5.3.05

Sebastianismos


Cavaco Silva já foi o Desejado. Hoje, a direita de 20 de Fevereiro ataca-o como o Encoberto. Também à direita, António Borges é - cada vez mais, para um PSD que sonha sempre com manhãs de nevoeiro -, o novo Sebastião.
Agora, há novo mito à esquerda: António Vitorino (e já foi, sabe-se lá porquê, Vitor Constâncio). A todos atribuem-se as mesmas características, quase salvíficas: competentes, consensuais, pátáti-pátátá. De Borges, já disse o que penso. De Vitorino, penso melhor. Mas irritam-me estes namoros não consumados: "estou disponível", "habituem-se!" e, depois, afinal, muitos sorrisos, muitos salamaleques, mas ala! que se faz tarde e no privado ganha-se melhor, com menos chatices. Não será assim? Talvez não seja. Mas, como diz Celso Martins, «Vitorino ou é candidato à presidência, o que é uma muito boa notícia, ou francamente eu não consigo perceber o que vai naquela cabecinha loira». A segunda opção deve levar-nos a "demiti-lo": quem não arregaça as mangas nas horas difíceis, porque há-de merecer a confiança nas horas fáceis?

[actualizado, por e-mail, Cláudia envia-nos uma possível explicação:
António Vitorino, um balanço.
Pensão de reforma de um comissário europeu durante os primeiros três anos: 18.000 Euros.
"Esta reforma, apesar de vitalícia, vai sendo deduzida quando o ex-comissário em causa voltar a uma actividade a full-time e, claro, remunerada. Ou seja, os 18 mil euros a que Vitorino tinha direito durante três anos, mais uma pensão vitalícia - e que nesse caso seria só uma parte do vencimento total - pode ficar reduzida a uns míseros 720 euros."

Parece-me lógico que o senhor não queira fazer nenhum (e não será só ser ministro) durante uns tempos...

Fonte: Portugal Diário]