De Clara Ferreira Alves, excertos de um texto muito lúcido (que descubri em Terras do Nunca, outro lugar onde mora a lucidez):
«Aconteça o que acontecer, a guerra entre o partido, o procurador e os acusadores e investigadores da pedofilia é total e é até à morte. Ou caem os socialistas, ou cai toda a máquina que investigou e desenhou este caso. Porque, como se viu após a libertação de Pedroso, o «outro lado» não hesita no golpe baixo e na má língua. A divulgação destas escutas telefónicas destinadas a destruir Ferro Rodrigues e a envolver outra vez o nome de Jorge Sampaio são um sinal de que a democracia portuguesa está profundamente doente.
(...)
Não é apenas por boas razões que a máquina judicial e judiciária anda a violar o segredo de justiça, é também porque quer transformar Pedroso e Ferro, e os outros, em canalhas e culpados. Esta gente sabe que se perder este processo, perde a carreira e perde a dignidade. Sabe que se perder esta guerra perde o emprego e a credibilidade, e perde a vida. Por isso, utiliza todos os truques e subterfúgios e vai «vomitando» esta papa para os jornais, que a publica, evidentemente. A única reacção que podemos ter é a do asco.
(...)
A cabala não deve existir mas existe gente que não tem escrúpulos nem vergonha. E essa gente tem de ser denunciada. E têm de existir mecanismos de controle desta gente, mecanismos democráticos. Uma «cabala» pode ser constituída por um intriguista bem colocado. Além do PS, estão a destruir a democracia.»
O texto todo merece ser lido.