«Em boa verdade, a juventude e a velhice devem medir-se segundo a teoria científica dos Inhos e dos Ões, internacionalmente conhecida, mas ainda pouco divulgada em Portugal. Esta teoria divide cada década em dois lustros – o primeiro que vai dos 0 aos 4 e o segundo dos 5 aos 9. O primeiro lustro é sempre um lustro de juventude, enquanto o segundo, que é um lustro mais baço e mal puxado, é sempre um lustro de velhice. Assim, um vintinho é alguém com 20, 21, 22, 23 ou 24 anos e uma quarentona é alguém com 45, 46, 47, 48 ou 49 anos. Já que os inhos são por definição mais jovens que os ões, conclui-se que uma trintinha é sempre mais nova que uma vintona. De facto, uma mulher com 28 ou 29 anos já se arrasta um pouco com a soma daqueles anos todos em cima (2+9=11), comparado com a frescura toda "mais uma década, mais uma voltinha" de uma rapariga de 30 (3+0=3). Também um trintinho, bem disposto e arranjado, é sempre mais leve que um vintão neurótico, até porque o primeiro sente-se o mais novo do seu grupo etário enquanto o segundo se sente o mais velho.
Esta teoria também é animadora para os Ões e para as Onas, porque sabem que dentro em breve, num máximo de 5 anos, serão Inhos e Inhas outra vez. Imagine-se a alegria do vintão de 29 anos a dizer "Amanhã faço anos!". Faz aninhos. Não há nada melhor que fazer aninhos.»*
Eu, como a idade não perdoa, amanhã faço aninhos. Por mais um ano. Depois passo a ser trintão. Mas só daqui a 366 dias.
Esta teoria também é animadora para os Ões e para as Onas, porque sabem que dentro em breve, num máximo de 5 anos, serão Inhos e Inhas outra vez. Imagine-se a alegria do vintão de 29 anos a dizer "Amanhã faço anos!". Faz aninhos. Não há nada melhor que fazer aninhos.»*
Eu, como a idade não perdoa, amanhã faço aninhos. Por mais um ano. Depois passo a ser trintão. Mas só daqui a 366 dias.
* - Miguel Esteves Cardoso, Os Meus Problemas, Assírio e Alvim.