5.3.05

Governo: alguns comentários

Não resisto a citar na íntegra o Celso Martins, no Barnabé...
«Nada como ver Carlos Magno dizer que este governo vai ser alvo de críticas à direita e à esquerda para ganhar um pouco de esperança. E há que reconhecer que temos razões para ter esperança:
- A tralha não regressa. Nem Pina Moura, nem Lello, nem Carrilho.
- Mariano Gago, Augusto Santos Silva e António Costa fazem parte do governo.
- Vieira da Silva na Segurança social é um sinal de que não vem aí mais do mesmo nesta matéria.
- Freitas do Amaral, que foi contra aguerra do Iraque, um dos políticos mais experientes e independentes da democracia portuguesa vai dar um contributo a um governo de salvação nacional. Boa moeda.
- Vitorino ou é candidato à presidência, o que é uma muito boa notícia, ou francamente eu não consigo perceber o que vai naquela cabecinha loira.»

... e a acrescentar umas notas mais:
- A desilusão pelo escasso número de mulheres.
- A satisfação por um grande número de independentes (oito-oito, numa proporção que mostra abertura à sociedade civil).
- A satisfação pelo Governo mais pequeno desde 1991 (que, esperemos, se mantenha com os secretários de Estado).
- A estupefacção pelos comentários de Guilherme Silva, que disse faltarem "pesos-pesados", como Vitorino, Gama, Coelho e Seguro. Se eles estivessem, o líder parlamentar do PSD diria que era mais do mesmo do guterrismo. E teria razão.
- A satisfação por não estarem Gama, Coelho e Seguro.
- A desilusão por mais um mito sebastiânico - António Vitorino.
- A satisfação por Mariano Gago assumir, com dez anos de atraso, a pasta do Ensino Superior.
- A satisfação por não haver um Ministério do Desporto ou da Juventude.
- A estupefacção pelos ataques liberais de José Manuel Fernandes, no Público, a Vieira da Silva - «sinal de um eventual regresso às políticas do tempo de Ferro Rodrigues»: JMF não percebeu que quem ganhou foi o PS, e não a direita, e que as políticas do tempo de Ferro Rodrigues assentaram apenas nessa medida revolucionária que foi o rendimento mínimo garantido.
- A satisfação por, como sublinha o Público, nenhum dos protagonistas do famoso cartaz do PSD "Quer mesmo que eles voltem?" ter entrado no Governo: nem Edite Estrela, nem João Cravinho, nem Pina Moura, nem Fernando Gomes. Até nisto, o PSD não sabia mesmo quem é que ele era.

E outra especial satisfação. Já não teremos de escrever mais coisas que nos envergonhavam (e/ou divertiam): "Santana Lopes, primeiro-ministro; Paulo Portas, ministro dos Assuntos do Mar; Bagão Félix, ministro das Finanças; Rui Gomes da Silva, ministro-adjunto; Nobre Guedes, ministro do Ambiente; António Mexia, ministro das Obras Públicas; Maria do Carmo Seabra, ministra da Educação; Maria João Bustorff, ministra da Cultura; Maria da Graça Carvalho, ministra da Ciência e Ensino Superior; Morais Sarmento, ministro da Presidência; José Luís Arnaut, ministro das Cidades"; e por aí fora.

A ler também: as primeiras impressões de José Mário Silva e o totoloto do Timshel.