Há um sinal que não consigo avaliar ainda, depois das eleições em Espanha. Depois de uma parte da Igreja Católica portuguesa se ter envolvido na campanha do não, no referendo da despenalização do aborto, com os resultados conhecidos, os sectores mais conservadores espanhóis - com a maioria dos bispos à cabeça - perderam ao apostarem no PP, contra o PSOE, num envolvimento quase obsceno na campanha. A derrota do PP (o partido queria ser poder, e perdeu, apesar de evitar a maioria absoluta do PSOE) é também a derrota de Rouco Varela e dos seus pares mais conservadores. Este sinal, e o de Portugal, pode indicar que há uma igreja silenciosa que prefere seguir o Evangelho como uma linha de orientação, recusando leituras exclusivistas (e excluidoras) que estes sectores continuam a querer impor a todos os católicos.