10.8.06

Pecar por omissão (um comentário)

[Respigo da caixa de comentários, estas observações de Isabela, sobre o caso Gisberta, para não se perderem.]

«Os miúdos já não são bem miúdos. Estes miúdos já deixaram de o ser, como a Gisberta provavelmente deixou de ser, muito cedo. Este é um caso muito triste. Porque nos choca que os meninos matem. Mas somos nós que construímos este lugar onde os meninos aprendem a matar. Penso que os miúdos deviam ter sido culpados, obviamente culpados, porque o são, está aos olhos de toda a gente, não há defesa possível.
O problema é que eu, sendo uma idealista, gostaria de ter uma esperança de que estes rapazes pudessem mudar, ser gente, não assassinos, criminosos, para o resto da vida. E então, como se fôssemos pais, e eu, com desgosto meu, não sou, penso que poderíamos castigá-los como merecem castigo os culpados, mas ao mesmo tempo dar-lhes uma oportunidade de se reconstruírem. Numa instituição especial para estes casos. Não sei se existe em Portugal. O que eu queria é que, cometido horror, não voltassem a fazê-lo. Mas sou sonhadora de mais, não é?»