13.6.05

Até amanhã, camarada


Mário Soares, Magalhães Mota e Álvaro Cunhal


De Álvaro Cunhal cresci com o temor (sim) de uma sociedade dividida como poucas. Lá em casa, apreciava-se a coerência, desdenhava-se (quase sempre) da política: eram campos opostos. Enquanto cresci, cresceu a admiração pela história de vida e a contestação a uma cassete que debitava a mesma pauta, indiferente aos ventos da História - que não eram o ocaso comunista, mas sim a permanência da opressão soviética. Agora, os últimos anos, afastado pela doença, deram-me a distância para admirar o que se deve admirar - a vida contra o fascismo - e criticar o que não merecia contemplação - persistir no erro de um modelo que ignorava o indivíduo e o espezinhava, mesmo na direcção do partido.