30.6.05
Há um ano escrevíamos assim...
Deve um primeiro-ministro apresentar-se sorridente, acolitado pela distância, pedir aos que abandonou para não fazerem do seu assunto matéria de luta partidária?
Deve o país convergir neste assunto como no futebol, como pediu o líder parlamentar "laranja"?
Deve um grupo minoritário de portugueses definir o novo líder do país, sem que o país conte?
Deve o país só contar para futebóis e banhos?
Devo eu ir a banhos, por causa do calor extremo, derivado (em futebolês) da avaria do ar condicionado?
Devo ir para casa ver o futebol e aplaudir um país que parece marcar golos na Europa e falhar campeonatos cá dentro?
As respostas estão à vista de todos. No país e no mundo, como diria o outro. O que (me) vale é a Maria, que desde há 13 anos* (me) deixa descobrir que há uma esperança imensa em encher tudo de futuros.
Da nossa natureza
Competência
29.6.05
Junho, mês maldito
Morreu Emídio Guerreiro. Nunca mais esqueço o entusiasmo quase juvenil, no último congresso do PS, quando falava aos jornalistas. Viveu até aos 105 anos. Viveu livre.
[actualize-se: que estranha falta de memória varreu das notícias da morte de Emídio Guerreiro, na Lusa e na RTP, a sua aproximação ao PS, nos últimos anos.]
28.6.05
Um esquecimento, isso da oposição
Um perigo, isso dos livros
O país falsificado
... e uma legenda...
... falsa!
Postal adquirido em Monchique, Algarve, editado por Portug'Art Editions, com foto (?) de Rui Cunha.
Socialista, de esquerda, republicano, laico/leigo, católico
27.6.05
O que é que tinha o Barnabé?
Escrevi a 10 de Abril passado - e mantenho-o:
«O que é que tem o Barnabé?
O Barnabé tem pluralidade: ali convivem, por exemplo, o socialista Pedro Oliveira ou o bloquista Daniel Oliveira; e mais ainda com as recentes contratações de "barnabitas", que vão do ferozmente anti-eclesial Nuno Sousa ao católico liberal Bruno Cardoso Reis. Mas o Daniel Oliveira parece conviver mal com aquela pluralidade. Eu percebo: a laicidade só se pode viver na intimidade de cada um, entende o Daniel, e falar de religião num blogue deve pôr em causa a secularização do Estado. Ou será só a do Barnabé?»
Hoje, o Daniel deu-me razão.
Da diatribe [contribuições de leitores]
CEP condena manifestações racistas e xenófobas
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida hoje em assembleia plenária extraordinária, manifestou a sua firme condenação pelas recentes manifestações racistas e xenófobas no nosso país, apelando «a uma sociedade tolerante e aberta, segura mas inclusiva».
Após a onda de medo gerada na opinião pública após o episódio do "arrastão" na praia de Carcavelos e da manifestação "contra a criminalidade" convocada pela Frente Nacional no passado sábado, em Lisboa, a CEP vem pedir aos portugueses que se manifestem «contra o crescimento de um clima de racismo e xenofobia».
«Queremos que haja serenidade e racionalidade, para que as pessoas não se deixem levar por sentimentos instintivos, para que não se exagere e não se vá na onda», revela o secretário da CEP, D. Carlos Azevedo, em declarações à Agência ECCLESIA.
Os Bispos portugueses sublinham que «a criminalidade deve ser punida, sem qualquer discriminação», mas alertam para a necessidade de, em primeiro lugar, «colmatar as causas da exclusão social e da pobreza que motivam estes fenómenos».
Segundo o secretário da CEP, a ausência da «serenidade e racionalidade» pedida pelos Bispos apenas irá levar a «uma situação de maior mal-estar».
23/06/2005 17:54
Monchique, mon genre
O país longe do fisco
Dois anos
Mas costumamos lá ir quase todos os dias. Parabéns, jmf!
Custou mas foi
24.6.05
O homem tá doido...
Ouvidos os protestos dos leitores
Mil folhas pouco fresco
O mais engraçado é que, em três momentos, o candidato do PS mandou às malvas os jornais que procuravam conhecer as suas políticas para Lisboa: o «Tal & Qual», por uma vez, o jornal «Metro», em duas ocasiões (uma delas, é hoje, podem procurar). Todos os outros candidatos, respondem. Para a próxima, o melhor que os jornalistas devem fazer é procurar ouvir o Dinis. Pelo menos, uma palavra será possível registar... "Papá"!
[ver também o comentário acertado de timshel ao post anterior.]
23.6.05
Tecida a teia
[actualize-se: urde-se uma teia diferente, a de «um bicho-da-seda português no limbo»: leia-se!]
22.6.05
J'ACCUSE!
Acuso os bispos portugueses por omissão.
Acuso os padres das dioceses deste país por não levantarem a voz.
Acuso os leigos da Igreja católica portuguesa por indiferença.
Acuso quem, entre todos os cristãos, ignorou a manifestação nazi do passado sábado em Lisboa.
Não basta lermos a parábola do Bom Samaritano, para sabermos tratar e acolher o estrangeiro.
Não basta bater no peito e invocar a caridadezinha, que podemos praticar com os ciganitos lá do bairro.
Não basta rezarmos por quem pratica o mal, em supostos arrastamentos ou de braço em riste, repetindo a ladainha que pecámos por palavras, actos ou omissões. Porque pecámos.
Por palavras que não foram ditas.
Por actos que não tomámos.
Por omissões que todos nós tivemos.
Há que dizê-lo: fosse uma manifestação pró-aborto, e bispos, e padres, e alguns movimentos ditos pró-vida ou eclesiais, levantariam a voz, gritariam para lá da sacristia, poriam o dedo em riste.
A tudo isto, os católicos disseram nada. Ou quase nada. Calaram, porque falta na Igreja uma aprendizagem do Outro - contra o discurso racista e da indiferença. A vida defende-se aqui. Assim.
[Dir-me-ão: D. Januário Torgal Ferreira, bispo da comissão episcopal das Migrações, falou. Alto e bom som contra a "manif". Mas, agora, apetece-me ironizar, com a argumentação de alguns sectores às direitas: "É sempre o mesmo..."]
[actualizado: e um «contraditório (sabendo a pouco)» a este meu texto]
21.6.05
Alinhamento do telejornal
Elogios à casa do lado
Agenda-setting
20.6.05
Camões século XXI
"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer"
foi assim analisado por uma aluna de 16 anos da Escola C+S da Rinchoa:
Ah Camões
Se vivesses hoje em dia
Tomavas uns anti-piréticos
Uns quantos analgésicos
E Xanax ou Prozac para a depressão
Compravas um computador
Consultavas a página do Murcon
E descobririas
Que essas dores que sentias
Esses calores que te abrasavam
Essas mudanças de humor repentinas
Esses desatinos sem nexo
Não eram feridas de amor
Mas somente falta de sexo.
Nas outras casas
2. Da série O Abrupto feito pelos seus leitores, versão veraneante.
3. Da série Profissões de respeito, versão televisiva.
19.6.05
Post contra a criminalidade
A lei violada sem intervenção da PSP
foto Tiago Sousa Dias/Correio da Manhã
«4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.» [in Art. 46º da Constituição da República Portuguesa.]
17.6.05
A ganga da memória
Arrastado no comboio
Tal e qual... mais ou menos
16.6.05
[na caixa de correio]
Cheio de pinta
Hopper a comemorar os dois anos do mestre de Aviz (parabéns!). Só não se vê ali no quadro ninguém de cavanhaque!
Diferenças
15.6.05
Conversas de família
«Caros colaboradores,
A primazia dos colaboradores da Portugal Telecom no acesso à informação sobre temas inerentes à vida do grupo tem sido uma orientação que temos seguido de forma consistente ao longo dos últimos anos.
Amanhã, dia 15 de Junho, terá lugar um momento significativo na vida das empresas do Grupo PT. Pela natureza do nosso negócio e do nosso envolvimento com a comunidade, será, naturalmente, uma iniciativa com repercussão junto dos mais diversos públicos, mas, mais uma vez, é a si que me dirijo em primeiro lugar.
Nesse sentido, convido-o a assistir, amanhã, entre as 07h15 e as 07h30 da manhã, a uma emissão especial para os colaboradores do Grupo PT que terá lugar no Canal 1 da RTP. Reúna a sua família, sintonize a televisão e conheça as novidades que tenho para lhe dar.
Conto consigo, não falte.
Um abraço,
Miguel Horta e Costa»
[sublinhados nossos]
O Beirão de quem todos gostavam
Assinaturas
René!
René Bertholo, 1935-2005
Cito o artigo que apareceu ontem no Público:
"René Bertholo, nascido em 1935 em Alhandra, fez o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio (1947-51) e frequentou a Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1951-1957).
Em 1958, instalou-se em Paris e começou a publicar a revista "KWY" (três letras que não fazem parte do alfabeto português), com José Escada, Lourdes Castro, Jan Voss e Christo, entre outros.
Três anos mais tarde, realizou os primeiros desenhos e monotipias de acumulação e espalhamento de imagens, associando figuras reconhecíveis e abstractas, "que constituem uma contribuição original no contexto da 'nova figuração' que então se afirmava", lê-se no comunicado da Galeria Fernando Santos, que representou o pintor nos últimos 12 anos.
Uma das monotipias realizadas em França integrou há cinco anos a exposição retrospectiva "Making Choices" (núcleo "Seeing Double"), que o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque dedicou ao período 1920-1960 com obras da sua colecção.
Regressou a Portugal em 1981, instalando-se no Algarve."
No meio das notícias sobre a morte de gente que marcou o nosso tempo apareceu mais esta, ontem. Silenciosa. Quase sem se dar por ela. Já tinha sido na 6ª feira. No Dia de Portugal. E de Camões. 10 de Junho. René Bertholo. Um dos nossos maiores artistas plásticos desaparecia, assim, longe das luzes da ribalta, das primeiras páginas, dos telejornais. Mas deixa-nos uma obra memorável. Fantástica!
p.s. - quem pode esquecer as suas "máquinas"? Já agora: KWY era ironicamente "traduzido", pelos membros do grupo, por "Ká Wamos Yndo!
14.6.05
Prados de repouso
Mas estes lugares não se evitam, não se devem evitar. E de alguns podemos quase deixar-nos presos. Foi assim que pensei, em tempos, no da Ajuda, quando M. descia à terra e os meus olhos pousaram no azul do rio Tejo. Ou de cada vez que espreito da janela de casa os ciprestes do cemitério dos Prazeres.
Da utilidade das sentenças
Três notas do último dia da feira do livro
13.6.05
Adeus
Eugénio de Andrade
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
Até amanhã, camarada
Mário Soares, Magalhães Mota e Álvaro Cunhal
12.6.05
Camarada Vasco
10.6.05
Manifesto sussurrado
Ultras-mar
9.6.05
Velocidades [serviço público]
* - façam vocês também o teste...
O bastardo
clique na imagem para ver e ouvir a última calhordice deste senhor
Continuo a achar que o melhor era a independência da Madeira.
Hora de ponta
A feira
8.6.05
Da série, Frases que impõem respeito
[um contributo]
[frases ouvidas na linha telefónica da Teletáxis, enquanto aguardamos a telefonista]
Quantos livros dão os blogues?
7.6.05
Quatro casamentos e uma bolinha vermelha
Agradecimentos
6.6.05
5.6.05
Aniversários
ela fez 30 anos... e a Cibertúlia dois. Por aqui, repousou-se o olhar... pode lá haver tão boa companhia a apagar as velas?
Angelina Jolie
3.6.05
Post-Hit
[blogo-notas]
Para irmos ao tapete esta semana: um amigo, um repetente, um clássico. Porque nem todas as semanas têm ser de descobertas. Os reencontros também o são.
Para que conste: Deus teve um problema de banda larga e, para ajudar à penúria, a pasta das fotos está momentaneamente inacessível. Por isso, vai-se refrescando a casa do Senhor, para compensar os justos.
Para ver e ler, porque Deus não se fecha numa única casa: «Os teus dois peitos são como dois filhos gémeos da gazela, que se apascentam entre os lírios». [in Avatares de um desejo]
Para ver: o pecado mora ao lado.
2.6.05
A ditadura do futebol
1.6.05
Lost in bureaucracy
[do comunicado oficial do Ministério da Economia sobre a falta de luz durante 13 horas na cidade da Guarda.]
Independência da Madeira, já!
[ou contributos para acabar com o défice]
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, está oficialmente reformado a partir de hoje. João Jardim vai receber uma pensão mensal de 4 224,07 , a que vai acrescentar um terço do ordenado que aufere como presidente do Governo Regional da Madeira.
O Diário de Notícias e o Público dizem que o presidente do Governo Regional da Madeira passa a ganhar a partir de agora mais mil euros do que ganhava antes de se reformar.
Esta nova condição do líder madeirense resulta do facto de o Estatuto Político-Administrativo da Madeira estabelecer que os membros do Governo Regional beneficiem do regime de segurança social aplicável aos funcionários públicos.