16.10.06

Onde é a saída de emergência?

Quando uma editora publica um livro cujo início inenarrável é esta coisa pessimamente escrita (que seria zurzida pela nossa boa intelectualidade, fosse a pena de Rodrigues dos Santos ou do arquitecto Saraiva) e se torna o livro mais vendido (e mais lido?) destes dias, devemos dar um desconto à escola.

«Porque corre um homem? Sendo este homem de que se fala a generalidade de toda a espécie, aquele que todos representa, o todo, todos, sem excepção, porquanto não existe neste caso, a excepção, bem entendido. Mas a pergunta mantém-se, o que o faz correr? No sentido literal da expressão, uma perna à frente da outra, o pé direito a seguir ao pé esquerdo e vice-versa, não há primeiros lugares nestas coisas do corpo humano, será pelo prazer do sofrimento em si, todas aquelas centenas de músculos a trabalhar em prol de um bem-estar físico e psicológico a ser usufruído na posteridade do exercício? A uns é a glória que os move, os segundos e os minutos com que palmilham o terreno dão vitórias, dinheiro e fama ou desilusão, desconsolo e choro, a outros nada mais os motiva do que a extracção de alguns quilos descomedidos com o desígnio final e único de agradar ao outro género ou ao mesmo dependendo dos gostos de cada um e de cada qual. Seja como for, a soma dos fundamentos têm base num só, todos correm pela vida, nada mais os move.» [O Último Papa, de Luís Miguel Rocha, ed. Saída de Emergência]

Perceberam? Não? Leiam de novo, vão continuar na mesma.