«Artilharia Um renascida. Campolide Parque transforma aquela zona da cidade de Lisboa. [...] No quarteirão que faz fronteira com a rua da Artilharia Um, com cerca de cinco hectares, irá nascer um novo conceito de urbanismo. [...] Neste momento, o projecto está pronto a arrancar, tendo sido aprovado em todos os organismos locais. Resta apenas o parecer da Direcção Geral da Ordenação [sic] do Território. As obras devem arrancar no final de 2005.»
in Expresso Imobiliário Espaços & Casas, este sábado, uma semana depois do encerramento do túnel ferroviário do Rossio, à "cota" daquele empreendimento, que terá uma saída directa para o túnel rodoviário das Amoreiras, desejado pelas «autoridades locais» e actualmente embargado [sublinhados nossos].
30.10.04
29.10.04
Finado
Vêm aí os finados. E vêm aí amigos. Com histórias para contar e muitos sítios para visitar. Para ver se estes dias, mesmo de chuva, são mais animados. Quem sabe se nos encontramos também aqui.
Mexa-se pouco
Mexia bem se passeia em locomotivas de há dois séculos. Mexia bem anuncia que os passes mais caros é medida de justiça social. Mexia anuncia, mas no dia-a-dia é tudo diferente. Lá em casa, há quem queira deixar o carro encostado e passar a usar o comboio até Setúbal. Mas o cartão Lisboa Viva (que pretende integrar todos os transportes da Grande Lisboa) não serve para a Fertagus. É preciso fazer um cartão novo. «O Metro não chegou a acordo», responde o funcionário. Tem razão: nunca há acordo na articulação de uma política de transportes. Depois admiram-se que o carro volte a circular...
28.10.04
A viagem
Esta manhã, o presidente da CP passeava-se em comitiva para mostrar como estão a funcionar os alternativos. Dei a dica a um jornalista amigo: "pergunta-lhe pelos ecrãs que dão informações erradas...". Assim é: em Sete Rios, no ecrã anuncia-se o "semidirecto" para Sintra, com paragens (no percurso que faço) em Benfica e Queluz-Massamá. Entro no comboio sem olhar e páro em todas as estações. O comboio «Sintra SD» ultrapassa aquele em que sigo na Amadora. O que vale é que umas meninas da CP, à chegada a Queluz, oferecem-me um chocolatinho belga, para festejar a primeira viagem ferroviária há 148 anos. Um charme, esta CP.
A mensagem
À minha diatribe sobre católicos e homossexuais, uma leitora (MAP) reagiu dizendo que eu serei «menos "católico devoto"» e, eventualmente, «mais cristão». Deixo as suas palavras - de um tema a que voltarei, também por causa dos comentários lá "postados".
«Sim, meu caro, você é menos "católico devoto" que Mário Pinto. Graças a Deus, quem sabe, você é mais cristão (admitindo, para não julgar, que Mário Pinto é cristão). Mas qual é a sua "pertença" eclesial, em face da "doutrina" e da "autoridade"?!
Eu também passei por encruzilhadas como as suas . Comprometi no seio da Igreja Católica a minha juventude. Até que percebi que pensando como eu pensava, sentindo como eu sentia, eu, afinal, estava fora da Igreja Católica. Fiquei sem Igreja, até hoje. Infelizmente, desfez-se nesse percurso a minha fé. "Infelizmente", digo, porque me ficou o mesmo sentimento descrito por uma Carmelita, assim:
"Quando perdi a fé, sofri por ter deixado de rezar. Por ter deixado de ter alguém a quem me dirigir. Não vejo nada que se lhe possa equiparar, a não ser o desespero absoluto e sem recurso do fim de um qualquer amor".
(in Outside, de Marguerite Duras)
Gosto muito de o ler. E gostei, apesar de tudo, de o ver reagir e demarcar-se como católico. Com paixão pelo Evangelho...»
«Sim, meu caro, você é menos "católico devoto" que Mário Pinto. Graças a Deus, quem sabe, você é mais cristão (admitindo, para não julgar, que Mário Pinto é cristão). Mas qual é a sua "pertença" eclesial, em face da "doutrina" e da "autoridade"?!
Eu também passei por encruzilhadas como as suas . Comprometi no seio da Igreja Católica a minha juventude. Até que percebi que pensando como eu pensava, sentindo como eu sentia, eu, afinal, estava fora da Igreja Católica. Fiquei sem Igreja, até hoje. Infelizmente, desfez-se nesse percurso a minha fé. "Infelizmente", digo, porque me ficou o mesmo sentimento descrito por uma Carmelita, assim:
"Quando perdi a fé, sofri por ter deixado de rezar. Por ter deixado de ter alguém a quem me dirigir. Não vejo nada que se lhe possa equiparar, a não ser o desespero absoluto e sem recurso do fim de um qualquer amor".
(in Outside, de Marguerite Duras)
Gosto muito de o ler. E gostei, apesar de tudo, de o ver reagir e demarcar-se como católico. Com paixão pelo Evangelho...»
A rua
Um dia espreitei para as suas casas e senti-me acolhido. Da porta do lado saíam músicas belíssimas. Às janelas viam-se belas palavras. E dos seus candeeiros, a luz que iluminava o caminho nem sempre escolhia o ângulo mais fácil. E só se pode gostar de um sítio assim quando ali se canta שיר לשלום (A Canção da Paz).
Parabéns, Nuno, pelo primeiro aniversário da tua rua.
A porta
A imagem diz tudo. Rui Gomes da Silva atarantado com as perguntas dos jornalistas tenta abrir uma porta para sair dali rapidamente. Não consegue e tem de sair por outra porta onde se aglomeram os jornalistas. A porta da demissão permaneceu ontem fechada. Quando é que o ministro-para-lamentar perceberá que só tem essa porta para abrir?
27.10.04
Três (boas) razões para votar John Kerry
Scarlett apoia Kerry.
Britney apoia Bush.
E Laetitia certamente votaria Kerry.
26.10.04
John Peel: o silêncio chegou à rádio
Vou chegar a casa, pegar na velhinha K7 dos Wedding Present com o álbum «Ukrainski Vistupi v Johna Peela» e ouvir aquela magia, só possível numa rádio que buscava sempre a novidade.
[actualização] Afinal vamos continuar a ouvi-lo. Lido no Quase Famosos: «Peel Sessions transmitidas do Céu».
Filhos de Rousseau
Os miúdos falavam entusiasmados das suas novas escolas. Mas, felizmente, viajavam de autocarro. Não havia por perto nenhuma Maria Filomena Mónica, nem nenhum José Manuel Fernandes, para zurzirem nos pedagogos do Ministério se tivessem ouvido o diálogo que ouvi.
O rapaz pergunta à rapariga: «Sabes quem foi a Vieira da Silva? (É o nome da minha escola...) Foi uma escritora».
Por mim, sorri. Não lhe ia estragar aqueles momentos de glória junto da miúda...
O rapaz pergunta à rapariga: «Sabes quem foi a Vieira da Silva? (É o nome da minha escola...) Foi uma escritora».
Por mim, sorri. Não lhe ia estragar aqueles momentos de glória junto da miúda...
25.10.04
Católicos e homossexuais
«Tenho em mente o apavorante episódio contra Buttiglione, no Parlamento Europeu. Primeiro, alguns deputados bombardearam-no com perguntas sobre as suas convicções pessoais sobre o casamento e a homossexualidade. Como católico que é, foi claro e desassombrado, expondo, afinal, a doutrina da Igreja Católica.»
Quem assim escreve é Mário Pinto, professor na Universidade Católica e que escreve todas as segundas-feiras no Público.
E, insiste, mais à frente: «A democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).» [o sublinhado é meu]
Já no sábado, no Expresso, João Pereira Coutinho (felizmente, não tem "link"), do alto da sua verborreia imberbe, dizia que a posição de Buttiglione era a de um «qualquer católico devoto».
Sou menos católico devoto que Mário Pinto? E menos coerente que o senhor professor? Não. E permito-me achar que o que Mário Pinto escreve é incoerente (não falo de JPCoutinho: só fala daquilo para mais uma diarreia anti-esquerdista, claro). Até com o que ele diz da «Doutrina». Porque a doutrina não é aquela que Ratzinger emana do Vaticano - é aquela que nasce de Jesus e, por muito que custe a alguns auto-intitulados «devotos coerentes», Cristo anunciou um Evangelho de inclusão, não de exclusão.
Os homossexuais não pecam. Amam. As mães solteiras não pecam. Amam. E o casamento não é a capa de protecção para uma mulher. É um compromisso sério de amor entre dois indivíduos. Dizer o contrário disto, é ir contra o Evangelho. E isto não é uma qualquer «administração autónoma da doutrina [em que me] importam pouco [...] os mistérios».
Quem assim escreve é Mário Pinto, professor na Universidade Católica e que escreve todas as segundas-feiras no Público.
E, insiste, mais à frente: «A democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).» [o sublinhado é meu]
Já no sábado, no Expresso, João Pereira Coutinho (felizmente, não tem "link"), do alto da sua verborreia imberbe, dizia que a posição de Buttiglione era a de um «qualquer católico devoto».
Sou menos católico devoto que Mário Pinto? E menos coerente que o senhor professor? Não. E permito-me achar que o que Mário Pinto escreve é incoerente (não falo de JPCoutinho: só fala daquilo para mais uma diarreia anti-esquerdista, claro). Até com o que ele diz da «Doutrina». Porque a doutrina não é aquela que Ratzinger emana do Vaticano - é aquela que nasce de Jesus e, por muito que custe a alguns auto-intitulados «devotos coerentes», Cristo anunciou um Evangelho de inclusão, não de exclusão.
Os homossexuais não pecam. Amam. As mães solteiras não pecam. Amam. E o casamento não é a capa de protecção para uma mulher. É um compromisso sério de amor entre dois indivíduos. Dizer o contrário disto, é ir contra o Evangelho. E isto não é uma qualquer «administração autónoma da doutrina [em que me] importam pouco [...] os mistérios».
22.10.04
Experiência na matéria
O porta-voz do PSD para a questão do túnel do Rossio foi o deputado do Porto, Marco António, que se «congratulou» pela decisão de fechar a estrutura e assim se preservar a segurança dos lisboetas. No Porto, Rui Rio vai pedir a intervenção de António Preto ou, quem sabe?!, Carmona Rodrigues para anunciar a abertura da Casa da Música.
Pouca luz nos túneis
«O túnel [do Rossio] vai sofrer uma intervenção "eventualmente no decorrer deste ano, também para reforçar a sua segurança". A Refer prevê uma intervenção no túnel para "a consolidação, a estabilização e o reforço da estrutura e geometria da galeria; a regularização do sistema de drenagem; a substituição dos vários tipos de via existente por via embebida em laje; a substituição do sistema de suspensão da catenária; e a segurança integrada"».
Não, não é de hoje esta notícia. É de Abril de 2002. Mas só hoje, dois anos e meio depois, é que a Refer se vê obrigada a intervir. Por falhas graves na estrutura. Que já existiam há mais de dois anos e meio. Entretanto, aquele que foi presidente da Câmara da cidade só se preocupou com outro túnel, desnecessário. Mais: o túnel do Marquês pode ter desestabilizado o do Rossio.
Não, não é de hoje esta notícia. É de Abril de 2002. Mas só hoje, dois anos e meio depois, é que a Refer se vê obrigada a intervir. Por falhas graves na estrutura. Que já existiam há mais de dois anos e meio. Entretanto, aquele que foi presidente da Câmara da cidade só se preocupou com outro túnel, desnecessário. Mais: o túnel do Marquês pode ter desestabilizado o do Rossio.
21.10.04
Viagens cinematográficas
Há quem goste de voar e quem prefira ter os pés bem assentes na terra.
Apesar de esta revelação poder surpreender alguns dos meus melhores amigos, eu pertenço ao segundo grupo. Se pudesse, trocaria todas as viagens que faço de avião por umas boas estuchas de carro, de preferência sendo eu a conduzir.
Mas, quando tem de ser, lá vou até ao aeroporto, faço o check-in e tomo o meu lugar no avião.
Foi o que aconteceu na viagem para Tóquio: teve de ser.
Ora como não há nada de muito interessante para fazer a bordo de um avião, ocupei uma parte importante das mais de duas dezenas de horas de viagem a ver filmes. E vi vários!
Vi, por exemplo, o «Spider-Man 2». E vi também «The Day After Tomorrow». E até vi «Mean Girls». Mas, confesso, o que me deu mais gozo foi ver aqueles que ainda não chegaram a Portugal: «Laws of Attraction», «The Manchurian Candidate» e, sobretudo, «Code 46».
«Laws of Attraction» é uma comédia romântica à inglesa, realizada por Peter Howitt (responsável, entre outros, por «Sliding Doors» e «Johnny English»). Vive, sobretudo, das presenças de Pierce Brosnan e de Julianne Moore, que interpretam os papéis de dois advogados especialistas em divórcios que acabam por se casar e apaixonar (sim, por esta ordem). O costume...
«The Manchurian Candidate» é um remake do filme de 1962, desta vez realizado por Jonathan Demme. Conta com interpretações fantásticas de Denzel Washington e Meryl Streep e a presença certinha de Liev Schreiber. É a história de um grupo de soldados norte-americanos que, em plena Guerra do Golfo, são raptados e vítimas de uma lavagem cerebral com fins sinistros. Mas é também a história da promiscuidade entre os interesses económicos privados e os detentores de cargos públicos. E, desse ponto de vista, faz lembrar a realidade...
Por fim, «Code 46». É difícil catalogar este filme... Romance? Drama? Ficção Científica? Talvez um pouco de cada... Realizado pelo inglês Michael Winterbottom («24 Hour Party People») e contando com as presenças fortes de Tim Robbins e Samantha Morton («Minority Report»), «Code 46» é uma curta história de amor num ambiente futurista, no qual o romance entre os dois protagonistas é impossibilitado por uma incompatibilidade genética decretada por um governo global e totalitário. A história tem um pouco do determinismo genético de «Gattaca», das limpezas de memória de «Men in Black», do controlo social manipulador de «Minority Report», da descoberta cosmopolita de «Lost in Translation» e da violência futurista de «Clockwork Orange». E tem, além de tudo, um cameo de Mick Jones (The Clash) a interpretar uma versão de «Should I Stay or Should I Go?» num bar de karaoke... Lindo!
Apesar de esta revelação poder surpreender alguns dos meus melhores amigos, eu pertenço ao segundo grupo. Se pudesse, trocaria todas as viagens que faço de avião por umas boas estuchas de carro, de preferência sendo eu a conduzir.
Mas, quando tem de ser, lá vou até ao aeroporto, faço o check-in e tomo o meu lugar no avião.
Foi o que aconteceu na viagem para Tóquio: teve de ser.
Ora como não há nada de muito interessante para fazer a bordo de um avião, ocupei uma parte importante das mais de duas dezenas de horas de viagem a ver filmes. E vi vários!
Vi, por exemplo, o «Spider-Man 2». E vi também «The Day After Tomorrow». E até vi «Mean Girls». Mas, confesso, o que me deu mais gozo foi ver aqueles que ainda não chegaram a Portugal: «Laws of Attraction», «The Manchurian Candidate» e, sobretudo, «Code 46».
«Laws of Attraction» é uma comédia romântica à inglesa, realizada por Peter Howitt (responsável, entre outros, por «Sliding Doors» e «Johnny English»). Vive, sobretudo, das presenças de Pierce Brosnan e de Julianne Moore, que interpretam os papéis de dois advogados especialistas em divórcios que acabam por se casar e apaixonar (sim, por esta ordem). O costume...
«The Manchurian Candidate» é um remake do filme de 1962, desta vez realizado por Jonathan Demme. Conta com interpretações fantásticas de Denzel Washington e Meryl Streep e a presença certinha de Liev Schreiber. É a história de um grupo de soldados norte-americanos que, em plena Guerra do Golfo, são raptados e vítimas de uma lavagem cerebral com fins sinistros. Mas é também a história da promiscuidade entre os interesses económicos privados e os detentores de cargos públicos. E, desse ponto de vista, faz lembrar a realidade...
Por fim, «Code 46». É difícil catalogar este filme... Romance? Drama? Ficção Científica? Talvez um pouco de cada... Realizado pelo inglês Michael Winterbottom («24 Hour Party People») e contando com as presenças fortes de Tim Robbins e Samantha Morton («Minority Report»), «Code 46» é uma curta história de amor num ambiente futurista, no qual o romance entre os dois protagonistas é impossibilitado por uma incompatibilidade genética decretada por um governo global e totalitário. A história tem um pouco do determinismo genético de «Gattaca», das limpezas de memória de «Men in Black», do controlo social manipulador de «Minority Report», da descoberta cosmopolita de «Lost in Translation» e da violência futurista de «Clockwork Orange». E tem, além de tudo, um cameo de Mick Jones (The Clash) a interpretar uma versão de «Should I Stay or Should I Go?» num bar de karaoke... Lindo!
Tóquio, vista da Baixa
O prometido é devido!
Lamento não ter podido dar notícias mais cedo, mas é incrível a quantidade de trabalho que se acumula na nossa secretária quando estamos 17 dias fora... Impressionante!
Assim, depois de ter passado os últimos três dias a tentar descobrir o tampo da mesa sob os papéis, reservei estes dez minutos para transmitir algumas breves impressões sobre Tóquio. Mais tarde, com mais tempo e com mais calma, farei uma análise mais profunda sobre a minha experiência em terras nipónicas.
Para já, queria dizer que gostei. Muito!
Tóquio é uma cidade enorme e altamente populosa, disputando com Xangai o título de cidade mais populosa do mundo. Devem ser aí uns 20 milhões de almas (e corpos) ou qualquer coisa do género (mais milhão, menos milhão, ninguém nota), mas a verdade é que, apesar do completo caos urbanístico, Tóquio é uma cidade acolhedora!
Não é algo que se note logo à chegada, até porque os factos de (quase) ninguém falar inglês, de os transportes públicos serem extremamente caros e de os tufões trazerem consigo chuva e vento em quantidades extraordinárias, não ajuda nada a ter uma boa impressão da cidade.
Mas, à medida que vamos calcorreando as pequenas ruas e as enormes avenidas, que nos vamos deliciando com a arquitectura arrojada e os parques magníficos, que vamos começando a conseguir estabelecer alguma comunicação com os nativos, que as montras das lojas começam a fazer sentido e a revelar algumas bagatelas, que o sol rompe o manto de nuvens e derrama sobre a cidade a sua luz e que as caras das pessoas começam a parecer-nos familiares e, até, bonitas, Tóquio revela o seu charme e conquista-nos.
Se alguma coisa se pode dizer sobre Tóquio, que faça sentido em poucas palavras e seja simultaneamente verdadeiro e justo, é que Tóquio é uma cidade de contrastes. Contrastes que são visíveis na convivência entre o funcionário de fato armani e a senhora de quimono na mesma carruagem do combóio; na proximidade da agitação radical do bairro da Harajuku e da calma divina do santuário Meiji; na diferença de alturas dos arranha-céus de Shinjuku e das casas unifamiliares do bairro Yanaka; na familiaridade da arrojada Tokyo Tower com o bairrista Parque Shiba; e em milhões de outras coisas.
Mas não basta dizer de Tóquio que é uma cidade de contrastes; é preciso também dizer que é uma cidade de tolerância activa. Uma cidade em que as diferenças são reconhecidas, levadas aos extremos e, ainda assim, respeitadas e valorizadas. Uma cidade em que o civismo, no seu sentido mais bonito (aquele que remete para a noção de cidadania) se impõe da forma mais natural possível e em que as pessoas parecem perceber, porque chegam a exalar, a máxima de que a sua liberdade só começa verdadeiramente quando a liberdade dos outros se encontra igualmente garantida.
Por isso, a circulação em Tóquio não é caótica; por isso, Tóquio é uma cidade segura; por isso, Tóquio é uma cidade capaz de acolher 20 milhões de corpos que não se esmagam, não se empurram e não se atropelam; por isso, Tóquio é uma cidade em que toda a gente sorri e se saúda respeitosamente; por isso, Tóquio é uma cidade que concilia trabalho árduo e diversão louca; por isso, Tóquio é uma cidade que nos fica no coração, que deixa saudades e que nos obriga a querer voltar.
Tóquio é muito diferente de Lisboa e eu sei que não percebi nada de nada e sei que não posso falar de Tóquio como se fosse um profundo conhecedor da cidade. Sei que não posso e, por isso, não o faço. Sei que tudo o que digo sobre Tóquio não passa de um conjunto de impressões soltas, provavelmente muito afastadas da realidade. Sei que é muito fácil gostar de uma cidade na qual se está apenas de férias e que essa experiência é muito diferente das daqueles que lá vivem e trabalham todos os dias.
Mas, quem dá o que tem, a mais não é obrigado. E este conjunto de impressões é tudo o que eu tenho para partilhar. Podem não ser exactas, mas são sinceras.
Lamento não ter podido dar notícias mais cedo, mas é incrível a quantidade de trabalho que se acumula na nossa secretária quando estamos 17 dias fora... Impressionante!
Assim, depois de ter passado os últimos três dias a tentar descobrir o tampo da mesa sob os papéis, reservei estes dez minutos para transmitir algumas breves impressões sobre Tóquio. Mais tarde, com mais tempo e com mais calma, farei uma análise mais profunda sobre a minha experiência em terras nipónicas.
Para já, queria dizer que gostei. Muito!
Tóquio é uma cidade enorme e altamente populosa, disputando com Xangai o título de cidade mais populosa do mundo. Devem ser aí uns 20 milhões de almas (e corpos) ou qualquer coisa do género (mais milhão, menos milhão, ninguém nota), mas a verdade é que, apesar do completo caos urbanístico, Tóquio é uma cidade acolhedora!
Não é algo que se note logo à chegada, até porque os factos de (quase) ninguém falar inglês, de os transportes públicos serem extremamente caros e de os tufões trazerem consigo chuva e vento em quantidades extraordinárias, não ajuda nada a ter uma boa impressão da cidade.
Mas, à medida que vamos calcorreando as pequenas ruas e as enormes avenidas, que nos vamos deliciando com a arquitectura arrojada e os parques magníficos, que vamos começando a conseguir estabelecer alguma comunicação com os nativos, que as montras das lojas começam a fazer sentido e a revelar algumas bagatelas, que o sol rompe o manto de nuvens e derrama sobre a cidade a sua luz e que as caras das pessoas começam a parecer-nos familiares e, até, bonitas, Tóquio revela o seu charme e conquista-nos.
Se alguma coisa se pode dizer sobre Tóquio, que faça sentido em poucas palavras e seja simultaneamente verdadeiro e justo, é que Tóquio é uma cidade de contrastes. Contrastes que são visíveis na convivência entre o funcionário de fato armani e a senhora de quimono na mesma carruagem do combóio; na proximidade da agitação radical do bairro da Harajuku e da calma divina do santuário Meiji; na diferença de alturas dos arranha-céus de Shinjuku e das casas unifamiliares do bairro Yanaka; na familiaridade da arrojada Tokyo Tower com o bairrista Parque Shiba; e em milhões de outras coisas.
Mas não basta dizer de Tóquio que é uma cidade de contrastes; é preciso também dizer que é uma cidade de tolerância activa. Uma cidade em que as diferenças são reconhecidas, levadas aos extremos e, ainda assim, respeitadas e valorizadas. Uma cidade em que o civismo, no seu sentido mais bonito (aquele que remete para a noção de cidadania) se impõe da forma mais natural possível e em que as pessoas parecem perceber, porque chegam a exalar, a máxima de que a sua liberdade só começa verdadeiramente quando a liberdade dos outros se encontra igualmente garantida.
Por isso, a circulação em Tóquio não é caótica; por isso, Tóquio é uma cidade segura; por isso, Tóquio é uma cidade capaz de acolher 20 milhões de corpos que não se esmagam, não se empurram e não se atropelam; por isso, Tóquio é uma cidade em que toda a gente sorri e se saúda respeitosamente; por isso, Tóquio é uma cidade que concilia trabalho árduo e diversão louca; por isso, Tóquio é uma cidade que nos fica no coração, que deixa saudades e que nos obriga a querer voltar.
Tóquio é muito diferente de Lisboa e eu sei que não percebi nada de nada e sei que não posso falar de Tóquio como se fosse um profundo conhecedor da cidade. Sei que não posso e, por isso, não o faço. Sei que tudo o que digo sobre Tóquio não passa de um conjunto de impressões soltas, provavelmente muito afastadas da realidade. Sei que é muito fácil gostar de uma cidade na qual se está apenas de férias e que essa experiência é muito diferente das daqueles que lá vivem e trabalham todos os dias.
Mas, quem dá o que tem, a mais não é obrigado. E este conjunto de impressões é tudo o que eu tenho para partilhar. Podem não ser exactas, mas são sinceras.
20.10.04
Protecção Civil - Aviso nº 237745/2004
«A Protecção Civil adverte:
Se, por engano, o Ministério da Educação colocou algum professor em sua casa, é favor encaminhá-lo para o estabelecimento de ensino mais próximo. É importante manter a calma e fazer de compta que é uma situação normal.
Obrigado.»
Se, por engano, o Ministério da Educação colocou algum professor em sua casa, é favor encaminhá-lo para o estabelecimento de ensino mais próximo. É importante manter a calma e fazer de compta que é uma situação normal.
Obrigado.»
A LER OBRIGATORIAMENTE*
Uma conversa no Conselho de Ministros. [O post mais hilariante da blogosfera dos últimos tempos.]
* - (assim mesmo: com maiúsculas!)
* - (assim mesmo: com maiúsculas!)
19.10.04
Linguagem cabalística
Rui Gomes da Silva afirmou [na Alta Autoridade para a Comunicação Social que «as cabalas existem independentemente da vontade subjectiva de as constituir». «Eu posso entender que há...», acrescentou. É como as pressões, senhor ministro: existem independentemente da vontade de as fazer.
Faz-nos falta...
... o pensamento de Nietzsche & Schopenhauer. Ajudava a suportar tanta falta de discernimento nos dias que correm.
[actualização]: o Almocreve compensa-nos com a sua fina ironia.
[actualização]: o Almocreve compensa-nos com a sua fina ironia.
18.10.04
Mau tempo
Ventos fortes varrem o continente e mesmo a Madeira não escapa. O Instituto de Meteorologia precisa de quem o ponha na ordem. Há coincidências a mais, apre!
Onze minutos
A TVI dedicou 11 minutos na abertura do seu jornal da tarde a uma arruaça. Só ao fim desses 11 minutos mostrou imagens do jogo de futebol que tinha estado na origem da arruaça. Sim, o jornalismo também tem culpa em explorar estas guerras em detrimento do jogo. Sim, o jornalismo condena (é esperar pelos textos indignados nos jornais desportivos e afins) mas logo, logo, corre a fazer manchete de dislates destes senhores. Não lhes dessem vez e voz e daqui a uns tempos só tínhamos gente a falar de bola (como os dois treinadores mostraram muito bem).
17.10.04
16.10.04
Quem vai à guerra...
[ou pode um cristão defender a guerra?]
Os comentários pertinentes de David, ao meu "post" sobre os algozes que decapitaram um refém no Iraque, obrigam-me a uma reflexão mais prolongada sobre o assunto.
Escreve-nos David (que assume a sua condição de cristão para também rebater os meus pontos de vista), que não consegue «em consciência descartar a possibilidade da guerra, da violência, como resolução extrema para algumas situações». E exemplifica com a II Guerra Mundial.
O argumentário da II Guerra Mundial foi usado à exaustão, no início desta segunda guerra do Golfo, por Bush e muitos dos seus seguidores, incluindo portugueses que imputaram quase exclusivamente a vitória contra a Alemanha nazi de Hitler aos Estados Unidos da América, omitindo ou desmerecendo da resistência organizada por toda a Europa e do contributo de todos os Aliados. Do que não temos dúvidas, é que Saddam não era Hitler, nem a liberdade do mundo estava em perigo, como em 1939.
Mas - e o que me interessa aqui, neste caso concreto do Iraque - é que a situação que se vivia ali não obrigava à «resolução extrema» da guerra. A ONU continuava a exercer a sua inspecção do possível armamento e a diplomacia - incluindo a vaticana - tentava a todo o custo "dobrar" Saddam. Não se tentou tudo, não se esgotaram todas as armas do diálogo e a invasão fez-se sob a capa de uma grosseira mentira e de uma impreparação negligente sobre o futuro do país.
Medir "sanguinários" não é um exercício numérico, como também agora alguns gostam de fazer. "Ele matou mais, ele matou menos" é o debate que não interessa. Qualquer pessoa que morra pelas suas convicções, por ser livre, às mãos de um qualquer ditador deve merecer a nossa luta. E a nossa vontade de combater esse ditador. Seja no Iraque de Saddam (quando foram chacinadas populações curdas, sem que a América ou o Ocidente gritasse a necessidade de o apear), seja no Chile de Pinochet ou na Argentina de Varela. Seja na União Soviética de Estaline ou no Cambodja de Pol Pot. No Portugal de Salazar ou na Espanha de Franco. Mas para combater cada uma destas situações, há hoje outras soluções que não a guerra.
Era então possível outro cenário? Era. E ao argumentário da guerra apetece opor outros exemplos, posteriores à II Guerra Mundial, que mostram que o mundo experimentou novos caminhos para a resolução de conflitos: a não-violência de Mahatma Gandhi ou Martin Luther King, a revolução de veludo no Leste europeu ou a revolução do arco-íris de Mandela. E, numa escala diferente, a auto-determinação e independência de Timor-Leste, apesar da orgia de violência das tropas e milícias indonésias.
«A Lei aparece exactamente para terminar com a vingança pessoal», escreve-nos o David. Concordo. Mas aparece também para ser respeitada - e, neste caso do Iraque, Bush não o fez. Como não o fazem os algozes que todos os dias se fazem explodir em Bagdad ou Telavive, ou aqueles que decapitam reféns no Iraque ou ainda os outros que demolem casas e atacam bairros com mísseis teleguiados nos territórios ocupados por Israel.
Discordo apenas da leitura de que o "olho por olho" é a Lei, porventura demasiado dura, e de que Jesus não revogou algumas leis. Julgo que revogou, sim: dando outro sentido ao sábado ou dizendo que agora havia um mandamento novo.
Volto a insistir: «com clareza» definimos os agentes do Mal. E não os podemos deixar «impunes», nem «esquecer a Lei». «Profundamente imoral» parece-me fazer o jogo deles: entrar na espiral de violência que eles desejam para se afirmarem como vítimas e libertadores. Nunca podemos ficar pelas intenções. Mas à sombra destes "extremos" também se pratica(ra)m muitos e muitos crimes. Profundamente imorais (como Abu Ghraib ou Guantanamo).
Já aqui escrevi (em Maio): «De uma ditadura ou dos seus algozes, espera-se (quase) tudo. Mesmo um acto bárbaro e inqualificável, como a decapitação de um homem inocente... De uma democracia e dos seus representantes, espera-se outra coisa: o respeito pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Não faço comparações entre terroristas e as forças ocidentais que estão no Iraque, mas - num plano de legítimas expectativas - os actos de tortura dos soldados americanos ou a existência de Guantanamo tornam-se mais "censuráveis" que a decapitação daquele inocente americano. A guerra deve transfigurar as democracias. Por isso, a paz é o caminho. De mãos limpas.»
E os crentes - cristãos, judeus, muçulmanos, budistas,... - deviam estar sempre prontos a servir este outro caminho.
Os comentários pertinentes de David, ao meu "post" sobre os algozes que decapitaram um refém no Iraque, obrigam-me a uma reflexão mais prolongada sobre o assunto.
Escreve-nos David (que assume a sua condição de cristão para também rebater os meus pontos de vista), que não consegue «em consciência descartar a possibilidade da guerra, da violência, como resolução extrema para algumas situações». E exemplifica com a II Guerra Mundial.
O argumentário da II Guerra Mundial foi usado à exaustão, no início desta segunda guerra do Golfo, por Bush e muitos dos seus seguidores, incluindo portugueses que imputaram quase exclusivamente a vitória contra a Alemanha nazi de Hitler aos Estados Unidos da América, omitindo ou desmerecendo da resistência organizada por toda a Europa e do contributo de todos os Aliados. Do que não temos dúvidas, é que Saddam não era Hitler, nem a liberdade do mundo estava em perigo, como em 1939.
Mas - e o que me interessa aqui, neste caso concreto do Iraque - é que a situação que se vivia ali não obrigava à «resolução extrema» da guerra. A ONU continuava a exercer a sua inspecção do possível armamento e a diplomacia - incluindo a vaticana - tentava a todo o custo "dobrar" Saddam. Não se tentou tudo, não se esgotaram todas as armas do diálogo e a invasão fez-se sob a capa de uma grosseira mentira e de uma impreparação negligente sobre o futuro do país.
Medir "sanguinários" não é um exercício numérico, como também agora alguns gostam de fazer. "Ele matou mais, ele matou menos" é o debate que não interessa. Qualquer pessoa que morra pelas suas convicções, por ser livre, às mãos de um qualquer ditador deve merecer a nossa luta. E a nossa vontade de combater esse ditador. Seja no Iraque de Saddam (quando foram chacinadas populações curdas, sem que a América ou o Ocidente gritasse a necessidade de o apear), seja no Chile de Pinochet ou na Argentina de Varela. Seja na União Soviética de Estaline ou no Cambodja de Pol Pot. No Portugal de Salazar ou na Espanha de Franco. Mas para combater cada uma destas situações, há hoje outras soluções que não a guerra.
Era então possível outro cenário? Era. E ao argumentário da guerra apetece opor outros exemplos, posteriores à II Guerra Mundial, que mostram que o mundo experimentou novos caminhos para a resolução de conflitos: a não-violência de Mahatma Gandhi ou Martin Luther King, a revolução de veludo no Leste europeu ou a revolução do arco-íris de Mandela. E, numa escala diferente, a auto-determinação e independência de Timor-Leste, apesar da orgia de violência das tropas e milícias indonésias.
«A Lei aparece exactamente para terminar com a vingança pessoal», escreve-nos o David. Concordo. Mas aparece também para ser respeitada - e, neste caso do Iraque, Bush não o fez. Como não o fazem os algozes que todos os dias se fazem explodir em Bagdad ou Telavive, ou aqueles que decapitam reféns no Iraque ou ainda os outros que demolem casas e atacam bairros com mísseis teleguiados nos territórios ocupados por Israel.
Discordo apenas da leitura de que o "olho por olho" é a Lei, porventura demasiado dura, e de que Jesus não revogou algumas leis. Julgo que revogou, sim: dando outro sentido ao sábado ou dizendo que agora havia um mandamento novo.
Volto a insistir: «com clareza» definimos os agentes do Mal. E não os podemos deixar «impunes», nem «esquecer a Lei». «Profundamente imoral» parece-me fazer o jogo deles: entrar na espiral de violência que eles desejam para se afirmarem como vítimas e libertadores. Nunca podemos ficar pelas intenções. Mas à sombra destes "extremos" também se pratica(ra)m muitos e muitos crimes. Profundamente imorais (como Abu Ghraib ou Guantanamo).
Já aqui escrevi (em Maio): «De uma ditadura ou dos seus algozes, espera-se (quase) tudo. Mesmo um acto bárbaro e inqualificável, como a decapitação de um homem inocente... De uma democracia e dos seus representantes, espera-se outra coisa: o respeito pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Não faço comparações entre terroristas e as forças ocidentais que estão no Iraque, mas - num plano de legítimas expectativas - os actos de tortura dos soldados americanos ou a existência de Guantanamo tornam-se mais "censuráveis" que a decapitação daquele inocente americano. A guerra deve transfigurar as democracias. Por isso, a paz é o caminho. De mãos limpas.»
E os crentes - cristãos, judeus, muçulmanos, budistas,... - deviam estar sempre prontos a servir este outro caminho.
15.10.04
A minha esquerda
CTT entram na campanha das eleições regionais
«Hoje, dia 15 de Outubro, no Estado Maior da Força Aérea, em Alfragide, o Ministro do Estado, da Defesa e dos Assuntos do Mar, Paulo Portas, o Chefe do Estado Maior da Força Aérea, General Taveira Martins, e o Conselho de Administração dos CTT assinam um protocolo que vai permitir que o transporte do correio para os Açores seja mais rápido.»
Fax recebido hoje nas redacções, enviado pelo gabinete do ministro do Estado, da Defesa e (para sua surpresa) dos Assuntos do Mar.
Fax recebido hoje nas redacções, enviado pelo gabinete do ministro do Estado, da Defesa e (para sua surpresa) dos Assuntos do Mar.
O mesmo palco
Fórum TSF: Benfica-FCPorto. Opinião Pública SIC Notícias: Santana-Sócrates. Só na aparência se discute de modo diferente os dois jogos.
Birras
Rui Rio ameaçou que se demitia da Câmara do Porto. Voltou atrás. Agora o FCPorto grita que não vem a Lisboa ao jogo com o Benfica. A birra tomou conta da elite portuense.
14.10.04
Utilizadores sempre pagadores
«Os pagadores pagadores»: uma leitura obrigatória. E não se paga mais por isso.
Tóquio, capital Telavive
Por causa de Tóquio, Corinna escreveu-nos de Israel. Que nos pergunta se não escrevemos em inglês. Não, não, há coisas que é melhor não se contar aos de fora.
13.10.04
Regresso a Tóquio
O Diogo anda por lá. E já há muito que nesta casa não se arranjava um qualquer pretexto para a relembrar.
Um vómito
Num zapping apressado na redacção deparo com um canal árabe que transmite na íntegra a degolação de um refém (aparentemente iraquiano) no Iraque. Náusea, repulsa e nojo. Mas a inclemência que sinto por aqueles algozes não me entusiasma a defender o erradamente bíblico "olho por olho", tão caro a Bush e seus seguidores.
Peregrinação ecuménica
«Santos meninos. Por muito bonito que seja o relativismo cultural e a tolerância religiosa um evangélico não tem grande respeito por canonizações de criancinhas. E quanto mais crescidas sejam as criaturas, pior ainda.»
[in Voz do Deserto]
[in Voz do Deserto]
Às paredes confessam...
No muro da rotunda de Queluz de Baixo lêem-se propostas para a compra de «pau de cabinda - chá afrodisíaco» e «sex shop - peça catálogo grátis». Ao lado, estranham-se outros anúncios: «Limpa-chaminés», «soalhos flutuantes».
12.10.04
A postura
É uma palavra pavorosa. Anda na boca de toda a gente: de políticos e futebolistas, de empresários e trabalhadores, de artistas e celebridades. Já ninguém diz «atitude». Mas, ontem à noite, ninguém se lembrou do seu correcto significado: a postura do primeiro-ministro é digna de anedota. Para a frente e às arrecuas, ora atarracado, ora empertigando-se... Uma lástima. Um médico lhe diria que não se senta assim.
Bush apanhado nas costas
O gajo engana-se. O tipo mente. E agora parece que teve quem lhe soprasse as respostas no discurso. Apanhado, diz-se.
11.10.04
De um regresso à universidade...
O fresco Outono é suportado com casacos curtos que revelam atrevidos umbigos ou decotes generosos e lembram o Verão que já se foi.
8.10.04
Folhas caídas
A violência com que despertou o Outono parece não querer destoar do país.
E os extremos parecem tocar-se na linha desenhada pelo Diogo a partir do Japão.
Os tempos estão quase de invernia. Assustadora.
E os extremos parecem tocar-se na linha desenhada pelo Diogo a partir do Japão.
Os tempos estão quase de invernia. Assustadora.
Mau tempo
Esta é, provavelmente, a última posta que envio do Japão. Pelo menos é a última que enviarei de Fujiyoshida, já que dentro de seis horas partirei rumo a Tokyo. Quer dizer, partirei se o tufão não se adiantar e não chegar antes do previsto a esta zona... É que a sua chegada só está prevista para daqui a cerca de 12 horas, mas nunca se sabe...
De qualquer forma, toda esta zona já está sob a influência do tufão, tendo chovido todo o dia e verificando-se já algumas rajadas bem fortes. Estamos todos um bocadinho nervosos, mas os japoneses tentam manter a calma, dizendo-nos que já é o 22º só este ano! Mas sempre nos vão avisando para a possibilidade de cancelamento de voos, de interrupções nas ligações ferroviárias e rodoviárias e outras alterações de somenos.
Veremos... se não for amanhã, relatarei a experiência logo que possa. Ainda tenho pela frente uma semana em terras japonesas e se for tão intensa em experiências como foi a primeira, não sei se aguentarei!
Pelo que percebi, hoje também há mau tempo em Lisboa. Mas não é de admirar... com tudo o que se tem passado nos últimos dias, estranho era que o sol continuasse a brilhar!
De qualquer forma, toda esta zona já está sob a influência do tufão, tendo chovido todo o dia e verificando-se já algumas rajadas bem fortes. Estamos todos um bocadinho nervosos, mas os japoneses tentam manter a calma, dizendo-nos que já é o 22º só este ano! Mas sempre nos vão avisando para a possibilidade de cancelamento de voos, de interrupções nas ligações ferroviárias e rodoviárias e outras alterações de somenos.
Veremos... se não for amanhã, relatarei a experiência logo que possa. Ainda tenho pela frente uma semana em terras japonesas e se for tão intensa em experiências como foi a primeira, não sei se aguentarei!
Pelo que percebi, hoje também há mau tempo em Lisboa. Mas não é de admirar... com tudo o que se tem passado nos últimos dias, estranho era que o sol continuasse a brilhar!
7.10.04
O homem não identificado
Pela Grande Loja, descobrimos a importância do nosso primeiro-ministro. Depois do Mr. Nobody, que é o nosso "cherne" europeu segundo o Financial Times, o Washington Post dá agora à estampa «an unidentified man». A ver - e ler com atenção a legenda.
Terramotos
Ontem tive mais um cheirinho de Japão genuíno: um terramoto!
Nada de muito grave, é certo, e, no entanto, move-se...
Mas hoje vi no Público que também houve um terramoto em Portugal, que teve efeitos lá para os lados da TVI! Uma pessoa não pode ausentar-se por uns dias que logo o país decide mudar radicalmente. Que o Durão Barroso deixe o Governo para ir para Bruxelas, tudo bem; que o Santana Lopes deixe a Câmara de Lisboa para ir para o Governo, ainda vá; agora, que o Marcelo Rebelo de Sousa deixe a TVI porque o Governo e a direcção do canal acham que ele devia ser mais moderado nas críticas, isso já me parece ultrapassar todos os limites do razoável!
Para onde é que caminha Portugal?! O que resta a um país a quem é retirado o direito de escolher o seu Governo, que é privado de justiça, saúde e educação e que, agora, é privado da pluralidade da comunicação social?!
Visto a partir do Japão, esse país é uma anedota. Sem piada e de mau gosto! Mais parecido com o seu irmão guineense do que com os seus parceiros europeus. Mais triste do que nunca. Mais desperdiçado do que seria possível imaginar.
Daqui da base do Monte Fuji lanço um apelo desesperado ao Presidente da República: Dr. Jorge Sampaio, a sua brincadeira de mau gosto já nos fez chorar mais nos últimos três meses do que eu e Vossa Excelência poderíamos alguma vez ter imaginado. Portugal precisa de um novo Governo. E precisa de um novo Governo já! Cumpra a Constituição e a vontade da maioria que elegeu Vossa Excelência e dê-nos a oportunidade de decidir. Quanto antes! Porque Portugal não pode esperar, porque os Portugueses e as Portuguesas não podem esperar! Porque um outro Portugal é possível, necessário e útil, ao Mundo e à Humanidade.
Nada de muito grave, é certo, e, no entanto, move-se...
Mas hoje vi no Público que também houve um terramoto em Portugal, que teve efeitos lá para os lados da TVI! Uma pessoa não pode ausentar-se por uns dias que logo o país decide mudar radicalmente. Que o Durão Barroso deixe o Governo para ir para Bruxelas, tudo bem; que o Santana Lopes deixe a Câmara de Lisboa para ir para o Governo, ainda vá; agora, que o Marcelo Rebelo de Sousa deixe a TVI porque o Governo e a direcção do canal acham que ele devia ser mais moderado nas críticas, isso já me parece ultrapassar todos os limites do razoável!
Para onde é que caminha Portugal?! O que resta a um país a quem é retirado o direito de escolher o seu Governo, que é privado de justiça, saúde e educação e que, agora, é privado da pluralidade da comunicação social?!
Visto a partir do Japão, esse país é uma anedota. Sem piada e de mau gosto! Mais parecido com o seu irmão guineense do que com os seus parceiros europeus. Mais triste do que nunca. Mais desperdiçado do que seria possível imaginar.
Daqui da base do Monte Fuji lanço um apelo desesperado ao Presidente da República: Dr. Jorge Sampaio, a sua brincadeira de mau gosto já nos fez chorar mais nos últimos três meses do que eu e Vossa Excelência poderíamos alguma vez ter imaginado. Portugal precisa de um novo Governo. E precisa de um novo Governo já! Cumpra a Constituição e a vontade da maioria que elegeu Vossa Excelência e dê-nos a oportunidade de decidir. Quanto antes! Porque Portugal não pode esperar, porque os Portugueses e as Portuguesas não podem esperar! Porque um outro Portugal é possível, necessário e útil, ao Mundo e à Humanidade.
Marcelices
1. José Manuel Fernandes tem hoje uma verdadeira pérola no Público: «Os estragos provocados por este Governo ao fim de pouco mais de três meses ultrapassam as piores previsões dos mais pessimistas». Mas não foi o mesmo JMF que defendeu intransigentemente a solução da não convocação de eleições, em Julho? Foi. Razão tinha João Pedro Henriques, ontem no mesmo jornal, sobre as lamúrias de Jorge Sampaio: «Agora é tarde, senhor Presidente!». Agora também é tarde, JMF.
2. Eu, obviamente, estou muito preocupado. Até onde posso escrever? O que posso escrever? Devo fidelidade aos leitores. E os interesses da empresa para que trabalho? Lembram-se do caso Carreira Bom?
3. De que fala hoje Luís Delgado na sua coluna no Diário de Notícias: do «dilema comunista». Ora tomem!
2. Eu, obviamente, estou muito preocupado. Até onde posso escrever? O que posso escrever? Devo fidelidade aos leitores. E os interesses da empresa para que trabalho? Lembram-se do caso Carreira Bom?
3. De que fala hoje Luís Delgado na sua coluna no Diário de Notícias: do «dilema comunista». Ora tomem!
6.10.04
Big in Japan
É verdade, escrevo do Japão, com acentos e sem caracteres japoneses.
Hoje voltou o bom tempo e o Japão fez jus ao seu apodo de "país do sol nascente". Ainda era terça-feira em Portugal quando fui acordado pela luminosidade que fazia sobressair, sobre as copas verdes das árvores, o cone fantástico do Monte Fuji.
Montanha sagrada para os japoneses, o Monte Fuji escondeu-se até ontem por entre as nuvens baixas que faziam companhia à chuva que caía ininterruptamente. Ontem, um dos nossos anfitriões dizia que, se nos portássemos bem, o tempo melhoraria.
Pelos vistos, os deuses japoneses acharam que sim, que nos havíamos portado bem, e abençoaram-nos com um dia de sol e uma vista magnífica do Monte Fuji.
Amanhã, se o tempo se mantiver bom, talvez nos aproximemos do cone do vulcão, que, por estas alturas, ainda não se encontra coberto de neve.
Em Fujiyoshida, onde me encontro, o anúncio do abandono da liderança do PCP por parte de Carlos Carvalhas, as movimentações dos militares nas ruas de Bissau, os preços do petróleo nos mercados mundiais, a ida da Ministra da Educação ao Parlamento e a violência no Iraque, parecem muito distantes. Demasiado distantes!
Há montanhas assim: sagradas para uns e um regalo para os olhos de todos. Não fosse a artilharia informática instalada na sala em que me encontro e a montanha-russa gigante que descansa agora da agitação frenética do dia, parecer-me-ia estar noutro planeta.
Lost in translation e em muitos outros sentidos...
Hoje voltou o bom tempo e o Japão fez jus ao seu apodo de "país do sol nascente". Ainda era terça-feira em Portugal quando fui acordado pela luminosidade que fazia sobressair, sobre as copas verdes das árvores, o cone fantástico do Monte Fuji.
Montanha sagrada para os japoneses, o Monte Fuji escondeu-se até ontem por entre as nuvens baixas que faziam companhia à chuva que caía ininterruptamente. Ontem, um dos nossos anfitriões dizia que, se nos portássemos bem, o tempo melhoraria.
Pelos vistos, os deuses japoneses acharam que sim, que nos havíamos portado bem, e abençoaram-nos com um dia de sol e uma vista magnífica do Monte Fuji.
Amanhã, se o tempo se mantiver bom, talvez nos aproximemos do cone do vulcão, que, por estas alturas, ainda não se encontra coberto de neve.
Em Fujiyoshida, onde me encontro, o anúncio do abandono da liderança do PCP por parte de Carlos Carvalhas, as movimentações dos militares nas ruas de Bissau, os preços do petróleo nos mercados mundiais, a ida da Ministra da Educação ao Parlamento e a violência no Iraque, parecem muito distantes. Demasiado distantes!
Há montanhas assim: sagradas para uns e um regalo para os olhos de todos. Não fosse a artilharia informática instalada na sala em que me encontro e a montanha-russa gigante que descansa agora da agitação frenética do dia, parecer-me-ia estar noutro planeta.
Lost in translation e em muitos outros sentidos...
5.10.04
Uma estreia
Sol poente
«Em toda a Europa, trata-se de um caso único. Não há em país algum uma pessoa a perorar 45 minutos sobre política sem ser sujeita ao contraditório e apenas a defender os seus interesses pessoais». Há um senhor ministro, Rui Gomes da Silva (quem?), que disse isto de Marcelo Rebelo de Sousa. Eu até podia estar de acordo. Mas não me lembro do PSD se incomodar com isto durante anos. Só agora - que Marcelo deixa as orelhas de Santana a arder. Sabes, Diogo, "perdeste-te na tradução": Portugal continua pior. E, como diz o professor, este Governo «é pior do que o pior» de Guterres.
Sol Nascente
Desterrado em terras do Japão, com uma diferença de oito horas, acompanho com distância os acontecimentos e as notícias do meu país: o falecimento de Fialho Gouveia, o Congresso do PS, os resultados da Superliga, etc. Através da Internet, consulto as fontes de sempre: o Sapo, o Público, A Bola, a Cibertúlia.
Visto daqui, Portugal parece ainda mais pequeno... Mas, pelo menos, hoje é feriado e, se estivesse aí, seria dia de descanso e de celebração da República. Como estou aqui, tive de me levantar às 7h00 e, dentro de poucos minutos, inicio mais uma maratona de oito horas de reuniões...
Visto daqui, Portugal parece ainda melhor!
Visto daqui, Portugal parece ainda mais pequeno... Mas, pelo menos, hoje é feriado e, se estivesse aí, seria dia de descanso e de celebração da República. Como estou aqui, tive de me levantar às 7h00 e, dentro de poucos minutos, inicio mais uma maratona de oito horas de reuniões...
Visto daqui, Portugal parece ainda melhor!
4.10.04
Terras
Escusam de procurar: lições de moral, preces e o poder e a bondade. Não, não falamos de Guimarães.
O essencial
Durante estes dias de silêncio ficou ali o essencial. Por coincidência, foi um "post" com número redondo (1300). No fim-de-semana fomos a Guimarães. O Adufe perguntava-se se não haveria bloguistas acreditados no Congresso do PS. Havia. Vários até. Mas cada um pelo seu jornal, e não por nenhum blogue. A América pode esperar.
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