aborto, sendo questões importantes, não o são as mais fundamentais para os portugueses.

Não são as que interessam mais ao povo português - numa altura em que o desemprego bate à porta de milhares; em que o imigrante é erradamente visto como alguém que está a mais ou apenas diferente; em que os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres; em que a produtividade só é medida pelo lado do trabalhador ou que a necessidade de cortar despesas signifique despedir; em que a Saúde está entregue a uma lógica cada vez mais de clientelismo e não de assistência; em que na Educação se valorizam "rankings" que sublinham a alegada excelência de escolas privadas, escondendo o trabalho social que muitas não fazem; em que a Justiça é lenta e perniciosa para os que estão sobretudo à margem; em que o Fisco penaliza quem trabalha por conta de outrém, facilita a vida à banca e às grandes empresas e continua a permitir a evasão dos mais ricos; em que os impostos vão penalizando quem não já paga e não aqueles que deveriam pagar; em que a Segurança Social, dita na falência, sem nunca ter atingido patamares de Estado-Providência, continua a ser atacada, para cobrir défices artificiais e auxiliar seguradoras; em que as empresas de serviços públicos laboram em pretensos mercados abertos, mas mantendo situações de inegável monopólio e comprovável sobranceria face aos utentes/clientes; em que...

A lista é longa, porque é longa a lista de problemas. Mas que fazer? Remetermo-nos à sacristia e sair a horas certas para pequenas acções de caridade (esquecendo o imenso alcance da palavra na sua origem)? Ou lutarmos para que estas coisas mudem? Para que estes atentados à vida acabem?

Claro que temos de seguir este caminho. E aqui o caminho, não tem de ser apontar o dedo aos que insistem no aborto, ou noutras questões que alguns dizem ser da vida. Não: de uma vez por todas, temos de apontar o dedo daqueles que se proclamam cristãos, mas no dia-a-dia atacam os seus semelhantes, criando dificuldades aos ciganos, que roubam com o rendimento mínimo. Mais rendimentos mínimos houvesse! Ou que seguem uma política de privatizar porque o Estado é mau gestor. Acaso não foram eles os gestores da coisa pública? Os vendilhões do templo dizem-nos que é útil a sua competência, mas confiaram a Nossa Senhora o que não fizeram no ambiente. Os auto-proclamados detentores da verdade empurram-nos para o colo de questões menores, chamadas de civilização, apenas para ganhar no jogo de malícia ao balcão da cervejaria de que aquele afinal é maricas. Zelam por virtudes que não praticam, rezam quando ficam na fotografia. Tudo coisas pequenas, mas que não têm problemas de trazer à liça para laçar mais votos. E para encorajar homilias como a do senhor padre de São João de Brito.

Demagogia feita à maneira, apontam-me o dedo. Mas, neste tempo, há que romper discursos caridosos ou politicamente correctos ou maioritariamente consensuais. Neste tempo, a Igreja devia dizer: é preciso fazer uma verdadeira opção preferencial pelos pobres. A direita no poder desde 1979, com um interregno de seis anos de governos de Guterres, e com a agravante do descalabro dos dois últimos anos, não tem condições de se reivindicar da doutrina social da Igreja. Nem muito menos de proclamar a defesa da vida, da vida dos mais pobres.

No dia 20, votarei PS. Já o disse aqui, por interpostas vozes e apontamentos vários. Será o PS de Sócrates tão igual assim do PSD de Santana e do PP de Portas (que diabo!, estes são unha e carne, foram-no durante três anos). Não, não são iguais. Ao governo de António Guterres - de que fez parte Sócrates - imputa-se uma das medidas socialmente mais arrojadas dos anos da democracia, o Rendimento Mínimo Garantido. Com todas as falhas que se lhe reconhecem, mas as falhas corrigem-se, não se matam os princípios. E aos governos de Durão-Portas/Santana-Portas apenas se reconhece a morte antecipada por birra ideológica do RMG, substituído por um rendimento de inserção social, cuja lógica foi desenhada para falhar, para poder acabar pura e simplesmente com a medida emblemática dos governos socialistas. E que alternativa nos propõem eles? Que dizem eles às milhares de crianças que voltaram às escolas, nos primeiros anos do RMG? Nada. Preferem atacar os ciganos do rendimento mínimo, como fez Paulo Portas na campanha de 2002, só porque os ciganos não votam ou votam pouco. E preferem falar de questões de civilização.

7.2.05

Pacto de regime

[ou mais uma proposta para alguns consensos necessários na sociedade portuguesa]


Luana Piovani, por ser Carnaval, e à espera de notícias do nosso correspondente favorito naquelas terras

Tolerância de ponto

É Carnaval, ninguém leva a mal.

Quer mesmo que ele governe?



[actualizado] «Iguais? Nem pensar! [...] Quanto aos factos objectivos, Sócrates não é (nem nunca foi) acusado pelos seus colegas de partido de falta de sentido de Estado, de irresponsabilidade ou de deslealdade (ver as declarações de Henrique Chaves e de David Justino, por exemplo). Não, felizmente, Sócrates e Santana Lopes não são iguais. Nem pensar!» [Paulo Gorjão, in Bloguítica]

A má influência americana...

... na campanha de Santana Lopes. Uma análise comparada. Essencial, na Rua da Judiaria, que olha para esta «campanha eleitoral a 9133 Km de distância».

Assim ia o país...

Como era no século passado? Este mundo está perigoso e o país em desarranjo, escreve-nos todas as semanas Vasco Pulido Valente. Se calhar, nem tanto. Basta acompanhar a série «Primeiras páginas do século passado», no Pula Pula Pulga. Imperdível - e já em décima edição.

6.2.05

Compras em Aviz

Já posso oferecer no meu dia de anos livros de epistemologia geral.

Calendário político

A vida são dois dias, o Carnaval três... e a Quaresma quarenta looooooongos dias.

5.2.05

Pacto de regime

[ou mais uma proposta para alguns consensos necessários na sociedade portuguesa]


Naomi Watts

Quero lá saber, senhor patriarca

Na sua nota para a Quaresma, o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, veio atacar a Maçonaria. Não entendo. Parece que uma iniciativa de uns quantos maçons, na Basílica da Estrela, à revelia do patriarcado, «provocou indignação em muitos católicos».
Eu, por mim, lamento que esta nota seja desperdiçada com tema tão pequenino (aos homens do avental, também pouco vai interessar). Que me interessa a mim, que «muitos» se tenham indignado?! Porventura, esses muitos não se indignam com coisas bem mais graves na nossa sociedade. E tenho pena que D. José vá atrás de apenas algumas vozes na Igreja. Um olhar sobre a realidade que nos rodeia era bem mais vindo para a Quaresma que se avizinha.

Achas para a fogueira extinta

Santana diz que quer Cadilhe para vice não sei o quê, mas ainda vai fazer o convite. Por isso, ainda não tem Cadilhe. Nem tem, nem deverá ter: Cadilhe é uma das vozes que mais tem criticado o Governo de Santana, e que antes da demissão do Executivo estava na mira deste (pela voz de Arnaut) para sair da Agência de Investimento. Agora Santana quer investir por aqui. Sabendo que é apenas uma acha para uma fogueira extinta.

4.2.05

No mundo da fantasia

Já vi de tudo: meninos vestidos de rato Mickey, Harry Potter e conselheiro do rei. Elas de fadas, muitas fadas, e princesas. Os pais transferem para os filhos a vontade de escapatória deste país - e entram no reino da fantasia.


[confissão: nós também escapámos para o reino da fantasia... com Scarlett no mundo fantasma.]

Santana ganhou...

ou mesmo antes do debate eu já sabia, que assim ia ser, pensou Luís Delgado.

«[...] diz-me alguém, com muita graça, que há um sinal claro de que o debate me correu bem: o comentador de estimação do actual líder do PSD diz que ele ganhou, mas por pouco, sem ser por KO, o que terá sido a sua declaração mais moderada nos últimos tempos.» Sócrates sobre o debate. No seu blogue.

Saraivada sobre o debate

Santana não terá perdido o debate, dizem uns observadores, analistas, bloguistas e jornalistas, porque até não se saiu mal no debate. Mas desde quando é que um debate faz um primeiro-ministro? Não faz. Aliás, em seis meses, já vimos como é que ele é como primeiro-ministro - e isto basta!

[actualizado: mais uma leitura: «[...] Não há como suavizar a coisa: Santana é reles, baixo, canalha, vil. Completamente indigno de ser governante da Aldeia dos Macacos do Jardim Zoológico. Já toda a gente percebeu o que ele quer e agora chegámos ao ponto em que as suas baixezas não o beneficiarão. Sócrates merece uma taça só por não se ter passado da cabeça ali mesmo. [...]
Em contraste, José Sócrates não precisava de um KO. Como está à larga nas sondagens, apenas precisava de não perder para manter a distância. Conseguiu. Agora só lhe falta o debate a cinco e ufff! acabaram-se as conversas sem ser para convertidos. De facto, muito triste para um candidato a primeiro-ministro.
Evidentemente que Sócrates está a milhas de Santana em termos de seriedade e preparação. E é evidente que preserva ainda uma parte das políticas sociais de Guterres. Num país como Portugal, é essencial ter como primeiro-ministro alguém que não ache que a pobreza é uma coisa natural. No entanto, ainda não consegui deixar de achar Sócrates um tanto verde como político. Neste debate, Sócrates pareceu alguém que pode vir a ser um Primeiro-ministro aceitável, o que já não é nada mau – que as pessoas o vejam como Primeiro-ministro é meio caminho andado.
[...]» [Rui Tavares, Barnabé]

Pacto de regime

[ou propostas para consensos necessários na sociedade portuguesa]


Scarlett Johanson

Saraivada sobre os políticos

Quase que percebo o dilema do Sirhaiva (aliás, re-bem-vindo!, já há muito que ninguém escrevia neste canto, para além de mim, pá!).
Ontem à noite, discutia-o com quem vive a mesma dúvida: votar neles, três anos depois, porquê? Porque estes que lá estão fizeram pior; porque estes que lá estão também seguiram uma política de radicalização, em matérias essenciais, por dependerem de um partido extremista; porque estes que lá estão enlamearam antes o dia-a-dia dos portugueses e voltam agora a fazê-lo. E porque apesar de tudo, caro amigo, o programa do PS não é a imagem dos mesmos de há três anos. Os políticos, assim dito, têm costas largas. E cabe-nos mudar este discurso derrotista.

Duas opiniões desgarradas sobre o debate:
Primeira: «[...] dentro do figurino definido, o debate permitiu perceber algumas coisas. Os contrastes entre os programas dos dois partidos não são assim tão pronunciados. O problema do PSD, aliás, nem sequer está aí. Das sínteses que já pude ler do programa elaborado por António Mexia, até haveria medidas que poderia subscrever. O problema está em Santana Lopes. Na sua completa incapacidade em se concentrar, na sua propensão para a demagogia e o facilitismo, na sua confrangedora falta de cultura, em suma, na sua completa impreparação para o exercício das funções de primeiro-ministro. Os seus 4 meses de governação já nos deram um vislumbre mais do que suficiente, mas o homem ainda se consegue esmerar nesta campanha com as suas promessas de redução do imposto automóvel e de realização de referendos sobre a fertilização in vitro, a clonagem humana ou a eutanásia. É obra!
Como apoiante de Sócrates, sou naturalmente suspeito para avaliar o seu desempenho. Julgo que esteve bem ao insistir na necessidade de se julgarem estes três anos de governação de direita, bem como nos erros que apontou em matéria de opções económicas e política financeira. Foi hábil a lidar com o tema da co-incineração e razoavelmente sóbrio em matéria de perspectivas de recuperação económica. Na segunda parte poderia talvez ter mudado o ar rígido e severo que adoptou na primeira – mas eu diria que para "político de plástico", Sócrates não esteve nada mal, não senhor.
[Pedro Oliveira, in Barnabé]

Segunda: «PSL sobre as matérias "morais" revela como elas foram coladas à última hora para justificar a questão do "casamento dos homossexuais". Ignora o muito que já está decidido e o trabalho já realizado na Assembleia.» [Pacheco Pereira, Abrupto]

Socorro, vou votar...

Não há por aí alguém que me salve deste dilema em decidir qual o melhor governo para Portugal a partir de 20 de Fevereiro? É que me sinto mesmo em apuros...



Assisti ao debate de ontem esperançado em perceber qual dos dois líderes politicos, um dos quais certamente será o futuro primeiro-ministro, mereceria o meu voto. Não tenho grande pachorra para ler exaustivamente programas politicos, digo-o sem grande vergonha. E ontem fiquei sem perceber como pretendem resolver os grandes problemas de Portugal nomeadamente o Elefante Branco que é a Função Pública portuguesa, o sistema obsoleto de Segurança Social, o Aparelho Fiscal incapaz de controlar as fugas aos impostos, o sistema de Educação Superior cada vez mais elitista...

Acabou por me sair um debate tipo menu da MacDonald's, ou seja, formato americano que me pareceu um bocado forçado para a cultura portuguesa, mas prontos, é uma questão de hábito, e sabor standardizado, sem surpresas. Na verdade não se aprendeu nada de novo, responderam às questões de forma completamente normalizada. Assim senti que até eu fazia aquilo, até eu era líder de um grande partido. E agora? Só tenho certeza de uma coisa. Eu vou votar, isso é certo.

Sou tendencialmente um homem de esquerda mas não fundamentalista, já tenho votado noutras tendências segundo o que acho que é melhor na altura. Desta vez sou capaz de votar PS, prontos tá dito, mas garanto-vos que tenho a perfeita noção que estou a votar nos mesmíssimos fulanos, tirando os testas-de-ferro que dão a cara, em quem NÃO votei há dois anos atrás (apenas dois anos?) por reconhecê-los como incompetentes para governar.

Isto está muito mau. O crédito dos nossos políticos anda pela rua da amargura e em vez de contrariar a tendência eles ainda lançam mais achas para a fogueira das palhaçadas. Por uma credibilização dos Políticos e por uma política de qualidade em Portugal é que devia haver um verdadeiro pacto de regime entre todos os partidos políticos.

Desculpai-me o desabafo, mas é que... deixem lá, esqueçam.
Dia 20 salve-se quem puder.

Medicina sem contra-indicações

Princípio de pubalgia: «A pubalgia atlética é descrita primariamente em atletas de alto nível e quase que exclusivamente no sexo masculino. O mecanismo de lesão envolve hiperextensão repetitiva do tronco em associação com hiperabdução da coxa, com tração do periósteo na inserção do reto abdominal ou na origem do adutor longo na pelve. Alterações rápidas de direcção e o remate são duas actividades que podem desencadear a pubalgia. No exame clínico, encontra-se sensibilidade aumentada no tubérculo púbico anterior. A dor pode ser reproduzida pela flexão do quadril, rotação interna e contração da musculatura abdominal. A chave do diagnóstico é relacionar a história e o exame físico, pois em alguns pacientes o exame físico é conclusivo, já em outros a história é mais útil. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com outras patologias, como síndrome do músculo piriforme, tendinose do ilipsoas, osteíte púbica, cancro retal, entre outras. Os exames complementares podem estar normais. O tratamento inicial é sempre conservador. Repouso completo e administração de anti-inflamatórios para aliviar a dor, porém o efeito é usualmente temporário e os sintomas retornam com as atividades. A fisioterapia é extremamente útil e efetiva em muitos pacientes e ajuda a resolver os desequilíbrios musculares do quadril e dos estabilizadores da pelve, com fortalecimento muscular e alongamentos adequados, seguidos de exercícios aeróbicos. A fase final inclui implementação de actividades relacionadas com o gesto desportivo específico e gradual regresso ao desporto competitivo. O tratamento cirúrgico é uma opção na eventual falha do tratamento conservador.»

[texto original retirado daqui; para que se veja que eles são quem melhor percebe de medicina da bola]

3.2.05

Sócrates com ligeira vantagem sobre... Louçã

Não vi o debate - apenas fragmentos, breves e sem continuidade. Viajei pela blogosfera, ouvi amigos e familiares, tentei escutar o que se analisava na TV e percebi que foi uma coisa assim-assim, muito formatada e sem decidir indecisos. Mas dos minutos mais ouvidos que vistos tive a sensação de ser um debate entre Sócrates e Louçã, tal a insistência nos casamentos homossexuais...

Esquecidos - ou pouco sacudidos...

O Bloguítica retomou a marcha. Ainda bem: ali se discute política como em poucos lados, concorde-se ou não com a moderação de Paulo Gorjão. Que veio levantar um tema (uso a palavra com cuidado; quando se fala em temas, esquecem-se as pessoas...) "esquecido" por todos - o Sara Ocidental - incluindo por muitos que abraçaram a causa de Timor. A guerra contra o esquecimento faz-me lembrar Timor-Leste, uma questão que entretinha pequenos grupos cristãos e universitários nos anos 80 e que só arrebitou com o massacre de Santa Cruz. Mas o Sara Ocidental é (hoje) uma preocupação de poucos (e já foi aqui lembrado em Agosto passado).
Do Conselho Nacional de Juventude, por exemplo (que manterá um trabalho estreito com o CJ de Espanha de pressão sobre o Sara).
Mas como em muitas bandeiras de jovens, os mais velhos ligam pouco. Estes precisam sempre de algo para sacudir as consciências.

2.2.05

A saída de uma voz que incomoda

O Papa - mesmo hospitalizado - anunciou a demissão de Pedro Casaldáliga Pia, de 76 anos, bispo de São Félix, no Brasil, e nomeou para o substituir o monsenhor Leonardo Ulrich Steiner, de 54 anos.
Apesar do Vaticano invocar o limite de idade (aos 75 anos), para aceitar a resignação de Casaldáliga, o bispo brasileiro - conhecido por contestar a doutrina do Vaticano, em diversas matérias -tinha manifestado vontade de continuar como titular da diocese.
Pedro Casaldáliga é uma das referências da Teologia da Libertação e um dos últimos bispos ainda em exercício desta corrente latinoamericana que defende uma Igreja vocacionada para as questões sociais e para os mais pobres.

(mais um) Cantinho do Hooligan

Benfica-Beira Mar: a final antecipada da Taça de Portugal.

P(ost) S(criptum)

"Num momento em que certas forças políticas que se definem como sendo de direita se reclamam dos "valores morais" (e vão acentuar essa tónica até às eleições) como se detivessem a sua propriedade exclusiva, gostaria de sublinhar que os valores morais não são património de ninguém. E se os valores morais deveriam estar mais associados a certas correntes ideológicas que a outras é certamente à esquerda que eles deveriam estar mais associados. Com efeito, do mandamento do amor e do dogma cristão de que todos os homens são irmãos decorre necessariamente que o combate às desigualdades sociais é um dos valores morais supremos. Ora se existe alguém amoral e sem valores a este respeito é precisamente a direita pois a sua principal característica ideológica é a indiferença (pelo menos) relativamente às desigualdades sociais. Pena é que a esquerda não compreenda que a defesa dos valores morais em toda a sua plenitude e coerência é, precisamente, a sua mais importante bandeira." A campanha tem mais nível aqui.

1.2.05

Dois dias depois, outras memórias

Bloody Sunday



Yes...

I can’t believe the news today
Oh, I can’t close my eyes and make it go away
How long...
How long must we sing this song?
How long? how long...

’cause tonight...we can be as one
Tonight...

Broken bottles under children’s feet
Bodies strewn across the dead end street
But I won’t heed the battle call
It puts my back up
Puts my back up against the wall

Sunday, bloody sunday
Sunday, bloody sunday
Sunday, bloody sunday (sunday bloody sunday...)
(allright lets go!)

And the battle’s just begun
There’s many lost, but tell me who has won
The trench is dug within our hearts
And mothers, children, brothers, sisters torn apart

Sunday, bloody sunday
Sunday, bloody sunday

How long...
How long must we sing this song?
How long? how long...

’cause tonight...we can be as one
Tonight...
Tonight...

Sunday, bloody sunday (tonight)
Tonight
Sunday, bloody sunday (tonight)
(come get some!)

Wipe the tears from your eyes
Wipe your tears away
Wipe your tears away
I wipe your tears away
(sunday, bloody sunday)
I wipe your blood shot eyes
(sunday, bloody sunday)

Sunday, bloody sunday (sunday, bloody sunday)
Sunday, bloody sunday (sunday, bloody sunday)
(here I come!)

And it’s true we are immune
When fact is fiction and tv reality
And today the millions cry
We eat and drink while tomorrow they die

The real battle yet begun (sunday, bloody sunday)
To claim the victory jesus won (sunday, bloody sunday)
On...

Sunday bloody sunday
Sunday bloody sunday...

(U2, Sunday Bloody Sunday)

A 30 de Janeiro de 1972. Foi assim.

Silêncios sobre Auschwitz

O Tó voltou à blogosfera em casa alheia. Sobre Auschwitz, e o Papa de então. Sobre supostos silêncios e declarações que a imprensa de hoje gostava de ler.

A falsa assinatura de um cartaz

Já se sabe: de Sócrates não saberemos quem é, diz-nos a JSD, no seu cartaz-canalha espalhado pela cidade. Depois, vem a resposta: "Este sim, sabe quem é". E no segundo cartaz, a acompanhar Santana, a assinatura é outra: PSD. Daqui se depreende: o primeiro cartaz também é do PSD. Mas o "pai" não teve coragem de assumir a "boca" e mandou o filho (supostamente) rebelde atirar-se... É para isto que serve a Jota, Esse, Dê.