Há sempre um sopro de vida. Hoje, esperou-se [falamos de esperança]. A serenidade, a morte, a vida. Há coisas que se misturam, na hora da espera. E todos falam, uns para dizer que sim, outros para insistir no não. Ou vice-versa. Na idade em que todos pensamos saber falar sobre tudo. Há uns que argumentam por uma cartilha (este Papa foi um reaccionário), outros sublinham as suas lutas (este Papa foi um revolucionário).
Este Papa foi afinal um homem do seu tempo - de contradições, de convicções. Aqui escrevi pela discordância de orientações, aqui aplaudi pela coragem de palavras e actos. Como todos nós, na vida, viramos na próxima à esquerda, aproveitamos a entrada pela direita.
Este Papa é um homem do seu tempo: lutou por aquilo que acreditou, intransigiu naquilo que sabia ser a sua vontade. Errado? Certo? A seu tempo, o seu tempo será avaliado. Por mim, vacilou algumas vezes nas políticas sociais e da liberdade, mas teve a coragem de rectificar caminhos (Timor-Leste, por exemplo). Por mim, bloqueou demasiadas vezes a possibilidade de viver a sexualidade - a vida, o corpo - de outra forma. Mas marcou uma história única de perdão e reconciliação. Pela paz, contra a guerra. Pela liberdade, no derrube de muros da História.
Este Papa fez caminho comigo. E eu com ele. João Paulo II foi nomeado em 1978, tinha eu seis anos. Assim, marcou quase toda a minha vida, como católico (de Paulo VI e de João Paulo I retenho as mortes): no crescimento, no questionamento, na maturação, na experiência de vida. Dizer isto, não é dizer pouco: um pai de quem discordamos. Mas que podemos amar, sempre, apesar dos erros. Como ao nosso pai. Mas um pai que não se adora, nem se idolatra. Como ao nosso pai. Na hora da espera, a saudade.
[mediatismos] Há quem aponte o dedo à mediatização da sua morte. Não me lembro de estarmos a ver em qualquer canal uma câmara no seu quarto... De Féher, sim, lembro-me de ter morrido em directo. E há quem se lembre de JFK, morto em directo na TV americana. E lembro-me dos milhares que morreram em directo nas torres gémeas... Poucos se ofenderam com essas mortes em directo.
Este Papa foi afinal um homem do seu tempo - de contradições, de convicções. Aqui escrevi pela discordância de orientações, aqui aplaudi pela coragem de palavras e actos. Como todos nós, na vida, viramos na próxima à esquerda, aproveitamos a entrada pela direita.
Este Papa é um homem do seu tempo: lutou por aquilo que acreditou, intransigiu naquilo que sabia ser a sua vontade. Errado? Certo? A seu tempo, o seu tempo será avaliado. Por mim, vacilou algumas vezes nas políticas sociais e da liberdade, mas teve a coragem de rectificar caminhos (Timor-Leste, por exemplo). Por mim, bloqueou demasiadas vezes a possibilidade de viver a sexualidade - a vida, o corpo - de outra forma. Mas marcou uma história única de perdão e reconciliação. Pela paz, contra a guerra. Pela liberdade, no derrube de muros da História.
Este Papa fez caminho comigo. E eu com ele. João Paulo II foi nomeado em 1978, tinha eu seis anos. Assim, marcou quase toda a minha vida, como católico (de Paulo VI e de João Paulo I retenho as mortes): no crescimento, no questionamento, na maturação, na experiência de vida. Dizer isto, não é dizer pouco: um pai de quem discordamos. Mas que podemos amar, sempre, apesar dos erros. Como ao nosso pai. Mas um pai que não se adora, nem se idolatra. Como ao nosso pai. Na hora da espera, a saudade.
[mediatismos] Há quem aponte o dedo à mediatização da sua morte. Não me lembro de estarmos a ver em qualquer canal uma câmara no seu quarto... De Féher, sim, lembro-me de ter morrido em directo. E há quem se lembre de JFK, morto em directo na TV americana. E lembro-me dos milhares que morreram em directo nas torres gémeas... Poucos se ofenderam com essas mortes em directo.