Vasco Pulido Valente (VPV) escreveu mais uma crónica, própria de quem se acha inimputável pelo endeusamento acrítico geral, sobre a direita e a Igreja. Como se a Igreja fosse de direita e - mais grave ainda - fosse da direita (coisa desejada por alguns).
O que aqui me traz é, no entanto, uma pequena frase, quase lateral, no argumentário de VPV: «Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.» Há um fundo de alguma verdade neste resumo. Mas passo a minha objecção teológica de base sobre a Universidade Católica - os cristãos devem estar no mundo, não à parte -, para questionar a afirmação desta Universidade como a «principal escola de quadros da direita».
De facto, é indesmentível que as principais correntes filosóficas e ideológicas daquela Universidade se colocam politicamente à direita no pensamento social e económico. E este é o cerne de uma objecção mais funda, que nos devia fazer desejar outra universidade. Este desejo estende-se a todas universidades, que devem estar atentas ao mundo - e não desligadas dele (o discurso neoliberal fala-nos habitualmente do binómio redutor universidade-empresa, nós alargamos ao mundo, que deve ser inclusivo, não exclusivo), mas torna-se particularmente necessário quando se fala de uma universidade que clama para si o nome de «católica». A sua "catolicidade" parece esgotar-se nas suas faculdades de Teologia e nos centros de estudos canónicos e religiosos e está claramente ausente de outras faculdades - e em Economia, com mais acuidade.
Afinal, onde está o pensamento socio-económico que inclua o pobre, o marginal como elemento produtivo da sociedade? Não está, não existe. Pelo contrário, gestores e académicos conotados com a Universidade Católica têm quase sempre o discurso mais neoliberal no quadro económico português. Não há uma reflexão séria, sistemática e sistematizada sobre a pobreza, as suas causas e as possibilidades de a combater, reconhecidamente produzida pela Universidade. Não se conhece um programa (atrevo-me a dizê-lo) político que sustente uma opção preferencial pelos pobres.
O que aqui me traz é, no entanto, uma pequena frase, quase lateral, no argumentário de VPV: «Em 1980, os velhos ministros de Salazar já ensinavam na Universidade Católica, que desde essa altura se tornou na principal escola de quadros da direita.» Há um fundo de alguma verdade neste resumo. Mas passo a minha objecção teológica de base sobre a Universidade Católica - os cristãos devem estar no mundo, não à parte -, para questionar a afirmação desta Universidade como a «principal escola de quadros da direita».
De facto, é indesmentível que as principais correntes filosóficas e ideológicas daquela Universidade se colocam politicamente à direita no pensamento social e económico. E este é o cerne de uma objecção mais funda, que nos devia fazer desejar outra universidade. Este desejo estende-se a todas universidades, que devem estar atentas ao mundo - e não desligadas dele (o discurso neoliberal fala-nos habitualmente do binómio redutor universidade-empresa, nós alargamos ao mundo, que deve ser inclusivo, não exclusivo), mas torna-se particularmente necessário quando se fala de uma universidade que clama para si o nome de «católica». A sua "catolicidade" parece esgotar-se nas suas faculdades de Teologia e nos centros de estudos canónicos e religiosos e está claramente ausente de outras faculdades - e em Economia, com mais acuidade.
Afinal, onde está o pensamento socio-económico que inclua o pobre, o marginal como elemento produtivo da sociedade? Não está, não existe. Pelo contrário, gestores e académicos conotados com a Universidade Católica têm quase sempre o discurso mais neoliberal no quadro económico português. Não há uma reflexão séria, sistemática e sistematizada sobre a pobreza, as suas causas e as possibilidades de a combater, reconhecidamente produzida pela Universidade. Não se conhece um programa (atrevo-me a dizê-lo) político que sustente uma opção preferencial pelos pobres.