Não percebo o Norte, essa entidade mítica (ab)usada por portuenses para exigirem ao centralismo lisboeta o que quer que seja. Na Madeira, a chantagem é mais eficaz, mas esse Norte-que-afinal-se-resume-ao-Porto é mais rico, será mais rico que a ilha de jardins. Por isso, também esse argumento ajuda menos à pura pedinchice. E casos como os que volta e meia acontecem mais razão dão a quem desconfia de quem grita muito carago! e pouco faz. Vejamos: desde que Abrunhosa se acorrentou às portas do Coliseu, a política cultural do Porto foi definhando (falo do que ouço a amigos e do que respigo nos jornais, é pouco dir-me-ão...). O empresariado nortenho tão solícito em desancar no centralismo e no Estado e sempre muito elogiado pelo seu empreendedorismo, nunca se chegou à frente em quase nada (a excepção talvez seja Serralves) no mecenato a sério de artes e cultura no Porto. Por isso, o Porto vê fugir equipamentos e gentes sem dor, nem ranger de dentes. Querem o melhor retrato deste Porto? Vem hoje no Público, e não é a notícia do Rivoli. É a vinda de mais uma galeria de arte para Lisboa, com as queixas de sempre. Eles ficam cada vez mais mortos no deserto, com o Porto assim.
[Mais sobre o Rivoli: Jorge Marmelo, Eduardo Pitta e o blogue No Rivoli.]
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