30.12.07

Água

Lorenzo Mattotti, na bagagem...

29.12.07

De quem se olha ao espelho

Escreve Pacheco Pereira, hoje no Público, sobre «A cultura de blogue nacional», para concluir que é um «mostruário da nossa pobreza, da nossa rudeza, da falta de independência que caracterizam o nosso "Portugalinho"».

Vejamos o blogue de Pacheco: Coisas da Sábado (os textos que publica nessa revista); o texto semanal de opinião do Público; «early morning blogs» (poemas ou textos de outros autores postados de manhã); «Momentos em tempo real: exteriores» (fotos manhosas ou bonitas dos leitores); «o Abrupto feito pelos seus leitores» (e-mails e comentários dos leitores com comentários a posts ou a temas). Tudo somado, há pouco de Pacheco Pereira-blogger neste seu blogue. Deve ser o retrato «da nossa pobreza, da nossa rudeza, da falta de independência que caracterizam o nosso "Portugalinho"».

[Nota: o Abrupto já teve uma média de 4 mil e tal visitas no sitemeter, hoje queda-se pelos dois mil e muito, que ainda é muito mas reflecte a significativa perda de importância do Pacheco de hoje na blogosfera nacional. Talvez por isso o texto de hoje no Público, que será publicado no seu blogue.]

Lapso freudiano

«O ABRUPTO FEITO PELOS SEUS ELEITORES: PLANO TECNOLÓGICO». Saudades de uma peleja eleitoral, ou os leitores do Abrupto têm outro estatuto?

Chiado, crise

Desce-se o Chiado entre tropeções, carros a mais, sacos de compras. Volta-se a subir, mais sacos, gente que se desvia ou nem por isso. O discurso de todos parece resumir-se ao défice, mas parece que o défice já desceu também nas carteiras.

28.12.07

O amor não mata

Lorenzo Mattotti, veio na bagagem...

As religiões matam

A violência das religiões dá pano para mangas. A morte de Benazir Bhutto é mais um pretexto para o discurso de agora que as religiões só matam. Em Itália, li ecos de um texto de Salman Rushdie que acusa as religiões de todos os males do mundo. Não sei que reacções mereceu por cá o texto, se é que foi lido e conhecido. Lá li algumas bem interessantes... Em todo o caso, o discurso de Rushdie não é de agora e tem uma marca pessoal indelével. Há outros autores, nomeadamente americanos, que têm insistido nesta tese para concluir que Deus não existe. Esta lógica argumentativa (a de Rushdie e a de outros) é o reverso da frase do cardeal-patriarca que anunciou que o maior drama da humanidade é o ateísmo. Todos esquecem, no equívoco destas suas posições, que uns e outros fazem o mundo avançar nas coisas boas. É verdade que os do costume falam-me da Inquisição, do Pio XII (deturpando aqui grosseiramente a História), da Al-Qaeda ou do fundamentalismo bombista na Irlanda; como os crentes atiram com o nazismo e o comunismo, tragédias maiores que a Inquisição.
Deus não se escreve nestes atentados, já o repeti, e mantenho. Quem se diz de Deus, está longe dEle quando mata assim. Como estava longe de Deus, nas fogueiras ou nas torturas das prisões chilenas ou nos campos de extermínio de Auschwitz ou dos gulags. As religiões que matam não são religiões. Como as ideologias que mataram já não eram ideologias.

27.12.07

Ateísmos, conversões

Deus anda na boca de toda a gente, com predilecção para ateus. Tony Blair converteu-se e logo todos se apressaram a comentar (no Renas e Veados, acha-se que o facto de Blair ter uma determinada opinião sobre aborto e orientação sexual é dissonante com a sua conversão e até se preocupam com os números dos que participam nas missas, ámen), Rui Tavares comenta hoje no Público a frase (tonta) do cardeal-patriarca que diz que o ateísmo é o maior drama da humanidade, para explicar que esta europeização do pensamento policarpiano pode levar ainda mais crentes europeus a afastarem-se da Igreja. Duvido disto tudo. Duvido que os católicos se tenham entusiasmado com Blair convertido, assunto que entreteve mais blogues e jornais que paróquias e crentes. Duvido que a frase (tonta) de Policarpo ecoe no coração dos crentes periclitantes para eles se afastarem de vez. O que me espanta sempre é esta preocupação com as coisas de Deus, de quem se diz longe dEle. Apetece brincar, que os caminhos do Senhor são insondáveis. Ou... o Menino travesso tem mil e uma formas de se manifestar.

25.12.07

[Natal]

Uma pequenina luz bruxuleante
não na distância brilhando no extremo da estrada
aqui no meio de nós e a multidão em volta (...).
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
como a exactidão como a firmeza
como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
no meio de nós.
Brilha.

(Jorge de Sena)

23.12.07

Simplex


[loja do cidadão em Aveiro]

22.12.07

Ciao

Regressado. Depois de 10 dias de frio, neve, sol, tudo junto, Roma, Assis, Siena, San Gimignano, Florença e Bolonha, e pizza e pasta e gelati e tartufo, e o La Reppublica, e a Fontana di Trevi como prometia a foto. Não sei nada de cá, soube pouco do mundo, a blogosfera deve estar a hibernar, deve haver muito para ler, falta tempo, é Natal, isto segue em ritmo incerto.

10.12.07

Vamos aqui - e já voltamos. Até breve



[e fica o conselho do costume... percorrer os blogues da coluna da direita... há muito por descobrir.]

Corrente. Cinco. Filmes

O Tim desafiou-me para a corrente dos cinco filmes, que importaria salvar. Como já o fiz no E Deus Criou a Mulher, retomo o post ilustrado de lá. Desenhei um roteiro aleatório (de afectos) de filmes, por ordem alfabética, que ainda hoje gosto de rever e redescobrir.
A Bela Impertinente/La Belle Noiseuse, de Jacques Rivette (1991)
A Dupla Vida de Véronique, de Krzysztof Kieslowski (1991)
Lost in Translation, de Sofia Coppola (2003)
Monica e o Desejo, de Ingmar Bergman (1953)
Mulholland Drive, de David Lynch (2001)

Questões deste tempo

A saída do director do Diário Económico directamente para a Sonae SGPS será natural? O período de nojo que os jornalistas gostam de defender (e sobretudo vigiar) para os políticos, quando estes deixam a actividade partidária ou governativa, não devia ser questionada no mundo dos jornais? A seguir.

8.12.07

Ou como fora das auto-estradas as coisas se complicam...

Lisboa-Coimbra-Estremoz-Lisboa. O País não é assim tão pequeno (ainda).

7.12.07

Selectividade

Uns quantos muitos resolveram indignar-se com a vinda de Robert Mugabe à parada de ditadores e democratas-pouco-recomendáveis e democratas-que-tentam-a-sério que é a Cimeira UE-UA. Mas nisto, são como Gordon Brown, enchem-se de brio e maltratam Mugabe, assobiando para o ar para os ditadores de apaparicar por casa e na bolsa do petróleo, como José Eduardo dos Santos. Sobre a violação dos direitos humanos e o eterno adiamento de eleições em Angola, José Barroso não usa da mesma eloquência e veemência. O Presidente sudanês pode chacinar no Darfur, que o Brown não gosta mesmo é de Mugabe. Eu também não. Não sei é se não os devo receber cá - são chefes de Estado, caramba (e até já cá veio o Putin e o Presidente chinês) - e esfregar-lhes com a arma de destruição maciça que é (era, será) fazer depender muito do que se promete em dinheiro e ajudas da verdadeira erradicação das ditaduras do continente africano.

6.12.07

Elevador

Balzac desceu o elevador com uma bilha leve de gás. Segurei a porta para ela sair à rua.

Cair mais uma máscara

Una victoria de mierda. É sempre eloquente a pesporrência dos aprendizes de ditador.

5.12.07

TV mural

Perfumes, telemóveis, brinquedos, automóveis, relógios... e nespresso. O Natal na televisão é imediatamente reconhecível.

Flexi

«Os ministros do Trabalho e da Segurança Social dos 27 chegaram hoje a acordo sobre os princípios comuns da flexigurança, nomeadamente a adaptabilidade nas empresas, permitindo horários flexíveis e adaptados aos fluxos de menor e maior produção.» E as administrações incompetentes? Podemos flexibilizá-las?...

Cá da casa

O bairro quadriculado, de ruas e ruelas, que as há, de muitos carros e mais peões, do jardim e da sueca no jardim, das lojas e lojinhas, dos barbeiros e dos sapateiros, das livrarias e das papelarias, do melhor bolo de chocolate do mundo e da escola de condução, da Ferreira Borges e da Saraiva de Carvalho, dos tecidos e dos painéis do Almada, dos Prazeres e do seu eléctrico, do cemitério e das suas vistas e campas, deste cantinho que se disfarça como sendo do bairro, dos outros cantinhos todos que merecem cada pedra da calçada... Tudo isto mora aqui, também.

4.12.07

Descontente

Lê-se na Lusa: «Sessenta e um processos de despedimento colectivo foram iniciados no terceiro trimestre do ano, abrangendo um total de 968 trabalhadores, de acordo com o Boletim Estatístico de Outubro, hoje divulgado.» Quase mil trabalhadores despedidos por uma lei que facilita o despedimento, este tipo de despedimento. Invocam-se motivos falaciosos. Inventam-se desculpas esfarrapadas. Nunca se aponta o dedo às administrações, os trabalhadores é que não aceitam as mudanças. Mas ninguém quer saber dos elevados custos sociais para o país destes despedimentos. São números para as estatísticas, inevitabilidades do mercado. No final, ouviremos sempre o mesmo: bagões e ministros a dizerem que tem de ser. Não tem, dizemos nós. E Sócrates não pode estar contente.

Solene

Haja solenidade, ou não estivéssemos em Coimbra. Na Sala dos Capelos, os reis e rainhas olham do alto, como o júri, para a candidata ao doutoramento. Os bancos do público são de desconforto, mas o consolo chega com o final. Ao que recebe a nota máxima, o júri manda chamar. Ao que se aprova sem essa nota, o júri desce para se anunciar. Ali não vimos o júri, a tradição soube melhor.

3.12.07

Hier leben die Blinden die glauben was sie sehen

[ou um post privado de exaltação! Ver, olhar e sehen. À Rute!]

2.12.07

«Em Lisboa, sabe-se pouco sobre estes portugueses da diáspora»

O estes é enganador. O que a rapaziada do 24horas americano (é verdade, há uma edição americana do 24, a única online) queria dizer era: sabe-se pouco sobre estas portuguesas da diáspora. Ou então, o pessoal anda a ler o Pedro Mexia e a espreitar o E Deus.... Uns intelectuais, estes tipos, já se sabe!

Dérbi

Parece que os tipos jogaram bem e ganharam. Mas noutro país qualquer ainda seria demasiado cedo para encomendar as faixas.

1.12.07

Baixa-Chiado

Há vendedores de rua, uma tuna, pedintes, meninas a fazer tranças, iluminações de Natal, gente com sacos, sacos de gente, a subir e a descer, a entrar e a sair, lojas, cafés, livrarias, esplanadas, os armazéns. O Chiado e a Baixa fervilham, a céu aberto. Quem é que precisa de se enfiar num shopping?!

Greve

Hoje a FNAC estava cheia, o Chiado pejadinho e no 58 às 16h não havia nem mais um lugar.