9.2.07

Compromissos

Compreendo que haja desilusões no fim deste caminho, de debate e campanha, com discursos feitos e produzidos aqui e noutros lugares. Mas também (sou humano, não um super-herói) cansa ouvir, como eu ouvi, e outros porventura mais ainda, alguns falarem como se esta Igreja não fosse também nossa - ou como se tivéssemos de estar fora. É nossa - e estamos nela. Com as incompreensões que experimentamos todos os dias, com as perplexidades de comportamentos ou documentos do Vaticano, ou de bispos, ou de padres, ou de leigos. Mesmo que o velhinho padre de Viseu tenha exagerado, na sua intervenção pelo Sim, falar dele como se fosse um pária, como fez a diocese de Viseu, é próprio de quem fala muito de comunhão, e pouco a quer experimentar ou viver.

Mas acho que o debate este ano foi muito superior ao de 1998, em que (assumo) votei em branco, exactamente por não me rever nos radicalismos de parte a parte. Neste tempo todo não deixei cair a questão, também aqui, na altura sem referendos no horizonte, e propondo caminhos diferentes - que não o actual, de uma lei que não funciona. Este ano, mesmo com as emoções à flor da pele, houve um debate mais sólido a surgir de parte a parte, e prova disso é o excelente texto do Pedro Lomba no blogue Sim no Referendo, que está aqui "linkado" abaixo, com muitas das perplexidades e dos desconfortos que sinto com (n)esta questão. A vida não é só de uma cor, já se viu.
[O referendo à despenalização não será mais abordado aqui, até às 20 horas de domingo. A lei é arcaica, mas respeita-se.]