29.3.05

Os crentes da ladainha neoliberal

«É que há crer e crer. "Também os demónios crêem e tremem", advertiu-nos S. Tiago (2,19). Portanto, crer não é apenas ter uma (maior ou menor) certeza acerca da existência de Deus.» Mário Pinto volta a separar águas, na sua crónica semanal no Público. Para este professor na Universidade Católica, há os bons católicos, como ele certamente, e aqueles que pensam como ele, nomeadamente na "defesa da vida"; e há os outros, os eventualmente maus (também os demónios crêem, lembra-nos de cátedra).
Antes de nos deixar estas frases, Mário Pinto crê na sua ladainha habitual: reformar o Estado, porque continuamos «prisioneiros da administração pública, dos sindicatos e dos partidos estatistas de esquerda, que têm um verdadeiro poder de bloqueio, apoiados na Constituição». Ámen, grita a acidental direita!
Os desempregados? A fome? A pobreza? A exclusão? O subemprego? Os baixos salários? O neoliberalismo? Quer lá saber, Mário Pinto! O que lhe interessa é reformar, reformar, reformar (despedir, despedir, despedir, em tradução livre). Ele crê num mundo melhor - o dele, que não se lê nos Evangelhos. De atentados à vida, estamos conversados.