31.12.06
[fecho]
30.12.06
[audições de sábado]
[Actualização: Deram cabo do link e agora restam outras pérolas para ouvir (ou ler), mas sem Scarlett!]
A ignorância e a derrota da civilização
29.12.06
Acabar com os velhos do Restelo
De que serve ler os velhos do Restelo presos em sua casa, que nada sabem da vida concreta de todos os dias, pulidos valentes e barretos que se queixam enfiados na sua redoma ricamente paga? Nada, nada mesmo. Olho para o jornal e nada aprendo com eles. Olho para aquela fila de gente, que espera civilizadamente e acho que há um país que afinal vale a pena: a exposição Amadeo de Souza-Cardoso, na Gulbenkian, é um sucesso que se exprime no longo tempo de espera para a ver (a composição das fotos é de hoje à tarde, pelas 17h). Miúdos e graúdos, numa mistura em que a cultura se dessacraliza, e ainda bem. Assim se criam públicos, assim se ensina o gosto.
Estranhos prazeres
28.12.06
Ateus crentes
Algozes
27.12.06
Suspirar
[actualizado: Descoberto num blogue que só cultiva bom gosto, que comemora agora dois anos.]
23.12.06
Notícia em primeira mão
22.12.06
Para estes dias
21.12.06
A interrupção voluntária do diálogo
Somos católicos e assistimos, inquietos e perplexos, à reiteração de uma lógica de confronto crispado por parte de sectores da Igreja Católica – incluindo os nossos bispos – no debate suscitado pelo referendo sobre a despenalização do aborto. Frustrando as melhores expectativas criadas pelas declarações equilibradas de D. José Policarpo, a interrupção voluntária do diálogo volta a ser a linha oficial. E o radicalismo vai ao ponto de interrogar a legitimidade ao Estado democrático para legislar nesta matéria. É um mau serviço que se presta à causa de uma Igreja aberta ao mundo.
A verdade é que a despenalização do aborto não opõe crentes a não crentes. Nem adeptos da vida a adeptos da morte. Não é contraditório afirmarmo-nos convictamente «pela vida» e sermos simultaneamente favoráveis à despenalização do aborto. Porque sendo um mal, não desejável por ninguém, o recurso ao aborto não pode também ser encarado como algo simplesmente leviano e fácil. As situações em que essa alternativa se coloca são sempre dilemáticas, com um confronto intensíssimo entre valores, direitos, impossibilidades e constrangimentos, vários e poderosos, especialmente para as mulheres. Ora, mesmo quando, para quem é crente, a resposta concreta a um tal dilema possa ser tida como um pecado, manda a estima pelo pluralismo que se repudie por inteiro qualquer tutela criminal sobre juízos morais particulares, por ser contrária ao que há de mais essencial numa sociedade democrática.
Por isso, não nos revemos no carácter categórico e absoluto com que alguns defendem a vida nesta questão, dela desdenhando em situações concretas de todos os dias: a pobreza extrema é tolerada como “inevitável”, a pena de morte “eventualmente aceitável”, o racismo e a xenofobia é discurso vertido até nos altares. A Igreja Católica insiste em dar razões para ser vista como bem mais afirmativa “nesta” defesa da vida do que nos combates por outras políticas da vida como as do emprego, do ambiente, da habitação ou da segurança social. Além de que, no caso do aborto, a defesa da vida deve sempre ser formulada no plural. Estão em questão as vidas de pelo menos três pessoas e não apenas a de uma. Por isso, quando procuramos – como recomenda um raciocínio moral coerente mas simultaneamente atento à vida concreta das pessoas – estabelecer uma hierarquia de valores e de princípios, ela nem sempre é fácil ou mesmo clara e não será, seguramente, única e universal. Nem o argumento de que a vida do feto é a mais vulnerável e indefesa das que se jogam na possibilidade de uma interrupção voluntária da gravidez pode ser invocado de forma categórica e sem quaisquer dúvidas.
É de mulheres e de homens que se trata neste debate. E também aqui, o esvaziamento do discursos de muitos católicos e sectores da Igreja relativamente aos sujeitos envolvidos nos dilemas de uma gravidez omite a recorrente posição de isolamento, fragilidade ou subalternização das mulheres, para quem o problema poderá ser absoluto e incontornável, e reproduz a distância que sustenta a sobranceria e condescendência moral de muitos homens (mesmo que pais). A invocação do direito da mulher a decidir sobre o seu corpo é um argumento que, bramido isoladamente, corre o risco de reproduzir de uma outra forma a tradicional atitude de desresponsabilização de grande parte dos homens perante as dificuldades com que se confrontam as mulheres na maternidade e no cuidado de uma nova vida. A defesa da autonomia da mulher, da sua plena liberdade e adultez é indiscutível e será sempre tanto mais legítima e forte quanto reconhecer e atribuir ao homem os deveres e os direitos que ele tem na paternidade. Ignorá-lo é mais uma vez descarregar apenas sobre os ombros das mulheres a dramática responsabilidade de decidir sobre o que é verdadeiramente difícil. A Igreja tem, neste aspecto particular, uma responsabilidade maior. A suas preocupações fundamentais com a família exigem uma reflexão igualmente apurada sobre as responsabilidades conjuntas de mulheres e homens na concepção e cuidado da vida.
Infelizmente, pelas piores razões, o discurso oficial da Igreja está muito fragilizado para a defesa de abordagens à vida sexual e familiar que acautelem o recurso ao aborto. A moral sexual oficial da Igreja – e, em concreto, em matéria de contracepção – fecha todas as alternativas salvo a da castidade sacrificial. É um discurso que não contribui, de modo algum, para a defesa de uma intervenção prioritariamente preventiva, em que ao Estado fosse exigível um sistemático e eficaz serviço de aconselhamento e assistência no domínio do planeamento familiar e da vida sexual. Pelo contrário, o fechamento dos mais altos responsáveis da Igreja a uma discussão mais séria e aberta sobre a vivência concreta da sexualidade denuncia um persistente autismo, que ignora a sensibilidade, a experiência, o pensamento e a vida das mulheres e dos homens de hoje.
Em síntese, o recurso ao aborto é sempre, em última análise, motivo de um grave dilema moral. E é nessas circunstâncias de extrema dificuldade que achamos ter mais sentido a confiança dos cristãos na capacidade de discernimento de todos os seres humanos, em consciência, sobre os caminhos da vida em abundância querida por Deus para todos e para todas. Optar por uma reiteração de princípios universais, como o do respeito fundamental pela vida, confundindo-os com normas e regras de ordenação concreta das vidas é, além do mais, optar por uma posição paternalista, de imposição e vigilância normativas, e suspeitar de uma postura fraternal, de confiança e solidariedade, com os que, de forma autónoma, procuram discernir as opções mais justas. Partir para este debate com a certeza de que a despenalização do aborto é porta aberta para a sua banalização é abdicar de acreditar nas pessoas, em todas as pessoas, e na sua capacidade de fazer juízos morais difíceis. Não é essa abdicação que se espera de homens e mulheres de fé.
Da pulhice
A interrupção voluntária do diálogo
Hoje, no Público, nas páginas de opinião (contéudos fechados), um texto de Ana Berta Sousa, José Manuel Pureza, Marta Parada, Miguel Marujo e Paula Abreu.
Juro
Ideias
20.12.06
Na hora da morte
Mais pés de microfone
19.12.06
Extra! Extra! Extra!
Câmara clara
18.12.06
História exemplar
[Nota bem (actualizado a 9/1/08): Como por vezes faço "link" para este "post", vale a pena lembrar que este texto já é de 18 de Dezembro de 2006 e que, em Maio de 2007, arranjei emprego. A queixa em tribunal ainda não foi julgada.]
Já aqui o disse: o jornal Metro despediu-me ilegalmente, invocando "período experimental" (por mudança de contrato, em Março de 2006), a alguém que trabalhava no jornal desde Janeiro de 2005 e que era seu chefe de redacção desde Agosto de 2005. Espantoso país, onde as empresas fazem o que querem. Desde então, o percurso dos corredores do Estado revelou-se ainda mais tortuoso, como aqui tenho contado (com a benevolência ou paciência de quem me lê). Julgava eu que o capítulo que agora se escrevia era o da paciência - de esperar pela decisão em tribunal, e de prosseguir a procura de um novo poiso, sem medíocres a comandar. Julgava mal.
Na sexta-feira, no Centro de Emprego, fiquei a saber que as regras vão mudar, incluindo o (surpresa minha!) gozo de férias. Se um desempregado quiser gozar férias terá de o fazer de seguida (um mês inteirinho, sem poder dividir) e comunicar ao director do centro que se ausenta. Digno do melhor suspeito com termo de identidade e residência. Igualdade perante a lei, diz a Constituição. Diz, pois diz.
Hoje, ao fim de duas horas e meia, fui atendido na Segurança Social, para me explicarem que valores eram aqueles que me tinham sido pagos como subsídio de desemprego, ao fim de dois meses e meio à espera, sem receber nada (havia um valor que não se percebia). E descubro, pela primeira vez, que a data que conta para as prestações do desemprego é a da inscrição na Segurança Social e não o dia em que a empresa me despede (ao contrário do que todos me diziam). Registe-se, para a história ser ainda mais exemplar, que a empresa que me despediu, obrigada por lei a entregar-me um modelo para a Segurança Social, só o fez sob pressão dos advogados que me acompanham, no fim de Setembro, um mês e meio depois de me ter despedido ilegalmente. Argumento invocado pelo director-geral da empresa para a demora na entrega do modelo: "a coisa agora é mais grave", eu tinha colocado a empresa em tribunal. Respondi-lhe que grave era o despedimento sem justa causa. E concluo que, mais uma vez, quem se lixa é o mexilhão. Desempregado, sem protecção.
Há dias, o ministro Vieira da Silva veio falar das fraudes entre desempregados. O senhor ministro, e a classe política sempre tão zelosa no ataque aos preguiçosos, podia começar por fazer uma cura de desintoxicação demagógica (ir àquelas reuniões dos centros sem comitiva e jornalistas, saber quanto tempo um desempregado espera pela prestação, comunicar ao superior quando se tiver de ausentar da cidade...), e, em vez disso, combater a sério as fraudes das empresas. A lei, dizem, protege muito os trabalhadores. Esta sim, é a maior fraude inventada que se repete à exaustão neste país miserável, entregue a medíocres.
[Nota: um amigo meu queixava-se há dias que a Cibertúlia andava demasiado amarga. Eu bem tento mudar-lhe o tom, mas não consigo. Eles fizeram os meus dias assim.]
Estatuto editorial
Pés de microfones
Abram alas pró Noddy!
Viagem
17.12.06
Day After Tomorrow
Tom Waits performes the song Day After Tomorrow live on the Daily Show on 28/11/06.
16.12.06
Reportagens do baú
Cabinet
15.12.06
Le MEC e a tosta
12 minutos
[notícias]
14.12.06
Filofax
13.12.06
Lisboa
Tontices numerosas
12.12.06
É, não era?
11.12.06
Dias a fio
Andamos nós quietinhos e fazem-nos isto
Outra simpatia, a da FHM (essa revista de bonecos e da Sissi, na última página), que acha que Deus não só criou a mulher como faz um dos 50 melhores blogues nacionais.
[Ah, a foto que se vê a acompanhar o texto é esta, aqui!
O Inferno foi ele
Pinochet morreu no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
10.12.06
Urtigas
s. f. Bot., género de plantas da família das urticáceas cuja haste e folhas, por estarem revestidas de pêlos que contêm um líquido cáustico, produzem sobre a pele um prurido ou ardor peculiar.]
Esta noite, ouço D. Jorge Ortiga (no programa Diga Lá Excelência, que se pode ler no Público de amanhã), e pergunto-me como pode a Igreja insistir no diálogo se há bispos que não sabem conversar ou dialogar com o mundo. Misturar preservativo com sexo livre, não perceber que a pena de morte é moralmente inaceitável e escusar-se a comentar questões sociais porque "não sabe bem" mas continua a debitar sentenças sobre a cama dos outros... Os exemplos são muitos, mas o prurido peculiar que tenho impede-me de continuar.
Gatos
Silêncios
Lost in polish
Sam nie wiem. Ale zobaczyć warto.»
Há gente que pensa de tudo. E nós sem podermos responder-lhes à letra!
Morto sem arrependimento
Ratzinger não sabe nadar
9.12.06
8.12.06
Metro a público
«Pinga quem está nas margens, quem critica, quem quer ser quem é, quem quer afirmar e dizer sem ter que o fazer no círculo dos eleitos. Agora, depois de anos a enxugar as pessoas que não interessam, as que têm a memória do que foi fundado e de como foi fundado, das raízes, dos pilares, passou-se a uma segunda fase. Agora, é preciso que ninguém se sinta seguro, que todos temam pelo seu lugar de trabalho, que percam todo e qualquer laço de solidariedade entre si que não seja o de obediência ao líder supremo. Nesta fase, já não há solidariedade, já não há ajudas.» [Nuno Ferreira, em comentário ao post da Diana Ralha]
Porque é que eu me revejo nestes dois textos? O caso no jornal Metro só não foi público. E não envolveu 55 pessoas. Um apenas serviu de exemplo.
Num hospital português, Dezembro de 2006
7.12.06
6.12.06
Os ratos fogem sempre
Palmatória
Assim: em maiúsculas, para o erro ser mais visível, apesar de o termos destacado. O inefável Luís Filipe Menezes gosta de se ter em boa conta. Podia começar por aprender a escrever. Mas deve ser mal santanista.