14.9.03

Ainda o 11/9

Há mais ou menos 15 anos, sem terrorismo, chocaram dois comboios em Alcafache. Foi A tragédia de Portugal, antes dessa chamada Entre-os-Rios e logo depois de Camarate. Ali, o povo justo saiu às ruas para ajudar. Era um país saído do PREC, com resquícios de Arnaldo de Matos ainda nas cabeças.
Esse é o nosso 11/9.

Quanto à polémica Chile/NY, não são de todos comparáveis. O Chile é comparável ao Noriega, ao apoio subterrâneo dos EUA ao Hammas. Mas o 11/9 das torres gémeas é algo de dantesco, algo de insane. Os outros são a política pura e dura dos gabinetes de Kissinger, da NSA, o Eisenhower,do Nixon e do Reagan - sim, não gosto dos neo-liberais republicanos nem dos maluquinhos do domínio do mundo.

Há mais 11/9, espalhados pelo calendário: Timor, Ruanda, Somália, Eritreia, Tchetchénia... 11/9 que não são o ataque ignaro a dois prédios com aviões cheios de combustível e inocentes. Em suma: Pinochet e Allende são duas faces da mesma moeda, o poder. Gosto de um, abomino o outro. Mas o mundo nada tem de linear e joga-se num tabuleiro sórdido de poderes corruptos e com preços marcados.

A quem não leu, um livrinho: «O Homem do Castelo Alto», de Phillip K. Dick. Numa linha: e se Hitler tivesse ganho a guerra?

Teria sido certamente num 11/9 qualquer.