10.10.06

Culturas



Não gosto da mentalidade merceeira na cultura, que contabiliza apenas os gastos no orçamento do Estado por espectadores nas salas. Mas não compreendo que a cultura de alguns jornais se resuma muitas vezes a pedaços pequenos e obscuros das artes, e sejam os estagiários a fazer as entrevistas da treta, mesmo que a treta seja peça de sucesso público e até (imagine-se) com qualidade. Como não compreendo que Rui Rio queira mostrar obra dando ao privado a gestão do Rivoli, para depois exigir 300 espectáculos por ano, que nunca ele próprio quis inscrever no seu programa municipal.
Mas entre este haver excessivo, há sempre um deve que se pode questionar - e, por exemplo, o uso do Teatro Camões é um deles. Entregue há três anos à Companhia Nacional de Bailado, o espaço vive enclausurado, com poucos espectáculos (contei perto de 30 apresentações, em menos dias, no ano passado; e este ano, o site só permite ver quatro apresentações em três dias de Setembro e Outubro e um ciclo de 15 dias, mas sem datas definidas e outras informações...). Estarei enganado, ou há espaços que preferem viver à margem?! Do rio - e, neste caso, mais ainda dos públicos.