31.12.04

Bom futuro


[noche vieja]

Bom ano, boas entradas, feliz ano novo, break a leg, festas felizes, um feliz 2005, um óptimo ano. Como se fosse possível! - olhar para este ritual da passagem de ano e esquecermo-nos de tudo o que se passa, lá longe ou aqui ao lado. Apenas podemos esperar que o próximo ano seja (mesmo) diferente. Acompanhem-nos, se quiserem.

30.12.04

[quotidianos]

Lá em casa, duas romenas que vieram para o encontro de Taizé manifestam surpresa - repulsa? - pelas «muitas pinturas e grafitti» nas ruas de Lisboa do símbolo do PCP.

O primeiro-ministro saiu em defesa do embaixador na Tailândia, mas admitiu que, «como cidadão», teria regressado ao saber da tragédia (o diplomata aguardou dois dias). «Era uma decisão que estava no âmbito da sua decisão discricionária», disse Pedro Santana Lopes.

Nuno Gomes não apareceu numa conferência de imprensa depois de um jogo de futebol: foi multado em 3200 euros. Os adeptos do Vitória de Guimarães tentaram agredir um árbitro, arrancaram cadeiras do estádio e lançaram-nas para o relvado: o clube foi multado em 1500 euros.

29.12.04

Uma pequena gota

Outra forma de acompanhar os trágicos acontecimentos.

E outras formas de ajudar.
Assistência Médica Internacional
Banco Espírito Santo – nº 015/40000/0006
Multibanco - entidade 20909 e referência 909 909 909 em Pagamento de Serviços
Tranferência bancária para o BES - NIB 000700150040000000672

"SOS Crianças da Ásia" da UNICEF
Caixa Geral de Depósitos – NIB 003501270002824123054

Cáritas ajuda vítimas do Sudeste asiático
Caixa Geral de Depósitos – NIB 003506970063091793082

Apelo emergência da Cruz Vermelha
Banco Português de Investimento – NIB 001000001372227000970

[intervalo]

Um cometa que passou.

28.12.04

Agendas

Em tempos, o jornal Blitz escolheu os melhores discos da década de 80 no final do ano de 1988. Toda a música produzida em 1989 não pôde ser considerada para essa lista.
Agora, muitos jornais sentenciaram as personalidades e os acontecimentos do ano. Ainda antes do Natal já se alinhavam listas em que o 11 de Março ou as eleições americanas surgiam em plano de destaque. Pressas de agenda: a tragédia da última semana de Dezembro já se tornou num dos principais acontecimentos do (curto) século XXI.

Fatalismos (comentados)

Sobre Deus, os maremotos, a culpa ou a falta dela: no BdE (com comentários meus e respostas de Luís Rainha, à espera ainda de um contra-comentário), nos Galarzas (numa versão moderna de bem com deus e com o diabo ou nem por isso e com uma lista de coisas boas a não perder), no Afixe (com um comentário sapiente do nosso Sirhaiva).
[actualizado:] Também no Afixe, o Bernardo escreveu entretanto um texto essencial sobre o problema do mal.

Sudeste asiático: campanhas de solidariedade

Cáritas ajuda as vítimas do sudeste asiático
Banco: Caixa Geral de Depósitos
NIB: 003506970063091793082

Apelo de emergência da Cruz Vermelha
Banco: Banco Português de Investimento
NIB: 001000001372227000970

27.12.04

Fatalismos

Já se sabia: há quem perca a fé por causa destas coisas. Há quem não a tenha e ache que a culpa é de Deus. Porque Ele permite a tragédia, acusam. É o raciocínio de utilizador-pagador: de um lado, crentes que se ajoelham e pedem a intercessão de senhoras de Fátima e senhores de Compostela contra marés negras e por vitórias nos futebóis. Do outro lado, descrentes que cobram aquilo que não existe - um deus a mandar pragas ou benesses sobre o mundo, qual vingador de uma humanidade dissoluta ou benfeitor de quem se benze. Uns e outros querem descartar-se daquilo que é a sua responsabilidade (como no caso do Prestige ou de futebol) ou apenas causa absurda da natureza (como nesta tragédia maior).

Expulsos do paraíso

O local era um paraíso - assim o retenho na memória. E nas fotografias. O azul único do mar, a grandeza do oceano a rodear aquele pequeno pedaço de terra. Ou a simpatia de Farrahad e Darryl que nos explicavam a marca da curta presença portuguesa nas Maldivas, em palavras como toalhi e chá. É impossível não nos impressionarmos. É impossível não nos comovermos.
Darfur, 11 de Setembro, 11 de Março - têm a marca da bestialidade do homem. Mas hoje só nos podemos curvar perante a monstruosidade da natureza. Quase impotentes.

24.12.04

«...e hão-de chamá-lo Emanuel»


Presépio argentino. [Mt 1,23]

Tempo de antena

O próximo post será da responsabilidade dos intervenientes, José, Maria e Jesus, com patrocínio desassossegado e de amigos (no cenário).

[Aproveitamos esta nota para agradecer e retribuir os votos de boas festas, que nos deixaram nos comentários.]

Christmas sinsuality (V)


Laetitia Casta (sempre a propósito)

23.12.04

«Um presente»



«Um presente Feliz Natal. Um futuro Bom Ano Novo». Postal de Natal recebido na redacção no dia do coelho da cartola.

[imagem "roubada" ao Bloguítica]

Cábula para dias sem inspiração

Coisas que blogueiros não resistem a postar.

Atracção pelo abismo

«Está de facto a bater-se num fundo muito fundo.» Assim afirma Pacheco Pereira sobre a conferência de imprensa de Santana e Bagão em que andaram aos papéis. O mesmo Pacheco que diz «pobre país, o nosso» e que vai votar em Santana.

O grau zero

Luís Nobre Guedes ameaçou demitir-se de um governo demissionário.

Christmas sinsuality (IV)


Eternity (a.k.a. Scarlett)

22.12.04

Sem sombra de pecado

«Uma pessoa religiosamente ordeira como eu apoia sem rodeios a instituição do matrimónio. Mas uma pessoa religiosamente ordeira como eu deve recordar que, à altura da concepção do menino Jesus, Maria era mãe solteira.»
[in Voz do Deserto]

Terra de Natal

«Nesta imensa cacofonia que é a blogosfera, escrever sobre a "escuta" é apenas mais uma aberração própria do meio». E quase que não se escrevia sobre o Natal.

20.12.04

Christmas sinsuality (II)


Leonor Watling em «Fala com ela»

Esclarecimento místico-literário!

Para todos aqueles que temeram pelo desaparecimento ascético daquele blog de título espiritual, desconfiando de uma eventual evaporação mística, o Asceta explica:
MUDOU de NOME!
... e, há já algum tempo, deixou o cume da montanha, lá para os lados do oriente, onde permanecia em retiro transcendente, e assumiu a sua identidade pública. Deixou-se levar por outros mistérios e enredou-se num Blog, quase exclusivamente, de índole literária. E aí o podem encontrar: George Cassiel.

Pecado original

Um ateu escreve na Terra da Alegria. Uma polémica que promete.

19.12.04

Christmas sinsuality


Há pais natais e pais natais...

Os muros vão caindo

Em Maio defendi que era preciso romper os muros do clube. Esta semana, como bem sublinhou Rui Costa Pinto, fez-se História.

18.12.04

Original Sinsuality


Tori Amos. A 22 de Fevereiro

Hospital de São Bento

Santana tem um "hospital" na sua residência oficial, conta o «Expresso». O equipamento, uma espécie de unidade de cuidados intensivos móvel, foi solicitado ao Ministério da Saúde sob confidencialidade antes de Santana Lopes ir ao Brasil, em meados de Setembro, não tendo sido devolvido.
O Rui já disse tudo: «Este homem não pára de nos surpreender. Dezasseis seguranças, sestas, guinadas, jantares oficiais trocados por idas à discoteca, e agora um "hospital" em S. Bento! Mas, afinal, o que teme PSL? Que alguém tente agredi-lo, alvejá-lo? Que alguém tente envenená-lo? Julga-se um Yushchenko, um JFK, vá lá...um Sá Carneiro? A única coisa que ele definitivamente não teme é o ridículo. E alguém devia avisá-lo de que o ridículo mata.»

17.12.04

Políticos & blogues

Ele chama-lhe «estudozinho». Eu tenho de pedir ajuda (Nuuunooooo!).

[actualizado: o Nuno sossegou-me, diz que há esperança!]

16.12.04

A democracia cristã

«No carro, eu não parava de falar. "A verdade é que odeio os ricos. Colecionadores de qualquer coisa. Bons vinhos, viagens exóticas. Esse tipo de coisa. Essa gente. Aquelas mulheres. Aqueles assuntos. Odeio tudo isso", disse a Marie. "E não pense que sou como eles, que adoro os pobres. Tenho um desprezo solene pelos pobres. A patuléia. A escumalha. Sujos, ignorantes, interesseiros, safados. Escrotos, como os vermes. Sempre engravidando. E engordando. E roubando e matando. E sendo atropelados. Acho que odeio mais os pobres até. Minto. Odeio mais os ricos. A ralé, pelo menos, me comove."»
Patrícia Melo, Valsa Negra. São Paulo: Companhia das Letras, 2003 (pp.69-70).

[à bolina]

Devagarinho folheio jornais, leio blogues, arrumo as memórias da viagem. Tento encontrar o ritmo no trabalho, quando todos já só pensam nas festividades. Por estes dias, o país anda um gajo estranho: o Presidente desapareceu de novo, Portas assoma na oposição, Santana foi a banhos de Inverno, a outra oposição parece andar ocupada nas compras de Natal. Se calhar ainda não percebo bem o que aconteceu em apenas 15 dias de ausência. O Absurdo tomou conta do palco. Eu entrei com a peça já a decorrer e não percebo o que se passa.

14.12.04

Nossa Senhora afastadora das Marés

«Nossa Senhora disse que vai recorrer a um advogado: "Estou grávida, tenho o parto marcado para dia 25 e, como sabe, não se podem despedir pessoas grávidas". Fonte do Ministério da Defesa, defende-se: "Nossa Senhora estava em regime de prestação de serviços, a recibos verdes. Não podemos considerar que seja um despedimento".» Para saber mais, leia o noticiário do primo Galarza.

[pôr a blogo-correspondência em dia]

1. Agradecimentos ao Rui, por uma prenda deliciosa: a Emanuelle dorminhoca. Tenho pena de não a ter encontrado no voo da TAP.

2. Parabéns ao Ma-Schamba, o pouso mais próximo e bonito que tenho de Moçambique, que me entra em casa também pela memória da família de M.

13.12.04

Cavanhaques e cacheados

Desconfio que o nosso mestre de Aviz estivesse ontem num fuso horário diferente do meu no imenso Brasil. Afinal, a Folha anunciava o jogo para as 8 da manhã. Mas, logo ali, não soube de nada: sem televisor por perto, o Litoral Norte paulistano amanheceu com a chuva persistente de três dias para logo irromper num glorioso sol. Prenúncios de vitória a nascente. Mas passeei-me até Guarulhos desconhecedor do sucesso. Ali, assisti ao início da hecatombe do time do meu Benfica (maldita globalização). Para trás ficaram memórias de dias fantásticos, em que a delícia das palavras foi uma descoberta constante. Como a do cabelo cacheado.

[ao correspondente do Brasil: quem desce a Rua Augusta, em São Paulo (carregada de Valsa Negra, de Patrícia Mello), tem ali uma banca para poder comparar capas e teses. Repeteca, ah, delícia!]

Eu não acredito em bruxas.

O Presidente dissolve o parlamento. O Governo demite-se.
Convocam-se eleições para Fevereiro. Até lá "usamos" um Governo de Gestão.
Não há coligação de Direita. A oposição anda eufórica.
Pinto da Costa é finalmente constituído arguido num processo de corrupção no futebol.
O Benfica perde com o Belenenses 4-1.
Em Lisboa a terra treme.

Em Pombal aparece o Marquês, e disfarçadamente, para não o reconhecerem, vai passar o Natal ao Brasil.

Atrasado

O Sampaio atrasou-se: fez em Novembro o que ficou por fazer em Junho. E eu, apesar da breve exaltação de alegria, atrasei-me: estava fora e Portugal não existe lá fora. Hoje, no regresso, espreitei (só) meia dúzia posts em meia dúzia de blogues, abri as quatro contas de e-mails, vi o site-centí-meter e desisti: vou preparar o almoço, ler os jornais e voltar-me a deprimir-me com o país.

No Centenário de um Renovador da Igreja

EVOCAÇÃO DE YVES CONGAR, o. p.

No Centenário de um Renovador da Igreja
por Pe. Luís de França, o. p.
2ª feira, 13 de Dezembro às 18h30m, no Auditório do Centro Nacional de Cultura
[Largo do Picadeiro, nº 10-1º. Lisboa - metro Baixa-Chiado]

Organização: CRC, CNC e Comunidade Dominicana em Portugal. ENTRADA LIVRE

12.12.04

A dúvida

A ver, a ver:

O Santana está fora de questão. Parece aquele tipo do "The Office", mas ainda por cima com ar de mau.

O Portas, bom, o Portas é necessário ser avisado que não é o Mourinho da política.

O Sócrates, valhamesantoantónio. Dá-me a ideia que estou sempre a ouvir o cónego José, em eternas e aborrecidas palestras ecuménicas apenas para os fiéis, com um discurso mais redondo que o Sampaio.

O Louçã, bem, o Louçã é o homem ideal para substituir o Marcelo na TVI. Agora, quanto mais a luta aquece, mais o Bloco aborrece.

Sobra o homem de Pirescouxe! Jerónimo, o metalurgico. Jerónimo, o campeão da malha e do chinquilho. Jerónimo, o do Renault Clio e da casinha branca com barra amarela. Jerónimo, o homem que deu cabo do Cavaco no debate da RTP e ofereceu a vitória a Sampaio. Dirão vós: mas o gajo é sectário, é dos que têm palas nos olhos, é um KGB disfarçado. Pois será isso tudo. Ou não. Mas a verdade é que com este, a gente parece que já sabe as regras do jogo. Com os outros, parece que o tabuleiro de jogo somos nós. Já nem sequer as peças.

Em suma: se o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado não apresentar ninguém decente, voto CDU. Uma vez terá que ser.

1.12.04

Não sei, não sei...

Fui um critico do governo de Santana Lopes, isto entre larachas e outras criticas construtivas debitadas, em frente a um ou dois (optimismo) fino e amendoins, a colegas no café. E agora não consigo deixar de estar apreensivo com o futuro imediato, que é como quem diz, com as próximas eleições, isto porque não me sai da cabeça: "E votar em quem, Caraças?!?"

É verdade, confesso aqui que alinho por aqueles que dizem que a politica portuguesa actual caracteriza-se por politicos medianos (para não ser mauzinho). Sim acho de facto que "[..]Nem Santana Lopes, nem Sócrates são boas moedas. São as duas faces da mesma moeda má.", embora tenha todas as reservas em relação aos defensores do retorno de "D. Sebastião" Cavaco Silva. Parece-me solução muito rebuscada, de facto, como se lê noutros pontos de opinião, os tempos são outros. Tenho a plena convicção que as boas cabeças deste país continuam, no melhor estilo "Tenho mais que fazer", a alhear-se da vida pública. E continuarão a fazê-lo nestas eleições.

Para já ficamos assim. Como é óbvio voltarei a este assunto. Estas são excelentes alturas para discutir com amigos. Espero ser surprendido pela positiva, até Janeiro/Fevereiro, pelos dirigentes deste país.

Felizes SMS

Em Buenos Aires, as mensagens escritas sucedem-se à catadupa: Sampaio dissolveu o governo. Já näo bastavam as mulheres argentinas, a cidade encantandora, a música que se ouve, a mais bela livraria do (meu) mundo e o flan casero con dulce de leche, como até as SMS nos däo boas notícias! Ya está!

28.11.04

A embarcar (mambo-tango)


Corto Maltese, por Hugo Pratt.

Parto para outro hemisfério, para outro continente. Com Corto Maltese na memória e o tango como banda sonora. Podem continuar a aportar por aqui ou demandar outras paragens. Nós voltaremos.

A Terra, já se sabe

Por estes dias vão espreitando aqui, com actualizações às segundas e quartas.

26.11.04

Contagem decrescente (a menina dança?)


Hugo Pratt, «Tango», Buenos Aires.

A delícia das palavras

Cavanhaque, imagine-se. E eu a pensar em cortes e pêras.

25.11.04

A mais bela actriz de cinema




... a partir de hoje, num cinema perto de si. Emanuelle Béart* em «Histoire de Marie et Julien», de Jacques Rivette.

[* - no link: sonho de uma noite de avião]

Universidade do Outono: Politiquês I
[regente da cadeira: Sampaio]

1. O primeiro-ministro apenas procedeu a «reajustes» no Governo com o objectivo de «potenciar a acção governativa». [Nuno Melo, CDS-PP, sobre a remodelação]
2. O sucessor de Carlos Carvalhas foi o nome que reuniu «inclinação consensualizada» nos órgãos executivos do PCP. [comunicado do PCP]
3. «Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra de votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?». [pergunta do referendo]

Contagem decrescente (a menina dança?)


Hugo Pratt, «Tango», Buenos Aires

Remodelações em tempo de circo

1. No dia em que o Governo novo de continuidade de Santana tomou posse, foi publicada no Diário da República a lei orgânica do então Ministério da Segurança Social e do Trabalho. Dois anos para o lixo. Agora, os responsáveis dos economatos de ministérios e secretarias de Estado começam a empacotar os envelopes, papel timbrado e cartões de visita ainda fresquinhos.

2. A Central de Comunicação foi vetada. Mas vê-se que funciona a pleno vapor: Rui Gomes da Silva foi documentadíssimo para a audição da Alta Autoridade, citando Helena Roseta nos idos de 80 no Povo Livre. E a remodelação de Santana caiu na melhor altura: quando a Casa Pia volta a abafar o resto do mundo.

24.11.04

Contagem decrescente (a menina dança?)


Hugo Pratt, «Tango», Buenos Aires.

Serviço público (com excelente música)

Concerto de solidariedade pela Saúde Mental
com Rodrigo Leão, Gaiteiros de Lisboa e Sétima Legião.
Fórum Lisboa. 26 de Novembro, 22 horas.

Cortes na RTPN

Francisco José Viegas, para além do invejável bronze brasileiro, exibiu no seu último programa uma pêra - a barba foi-se. Vêm aí cortes mais profundos?

[actualização para evitar algumas confusões: o último não é o último programa de todos - foi o último que passou, até hoje, mas regressa todas as semanas...]

Cinemanias

1. Eu te saúdo, Maria. Ratos e homens. Intolerância. Colateral. O Rei dos Reis.

2. E os Óscares já mexem: já conhece o cartaz da próxima edição? E a luta suja dos bastidores?

23.11.04

Contagem decrescente (a menina dança?)


Hugo Pratt, «Tango», Buenos Aires.

Extra! Extra! Extra!

Ana Sá Lopes voltou à blogosfera!

[já fazia falta... depois de outros silêncios]

Definitivos



Prefiro a dúvida à certeza. Por método, mas também por falta de certezas. Sim, eu sei que aqui já escrevi muito da minha condição de católico, mas também é assim que vivo a minha fé: no campo da dúvida, para melhor compreender os outros, o diferente. Talvez seja esta a minha dimensão ecuménica. As certezas que aqui vou polvilhando são depois postas em causa com reparos amigos, outras leituras, novas certezas.

Aqui há tempos escrevi sobre os católicos e os homossexuais. Um leitor desta casa mandava-me ler a Bíblia, em determinados livros e precisos versículos. Reagi epidermicamente: quando me atiram versículos acho que me atiram sentenças. Esperei para ler aqueles «trechos».

Depois de os ter lido, mantenho muito do que escrevi - não por serem certezas. Apenas por achar que naquilo que disse há lugar para a dúvida, e menos para sentenças, que como se sabe são definitivas.

Ao contrário do que me sugerem aquelas leituras, não encontro na Bíblia sentenças definitivas sobre a homossexualidade. Perdoar-me-ão: o que encontro são livros que merecem mais do que uma leitura apressada, lida aos olhos de 2004, quando foram escritos há milhares de anos [a disciplina da coisa chama-se hermenêutica]. Mais: os trechos «definitivos» de que ali se fala ajudam à piada certeira do comentário colocado pelo «Portugalgay» de que não devemos comer camarão... (Mas, lá está, os senhores deste "site" cometem o mesmo erro que criticam nos católicos definitivos: agora dizem que a Bíblia ofende a Constituição Portuguesa!)

Retomo os comentários: «o conceito de inclusão se não apaga totalmente a ideia de pecado, pelo menos é muito mais importante. "Não será possível continuar a amar as pessoas e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para os seus erros?" Sim, é. Mas o que sublinho, neste caso, é que ser-se homossexual não é "uma ofensa contra Deus". A ofensa a Deus não é por aquilo que é a nossa orientação sexual. É por aquilo que fazemos em relação ao outro: quem ama mais? o heterossexual que maltrata o seu cônjuge, ou o homossexual que vive um amor pleno com o companheiro? (o contrário também é válido, mas não falo de orientações sexuais). E David remata: "Dizer que a homossexualidade é pecado não significa exclusão. Implica sim, alertar para o caminho errado." Implica excluir, sim: porque afirmamos que apenas outro caminho é o correcto, aumentando o sofrimento de quem também pode amar».

22.11.04

[cd da semana]


(com a devida vénia) do nosso leitor Alípio Severo de Noronha [copyright]

Um almoço como um blogue

Saltamos de assunto, memórias, histórias, ideias à velocidade do adsl, entre duas garfadas de um pineapple burguer para concluirmos do refrescante que é o encontro ao vivo, sem intermediários de ecrã e teclado. Assim é bom.

Causas

O nome é ambíguo, Wemans nem escreve lá muito, só têm um ano, mas o blogue Causa Nossa já é incontornável. E muito por causa de uma surpresa bloguística chamada Vital Moreira. Parabéns.

21.11.04

O referendo

«Se não percebes a pergunta vota não». Este desafio de Pacheco Pereira não devia ter sido já feito nos referendos do aborto e da regionalização? Ou só agora é que «a pergunta pura e simplesmente não é honesta, trata os portugueses de forma indigna, mancha a democracia com a sua óbvia manipulação»?

Até breve

Esperemos que este adeus* não seja outro até sempre.


[* - adeus!, de a + Lat. Deus, adv. e interj., Deus fique contigo, Deus vá contigo!, etc.]

20.11.04

Guia não turístico da Costa do Marfim



Chega à blogosfera José Luís Peixoto, pela mão de José Mário Silva. E com um belo texto sobre a Costa do Marfim. Um país estranho que se me entranhou em 1995, numa visita pouco turística a um destino nada turístico. Das ruas da capital Yamoussoukro, erigida em louvor de um homem, Félix Houphouët-Boigny*, que se imaginava na enorme basílica local («igual à de São Pedro») como o discípulo dilecto de Jesus, em vitral abençoado por João Paulo II. Os dois (Papa e Presidente) concorriam em quantidade de ruas e praças e monumentos em seu nome.


* - FH-B é o homem negro que se vê ajoelhado logo abaixo da figura de Jesus.

Naquele espaço imenso, de avenidas largas e vazias, circulava-se em táxis que davam boleia a outros passageiros, e pernoitava-se num campus universitário moderno, mas em decadência, por uma greve de estudantes que então se prolongava há meses.
Na cidade de Bouaké, em catedral mais modesta e acanhada, à missa ajudavam zelosos vigilantes de quem adormecia sob o sol tropical, enquanto que por perto se passeavam macacos no mercado - antes de saltarem para o tacho. Nesta cidade, uma jovem cega reconhece-me português, por causa da «Lindá de Suzá» que ecoava na onda curta. De Abidjan, a capital económica do país, recordo uma visita intempestiva e pouco consciente a um mercado.

Levava comigo duas advertências. Evitar gelados de água, vendidos ao acaso nas ruas. E que devia sentir o cheiro de uma terra única. Embrenhei-me neste, aceitei aqueles.
Hoje, não poderei voltar a propor-me uma viagem daquelas. Há «sangue. Vermelho, limpo, humano» pelas ruas.
Gostava muito de ter notícias do Lazare.

Veto tardio

O veto de Sampaio à central de comunicação é tardio. É um assomo de independência e existência de um Presidente da República que já não é tido nem achado, pela oposição, pelo Governo e, mais ainda, por quem o elegeu. Ora, um "chumbo" destes, não é um veto: é Sampaio a lembrar que existe, desterrado em Belém.

19.11.04

Ecos do Código

A Difel aderiu à moda dos sucedâneos do Código de Da Vinci, renovando a capa do livro de Umberto Eco, «O Pêndulo de Foucault». Como? Uma apresentação "místico-medieval" e uma frase supostamente apelativa: «...um segredo ocultado pelos templários».

18.11.04

Esquizofrenia

Paulo Portas foi vaiado, criticado, vilipendiado, rejeitado no fim-de-semana no Congresso do PSD. A esta hora, os deputados do PSD aplaudem o líder do CDS-PP na defesa do Orçamento «imaginativo» do Governo.

Mala educación

«Quero lá saber», diz Portas sobre o «caso Marcelo».

E Rui Gomes da Silva, com cara de mau, fecha a porta na cara a Ana Sofia Vinhas, da TVI.

O polvo


Uma imagem social-democrata de outros tempos punha Sampaio à cabeça de um tenebroso polvo. Hoje, convenço-me desse polvo: foi na TVI, no DN, na RTP. Falou-se das empresas de sondagens e, agora, definitivamente, será a vez da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Este blogue vai voltar-se para o passado

Kylie Minogue anunciou que vai deixar de posar para fotografias ousadas.

16.11.04

Da superioridade moral



Sempre o defendi: não devíamos encontrar algozes do lado dos EUA, mesmo não concordando com a guerra. Mas, pelos vistos, Bush não ensinou aos seus soldados noções mínimas para se apresentarem como arautos da democracia. Não há defesa possível deste acto de guerra.

Cinema de boa qualidade

Enquanto eu não me abalanço a iniciar a minha crítica, os meus amigos Rita e Sérgio vão alinhando ideias e imagens de primeira água.

15.11.04

Contra-informação

Santanek pode ter sido calado antes de tempo. José Rodrigues dos Santos é que já não fala mesmo.

Quase me passava

Agora é quase impossível parabenizar todos os blogues que se "comemoram" na blogosfera. Mas os amigos não se podem esquecer. E o Quase em Português é um deles. Fez um ano há dias. Vale a pena passar por lá.

Não houve censura nem cabala

Santanek e Fiona Tortas regressam aos ecrãs no próximo domingo.

Não é um blogue anti-santanista

Uma Terra sem misticismos de pacotilha.

Misticismo de pacotilha

Que o primeiro-ministro use uma pulseirinha pindérica, é lá com ele. Que o homem se encomende às estrelas, não é nada connosco. Que Santana use e abuse de expressões abrasileiradas para os seus desejos de governação, é apenas fraco vocabulário. Em Lisboa, quis um «Bairro Alto astral»; agora, no congresso não quer um «país com mau astral». Pois. O confessor do católico líder do PSD devia dizer-lhe que os misticismos não são coisa recomendada no Catecismo. Nem as mentiras.

13.11.04

Breve ensaio sobre a lucidez
(ah, concupiscência!)


Luiza Tomé [via Francisco José Viegas, de Aviz, Brasil].

Heresias a dias

Que nome darão a este país estes senhores?

[actualização (em jeito de novas interrogações): Eles, blasfemos e homens-a-dias, de certeza que nunca falaram no Ground Zero, nem no "9/11".]

Um ponto que não pode ser final

O jmf vai fazer uma pausa. Breve, esperemos.

Afinal vai ser mais cedo

«O presidente da TVI disse que, dentro de 6 a 9 meses, se saberia toda a
verdade sobre as razões (pressões?) do caso Marcelo?.
Então não é que o homem tinha razão?
Novembro um, Dezembro dois, Janeiro três, Fevereiro quatro, Março cinco, Abril seis...
»
[do nosso leitor Alípio Severo de Noronha]

12.11.04

Post breve para um dia longo

Está aí o fim-de-semana. Queira deus que alguns saiam com um galo - de Barcelos.

11.11.04

A paz, agora (dizem)


Yasser Arafat, 1929-2004


[actualizado com links fundamentais, na foto, no nome e na data...]

10.11.04

Os gestos da paz, apesar de tudo

O enterro de Yasser Arafat já foi feito. Mas, como pano de fundo, da gestão política desta morte, estão os gestos, como sublinha Manuel: «Rabinos judeus, sacerdotes ortodoxos, talvez também padres católicos. As televisões mostraram-nos às portas do hospital de Paris em que Arafat foi internado. Quem tenha visto nisso apenas uma excentricidade não viu o essencial. E o essencial foi a grandeza desse sinal de busca da paz. O que todos tínhamos que ter visto ali era a urgência da paz sólida, dessa que se constrói não com concordâncias quimicamente puras mas com o sofrimento que sempre causa o acolhimento do diferente.»

Sobe, sobe balão sobe

[ou o IRS segundo Santana e Bagão]

Eu vivo a sonhar
Não pensem mal de mim
Quanto mais não vale
Viver a vida assim

Nas asas do sonho
É bom andar sem norte
Não preciso vistos
Nem uso passaporte!

Não tenho limites
Parar não é comigo
Se ouço o meu amor
Dizer: eu vou contigo!

Ter essa certeza
É luz de um novo dia
Vai, meu balão d'oiro
Envolto em fantasia

Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver... e sonhar

Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar

Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver... e sonhar

Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar

Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver... e sonhar

Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar

Sobe, sobe balão sobe
Vai pedir àquela estrela
Que me deixe lá viver... e sonhar

Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar

La la la

Levo o meu amor comigo
Pois eu sei que encontrei
O lugar ideal para amar

Sobe, sobe balão sobe
Balão sobe

Amor com amor se paga

Martirizem-se. A Igreja tem dinheiro. Muito dinheiro. Deve ser por isso que o último almoço grátis já foi há 2004 anos. Mas, para o que é, dois metros quadrados bastam.

9.11.04

Tá bem, tá bem

Eu sei que hoje é um dia muito importante - da queda do muro. Mas estava a resistir a tirá-la daqui do topo.

«0696»


Parece que Kylie Minogue revelou à revista Femalefirst que a maneira de manter vivinha a sua relação à distância com o namorado Olivier Martinez é apimentar as conversas ao telefone. Por nós, chegam-nos os videos achocolatados.

Goodfellas

«Na América, o conservadorismo é muito mais que um movimento: é uma ideologia de poder optimista, cheia de contradições mas com uma espantosa capacidade de influência e difusão. Os conservadores americanos são evangélicos que não separam o Estado da religião, nacionalistas para quem a segurança nacional não tem preço, proprietários hostis ao governo federal e ao dirigismo público na saúde ou na educação, populistas defensores da família e de outros valores tradicionais, acérrimos militantes de direitos (como o porte de arma), empresários que não querem pagar impostos e recusam qualquer vestígio de estado social na América. Tudo isto triunfou nestas eleições [...]». Pedro Lomba

Dor de dentes

Isto está mal. Muito mal.

8.11.04

O iluminado

Para além de sebastiânico, António Borges é o iluminado. Na entrevista aqui citada, diz-nos o candidato-do-Expresso-ao-PSD: «Não há regime melhor do que a ditadura iluminada» [também recordado aqui].

Sete pecados sociais, sete sinais de esperança

«Fraude Fiscal/Responsabilidade Tributária»
9 Novembro 2004 (3ª feira), 18:30 h
José Silva Lopes
José Luís Saldanha Sanches
Moderador: Ulisses Garrido

«Exclusão Social/Integração Humana»
30 Novembro 2004 (3ª feira), 18:30 h
P.e Agostinho Jardim
Helena Cidade Moura
Moderador: José Pedro Castanheira

Local: Auditório do Centro Nacional de Cultura
Largo do Picadeiro, nº 10-1º. Lisboa.
(Metro: Baixa-Chiado)
ENTRADA LIVRE

Organização: CRC - Centro de Reflexão Cristã, e-mail: centroreflexaocrista@oninet.pt

Bush ganhou de facto

Hoje, os iraquianos ficaram a saber quem ganhou nos EUA.

Sebastianices

1. No sábado, tivemos mais um capítulo na saga do regresso de D. Sebastião, na revista única do «Expresso». António Borges, salvo miraculosamente do voo TWA 800 que caiu no Atlântico (facto devidamente publicado, na primeira página, no mesmo semanário, mais de um ano depois de não ter ocorrido), é - vê-se bem - há muito o favorito do jornal do arquitecto para presidente do PSD.

E a divina providência que o salvou, nota-se de novo na entrevista de sábado: ele é católico, mas pouco amigo dos seus irmãos no que toca à defesa do fraco estado social que temos. Os argumentos são conhecidos: o 25 de Abril foi bom, naquele dia, uma chatice nos outros dias todos; lá fora (onde trabalha há 30 anos, com uma interrupção de três) é que é, porque todos sabem o que têm de fazer; o estado é mau, temos de dar aos privados para fazer melhor; e ele não percebe como é quem um secretário de estado pode viver com aquele ordenado. Tem razão o «Expresso»: Borges tem de voltar, numa manhã de nevoeiro de preferência. Para se perder, ou nós nos perdermos dele.


D. Sebastião, de acordo com o arquitecto

2. Outro «Expresso» no seu melhor.

Às segundas

As pedras gritarão! - uma questão de bom senso.

6.11.04

Serviços mínimos

Ontem não consegui durante parte do dia escrever qualquer coisinha (houve quem me perguntasse do porquê daquela imagem...) porque o sr. blogger não deixou. Hoje, também já não me apetece. Pode sempre "rolar" por aí abaixo e entreter-se com o que aqui se escreve ou se ilustra. Ou então não - e aí basta pegar na coluna do lado direito e zarpar logo para outras paragens.

4.11.04

Com a cabeça sobre uma almofada


«Naked Portrait» (Kate Moss), por Lucien Freud, 2002

Matérias para reflexão

Pedro Mexia inquieta-nos. Há dois longos textos que merecem leitura. Mesmo que não concordemos com tudo o que ali se escreve. A seguir, nos próximos dias, quem sabe, também aqui: «Ainda o caso Buttiglione» e «Mandem dizer ao colectivo que fui lanchar» (sobre as eleições no EUA).

11 de Março

Breve espaço para a demagogia. Depois dos atentados de Madrid, aturámos a direita engalinhada com a vitória de Zapatero, que era uma vitória do terrorismo. E agora? Depois de Bin Laden ter votado nas últimas eleições americanas, também é admissível dizer que foi o terrorismo a ganhar na América?

Outras leituras. Um texto mais longo sem imagens, outro mais curto e ilustrado. Duas leituras essenciais para o pós-eleições.

Marcelices

1. A TSF anuncia a «nova grelha» em "outdoors" na cidade. Com «+ música», «+ entretenimento», «+ comentadores». Assim, tal e qual. E mais informação? Schiuuu, qu'é isso?!
[rectificação: um olhar apressado no autocarro 13 deu azar: o "outdoor" traz lá «+ informação», mas em baixo, quase esquecido (leio eu)... em cima berram-se aquelas outras coisas. ah! e os comentadores são «novos», sem o sinal «+»!]

2. Um cronista/comentador do DN - José António Barreiros - não gostou de ser "ensanduichado" num jornal onde se espelha «o domínio dos media pelo grande capital, a entente cordiale entre esse grande capital e o actual Governo.» Saiu e abriu um blogue. E foi substituído no DN por um "boy" de... (tchan! tchan! tchan!) Rui Gomes da Silva, mr. Cabala!

3.11.04

Depois da vitória de Bush...

... o que nos vale é o triumph* nas ruas portuguesas.


[* - instruções de uso: clicar em Portugal e aguardar a imagem que anda nos olhos de muita gente]

Aforismo eleitoral

Há sempre uma primeira vez para tudo. Até para o Bush ganhar.

O mundo perdeu. A América também

[ou Bush ganhou nas urnas]



[actualizado: definitivamente, precisamos de um ethos novo]

«Too close to call»

«Too close to»... a esperança de outro modo de pensar o mundo. Mas, como há quatro anos, uma certa América vai ganhar a olhar para o umbigo.

2.11.04

América, 2 Novembro 2004*

this House is on fire!
kick off your boots, come and sit a spell
listen to me worry, come and listen well
all you better best come and lean in boys
cause I don't dare to raise my voice

I've been sitting here for the longest time
reading all the warning and the danger signs
I don't have the gift of the prophecy
telling everybody how it's gonna be

soon come, soon come the day this tinderbox
is gonna blow in your face
I don't have the gift of the prophecy
telling everybody how it's gonna be
you go passing wrong for right and right for wrong
people only stand for that for just so long

it's all gonna catch like a house on fire
spark an evil blaze and burn higher
well, I don't have the gift of the prophecy
telling everybody how it's gonna be
you go passing wrong for right and right for wrong
people only stand for that for just so long

I don't have the gift of the prophecy
telling everybody how it's gonna be
there's a wild fire catching in the whip of the wind
that could start a conflagration
like there has never been.
this house is on fire!
[Natalie Merchant, 2001]



* - in Terras do Nunca, com a devida vénia. Para além de habitualmente certeiro (leiam os "posts" de 26 a 31 de Outubro, para uma pequena e variada amostra), por ali se cultiva boa música.

«Somos todos americanos»

No 11 de Setembro, houve quem enchesse a boca com estas sábias palavras. Hoje, perante o mundo a querer votar nas eleições americanas, mandam-nos calar: a decisão é dos americanos e devemos respeitá-la. E se Kerry ganhar, como será?

Nota: à direita, há quem "vote" Kerry. «ADM, Guantánamo e Abu Ghraib, Patriot Act, Iraque: quatro razões contra Bush», diz-nos Pedro Mexia. E diz-nos mais: «Em democracia, uma guerra não deve partir de uma mentira».

1.11.04

«Incoerentes»... pela paz!



Se os caça-autógrafos não votam por causa de Scarlett, a Economist preferiu votar no «incoerente». Pena que a direita que regozija a cada página daquela revista agora tenha enfiado a cabeça na areia e assobiar as cantilenas texanas de Dubia. E há outra cantilena, para mim muito mais importante, que não me sai da cabeça para mandar George Bush de volta para o seu rancho: A guerra do Iraque já matou 100 mil civis iraquianos!

Hoje não se celebra a morte

Esqueçam os cemitérios cheios de dor, velas e oração. Hoje festejam-se exemplos de cidadania. Dos que não se conhecem. Dos que duvidam.

30.10.04

Túnel do Rossio (entretanto, à superfície)

«Artilharia Um renascida. Campolide Parque transforma aquela zona da cidade de Lisboa. [...] No quarteirão que faz fronteira com a rua da Artilharia Um, com cerca de cinco hectares, irá nascer um novo conceito de urbanismo. [...] Neste momento, o projecto está pronto a arrancar, tendo sido aprovado em todos os organismos locais. Resta apenas o parecer da Direcção Geral da Ordenação [sic] do Território. As obras devem arrancar no final de 2005.»

in Expresso Imobiliário Espaços & Casas, este sábado, uma semana depois do encerramento do túnel ferroviário do Rossio, à "cota" daquele empreendimento, que terá uma saída directa para o túnel rodoviário das Amoreiras, desejado pelas «autoridades locais» e actualmente embargado [sublinhados nossos].

29.10.04

Finado

Vêm aí os finados. E vêm aí amigos. Com histórias para contar e muitos sítios para visitar. Para ver se estes dias, mesmo de chuva, são mais animados. Quem sabe se nos encontramos também aqui.

O mais importante motivo para derrotar Bush

A guerra do Iraque já matou 100 mil civis iraquianos!

Mexa-se pouco

Mexia bem se passeia em locomotivas de há dois séculos. Mexia bem anuncia que os passes mais caros é medida de justiça social. Mexia anuncia, mas no dia-a-dia é tudo diferente. Lá em casa, há quem queira deixar o carro encostado e passar a usar o comboio até Setúbal. Mas o cartão Lisboa Viva (que pretende integrar todos os transportes da Grande Lisboa) não serve para a Fertagus. É preciso fazer um cartão novo. «O Metro não chegou a acordo», responde o funcionário. Tem razão: nunca há acordo na articulação de uma política de transportes. Depois admiram-se que o carro volte a circular...

28.10.04

A viagem


Esta manhã, o presidente da CP passeava-se em comitiva para mostrar como estão a funcionar os alternativos. Dei a dica a um jornalista amigo: "pergunta-lhe pelos ecrãs que dão informações erradas...". Assim é: em Sete Rios, no ecrã anuncia-se o "semidirecto" para Sintra, com paragens (no percurso que faço) em Benfica e Queluz-Massamá. Entro no comboio sem olhar e páro em todas as estações. O comboio «Sintra SD» ultrapassa aquele em que sigo na Amadora. O que vale é que umas meninas da CP, à chegada a Queluz, oferecem-me um chocolatinho belga, para festejar a primeira viagem ferroviária há 148 anos. Um charme, esta CP.

A mensagem

À minha diatribe sobre católicos e homossexuais, uma leitora (MAP) reagiu dizendo que eu serei «menos "católico devoto"» e, eventualmente, «mais cristão». Deixo as suas palavras - de um tema a que voltarei, também por causa dos comentários lá "postados".

«Sim, meu caro, você é menos "católico devoto" que Mário Pinto. Graças a Deus, quem sabe, você é mais cristão (admitindo, para não julgar, que Mário Pinto é cristão). Mas qual é a sua "pertença" eclesial, em face da "doutrina" e da "autoridade"?!

Eu também passei por encruzilhadas como as suas . Comprometi no seio da Igreja Católica a minha juventude. Até que percebi que pensando como eu pensava, sentindo como eu sentia, eu, afinal, estava fora da Igreja Católica. Fiquei sem Igreja, até hoje. Infelizmente, desfez-se nesse percurso a minha fé. "Infelizmente", digo, porque me ficou o mesmo sentimento descrito por uma Carmelita, assim:

"Quando perdi a fé, sofri por ter deixado de rezar. Por ter deixado de ter alguém a quem me dirigir. Não vejo nada que se lhe possa equiparar, a não ser o desespero absoluto e sem recurso do fim de um qualquer amor".
(in Outside, de Marguerite Duras)

Gosto muito de o ler. E gostei, apesar de tudo, de o ver reagir e demarcar-se como católico. Com paixão pelo Evangelho...
»

A rua


Um dia espreitei para as suas casas e senti-me acolhido. Da porta do lado saíam músicas belíssimas. Às janelas viam-se belas palavras. E dos seus candeeiros, a luz que iluminava o caminho nem sempre escolhia o ângulo mais fácil. E só se pode gostar de um sítio assim quando ali se canta שיר לשלום (A Canção da Paz).
Parabéns, Nuno, pelo primeiro aniversário da tua rua.

A porta

A imagem diz tudo. Rui Gomes da Silva atarantado com as perguntas dos jornalistas tenta abrir uma porta para sair dali rapidamente. Não consegue e tem de sair por outra porta onde se aglomeram os jornalistas. A porta da demissão permaneceu ontem fechada. Quando é que o ministro-para-lamentar perceberá que só tem essa porta para abrir?

27.10.04

Três (boas) razões para votar John Kerry


Scarlett apoia Kerry.


Britney apoia Bush.


E Laetitia certamente votaria Kerry.

Erros, palavras, omissões

Todas as quartas, no sítio do costume.

26.10.04

John Peel: o silêncio chegou à rádio


Vou chegar a casa, pegar na velhinha K7 dos Wedding Present com o álbum «Ukrainski Vistupi v Johna Peela» e ouvir aquela magia, só possível numa rádio que buscava sempre a novidade.

[actualização] Afinal vamos continuar a ouvi-lo. Lido no Quase Famosos: «Peel Sessions transmitidas do Céu».

Filhos de Rousseau

Os miúdos falavam entusiasmados das suas novas escolas. Mas, felizmente, viajavam de autocarro. Não havia por perto nenhuma Maria Filomena Mónica, nem nenhum José Manuel Fernandes, para zurzirem nos pedagogos do Ministério se tivessem ouvido o diálogo que ouvi.
O rapaz pergunta à rapariga: «Sabes quem foi a Vieira da Silva? (É o nome da minha escola...) Foi uma escritora».
Por mim, sorri. Não lhe ia estragar aqueles momentos de glória junto da miúda...

25.10.04

Católicos e homossexuais

«Tenho em mente o apavorante episódio contra Buttiglione, no Parlamento Europeu. Primeiro, alguns deputados bombardearam-no com perguntas sobre as suas convicções pessoais sobre o casamento e a homossexualidade. Como católico que é, foi claro e desassombrado, expondo, afinal, a doutrina da Igreja Católica.»

Quem assim escreve é Mário Pinto, professor na Universidade Católica e que escreve todas as segundas-feiras no Público.

E, insiste, mais à frente: «A democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).» [o sublinhado é meu]

Já no sábado, no Expresso, João Pereira Coutinho (felizmente, não tem "link"), do alto da sua verborreia imberbe, dizia que a posição de Buttiglione era a de um «qualquer católico devoto».

Sou menos católico devoto que Mário Pinto? E menos coerente que o senhor professor? Não. E permito-me achar que o que Mário Pinto escreve é incoerente (não falo de JPCoutinho: só fala daquilo para mais uma diarreia anti-esquerdista, claro). Até com o que ele diz da «Doutrina». Porque a doutrina não é aquela que Ratzinger emana do Vaticano - é aquela que nasce de Jesus e, por muito que custe a alguns auto-intitulados «devotos coerentes», Cristo anunciou um Evangelho de inclusão, não de exclusão.

Os homossexuais não pecam. Amam. As mães solteiras não pecam. Amam. E o casamento não é a capa de protecção para uma mulher. É um compromisso sério de amor entre dois indivíduos. Dizer o contrário disto, é ir contra o Evangelho. E isto não é uma qualquer «administração autónoma da doutrina [em que me] importam pouco [...] os mistérios».

A margem da terra

O lugar do Outro. E os pobres. As coisas ligadas na Terra.

Razões para um silêncio

«Disk boot failure».

22.10.04

Experiência na matéria

O porta-voz do PSD para a questão do túnel do Rossio foi o deputado do Porto, Marco António, que se «congratulou» pela decisão de fechar a estrutura e assim se preservar a segurança dos lisboetas. No Porto, Rui Rio vai pedir a intervenção de António Preto ou, quem sabe?!, Carmona Rodrigues para anunciar a abertura da Casa da Música.

Movimento tectónico

Um tremor, a política nesta cidade!

Pouca luz nos túneis

«O túnel [do Rossio] vai sofrer uma intervenção "eventualmente no decorrer deste ano, também para reforçar a sua segurança". A Refer prevê uma intervenção no túnel para "a consolidação, a estabilização e o reforço da estrutura e geometria da galeria; a regularização do sistema de drenagem; a substituição dos vários tipos de via existente por via embebida em laje; a substituição do sistema de suspensão da catenária; e a segurança integrada"».

Não, não é de hoje esta notícia. É de Abril de 2002. Mas só hoje, dois anos e meio depois, é que a Refer se vê obrigada a intervir. Por falhas graves na estrutura. Que já existiam há mais de dois anos e meio. Entretanto, aquele que foi presidente da Câmara da cidade só se preocupou com outro túnel, desnecessário. Mais: o túnel do Marquês pode ter desestabilizado o do Rossio.

21.10.04

Viagens cinematográficas

Há quem goste de voar e quem prefira ter os pés bem assentes na terra.
Apesar de esta revelação poder surpreender alguns dos meus melhores amigos, eu pertenço ao segundo grupo. Se pudesse, trocaria todas as viagens que faço de avião por umas boas estuchas de carro, de preferência sendo eu a conduzir.
Mas, quando tem de ser, lá vou até ao aeroporto, faço o check-in e tomo o meu lugar no avião.
Foi o que aconteceu na viagem para Tóquio: teve de ser.

Ora como não há nada de muito interessante para fazer a bordo de um avião, ocupei uma parte importante das mais de duas dezenas de horas de viagem a ver filmes. E vi vários!
Vi, por exemplo, o «Spider-Man 2». E vi também «The Day After Tomorrow». E até vi «Mean Girls». Mas, confesso, o que me deu mais gozo foi ver aqueles que ainda não chegaram a Portugal: «Laws of Attraction», «The Manchurian Candidate» e, sobretudo, «Code 46».

«Laws of Attraction» é uma comédia romântica à inglesa, realizada por Peter Howitt (responsável, entre outros, por «Sliding Doors» e «Johnny English»). Vive, sobretudo, das presenças de Pierce Brosnan e de Julianne Moore, que interpretam os papéis de dois advogados especialistas em divórcios que acabam por se casar e apaixonar (sim, por esta ordem). O costume...

«The Manchurian Candidate» é um remake do filme de 1962, desta vez realizado por Jonathan Demme. Conta com interpretações fantásticas de Denzel Washington e Meryl Streep e a presença certinha de Liev Schreiber. É a história de um grupo de soldados norte-americanos que, em plena Guerra do Golfo, são raptados e vítimas de uma lavagem cerebral com fins sinistros. Mas é também a história da promiscuidade entre os interesses económicos privados e os detentores de cargos públicos. E, desse ponto de vista, faz lembrar a realidade...

Por fim, «Code 46». É difícil catalogar este filme... Romance? Drama? Ficção Científica? Talvez um pouco de cada... Realizado pelo inglês Michael Winterbottom («24 Hour Party People») e contando com as presenças fortes de Tim Robbins e Samantha Morton («Minority Report»), «Code 46» é uma curta história de amor num ambiente futurista, no qual o romance entre os dois protagonistas é impossibilitado por uma incompatibilidade genética decretada por um governo global e totalitário. A história tem um pouco do determinismo genético de «Gattaca», das limpezas de memória de «Men in Black», do controlo social manipulador de «Minority Report», da descoberta cosmopolita de «Lost in Translation» e da violência futurista de «Clockwork Orange». E tem, além de tudo, um cameo de Mick Jones (The Clash) a interpretar uma versão de «Should I Stay or Should I Go?» num bar de karaoke... Lindo!

Coimbra, 2004

Basta! Bastão é falta de educação!

[colegiais]


Para o Acordeonista.

Tóquio, vista da Baixa

O prometido é devido!
Lamento não ter podido dar notícias mais cedo, mas é incrível a quantidade de trabalho que se acumula na nossa secretária quando estamos 17 dias fora... Impressionante!
Assim, depois de ter passado os últimos três dias a tentar descobrir o tampo da mesa sob os papéis, reservei estes dez minutos para transmitir algumas breves impressões sobre Tóquio. Mais tarde, com mais tempo e com mais calma, farei uma análise mais profunda sobre a minha experiência em terras nipónicas.
Para já, queria dizer que gostei. Muito!
Tóquio é uma cidade enorme e altamente populosa, disputando com Xangai o título de cidade mais populosa do mundo. Devem ser aí uns 20 milhões de almas (e corpos) ou qualquer coisa do género (mais milhão, menos milhão, ninguém nota), mas a verdade é que, apesar do completo caos urbanístico, Tóquio é uma cidade acolhedora!
Não é algo que se note logo à chegada, até porque os factos de (quase) ninguém falar inglês, de os transportes públicos serem extremamente caros e de os tufões trazerem consigo chuva e vento em quantidades extraordinárias, não ajuda nada a ter uma boa impressão da cidade.
Mas, à medida que vamos calcorreando as pequenas ruas e as enormes avenidas, que nos vamos deliciando com a arquitectura arrojada e os parques magníficos, que vamos começando a conseguir estabelecer alguma comunicação com os nativos, que as montras das lojas começam a fazer sentido e a revelar algumas bagatelas, que o sol rompe o manto de nuvens e derrama sobre a cidade a sua luz e que as caras das pessoas começam a parecer-nos familiares e, até, bonitas, Tóquio revela o seu charme e conquista-nos.
Se alguma coisa se pode dizer sobre Tóquio, que faça sentido em poucas palavras e seja simultaneamente verdadeiro e justo, é que Tóquio é uma cidade de contrastes. Contrastes que são visíveis na convivência entre o funcionário de fato armani e a senhora de quimono na mesma carruagem do combóio; na proximidade da agitação radical do bairro da Harajuku e da calma divina do santuário Meiji; na diferença de alturas dos arranha-céus de Shinjuku e das casas unifamiliares do bairro Yanaka; na familiaridade da arrojada Tokyo Tower com o bairrista Parque Shiba; e em milhões de outras coisas.
Mas não basta dizer de Tóquio que é uma cidade de contrastes; é preciso também dizer que é uma cidade de tolerância activa. Uma cidade em que as diferenças são reconhecidas, levadas aos extremos e, ainda assim, respeitadas e valorizadas. Uma cidade em que o civismo, no seu sentido mais bonito (aquele que remete para a noção de cidadania) se impõe da forma mais natural possível e em que as pessoas parecem perceber, porque chegam a exalar, a máxima de que a sua liberdade só começa verdadeiramente quando a liberdade dos outros se encontra igualmente garantida.
Por isso, a circulação em Tóquio não é caótica; por isso, Tóquio é uma cidade segura; por isso, Tóquio é uma cidade capaz de acolher 20 milhões de corpos que não se esmagam, não se empurram e não se atropelam; por isso, Tóquio é uma cidade em que toda a gente sorri e se saúda respeitosamente; por isso, Tóquio é uma cidade que concilia trabalho árduo e diversão louca; por isso, Tóquio é uma cidade que nos fica no coração, que deixa saudades e que nos obriga a querer voltar.
Tóquio é muito diferente de Lisboa e eu sei que não percebi nada de nada e sei que não posso falar de Tóquio como se fosse um profundo conhecedor da cidade. Sei que não posso e, por isso, não o faço. Sei que tudo o que digo sobre Tóquio não passa de um conjunto de impressões soltas, provavelmente muito afastadas da realidade. Sei que é muito fácil gostar de uma cidade na qual se está apenas de férias e que essa experiência é muito diferente das daqueles que lá vivem e trabalham todos os dias.
Mas, quem dá o que tem, a mais não é obrigado. E este conjunto de impressões é tudo o que eu tenho para partilhar. Podem não ser exactas, mas são sinceras.

Paris Sem Golos

20.10.04

Impunidade para lamentar



Morais Sarmento no Parlamento: «Alguns senhores que aqui se sentam impunemente [...]».

Protecção Civil - Aviso nº 237745/2004

«A Protecção Civil adverte:

Se, por engano, o Ministério da Educação colocou algum professor em sua casa, é favor encaminhá-lo para o estabelecimento de ensino mais próximo. É importante manter a calma e fazer de compta que é uma situação normal.

Obrigado.»

A LER OBRIGATORIAMENTE*

Uma conversa no Conselho de Ministros. [O post mais hilariante da blogosfera dos últimos tempos.]

* - (assim mesmo: com maiúsculas!)

Qualquer semelhança com a realidade...

Um Evangelho neo-liberal, onde os santos são pecadores, em que a competitividade peregrina sempre: a direita parece ter um novo Manifesto. [Por tudo isto, fiquei hoje de fora.]

19.10.04

Serviço público? Independência? Central de comunicação?

«O ministro da Presidência, Nuno Morais Sarmento, defendeu hoje que deve ser o Governo a definir o modelo de programação da RTP, porque é o Executivo que responde pelas decisões praticadas na televisão pública.»

Linguagem cabalística

Rui Gomes da Silva afirmou [na Alta Autoridade para a Comunicação Social que «as cabalas existem independentemente da vontade subjectiva de as constituir». «Eu posso entender que há...», acrescentou. É como as pressões, senhor ministro: existem independentemente da vontade de as fazer.

Faz-nos falta...

... o pensamento de Nietzsche & Schopenhauer. Ajudava a suportar tanta falta de discernimento nos dias que correm.

[actualização]: o Almocreve compensa-nos com a sua fina ironia.

18.10.04

Mau tempo

Ventos fortes varrem o continente e mesmo a Madeira não escapa. O Instituto de Meteorologia precisa de quem o ponha na ordem. Há coincidências a mais, apre!

Onze minutos

A TVI dedicou 11 minutos na abertura do seu jornal da tarde a uma arruaça. Só ao fim desses 11 minutos mostrou imagens do jogo de futebol que tinha estado na origem da arruaça. Sim, o jornalismo também tem culpa em explorar estas guerras em detrimento do jogo. Sim, o jornalismo condena (é esperar pelos textos indignados nos jornais desportivos e afins) mas logo, logo, corre a fazer manchete de dislates destes senhores. Não lhes dessem vez e voz e daqui a uns tempos só tínhamos gente a falar de bola (como os dois treinadores mostraram muito bem).

Aviso à navegação

Pequena, mas pertinente.

16.10.04

Quem vai à guerra...

[ou pode um cristão defender a guerra?]

Os comentários pertinentes de David, ao meu "post" sobre os algozes que decapitaram um refém no Iraque, obrigam-me a uma reflexão mais prolongada sobre o assunto.

Escreve-nos David (que assume a sua condição de cristão para também rebater os meus pontos de vista), que não consegue «em consciência descartar a possibilidade da guerra, da violência, como resolução extrema para algumas situações». E exemplifica com a II Guerra Mundial.

O argumentário da II Guerra Mundial foi usado à exaustão, no início desta segunda guerra do Golfo, por Bush e muitos dos seus seguidores, incluindo portugueses que imputaram quase exclusivamente a vitória contra a Alemanha nazi de Hitler aos Estados Unidos da América, omitindo ou desmerecendo da resistência organizada por toda a Europa e do contributo de todos os Aliados. Do que não temos dúvidas, é que Saddam não era Hitler, nem a liberdade do mundo estava em perigo, como em 1939.

Mas - e o que me interessa aqui, neste caso concreto do Iraque - é que a situação que se vivia ali não obrigava à «resolução extrema» da guerra. A ONU continuava a exercer a sua inspecção do possível armamento e a diplomacia - incluindo a vaticana - tentava a todo o custo "dobrar" Saddam. Não se tentou tudo, não se esgotaram todas as armas do diálogo e a invasão fez-se sob a capa de uma grosseira mentira e de uma impreparação negligente sobre o futuro do país.

Medir "sanguinários" não é um exercício numérico, como também agora alguns gostam de fazer. "Ele matou mais, ele matou menos" é o debate que não interessa. Qualquer pessoa que morra pelas suas convicções, por ser livre, às mãos de um qualquer ditador deve merecer a nossa luta. E a nossa vontade de combater esse ditador. Seja no Iraque de Saddam (quando foram chacinadas populações curdas, sem que a América ou o Ocidente gritasse a necessidade de o apear), seja no Chile de Pinochet ou na Argentina de Varela. Seja na União Soviética de Estaline ou no Cambodja de Pol Pot. No Portugal de Salazar ou na Espanha de Franco. Mas para combater cada uma destas situações, há hoje outras soluções que não a guerra.

Era então possível outro cenário? Era. E ao argumentário da guerra apetece opor outros exemplos, posteriores à II Guerra Mundial, que mostram que o mundo experimentou novos caminhos para a resolução de conflitos: a não-violência de Mahatma Gandhi ou Martin Luther King, a revolução de veludo no Leste europeu ou a revolução do arco-íris de Mandela. E, numa escala diferente, a auto-determinação e independência de Timor-Leste, apesar da orgia de violência das tropas e milícias indonésias.

«A Lei aparece exactamente para terminar com a vingança pessoal», escreve-nos o David. Concordo. Mas aparece também para ser respeitada - e, neste caso do Iraque, Bush não o fez. Como não o fazem os algozes que todos os dias se fazem explodir em Bagdad ou Telavive, ou aqueles que decapitam reféns no Iraque ou ainda os outros que demolem casas e atacam bairros com mísseis teleguiados nos territórios ocupados por Israel.

Discordo apenas da leitura de que o "olho por olho" é a Lei, porventura demasiado dura, e de que Jesus não revogou algumas leis. Julgo que revogou, sim: dando outro sentido ao sábado ou dizendo que agora havia um mandamento novo.

Volto a insistir: «com clareza» definimos os agentes do Mal. E não os podemos deixar «impunes», nem «esquecer a Lei». «Profundamente imoral» parece-me fazer o jogo deles: entrar na espiral de violência que eles desejam para se afirmarem como vítimas e libertadores. Nunca podemos ficar pelas intenções. Mas à sombra destes "extremos" também se pratica(ra)m muitos e muitos crimes. Profundamente imorais (como Abu Ghraib ou Guantanamo).

Já aqui escrevi (em Maio): «De uma ditadura ou dos seus algozes, espera-se (quase) tudo. Mesmo um acto bárbaro e inqualificável, como a decapitação de um homem inocente... De uma democracia e dos seus representantes, espera-se outra coisa: o respeito pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Não faço comparações entre terroristas e as forças ocidentais que estão no Iraque, mas - num plano de legítimas expectativas - os actos de tortura dos soldados americanos ou a existência de Guantanamo tornam-se mais "censuráveis" que a decapitação daquele inocente americano. A guerra deve transfigurar as democracias. Por isso, a paz é o caminho. De mãos limpas.»

E os crentes - cristãos, judeus, muçulmanos, budistas,... - deviam estar sempre prontos a servir este outro caminho.

15.10.04

A minha esquerda


Esquerda / Direita: -5.12. Autoritarismo / Libertarianismo: -5.95


Parece que gosto pouco da autoridade. Deve ser a minha veia católica.
E parece que gosto muito mais da esquerda. Também desconfio que deve ser a minha veia católica.

[sobe e desce]

quem não goste das confissões nas paredes. Ou deste post. Levámos forte!

CTT entram na campanha das eleições regionais

«Hoje, dia 15 de Outubro, no Estado Maior da Força Aérea, em Alfragide, o Ministro do Estado, da Defesa e dos Assuntos do Mar, Paulo Portas, o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General Taveira Martins, e o Conselho de Administração dos CTT assinam um protocolo que vai permitir que o transporte do correio para os Açores seja mais rápido.»

Fax recebido hoje nas redacções, enviado pelo gabinete do ministro do Estado, da Defesa e (para sua surpresa) dos Assuntos do Mar.

O mesmo palco

Fórum TSF: Benfica-FCPorto. Opinião Pública SIC Notícias: Santana-Sócrates. Só na aparência se discute de modo diferente os dois jogos.

Birras

Rui Rio ameaçou que se demitia da Câmara do Porto. Voltou atrás. Agora o FCPorto grita que não vem a Lisboa ao jogo com o Benfica. A birra tomou conta da elite portuense.

14.10.04

Utilizadores sempre pagadores

«Os pagadores pagadores»: uma leitura obrigatória. E não se paga mais por isso.

Tóquio, capital Telavive

Por causa de Tóquio, Corinna escreveu-nos de Israel. Que nos pergunta se não escrevemos em inglês. Não, não, há coisas que é melhor não se contar aos de fora.

13.10.04

Regresso a Tóquio



O Diogo anda por lá. E já há muito que nesta casa não se arranjava um qualquer pretexto para a relembrar.

Um vómito

Num zapping apressado na redacção deparo com um canal árabe que transmite na íntegra a degolação de um refém (aparentemente iraquiano) no Iraque. Náusea, repulsa e nojo. Mas a inclemência que sinto por aqueles algozes não me entusiasma a defender o erradamente bíblico "olho por olho", tão caro a Bush e seus seguidores.

Peregrinação ecuménica

«Santos meninos. Por muito bonito que seja o relativismo cultural e a tolerância religiosa um evangélico não tem grande respeito por canonizações de criancinhas. E quanto mais crescidas sejam as criaturas, pior ainda.»
[in Voz do Deserto]

Às paredes confessam...

No muro da rotunda de Queluz de Baixo lêem-se propostas para a compra de «pau de cabinda - chá afrodisíaco» e «sex shop - peça catálogo grátis». Ao lado, estranham-se outros anúncios: «Limpa-chaminés», «soalhos flutuantes».

Terra lavrada

Padres que se casam, mulheres que arrastam a culpa. Direitas que se manifestam e Deus a bater às portas. E um ladrão na cruz que já não tem muito tempo para revelar a sua verdade.

12.10.04

A postura

É uma palavra pavorosa. Anda na boca de toda a gente: de políticos e futebolistas, de empresários e trabalhadores, de artistas e celebridades. Já ninguém diz «atitude». Mas, ontem à noite, ninguém se lembrou do seu correcto significado: a postura do primeiro-ministro é digna de anedota. Para a frente e às arrecuas, ora atarracado, ora empertigando-se... Uma lástima. Um médico lhe diria que não se senta assim.

Bush apanhado nas costas

O gajo engana-se. O tipo mente. E agora parece que teve quem lhe soprasse as respostas no discurso. Apanhado, diz-se.

11.10.04

De um regresso à universidade...

O fresco Outono é suportado com casacos curtos que revelam atrevidos umbigos ou decotes generosos e lembram o Verão que já se foi.

Terra!

Para imprimir, ler e guardar.

8.10.04

Folhas caídas

A violência com que despertou o Outono parece não querer destoar do país.

E os extremos parecem tocar-se na linha desenhada pelo Diogo a partir do Japão.

Os tempos estão quase de invernia. Assustadora.

Mau tempo

Esta é, provavelmente, a última posta que envio do Japão. Pelo menos é a última que enviarei de Fujiyoshida, já que dentro de seis horas partirei rumo a Tokyo. Quer dizer, partirei se o tufão não se adiantar e não chegar antes do previsto a esta zona... É que a sua chegada só está prevista para daqui a cerca de 12 horas, mas nunca se sabe...
De qualquer forma, toda esta zona já está sob a influência do tufão, tendo chovido todo o dia e verificando-se já algumas rajadas bem fortes. Estamos todos um bocadinho nervosos, mas os japoneses tentam manter a calma, dizendo-nos que já é o 22º só este ano! Mas sempre nos vão avisando para a possibilidade de cancelamento de voos, de interrupções nas ligações ferroviárias e rodoviárias e outras alterações de somenos.
Veremos... se não for amanhã, relatarei a experiência logo que possa. Ainda tenho pela frente uma semana em terras japonesas e se for tão intensa em experiências como foi a primeira, não sei se aguentarei!
Pelo que percebi, hoje também há mau tempo em Lisboa. Mas não é de admirar... com tudo o que se tem passado nos últimos dias, estranho era que o sol continuasse a brilhar!

A campanha que faltava

Bush contra Jesus! «Jesus - wrong for America»!

7.10.04

O homem não identificado

Pela Grande Loja, descobrimos a importância do nosso primeiro-ministro. Depois do Mr. Nobody, que é o nosso "cherne" europeu segundo o Financial Times, o Washington Post dá agora à estampa «an unidentified man». A ver - e ler com atenção a legenda.

Uma prenda para os gabinetes do Governo

Terramotos

Ontem tive mais um cheirinho de Japão genuíno: um terramoto!
Nada de muito grave, é certo, e, no entanto, move-se...
Mas hoje vi no Público que também houve um terramoto em Portugal, que teve efeitos lá para os lados da TVI! Uma pessoa não pode ausentar-se por uns dias que logo o país decide mudar radicalmente. Que o Durão Barroso deixe o Governo para ir para Bruxelas, tudo bem; que o Santana Lopes deixe a Câmara de Lisboa para ir para o Governo, ainda vá; agora, que o Marcelo Rebelo de Sousa deixe a TVI porque o Governo e a direcção do canal acham que ele devia ser mais moderado nas críticas, isso já me parece ultrapassar todos os limites do razoável!
Para onde é que caminha Portugal?! O que resta a um país a quem é retirado o direito de escolher o seu Governo, que é privado de justiça, saúde e educação e que, agora, é privado da pluralidade da comunicação social?!
Visto a partir do Japão, esse país é uma anedota. Sem piada e de mau gosto! Mais parecido com o seu irmão guineense do que com os seus parceiros europeus. Mais triste do que nunca. Mais desperdiçado do que seria possível imaginar.
Daqui da base do Monte Fuji lanço um apelo desesperado ao Presidente da República: Dr. Jorge Sampaio, a sua brincadeira de mau gosto já nos fez chorar mais nos últimos três meses do que eu e Vossa Excelência poderíamos alguma vez ter imaginado. Portugal precisa de um novo Governo. E precisa de um novo Governo já! Cumpra a Constituição e a vontade da maioria que elegeu Vossa Excelência e dê-nos a oportunidade de decidir. Quanto antes! Porque Portugal não pode esperar, porque os Portugueses e as Portuguesas não podem esperar! Porque um outro Portugal é possível, necessário e útil, ao Mundo e à Humanidade.

Marcelices

1. José Manuel Fernandes tem hoje uma verdadeira pérola no Público: «Os estragos provocados por este Governo ao fim de pouco mais de três meses ultrapassam as piores previsões dos mais pessimistas». Mas não foi o mesmo JMF que defendeu intransigentemente a solução da não convocação de eleições, em Julho? Foi. Razão tinha João Pedro Henriques, ontem no mesmo jornal, sobre as lamúrias de Jorge Sampaio: «Agora é tarde, senhor Presidente!». Agora também é tarde, JMF.

2. Eu, obviamente, estou muito preocupado. Até onde posso escrever? O que posso escrever? Devo fidelidade aos leitores. E os interesses da empresa para que trabalho? Lembram-se do caso Carreira Bom?

3. De que fala hoje Luís Delgado na sua coluna no Diário de Notícias: do «dilema comunista». Ora tomem!

Ainda nos restam os Pereiras!



O Garcia e a Carmelinda andam cá há muito mais tempo, caro JPH!

6.10.04


Mount Fuji

Big in Japan

É verdade, escrevo do Japão, com acentos e sem caracteres japoneses.
Hoje voltou o bom tempo e o Japão fez jus ao seu apodo de "país do sol nascente". Ainda era terça-feira em Portugal quando fui acordado pela luminosidade que fazia sobressair, sobre as copas verdes das árvores, o cone fantástico do Monte Fuji.
Montanha sagrada para os japoneses, o Monte Fuji escondeu-se até ontem por entre as nuvens baixas que faziam companhia à chuva que caía ininterruptamente. Ontem, um dos nossos anfitriões dizia que, se nos portássemos bem, o tempo melhoraria.
Pelos vistos, os deuses japoneses acharam que sim, que nos havíamos portado bem, e abençoaram-nos com um dia de sol e uma vista magnífica do Monte Fuji.
Amanhã, se o tempo se mantiver bom, talvez nos aproximemos do cone do vulcão, que, por estas alturas, ainda não se encontra coberto de neve.
Em Fujiyoshida, onde me encontro, o anúncio do abandono da liderança do PCP por parte de Carlos Carvalhas, as movimentações dos militares nas ruas de Bissau, os preços do petróleo nos mercados mundiais, a ida da Ministra da Educação ao Parlamento e a violência no Iraque, parecem muito distantes. Demasiado distantes!
Há montanhas assim: sagradas para uns e um regalo para os olhos de todos. Não fosse a artilharia informática instalada na sala em que me encontro e a montanha-russa gigante que descansa agora da agitação frenética do dia, parecer-me-ia estar noutro planeta.
Lost in translation e em muitos outros sentidos...

Sequela

Num cinema perto de si, há manifestos, imaginações, heróis, confissões e revelações.

5.10.04

Uma estreia

Por momentos, distraí-me: o Diogo não se limitou a regressar à Cibertúlia. Escreveu-nos do Japão, no que deve ser uma estreia na blogosfera portuguesa! Sem caracteres japoneses e com acentos.

Sol poente

«Em toda a Europa, trata-se de um caso único. Não há em país algum uma pessoa a perorar 45 minutos sobre política sem ser sujeita ao contraditório e apenas a defender os seus interesses pessoais». Há um senhor ministro, Rui Gomes da Silva (quem?), que disse isto de Marcelo Rebelo de Sousa. Eu até podia estar de acordo. Mas não me lembro do PSD se incomodar com isto durante anos. Só agora - que Marcelo deixa as orelhas de Santana a arder. Sabes, Diogo, "perdeste-te na tradução": Portugal continua pior. E, como diz o professor, este Governo «é pior do que o pior» de Guterres.

Sol Nascente

Desterrado em terras do Japão, com uma diferença de oito horas, acompanho com distância os acontecimentos e as notícias do meu país: o falecimento de Fialho Gouveia, o Congresso do PS, os resultados da Superliga, etc. Através da Internet, consulto as fontes de sempre: o Sapo, o Público, A Bola, a Cibertúlia.
Visto daqui, Portugal parece ainda mais pequeno... Mas, pelo menos, hoje é feriado e, se estivesse aí, seria dia de descanso e de celebração da República. Como estou aqui, tive de me levantar às 7h00 e, dentro de poucos minutos, inicio mais uma maratona de oito horas de reuniões...
Visto daqui, Portugal parece ainda melhor!

4.10.04

Terras

Escusam de procurar: lições de moral, preces e o poder e a bondade. Não, não falamos de Guimarães.

O essencial

Durante estes dias de silêncio ficou ali o essencial. Por coincidência, foi um "post" com número redondo (1300). No fim-de-semana fomos a Guimarães. O Adufe perguntava-se se não haveria bloguistas acreditados no Congresso do PS. Havia. Vários até. Mas cada um pelo seu jornal, e não por nenhum blogue. A América pode esperar.

30.9.04

Os 28 anos mais bonitos

Aconteceu quando a gente não esperava
Aconteceu sem um sino pra tocar
Aconteceu diferente das histórias
Que os romances e a memória
Têm costume de contar
Aconteceu sem que o chão tivesse estrelas
Aconteceu sem um raio de luar
O nosso amor foi chegando de mansinho
Se espalhou devagarinho
Foi ficando até ficar
Aconteceu sem que o mundo agradecesse
Sem que rosas florescessem
Sem um canto de louvor
Aconteceu sem que houvesse nenhum drama
Só o tempo fez a cama
Como em todo grande amor

[«Aconteceu» (Péricles Cavalcanti)]

Para M., pelos dias todos.

29.9.04

Pimenta na língua

O senhor Mira Amaral vai ganhar uma obscenidade por uma reforma. E veio dizer-se vítima ao recusar um lugar na administração da EDP. A reforma não é o «estatuto de um ex-trabalhador, beneficiário do sistema de segurança social da Caixa de Previdência, que recebe uma pensão vitalícia por ter sido dado como incapaz para o serviço, ao atingir o limite de idade ou devido a invalidez» (in Dicionário de Língua Portuguesa on-line)?
O senhor Bagão Félix que nos informou ser «quase obscena» a reforma prometida ao senhor Mira Amaral foi impedido de ir prestar esclarecimentos ao Parlamento sobre este assunto. Que diacho!, para que serve a Assembleia da República, se este Governo já emana a sua legitimidade daquela câmara, como nos recordou o ex-Presidente da República, Jorge Sampaio?! Não vale a pena: ele explica-se à Judite de Sousa ou aos microfones espetados à saída de um debate sobre a retoma e já está.
As obscenidades tratam-se no recato do lar, pois claro.

O 25 de Novembro

Que os chaimites avancem!

O jornalismo preguiçoso

Quando um jornalista ouve uma «fonte vaticana em Fátima» [sic], não cuida de ouvir a outra parte, embrulha tudo na defesa de um nacionalismo bacoco e de uma ganância oculta de Roma e faz parangonas disso, e é seguido depois por todos os órgãos de comunicação social durante uma manhã inteira, só ajuda à desconfiança com que depois alguma Igreja olha para o jornalismo. Eu, por mim, que acho que a Igreja tem também culpa no modo como a Igreja vai sendo notícia, apenas consigo ver este caso como o de preguicite aguda.

É preciso dizer «basta!»

Uma carta aberta aos bispos portugueses. E não é sobre Fátima.

28.9.04

Blogger estático

Nós bem tentamos, mas o blogger não dá de si. Por isso, também a ausência.

A Terra menos estática

Código Da Vinci. Com sete lições de moral. A primeira referência pública no Ocidente. Os enigmas resolvem-se aqui.

26.9.04

Publicidade estática

Nos aeroportos de Lisboa e Porto, à chegada, o «Euro 2004» ainda nos dá as boas-vindas.

Nos comboios da linha de Sintra anuncia-se a melhor maneira de chegar aos estádios de futebol «durante o Euro».

Por toda a cidade de Lisboa, as placas indicam que muitos caminhos vão dar à «Expo 98».

24.9.04

Ela existe!

Recebi um e-mail e julguei que seria brincadeira. Fui espreitar... e era mesmo verdade! Está provado: ela existe mesmo!

Os abutres

Centenas de populares aguardam à porta do tribunal de Portimão pela carrinha-celular que transportará os suspeitos pelo assassínio de uma miúda de oito anos. A SIC-Notícias mantém um directo de longos minutos com o relato minucioso das movimentações («continua a correria») da populaça e da polícia. Que faz toda aquela gente, que enquanto se exalta olha sorridente para a câmara? Não trabalham? Não estudam? Ah, doce tentação por um segundo de glória logo à noite no telejornal. "Olha, eu ali" - e, no ecrã, o abutre levanta voo.

Servido de bandeja


Caravaggio

«Era-me útil citar Santo Agostinho. E adicionar um episódio quotidiano para reforçar a ideia de que a luta entre o espírito e a carne é dura mas necessária.» Em forma: a ler, todos os textos, sem deixar passar um parágrafo que seja do maior pregador que vem do deserto, desde João Baptista.

Nove anos depois


Primeiro, foi antes do amanhecer. Agora o reencontro dá-se antes do sol se pôr.