É bem conhecido esse estranho fenómeno que faz com que todas as pessoas sejam boas depois de mortas... Se até Ronald Reagan passou a ser alvo dos maiores elogios vindos de todo o lado, é mais do que evidente que o mesmo acontecerá a Sousa Franco.
Eu até já tinha decidido que iria votar nele, mas nunca disse, nem vou dizer agora, que morria de amores pelo senhor. Lamento a sua morte, claro, mas não vou mudar a minha opinião sobre o Prof. Sousa Franco.
De resto, o epifenómeno que acho que vale a pena analisar é mesmo o incidente que antecedeu (não sei se terá provocado) o ataque cardíaco de Sousa Franco: os confrontos entre apoiantes dos dois dirigentes rivais do PS de Matosinhos.
O Miguel pergunta e eu respondo: não, assim não vale a pena.
Nem sequer vou comentar o evidente ridículo que é o facto de uma acção de campanha do PS se tornar uma batalha campal entre apoiantes desse mesmo partido... Limito-me a questionar se fará algum sentido alimentar as politiquices de que se alimentam os ditos "políticos" do nosso país.
Enquanto os combatezinhos intestinos, a chincana medíocre e a disputa pessoal dos cargos continuarem a ser mais importantes do que os debates úteis, os esclarecimentos necessários e a dedicação nobre e voluntariosa à causa pública, os "políticos" deste país continuarão a cavar a sua própria vala comum, na qual os cidadãos hão-de continuar a depositar as flores da abstenção e do desinteresse.
Sejamos francos: o mais chocante desta situação dramática é que todos sabemos que, com o cabeça de lista do PS às eleições europeias do próximo domingo, morreu mais um bom pedaço do pouco que resta do nosso sistema democrático.