Há dois anos chovia de manhã. Muito, daquela em que o céu parece desabar. Muito, sem cuidar de amainar. Levantei-me cedo, para um sábado. Comprei o jornal, mas a notícia do dia não estava lá. Fui à Baixa, para enganar o tempo - e as horas. À tarde, já não chovia. Mas permanecia o vento. Nas ruas havia quem protestasse contra a guerra do Iraque. Nós deixávamos as bandeiras que gritavam em italiano pace, para lembrar essa luta. Era fim-de-semana de Ramos e as palmas alinhavam-se pela nave central da igreja. E ela estava linda - quando entrou. De azul. Como num conto de fadas. Quem disse que só os príncipes e princesas têm desses contos?