22.10.03

Crimes e cooperantes...

Nesta sequência de escutas divulgadas, lamentos gerais e assumpções de responsabilidades vazias, há uma questão que me assalta:
- quem colabora num roubo, também é considerado criminoso...
- é criminoso aquele que compra/vende um bem roubado - sabendo que o é...
- é delito assistir a um crime e não o tentar evitar ou sequer denunciar...

Então... porque carga de água e a que título, pode um jornalista ser cúmplice de um crime de revelação de segredo de justiça sem que nada aconteça?
Ou existirá um juízo moral distinto entre divulgar escutas telefónicas feitas por outros ou fazer as escutas e divulgá-las?
Certo. Em primeira linha os responsáveis são os que deixam transbordar a informação para fora do Ministerio Público (e aí o PGR já devia ter assumido as falhas... como disse ontem o Júdice), mas podemos ser todos cúmplices impunemente?
Quem é mais criminoso: o que rouba ou o que se aproveita do bem roubado para uso próprio? De acordo que o primeiro o é mais, mas ninguém deixa de atribuir responsabilidades ao segundo.

O que mais me espanta é que as nossas classes política e crítica achem perfeitamente normal que os nossos jornalistas ajam em conluio com a origem das referidas revelações... - ainda ninguém tentou saber como foram parar estas escutas às mãos dos meios de comunicação e em troca de quê! Será que têm medo de também eles serem colhidos por estas ondas de devassa?

Já sei que os jornalistas que intervêm na Cibertulia me vão cair em cima... mas ao menos não apelem a argumentos que não sejam a simples conquista de audiências e vendas... o que por si só não é de lamentar. Lamentável é que os jornalistas apelem constantemente à moral e bons princípios quando estão na linha da frente da sua violação!

Espero retaliações...

PS. Quando falo em jornalistas não me quero referir exclusivamente à classe, mas também a gestores de meios de comunicação.