8.12.06

Metro a público

«O monstro não era o presidente do conselho de administração, era triste, mas não era ele, apercebeu-se ela, naquele instante: ele despedira 55 colegas da sindicalista deslumbrante desde Janeiro, ela não sabia e tentava adivinhar como é que ele dormia com isso, mas naquele dia, mais três pessoas tinham assinado um papel que resumia o seu percurso dos últimos dezoito anos de vida em troca de um cheque, e, nos corredores, os outros, os que ficaram, os eleitos, exigiam pré-avisos de greve apenas porque lhes iam retirar a merda dos pagamento dos feriados a dobrar.» [Diana Ralha]

«Pinga quem está nas margens, quem critica, quem quer ser quem é, quem quer afirmar e dizer sem ter que o fazer no círculo dos eleitos. Agora, depois de anos a enxugar as pessoas que não interessam, as que têm a memória do que foi fundado e de como foi fundado, das raízes, dos pilares, passou-se a uma segunda fase. Agora, é preciso que ninguém se sinta seguro, que todos temam pelo seu lugar de trabalho, que percam todo e qualquer laço de solidariedade entre si que não seja o de obediência ao líder supremo. Nesta fase, já não há solidariedade, já não há ajudas.» [Nuno Ferreira, em comentário ao post da Diana Ralha]

Porque é que eu me revejo nestes dois textos? O caso no jornal Metro só não foi público. E não envolveu 55 pessoas. Um apenas serviu de exemplo.