17.10.06

Os almoços não são grátis

O Nuno diz que vale a pena esperar, antes de apresentar sentenças finais sobre o Orçamento de Estado. Disse-mo ao almoço. Onde comentámos os números da inflação que dispararam para 3,1 por cento e que não mereceu desenvolvimentos por aí além de quase ninguém (excepto no DE, com chamada tímida de primeira página, escondida pelo suplemento do... OE; no Público mereceu uma breve notícia, tão pouco analítica que parece um resuminho do comunicado do INE).

En passant: com mais destaque no Público, a notícia dos aumentos na electricidade, escandalosamente obscenos (45 por cento nalguns casos, sempre a pesar mais na factura dos particulares).

Mas todos dizem o mesmo: contribuintes e saúde pagam redução do défice. Os mesmos de sempre a pagar. O PS desbarata uma maioria que não votou neste sacrifício. Votou em sacrifícios, necessários, depois de desvarios da tripla Durão-Portas-Santana, mas não votou em sacrifícios neoliberais (não se entende que as empresas e a banca sejam beneficiadas, não se compreende que os prevaricadores sejam safos).

Nota final: o anúncio destes dois aumentos enormes (da inflação e da electricidade) coincidiu com a apresentação do Orçamento de Estado, numa jogada de mestre para calar eventuais protestos e reacções negativas. E tudo ficou entretido com a pen do senhor ministro.