31.8.04
31 de Agosto
A praia já desaguou na cidade e o fim do mês chegou às carteiras. Os frigoríficos vazios das férias esperam ansiosamente pelas filas que se acumulam nas caixas do hiper.
Tanques nas ruas
Tanques e outros veículos militares tomaram posição esta terça-feira nos acessos à rua Viriato, às Picoas, em Lisboa, para impedir a edição do jornal «Público». Segundo o ministro da Defesa, o jornal da Sonae é responsável por «incitar actos que, em Portugal, são criminosos», e compara a publicação de anúncios classificados a uma clínica de abortos de Badajoz ao «tráfico de droga, [contrabando] ou imigração ilegal». E a rematar, disse Paulo Portas, de dedo em riste: «Não se pode pedir ao Estado que finja que não há lei».
Do aborto e de sombras
As premissas de uma paz duradoura são caminhos possíveis para um mundo sem a sombra da guerra: a honestidade na informação, a equidade dos sistemas jurídicos e a transparência nos mecanismos democráticos. E nunca quebrar compromissos assumidos, como se passou com o Protocolo do Quioto e com a reconstrução do Afeganistão, ou não avançar para guerras assentes na metira. Quando esses compromissos são com países pobres, a exigência deve ser ainda maior. Quando as mentiras visam uma "parte" do mundo, o cuidado deve ser outro.
Tudo isto contraria o discurso pós-11 de Setembro, que em nome de uma alegada liberdade, instalou uma mentalidade securitária e desconfiada e uma militarização global da política. Os últimos exemplos patéticos foram uma catástrofe ambiental "combatida" por um ministro da Defesa, falando dos avanços e recuos das forças inimigas - as manchas de fuelóleo, no caso - e, agora, o mesmo ministro a ensaiar uma batalha naval na costa portuguesa, contra um barco dito do aborto.
À arrogância da potência, do «quero, posso e mando», não se pode contrapor (e aplaudir, mesmo que por omissão de condenação) a arrogância do terrorismo, igualmente intolerante para com o Outro e injustificável, que ataca cegamente e mata indiscriminadamente - basta recordar a lista das nacionalidades dos mortos no World Trade Center.
Entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de paz, sementes para a paz. Como os movimentos globais de cidadania, expurgados de quem deles se aproveita para instalar a lógica da violência. Como projectos que procuram respeitar o Outro, como sejam o comércio justo, a economia de comunhão ou o microcrédito/direito ao crédito.
E entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de diálogo, sem medo de recuperar esta palavra, que é porventura um dos mais importantes legados de António Guterres. E, ao contrário do que possa parecer, não é pequeno este legado. Basta olhar para a política governamental nos últimos dois anos.
Tudo isto contraria o discurso pós-11 de Setembro, que em nome de uma alegada liberdade, instalou uma mentalidade securitária e desconfiada e uma militarização global da política. Os últimos exemplos patéticos foram uma catástrofe ambiental "combatida" por um ministro da Defesa, falando dos avanços e recuos das forças inimigas - as manchas de fuelóleo, no caso - e, agora, o mesmo ministro a ensaiar uma batalha naval na costa portuguesa, contra um barco dito do aborto.
À arrogância da potência, do «quero, posso e mando», não se pode contrapor (e aplaudir, mesmo que por omissão de condenação) a arrogância do terrorismo, igualmente intolerante para com o Outro e injustificável, que ataca cegamente e mata indiscriminadamente - basta recordar a lista das nacionalidades dos mortos no World Trade Center.
Entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de paz, sementes para a paz. Como os movimentos globais de cidadania, expurgados de quem deles se aproveita para instalar a lógica da violência. Como projectos que procuram respeitar o Outro, como sejam o comércio justo, a economia de comunhão ou o microcrédito/direito ao crédito.
E entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de diálogo, sem medo de recuperar esta palavra, que é porventura um dos mais importantes legados de António Guterres. E, ao contrário do que possa parecer, não é pequeno este legado. Basta olhar para a política governamental nos últimos dois anos.
30.8.04
Leituras a bordo
Pacheco Pereira apresenta-nos três textos certeiros sobre o barco, o aborto, o Governo, o Bloco. Traremos aqui outras reflexões. Pró e contra, ponderadas. Por nós, já lançámos algumas questões...
15:48 (JPP)
«ESPELHO UM DO OUTRO
Que os radicais "fracturantes" das organizações do Bloco de Esquerda trouxessem cá o barco para organizarem uma operação de propaganda usando a "causa" do aborto, vá que não vá, estão no seu papel.
([...] ao transformar a questão do aborto numa guerrilha radical, fazem estragos consideráveis no esforço moderado e necessário para acabar com a criminalização do aborto. Convém não esquecer que, seja qual for a evolução da situação, deverá haver um referendo, e no referendo os excessos pagam-se.)
Agora que o governo português resolva actuar como um espelho do Bloco, como um grupo radical de sentido contrário, com todos os tiques do radicalismo ideológico, com a agravante de abusar dos meios do Estado, é que coloca uma questão muito mais grave do que o folclore do barco. Se o barco foi uma provocação, este governo respondeu-lhe ao mesmo nível.»
13:20 (JPP)
«UMA PERIGOSA ESTUPIDEZ
As revistas feitas pela Polícia Marítima a um barco português só se justificam caso haja séria suspeita de que este esteja envolvido numa actividade criminosa. Não se fazem revistas a um barco (ou a um carro, ou seja lá o que for) para intimidar as pessoas que lá vão. As forças armadas portuguesas não podem ser usadas para acções de intimidação contra cidadãos que não estão a violar nenhuma lei, mesmo que não se concorde com as suas acções e opiniões. As forças armadas portuguesas não podem ser usadas para servir de cobertura a encenações políticas. O Presidente da República é posto directamente em causa se não fizer ou disser nada.»
12:22 (JPP)
«UMA CARA ESTUPIDEZ
Mas que cara estupidez é essa de ter dois barcos de guerra a controlar um pequeno barco, só para fazer figura? Não estou aqui a discutir a decisão de impedir o barco de atracar, que é uma outra questão. Só pergunto se não há outros meios mais baratos e discretos de controlar um barco nas águas internacionais. É que este espavento, (caro, insisto), é uma marca de água do ocupante da Defesa, que envergonha os militares sob sua alçada. Show off.»
15:48 (JPP)
«ESPELHO UM DO OUTRO
Que os radicais "fracturantes" das organizações do Bloco de Esquerda trouxessem cá o barco para organizarem uma operação de propaganda usando a "causa" do aborto, vá que não vá, estão no seu papel.
([...] ao transformar a questão do aborto numa guerrilha radical, fazem estragos consideráveis no esforço moderado e necessário para acabar com a criminalização do aborto. Convém não esquecer que, seja qual for a evolução da situação, deverá haver um referendo, e no referendo os excessos pagam-se.)
Agora que o governo português resolva actuar como um espelho do Bloco, como um grupo radical de sentido contrário, com todos os tiques do radicalismo ideológico, com a agravante de abusar dos meios do Estado, é que coloca uma questão muito mais grave do que o folclore do barco. Se o barco foi uma provocação, este governo respondeu-lhe ao mesmo nível.»
13:20 (JPP)
«UMA PERIGOSA ESTUPIDEZ
As revistas feitas pela Polícia Marítima a um barco português só se justificam caso haja séria suspeita de que este esteja envolvido numa actividade criminosa. Não se fazem revistas a um barco (ou a um carro, ou seja lá o que for) para intimidar as pessoas que lá vão. As forças armadas portuguesas não podem ser usadas para acções de intimidação contra cidadãos que não estão a violar nenhuma lei, mesmo que não se concorde com as suas acções e opiniões. As forças armadas portuguesas não podem ser usadas para servir de cobertura a encenações políticas. O Presidente da República é posto directamente em causa se não fizer ou disser nada.»
12:22 (JPP)
«UMA CARA ESTUPIDEZ
Mas que cara estupidez é essa de ter dois barcos de guerra a controlar um pequeno barco, só para fazer figura? Não estou aqui a discutir a decisão de impedir o barco de atracar, que é uma outra questão. Só pergunto se não há outros meios mais baratos e discretos de controlar um barco nas águas internacionais. É que este espavento, (caro, insisto), é uma marca de água do ocupante da Defesa, que envergonha os militares sob sua alçada. Show off.»
Silêncio ensurdecedor do marulhar das águas
Jorge Sampaio não comenta, nem em inglês. Santana Lopes desapareceu algures em Ibiza. A Igreja deixa as despesas da contestação para os fundamentalistas de sempre. E, no meio disto, não há vozes que pensem para lá da espuma dos dias, dos holofotes das televisões ou do soundbyte simplista.
De regresso à normalidade
Nossa Senhora ainda não foi avistada na zona da Figueira da Foz. Santana Lopes ainda não foi avistado no país. O futebol regressou e, queiram deus e as santanetes, tudo voltará à normalidade.
28.8.04
Um barco contra a interrupção voluntária do diálogo
[voltou o soundbyte, voltaram as posições extremadas. mas a visita do barco do aborto merecia mais que um portas-avião a reboque do facilitismo. e mais do que a mera agitação das águas. com o país a banhos, retomo um texto que publiquei a 2 de Junho na escandalosamente católica «terra da alegria»]
Há um debate por fazer na sociedade portuguesa - o do aborto. Longe do soundbyte que foram os momentos legislativos e o referendo de 1998. Assente a poeira, retomo esta questão, por me parecer importante reflecti-la a partir de um lugar como esta Terra.
A interrupção voluntária de diálogo joga-se entre a barriga em que só a mulher manda e uma concepção da vida que, no limite, pode excluir outras vidas. Não parece nunca haver um caminho diverso destes que opte, serenamente, por encontrar uma tábua de compromisso - necessária e desejável. Quanto a mim, não é contraditório afirmarmo-nos «pela vida» e simultaneamente procurar-desejar-conseguir a despenalização da mulher.
Explico melhor a recusa da habitual "dicotomia" que tem prevalecido nas discussões sobre o aborto. Recuso a ideia de que é a mulher quem manda na sua "barriga". Com este argumento, há uma desresponsabilização séria do papel do homem na vida a dois. Já bastam as situações em que deliberadamente o homem foge a essas responsabilidades. Mas também não entendo o carácter categórico com que se defende a vida nestas paragens e se desdenha dela em situações concretas de todos os dias.
A pobreza extrema é tolerada, a pena de morte eventualmente aceitável, aquela raça de ciganos e pretos roubam-nos tudo: posso estar a ser injusto, mas já ouvi às pessoas cheias de boas intenções este tipo de afirmações. A Igreja Católica é, pois, bem mais afirmativa "nesta" defesa da vida do que em outros momentos, que nos exigem (também) muito.
Não é fácil procurar um terceiro caminho. Na via legal - aquela onde acaba por se jogar a discussão do aborto - tivemos recentemente uma proposta que, pelo menos, tentou estabelecer pontes. O insuspeito Diogo Freitas do Amaral, antigo dirigente do CDS e professor de Direito, procurou «despenalizar a mulher que aborta sem descriminalizar o aborto», em dois artigos publicados em Fevereiro e Março, na revista Visão [não disponíveis na internet].
Recordo alguns aspectos essenciais dessa proposta, por eventualmente ser desconhecida dos meus ocasionais leitores: para o jurista bastará acrescentar uma nova disposição ao artigo 142º do Código Penal («Que já se intitula - imagine-se! - "interrupção da gravidez não punível"», ironiza o próprio), com uma redacção aproximada a isto: «A interrupção voluntária da gravidez praticada, a pedido da mulher grávida, fora dos casos previstos neste artigo, e até às 12 semanas de gravidez, presumir-se-á ocorrida em estado de necessidade desculpante, com dispensa da pena, salvo se o Ministério Público apresentar prova concludente em contrário».
Permitam-me ainda duas pinceladas mais para melhor compreender o enquadramento deste possível debate. Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda (partido que defende a legalização), na altura, reagiu dizendo que «a diferença é, a partir desta proposta, já muito curta, entre o que propomos e o que diz o professor Freitas do Amaral. Mas temos condições para ir mais longe».
O mais longe de uns pode não ser o de outros, mas como então alertava Freitas, o país só tem «a perder», se se mantiver o «método "ou tudo ou nada" (que até aqui tem sido utilizado de ambos os lados)». E defendia o «método da busca do "consenso possível"». Vamos retomar o diálogo?
[nota final: ao contrário do que muitos dizem e pensam, também nesta matéria há "muitas igrejas" e outras perspectivas católicas sobre o tema: «Teólogo católico diz que aborto não é sempre homicídio»]
Há um debate por fazer na sociedade portuguesa - o do aborto. Longe do soundbyte que foram os momentos legislativos e o referendo de 1998. Assente a poeira, retomo esta questão, por me parecer importante reflecti-la a partir de um lugar como esta Terra.
A interrupção voluntária de diálogo joga-se entre a barriga em que só a mulher manda e uma concepção da vida que, no limite, pode excluir outras vidas. Não parece nunca haver um caminho diverso destes que opte, serenamente, por encontrar uma tábua de compromisso - necessária e desejável. Quanto a mim, não é contraditório afirmarmo-nos «pela vida» e simultaneamente procurar-desejar-conseguir a despenalização da mulher.
Explico melhor a recusa da habitual "dicotomia" que tem prevalecido nas discussões sobre o aborto. Recuso a ideia de que é a mulher quem manda na sua "barriga". Com este argumento, há uma desresponsabilização séria do papel do homem na vida a dois. Já bastam as situações em que deliberadamente o homem foge a essas responsabilidades. Mas também não entendo o carácter categórico com que se defende a vida nestas paragens e se desdenha dela em situações concretas de todos os dias.
A pobreza extrema é tolerada, a pena de morte eventualmente aceitável, aquela raça de ciganos e pretos roubam-nos tudo: posso estar a ser injusto, mas já ouvi às pessoas cheias de boas intenções este tipo de afirmações. A Igreja Católica é, pois, bem mais afirmativa "nesta" defesa da vida do que em outros momentos, que nos exigem (também) muito.
Não é fácil procurar um terceiro caminho. Na via legal - aquela onde acaba por se jogar a discussão do aborto - tivemos recentemente uma proposta que, pelo menos, tentou estabelecer pontes. O insuspeito Diogo Freitas do Amaral, antigo dirigente do CDS e professor de Direito, procurou «despenalizar a mulher que aborta sem descriminalizar o aborto», em dois artigos publicados em Fevereiro e Março, na revista Visão [não disponíveis na internet].
Recordo alguns aspectos essenciais dessa proposta, por eventualmente ser desconhecida dos meus ocasionais leitores: para o jurista bastará acrescentar uma nova disposição ao artigo 142º do Código Penal («Que já se intitula - imagine-se! - "interrupção da gravidez não punível"», ironiza o próprio), com uma redacção aproximada a isto: «A interrupção voluntária da gravidez praticada, a pedido da mulher grávida, fora dos casos previstos neste artigo, e até às 12 semanas de gravidez, presumir-se-á ocorrida em estado de necessidade desculpante, com dispensa da pena, salvo se o Ministério Público apresentar prova concludente em contrário».
Permitam-me ainda duas pinceladas mais para melhor compreender o enquadramento deste possível debate. Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda (partido que defende a legalização), na altura, reagiu dizendo que «a diferença é, a partir desta proposta, já muito curta, entre o que propomos e o que diz o professor Freitas do Amaral. Mas temos condições para ir mais longe».
O mais longe de uns pode não ser o de outros, mas como então alertava Freitas, o país só tem «a perder», se se mantiver o «método "ou tudo ou nada" (que até aqui tem sido utilizado de ambos os lados)». E defendia o «método da busca do "consenso possível"». Vamos retomar o diálogo?
[nota final: ao contrário do que muitos dizem e pensam, também nesta matéria há "muitas igrejas" e outras perspectivas católicas sobre o tema: «Teólogo católico diz que aborto não é sempre homicídio»]
Batalha naval
Não me lembro do Governo português ter impedido a entrada de barcos, como petroleiros de casco único ou navios de cargas nucleares e afins, em águas territoriais por questões de «saúde pública». Apenas o moribundo "Prestige" (e este não vale porque foi graças à intervenção divina de Nossa Senhora de Fátima).
Há um outro barco que me lembro de ter sido barrado com terra à vista: o Lusitânia Express, nas costas de Timor, pelo regime ditatorial de Suharto.
Há um outro barco que me lembro de ter sido barrado com terra à vista: o Lusitânia Express, nas costas de Timor, pelo regime ditatorial de Suharto.
Encontro em beleza
Uma vírgula encontra um poeta e desenham novas palavras, um jornalista deseja uma margarida e criam outras vidas: o primeiro casamento da blogosfera.
27.8.04
Elogio da beleza
A mãe da Sara fez anos. Pelos relatos lá de casa quase que podia confirmar (em terceira mão) que é verdade o que ali se escreve. O que se confirma é a beleza de um texto que é uma declaração de amor. Em tempos, o mais perto que consegui fazer foi uma K7 em que gravei «o sorriso louco das mães» (cantada/declamada pelos «Poetas») e outras coisas fantásticas. Mas só o fiz pelas palavras dos outros. As minhas entopem-se quando falo dos meus pais.
Early afternoon blog
O café não resolveu o que o ben-u-ron poderá aplacar. Mas a verdade deste dia encontrei-a na esplanada: «Um homem devia nascer com trinta anos feitos».
26.8.04
Verão assim
Há um ano diziamos do nosso gosto pelo Verão. Sobre Emanuelle Béart, escrevíamos: «O que nos vale é a França. Bem podem os americanos mudar o nome das "french fries" para "freedom fries" que nunca terão esta bela impertinente.» Depois da libertação, cozinhadas mais mentiras, sem Mel Lisboa ou Jennifer Connely por perto, preferimos recordá-la. Porque está aí «Nathalie». Porque sim.
O Mundo todo lá em casa
É uma proposta engraçada, para um ano diferente. Para quem tem filhos, ou nem por isso. Para quem é casado ou talvez não. Para quem tem uma casa enorme ou mora num pequeno apartamento. Para quem acha que o mundo não acaba em Vilar Formoso nem nas revistas da Hola. A proposta é receberem um estudante estrangeiro lá em casa.
25.8.04
TSFless
Dói ouvir Aníbal Cabrita, uma das melhores vozes e um dos melhores animadores da rádio portuguesa, a despejar a playlist com a Tracy Chapman ou nostalgias de êxito mínimo garantido nas ondas de sucesso da TSF.
Blogless
Tenho lido os blogues de que mais gosto (quase) diariamente - e dos outros todos. Mas mantenho-me afastado das polémicas, das "postas" de que todos falam. Há um nível de insulto e de intolerância que reflecte o que se vive todos os dias em Portugal. Nunca foi tão baixo o discurso político e social. Não admira. A mediocridade está instalada no poder. A sociedade boceja e o debate torna-se muitas vezes boçal.
No meio disto: tremo só de imaginar a blogosfera sem as histórias açorianas de luz e mar ou os doces lá da casa de Ana Sá Lopes no Glória Fácil. Mesmo com promessas de uma Julinha a escrever com a sua "password".
No meio disto: tremo só de imaginar a blogosfera sem as histórias açorianas de luz e mar ou os doces lá da casa de Ana Sá Lopes no Glória Fácil. Mesmo com promessas de uma Julinha a escrever com a sua "password".
O país não tem Governo desde Junho e Sampaio ainda não reparou
O primeiro-ministro foi de férias para Ibiza. O ministro Morais Sarmento vai tomar uma decisão fundamental para o estado da Nação: se um jogo de futebol é transmitido em canal aberto ou não. O ministro dos Assuntos Parlamentares, com a Assembleia da República fechada, veio esclarecer que as nomeações de assessoras de imagem, secretárias, motoristas são menos que os do Governo de Guterres. O ministro do Mar continua a despachar a banhos no forte de São Julião da Barra. A ministra da Educação iniciou a limpeza da influência nefasta na sua casa dos filhos de Rosseau, prolongando as férias grandes para os três meses de antigamente. O ministro dos Transportes, que nunca se transportou num autocarro ou comboio, lá vem dizer que é preciso aumentar os preços dos transportes públicos, com o patrocínio da Deco e a objecção da Direcção do Património.
24.8.04
A velhinha G3 vai acabar
Agora é que parece que é. A G3 do Exército português, que se passeou de cravo no cano, no 25 de Abril, vai ser substituída: Paulo Portas despachou hoje a criação de uma comissão de seis elementos, para preparar e conduzir o concurso de aquisição de 24500 novas pistolas-metralhadoras, metralhadoras ligeiras e espingardas automáticas para o Exército substituir a espingarda G-3, da década de 1960. E não se podia acabar com as armas todas?
Como se diz bem-vindo em japonês?
Chegou até nós alguém vindo de «Abiko, Chiba, Japan». O senhor M.Satou tem 56 anos, o seu signo é caranguejo e nasceu no ano do rato (vá lá saber-se o que isto é!). E pode ser visitado na sua «forest pen». Vale a pena pousar naquele lugar lost in translation.
Olimpinices (III)
Que o miserável futebol olímpico tenha sido dos poucos desportos merecedores de transmissão na RTP1 - aquela modalidade que não é «serviço público», nas palavras do presidente lá da casa - não preocupa quem manda nestas coisas. Nem jornalistas, nem políticos, ninguém. Devem pensar todos como Vasco Pulido Valente que, no fim-de-semana, escrevia que os Jogos só interessavam a Sampaio (e a mim, pensei eu). Saiu-lhe o Obikwelu pela culatra! Mas, quando se vê a manchete de hoje do Jornal de Notícias, percebe-se (e concorda-se com VPV num aspecto): o futebol continua a secar tudo em volta.
23.8.04
O programa político da RTP
Há claramente um programa político no serviço público da RTP de Morais Sarmento. Uma das modalidades desportivas preferidas da esquerda portuguesa (quase) não passa na televisão, nestes tempos olímpicos...
20.8.04
Não esquecer
Comprar no hiper/FNAC
- 20 microcassetes Sony MC-60, para substituir as outras
- telemóvel, com gravador incorporado
- «Novo Código das Custas Judiciais» (ver cap. "providências cautelares")
- algodão para limpar cabeças do gravador
- cotonetes
Coisas a fazer
- consultar código deontológico no site do SJ (o Jota diz que vale a pena ler!)
- pagar quotas do Sindicato em atraso (foram uns compinchas)
- deitar para o lixo colecções antigas do "Indy"
- telefonar ao Lino (pedir-lhe desculpa)
- agradecer ao Eduardo
Pedir post-its! (para escrever estas listas)
[pequena folha de um bloco A6 "Castelo", encontrada na Av. João Crisóstomo, em Lisboa, assinada por Octávio L.]
- 20 microcassetes Sony MC-60, para substituir as outras
- telemóvel, com gravador incorporado
- «Novo Código das Custas Judiciais» (ver cap. "providências cautelares")
- algodão para limpar cabeças do gravador
- cotonetes
Coisas a fazer
- consultar código deontológico no site do SJ (o Jota diz que vale a pena ler!)
- pagar quotas do Sindicato em atraso (foram uns compinchas)
- deitar para o lixo colecções antigas do "Indy"
- telefonar ao Lino (pedir-lhe desculpa)
- agradecer ao Eduardo
Pedir post-its! (para escrever estas listas)
[pequena folha de um bloco A6 "Castelo", encontrada na Av. João Crisóstomo, em Lisboa, assinada por Octávio L.]
Um cenário
«Pedro Santana Lopes tem Morais Sarmento e uma "central de informação" a trabalhar para o governo e para si próprio; e certamente um assessor de imprensa; e agora uma funcionária da Lux para o promover a ele em exclusivo, provavelmente no glorioso mundo que se toma por "sociedade" e se compõe de anónimos muito conhecidos por razão nenhuma. Imitando o chefe, os ministros também querem assessores. A ministra da Cultura, Maria João Bustorff, parece que arranjou três; e António Mexia também. Dizem os jornais que a ministra da Educação e o ministro da Justiça reclamam dois. O novo regime começa a mostrar aquilo que é: uma agência publicitária, como foi a Câmara de Lisboa no tempo de Santana Lopes - nunca ninguém fez tão pouco e tão mal com tanto espalhafato. Tudo isto até certo ponto se compreende. Bagão Félix congelou as "despesas de funcionamento" e só deixa investir, em geral e em condições muito especiais, uma verdadeira insignificância. Vai haver por aí muito ministério sem vintém, parado e melancólico, a matar aplicadamente moscas. Neste aperto, os governos costumam inventar a "obra" que não fizeram. Um decreto, por exemplo, sai de graça, desde que não seja aplicado. Uma inspecção pela província (a pontes, museus, por aí fora) mostra amor do povo e grande zelo, e fica pelo preço do gasóleo (ou da gasolina). Ir à "Europa" ou a enterros, "reorganizar" serviços no papel ou comungar ardentemente com o futebol (ou a arte) são truques baratíssimos e caem sempre bem. Em princípio, toda a espécie de fantochada serve, se existirem assessores de imprensa e eles conseguirem a "cobertura" da coisa: na televisão, na rádio ou nos jornais. Portugal está a caminho de se tornar uma "aldeia Potemkin", um cenário de teatro sem nada atrás. Mas, francamente, quem esperava mais?»
Vasco Pulido Valente, no Diário de Notícias, de hoje [sublinhados nossos].
Vasco Pulido Valente, no Diário de Notícias, de hoje [sublinhados nossos].
Olimpinices (II)
Desisto. Os Jogos Olímpicos eram a oportunidade de ver jogos de hóquei em campo. Pelo menos, de quatro em quatro anos, tirava a barriga de miséria com alguns (sempre poucos) jogos. Num país, onde o hóquei em patins tem tantos adeptos, não se percebe o desprezo à disciplina em campo relvado. Mas, este ano, os canais televisivos têm ignorado olimpicamente a modalidade, e apenas se entrevêem algumas jogadas espectaculares nos resumos diários da Eurosport. Pouco, muito pouco...
19.8.04
No escurinho do cinema
A Rita desafiou os amigos para um desafio: um blogue de cinema. Feito com prazer por quem gosta de ver cinema. O resultado é Cinerama. E por lá poderão começar a encontrar-me.
Agosto sem gosto
Ontem não consegui cortar o cabelo, a barbearia que hoje insistem chamar de cabeleireiro foi de férias. E hoje não me devia ter pesado na balança. O sol continua pouco a pino e não há quem queira fazer a revolução, como cantava a canção. Há quem prefira acreditar que o Zé Maria, coitado!, anda a passear nu em Lisboa, e ainda não acredito que Santana é mesmo primeiro-ministro, dizem-me várias vezes ao dia. Estranhos tempos estes em que as cassetes já tinham passado de moda, os cêdês e os dêvêdês é que valem a pena, e agora só se falam das velhinhas que nem nos carros se ouvem, por isso mais vale destruí-las do que guardá-las, que já ficaram demasiado tempo guardadas. Ah!, e aquele sms matinal que aqui pus ontem não fui eu que o recebi. Tá de chuva, é o que é.
18.8.04
17.8.04
Para não nos esquecermos do Verão...
«...É casta, eu sei, se é virgem ou não depende da vossa fantasia.»
Fora do Verão
Pedro Mexia anunciava a 1 de Agosto o «summer in the city»: «Chegou Agosto. Vão algarviar, quase todos. "Como é excelente ficar em Lisboa" etc etc (conhecem o discurso, não me vou repetir). As mulheres vestidas e despidas para o Verão (conhecem o discurso, vou-me repetir muitas muitas vezes).» Deve ser do Verão frouxo: Mexia não se tem repetido.
Os olhos de cá
Para que se perceba. Podemos e devemos falar da Venezuela. Quando falo dos olhos de cá é por achar que se transforma este debate (necessariamente ideológico) sobre a Venezuela e Chávez num confronto parlamentar entre PSD/CDS (maioria governamental) e PS/BE/PCP (oposição), esquecendo o contexto daquele país (e as eleições ganhas por Chávez, noutras ocasiões).
Nota: há amigos mais certeiros e desenvoltos que eu. Leiam aqui, aqui ainda e aqui também.
Nota: há amigos mais certeiros e desenvoltos que eu. Leiam aqui, aqui ainda e aqui também.
Alguém tem as chaves?
Acho graça que se analise a situação da Venezuela com os olhos de cá. Não faço ideia se a Venezuela vive pior ou melhor. Os retratos são parciais, mesmo nos jornais. Mas, quem argumenta com a legitimidade dos votos para a situação portuguesa (sim, falo da tomada do poder pelo não eleito Santana), duvida da legitimidade dos votos para a continuidade de Hugo Chávez no poder. Afinal, em que ficamos? A democracia é uma coisa descartável, para se usar apenas quando os resultados interessam? Assim parece, lendo a direita portuguesa.
Diogo Mainardi, o banal
«O Brasil é ruim. Poderia ser pior. Frank Williams, dono de uma escuderia de automobilismo, disse recentemente que Ayrton Senna sonhava em se eleger presidente da República. Como se não bastasse nosso atual presidente. Reli velhas entrevistas de Senna para tentar adivinhar como seria sua eventual administração. A matéria é vaga. Inegavelmente, ele entendia de motores. E entendia de pistas. Quando não estava falando de motores ou pistas, perdia-se em banalidades imprestáveis. Essas banalidades eram pronunciadas de maneira pausada, meditada.» [Diogo Mainardi, in Veja] - este brasileiro é o homem que causa furor entre a nossa direita, a mesma direita que critica as banalidades de Michael Moore.
16.8.04
Escuta involuntária
A mulher nos seus 40 anos, de tailleur creme, atende o telefone. É impossível não a ouvir, no pequeno autocarro. E logo todos os passageiros ficam a saber do Diogo que está com a Teresinha, que já não o via há muito, da Prainha que é óptima, da doença da Ana e do negócio que ela vai fechar daí a instantes, chegue o autocarro ao destino. A sala lá de casa é cada vez mais o autocarro, a rua, o metro...
Parabéns (um post em círculos)
A Madonna faz hoje 46 anos, lembra-nos a Sara. Para mim, mais importante que a senhora da cabala é a Sara fazer hoje anos. Ausente no Algarve, posta em sossego, não me vai ler, por isso vou ter de lhe telefonar. E não, esta Sara que celebra o aniversário, não é a mesma Sara que nos anuncia o aniversário de Madonna. Parabéns, miúda!
Jogos de praia
Pergunta-nos a bomba inteligente por que é o vólei de praia uma modalidade olímpica? A resposta é dada pela própria: permite uns bonecos óptimos aos fotógrafos, como poucas outras modalidades... Alguém se lembra de fotos de futebol feminino ou halterofilismo de senhoras?
Lamúrias
O vento, a comida, o árbitro, a água. Os nossos atletas olímpicos lá vão culpando os outros pelas suas derrotas. Não podiam dizer simplesmente que «os outros são melhores»?
Estranha produtividade (o fim)
O buraco não foi tapado no dia 7 de Agosto. Apenas a 13 de Agosto. De sábado, 24 de Julho, a sexta-feira, 13 de Agosto: 20 dias para fazer uma pequena reparação.
Olimpinices
1. A cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos começou a ser transmitida na RTP1. Foi interrompida às 20 horas, para ser transmitido o Telejornal. Nos outros dois canais olímpicos, a Dois e a RTPN, nada: um exibia "bonecos", o outro culinária. Valeu-nos o Eurosport. Alguém falou em serviço público?
2. A primeira e única medalha portuguesa veio de onde menos se esperava. Do ciclismo. Por isso, soube melhor!
3. No momento das medalhas, todos nos recordamos: «Gold medal: Carlos Lopes, Portugal». Agora, não pudemos ouvir «Silver medal: Sérgio Paulinho, Portugal». O jornalista "abafando" o som local gritava ao pai do jovem ciclista: «O que é que sente?»...
2. A primeira e única medalha portuguesa veio de onde menos se esperava. Do ciclismo. Por isso, soube melhor!
3. No momento das medalhas, todos nos recordamos: «Gold medal: Carlos Lopes, Portugal». Agora, não pudemos ouvir «Silver medal: Sérgio Paulinho, Portugal». O jornalista "abafando" o som local gritava ao pai do jovem ciclista: «O que é que sente?»...
13.8.04
Não se incentivem más práticas
- Número de vezes em que aparece a palavra pobreza aparece nas 229 páginas do Programa do XVI Governo Constitucional: 1 (uma);
- Número de vezes em que aparece a palavra sinergias: 7 (sete);
- Número de vezes em que aparece a palavra incentivo: 33 (trinta e três).
[in Partículas Elementares]
- Número de vezes em que aparece a palavra sinergias: 7 (sete);
- Número de vezes em que aparece a palavra incentivo: 33 (trinta e três).
[in Partículas Elementares]
Tá lá?
Um jornalista faz um telefonema e ouve inevitavelmente a piadinha com risinhos à mistura: «Não está a gravar, pois não?»
Curioso livro
«A deontologia dos jornalistas portugueses», de Sara Pina, assessora da Procuradoria-Geral da República.
12.8.04
Portugal, 2 - Iraque, 4
Quatro armas de destruição maciça iraquianas vistas por portugueses. E agora, Mr. Nobody, invade-se?
[actualização - um título alternativo: «A cimeira das Lajes está vingada»]
[actualização - um título alternativo: «A cimeira das Lajes está vingada»]
[forward]
Sem imaginação, pensar um país menos pobre, o nosso. E sonhar um outro mundo, este. Saltar dez anos e descobrir que Santana Lopes foi devidamente apeado em eleições, que tinha inicialmente evitado. Perceber que os julgamentos dos casos mais mediatizados do início do século XXI estavam, há muito, resolvidos com os culpados condenados e os inocentes absolvidos. Abrir o jornal e ler na secção «Efemérides» um "fait-divers" de 2004 que levou à demissão de um director da PJ e à limpeza do nome de quem tinha sido caluniado, mas também à discussão sobre um jornalismo que terá sempre falhas, mas poderá ser cada vez mais exigente. Apagar a televisão depois da reportagem sobre as comemorações da paz no Iraque, nas fronteiras israelo-palestinianas, no Afeganistão, no interior do Sudão, e da independência do Sara Ocidental e da Tchetchénia, e da vitória da liberdade em Angola, Cuba, Rússia, Zimbabwe, Arábia Saudita, Venezuela, e da vitória da inteligência nos EUA e na União Europeia. Um enjoo este nosso mundo? Talvez, mas tão melhor...
Cantinho do hooligan
Del Neri foi treinador do FC Porto dois meses. Victor Fernandez não durou um dia.
Folias de Agosto
«Entretanto, para que a comédia de verão não espere, o inefável jornalista Octávio, do pasquim Correio da Manhã, promove sem qualquer rebuço judicial, providências cautelares, ridicularizando tudo e todos. Por sua vez, o sr. Óscar do Sindicato anunciou qualquer coisa que ninguém entendeu, entre aventuras para jornalistas em começo de carreira e verduras protestatórias que ofusca a inteligência, enquanto a PGR lança sobre a nossas malabrutas cabeças um espantoso texto, da mais pura e casta insanidade. Como são de folia as tardes de Agosto.» - do Almocreve das Petas.
«A guerra acabou»
A 1 de Maio de 2003. Disse Bush. Também temos de acreditar? Ou seremos perigosos pequenos moores se duvidarmos?
Máscaras
Oscar Mascarenhas é uma figura incontornável do jornalismo português. Goste-se ou não. Foi presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas anos a fio, e voltou a sê-lo depois de um curto mandato de António Jorge Branco. Entre os jornalistas, há quem aprecie, há quem o deteste. Sempre ouvi piadas às suas opiniões excessivamente deontológicas, sobretudo de jornalistas mais novos ou daqueles que têm a sua própria cartilha. Agora - apenas porque dá jeito - fazem-se manchetes e invoca-se a opinião de Mascarenhas. Quem fez tanta manchete reprovável (condenável, sem olhar a deontologia alguma!), quem ouviu das boas por causa dessa coisa que só interessa para encher a boca, agora faz-se de virgem ofendida. As máscaras caíram.
11.8.04
Divertimento em dó maior
«Muito divertida toda esta história sobre as gravações das conversas de um jornalista do Correio da Manhã com personalidades do mundo judiciário sobre o processo Casa Pia. É giro ver alguns dos que, aqui há alguns meses, não pestenejaram em publicitar as gravações de algumas personalidades políticas, como Ferro Rodrigues, venham agora gritar, como virgens ofendidas, contra a eventual publicação destas conversas... Porque será?
Talvez por, com essa publicação, dever ficar claro quem é que afinal estava a "cagar-se" para o segredo de justiça. Se calhar, o próprio director-geral da PJ...
Muito divertido, de facto...»
Duarte Moral, in Golpes de Vista
Talvez por, com essa publicação, dever ficar claro quem é que afinal estava a "cagar-se" para o segredo de justiça. Se calhar, o próprio director-geral da PJ...
Muito divertido, de facto...»
Duarte Moral, in Golpes de Vista
Perguntas em surdina (sob o guarda-chuva)
«1. Um jornalista gravou conversas sem que os gajos que estavam a falar com ele soubessem.
2. Vai daí, guardava as cassetes num armário, numa gaveta, no jornal dele.
3. Alguém lhe gamou as cassetes - diz o jornalista.
4. Ninguém ainda sabe QUANDO é que lhe palmaram as ditas. O que se sabe é que na sexta-feira passada foi apresentar queixa à polícia. Ora, das duas uma:
4a. Ou lhe gamaram aquilo na quinta ou sexta e o homem assustou-se e foi a correr à polícia;
4b. Ou não abre a gaveta há muito tempo e as cassetes esfumaram-se (o que é estranho, pois anda aí muita cassete do ZX Spectrum ainda a funcionar);
4c. Já lhe tinham palmado as cassetes há meses mas só agora, perante a macacada das notícias, fez queixa.
5. Entre a chuva, demitiu-se o director da PJ, Adelino Salvado. Porquê?
6. E, para fechar, ainda ninguém sabe que raio há nas cassetes, mas a revista Focus já levou uma palmada. De facto, é publicidade à borla. E um sinal estranhíssimo do que é justo num País preso à legalidade.
Noutros tempos, havia páginas em branco ou um aviso: "Revisto pela Censura". Ou "Censurado".»
Primo Galarza, com a mania de fazer perguntas... nos Galarzas.
2. Vai daí, guardava as cassetes num armário, numa gaveta, no jornal dele.
3. Alguém lhe gamou as cassetes - diz o jornalista.
4. Ninguém ainda sabe QUANDO é que lhe palmaram as ditas. O que se sabe é que na sexta-feira passada foi apresentar queixa à polícia. Ora, das duas uma:
4a. Ou lhe gamaram aquilo na quinta ou sexta e o homem assustou-se e foi a correr à polícia;
4b. Ou não abre a gaveta há muito tempo e as cassetes esfumaram-se (o que é estranho, pois anda aí muita cassete do ZX Spectrum ainda a funcionar);
4c. Já lhe tinham palmado as cassetes há meses mas só agora, perante a macacada das notícias, fez queixa.
5. Entre a chuva, demitiu-se o director da PJ, Adelino Salvado. Porquê?
6. E, para fechar, ainda ninguém sabe que raio há nas cassetes, mas a revista Focus já levou uma palmada. De facto, é publicidade à borla. E um sinal estranhíssimo do que é justo num País preso à legalidade.
Noutros tempos, havia páginas em branco ou um aviso: "Revisto pela Censura". Ou "Censurado".»
Primo Galarza, com a mania de fazer perguntas... nos Galarzas.
Breves notas à chuva
Na loja. Há empresas que põem os seus funcionários a propagandear as suas campanhas. Uma medida na mouche quando a empregada roliça se passeia pela loja com a t-shirt a prometer a «garantia de preço mínimo».
Às compras. Na loja de produtos de beleza peço um determinado produto. Desisto, quando a menina muito solícita me diz que aquele tem um desodorante muito bom...
A paragem do autocarro. Não se percebe a utilidade do design quando a paragem de autocarro cheia de frestas, muito arejada, deixa passar a chuva toda. Os desenhadores não andam de autocarro.
Na paragem do autocarro. Toca o telemóvel ao som de menos ais, menos ais. Depois de tudo o que aconteceu, a música é quase arqueologia. Ao lado, um homem explica a uma mulher porque gostou do filme: «Tinha história».
No autocarro. A mulher negra entra no autocarro com um bebé no carrinho. O funcionário da Lisboa Transportes mostra a mediocridade deste pobre país, o nosso: «Na sanzala andava com eles às costas, aqui andam de mercedes».
Às compras. Na loja de produtos de beleza peço um determinado produto. Desisto, quando a menina muito solícita me diz que aquele tem um desodorante muito bom...
A paragem do autocarro. Não se percebe a utilidade do design quando a paragem de autocarro cheia de frestas, muito arejada, deixa passar a chuva toda. Os desenhadores não andam de autocarro.
Na paragem do autocarro. Toca o telemóvel ao som de menos ais, menos ais. Depois de tudo o que aconteceu, a música é quase arqueologia. Ao lado, um homem explica a uma mulher porque gostou do filme: «Tinha história».
No autocarro. A mulher negra entra no autocarro com um bebé no carrinho. O funcionário da Lisboa Transportes mostra a mediocridade deste pobre país, o nosso: «Na sanzala andava com eles às costas, aqui andam de mercedes».
10.8.04
Uma cassete nortenha...
jornalista - Tou.
fonte - (...)
jornalista - Sou.
fonte - (...)
jornalista - Bou.
fonte - (...)
jornalista - Olha, desligou...
fonte - (...)
jornalista - Sou.
fonte - (...)
jornalista - Bou.
fonte - (...)
jornalista - Olha, desligou...
Genocídios: um (outro) Darfur próximo de nós
Darfur está aí. Como o Ruanda, silencioso, nos anos 90. Apesar do ruído que alguns se atrevem a fazer, o assunto teima em ficar esquecido na terceira parte do telejornal ou num canto do jornal. Durante anos, alguns poucos também fizeram ruído por Timor-Leste contra o derrotismo de muitos que apostavam na solução realpolitik: entregava-se aquilo à Indonésia, "eles são poucos, estão muito longe", garantiam-se uns quantos direitos e algumas liberdades e ficavam as consciências tranquilas.
Não foi possível - os mortos acabavam por falar sempre mais alto. E com Timor descobriram-se outros timores, novos temores: o Sara Ocidental, um espinho de areia encravado entre o mar e o deserto argelino, de Marrocos à Mauritânia, antiga possessão espanhola, terra de Massília, «estéril costa».
De Espanha, nem bom vento, nem boa diplomacia: José Luís Zapatero - sim, ele! - deixou-se enredar na cantiga do rei bom, autor de fracas aberturas políticas, e com a realpolitik debaixo do braço dá a mão a quem, como os indonésios, espezinha o direito internacional.
Como em Timor-Leste. Como no Darfur. O genocídio aqui escreve-se com palavras mais suaves, com armas menos mortais, sem testemunhas. Empurram-se os nativos para lá do muro de segurança - um muro mais!, que não apaga a obscenidade do muro de Israel, nem a de outros - que Marrocos vai construindo em torno daquele pedaço de areia encostado ao mar. Aos sarauis, no deserto da Argélia, sem apoio internacional e com a condescendência argelina, resta sobreviver... mal. Sem país e sem liberdade (a uns quilómetros, vê-se o muro, e soldados que o guardam).
Darfur tem agora os olhos postos nele. Tarde e más horas: já morreram muitos, demasiados. Mas pouco sobra na nossa indignação sazonal para olhar o mundo. À direita atiram-se piadas sobre a esquerda que esquece Darfur e só se lembra do Iraque. Como se o mal de uns fosse maior que o de outros. Não há escalas para o Mal. No Darfur dos dias de hoje, em Timor-Leste antes da independência. No Ruanda dos anos 90, ou no Sara Ocidental, esquecido na foto.
Não foi possível - os mortos acabavam por falar sempre mais alto. E com Timor descobriram-se outros timores, novos temores: o Sara Ocidental, um espinho de areia encravado entre o mar e o deserto argelino, de Marrocos à Mauritânia, antiga possessão espanhola, terra de Massília, «estéril costa».
De Espanha, nem bom vento, nem boa diplomacia: José Luís Zapatero - sim, ele! - deixou-se enredar na cantiga do rei bom, autor de fracas aberturas políticas, e com a realpolitik debaixo do braço dá a mão a quem, como os indonésios, espezinha o direito internacional.
Como em Timor-Leste. Como no Darfur. O genocídio aqui escreve-se com palavras mais suaves, com armas menos mortais, sem testemunhas. Empurram-se os nativos para lá do muro de segurança - um muro mais!, que não apaga a obscenidade do muro de Israel, nem a de outros - que Marrocos vai construindo em torno daquele pedaço de areia encostado ao mar. Aos sarauis, no deserto da Argélia, sem apoio internacional e com a condescendência argelina, resta sobreviver... mal. Sem país e sem liberdade (a uns quilómetros, vê-se o muro, e soldados que o guardam).
Darfur tem agora os olhos postos nele. Tarde e más horas: já morreram muitos, demasiados. Mas pouco sobra na nossa indignação sazonal para olhar o mundo. À direita atiram-se piadas sobre a esquerda que esquece Darfur e só se lembra do Iraque. Como se o mal de uns fosse maior que o de outros. Não há escalas para o Mal. No Darfur dos dias de hoje, em Timor-Leste antes da independência. No Ruanda dos anos 90, ou no Sara Ocidental, esquecido na foto.
9.8.04
(blogorápidas)
1. A Glória Fácil faz-se há um ano. E foi um ano de bons encontros, melhores descobertas.
2. Sentir o mar, ir a banhos, nossa senhora da Volúpia ou mamas com alma.
3. «Mau sinal na economia daquilo que o primeiro-ministro considera necessário chamar à sua coordenação directa, não se incluíram os fogos, mas o "caso" (muito mal contado) das cassetes "roubadas" sobre o processo Casa Pia.» - Abrupto.
4. «[...] Em que medida os católicos progressistas não acabam por operar, contra a sua vontade, como uma forma de legitimação de uma estrutura conservadora [Igreja], dando-lhe a aparência de uma heterogeneidade e convivência de cosmovisões que de modo algum se reflecte nas hierarquias [...]» - nos Avatares de um Desejo, sobre o sexismo religioso.
2. Sentir o mar, ir a banhos, nossa senhora da Volúpia ou mamas com alma.
3. «Mau sinal na economia daquilo que o primeiro-ministro considera necessário chamar à sua coordenação directa, não se incluíram os fogos, mas o "caso" (muito mal contado) das cassetes "roubadas" sobre o processo Casa Pia.» - Abrupto.
4. «[...] Em que medida os católicos progressistas não acabam por operar, contra a sua vontade, como uma forma de legitimação de uma estrutura conservadora [Igreja], dando-lhe a aparência de uma heterogeneidade e convivência de cosmovisões que de modo algum se reflecte nas hierarquias [...]» - nos Avatares de um Desejo, sobre o sexismo religioso.
[rewind]
O país tem um primeiro-ministro preocupado com cassetes. O país tem jornalistas que são detectives e ex-detectives que se armam em romancistas. O país tem romancistas que escrevem light agora que só interessa o light. O país espeta-se na estrada com chuva e a chuva cai no país quando se está a banhos. O país é um gajo estranho.
Deus nos valha!
Um blogue de extrema-direita - que diz que Salazar tem lições a dar (claro que tem! de tortura, de xenofobia, de miséria social, de miopia política e económica!) - "linkou" a Cibertúlia, na categoria dos blogues «Deus nos Livre!». Não podíamos estar mais de acordo!
6.8.04
Estranha produtividade (parte III)
Foi aberto um primeiro buraco no sábado, 24 de Julho. No sábado seguinte, a 31, a obra rasgou a rua de um lado ao outro. Tapou-se o carreiro para os carros poderem circular, mas deixou-se um novo buraco na outra extremidade. Hoje, 6 de Agosto, ele lá está. À espera da intervenção de um subempreiteiro que, pelos vistos, só trabalha aos sábados.
5.8.04
As «rachas das meninas»
(uma perspectiva "sociológica")
Há dias encontrei-me para um café com o Rui. Para falarmos também das coisas que gostamos.
Não resisto agora a convocá-lo para revelar uma outra faceta de Boaventura Sousa Santos (por conta de Maria Filomena Mónica - sim, ele & ela!).
Maria Filomena Mónica revela [ontem], no Público, "O Diário Secreto de Santana Lopes com a Idade de 48 Anos", onde, às tantas afirma: «(...)o Prof. [Boaventura] Sousa Santos declarava estar "Portugal no grau zero das alternativas". Se fosse a ele, estava caladinho. Caso contrário, ainda divulgo os poemas que publicou, num livrinho chamado Têmpera, editado pela Centelha, em 1980, sobre as "rachas das meninas".»
Antecipando a ameaça, passo a transcrever, do referido livro, um excerto (o poema é longo...) da
ODE À INFÂNCIA
(...)
são muitas as horas da tarde
quando as mãos do último cigarro
esfregam em louro
o triunfo sobre a autoridade
a moral escarpada da verdura
resvala dos cerros como a lua nova
alagada de medo
escancaram-se as cancelas
das secretas construções
nas ruínas do ciclone de quarenta
trabalhos manuais sem mestre nem montra
entram chefes guerras caracóis
tesouras e pauzinhos
nas rachas das meninas
na catequese é em coro
e em filas
no escuro dos intervalos
medem-se as pilas
Boaventura tens quebranto
dois te puseram três te hão-de tirar
se eles quiserem bem podem
são as três pessoas da Santíssima Trindade
que é Pai, Filho e Espírito Santo
mexo nos anos sinto nas mãos
a moleza da cera não fere
alastra
(...)»
[in Rui Almeida]
Não resisto agora a convocá-lo para revelar uma outra faceta de Boaventura Sousa Santos (por conta de Maria Filomena Mónica - sim, ele & ela!).
Maria Filomena Mónica revela [ontem], no Público, "O Diário Secreto de Santana Lopes com a Idade de 48 Anos", onde, às tantas afirma: «(...)o Prof. [Boaventura] Sousa Santos declarava estar "Portugal no grau zero das alternativas". Se fosse a ele, estava caladinho. Caso contrário, ainda divulgo os poemas que publicou, num livrinho chamado Têmpera, editado pela Centelha, em 1980, sobre as "rachas das meninas".»
Antecipando a ameaça, passo a transcrever, do referido livro, um excerto (o poema é longo...) da
ODE À INFÂNCIA
(...)
são muitas as horas da tarde
quando as mãos do último cigarro
esfregam em louro
o triunfo sobre a autoridade
a moral escarpada da verdura
resvala dos cerros como a lua nova
alagada de medo
escancaram-se as cancelas
das secretas construções
nas ruínas do ciclone de quarenta
trabalhos manuais sem mestre nem montra
entram chefes guerras caracóis
tesouras e pauzinhos
nas rachas das meninas
na catequese é em coro
e em filas
no escuro dos intervalos
medem-se as pilas
Boaventura tens quebranto
dois te puseram três te hão-de tirar
se eles quiserem bem podem
são as três pessoas da Santíssima Trindade
que é Pai, Filho e Espírito Santo
mexo nos anos sinto nas mãos
a moleza da cera não fere
alastra
(...)»
[in Rui Almeida]
As perguntas que interessam aos oito anos
«Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo
O que significa
"Impávido colosso"?
Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem
Por que os dedos murcham
quando estou no banho
Por que as ruas enchem
quando está chovendo
Quanto é mil trilhões
vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos
Well, well, well
Gabriel...
Por que o fogo queima
Por que a lua é branca
Por que a terra roda
Por que deitar agora
Por que as cobras matam
Por que o vidro embaça
Por que você se pinta
Por que o tempo passa
Por que que a gente espirra
Por que as unhas crescem
Por que o sangue corre
Por que que a gente morre
Do que é feita a nuvem
Do que é feita a neve
Como é que se escreve
Réveillon»
[Esta música - «Oito anos» - é cantada por Adriana Partimpim, pseudónimo de Adriana Calcanhotto, que recupera um tema de Paula Toller & Dunga. Nós dedicamo-la aos amigos da Glória Fácil...]
E meu pai Botafogo
O que significa
"Impávido colosso"?
Por que os ossos doem
enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem
Por que os dedos murcham
quando estou no banho
Por que as ruas enchem
quando está chovendo
Quanto é mil trilhões
vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos
Well, well, well
Gabriel...
Por que o fogo queima
Por que a lua é branca
Por que a terra roda
Por que deitar agora
Por que as cobras matam
Por que o vidro embaça
Por que você se pinta
Por que o tempo passa
Por que que a gente espirra
Por que as unhas crescem
Por que o sangue corre
Por que que a gente morre
Do que é feita a nuvem
Do que é feita a neve
Como é que se escreve
Réveillon»
[Esta música - «Oito anos» - é cantada por Adriana Partimpim, pseudónimo de Adriana Calcanhotto, que recupera um tema de Paula Toller & Dunga. Nós dedicamo-la aos amigos da Glória Fácil...]
4.8.04
Só sei citar o que sei citar
Sócrates, por ele próprio. Ou, como diria o José, não faças aos outros o que não gostarias que fizessem a ti mesmo [peço desculpa, por eventuais imprecisões na citação].
A irmã Lúcia liga-se ao blogspot
É um blog dedicado à irmã Lúcia. Diz-nos o seu autor: «Quando vou na rua, muitos me perguntam "Porquê a irmã Lúcia?". Ao que eu sempre respondo: "Porque liga bem com blogspot, claro." Poderia perfeitamente ter escolhido rodovalho.blogspot.com, mas não soava tão bem. E jacinta-marto.blogspot.com não era nada a mesma coisa.» A ler, religiosamente.
3.8.04
À atenção do senhor ministro das Finanças...
[ou Ainda agora chegaram e já foram de férias!]
Férias: Correspondem a um período de descanso remunerado, em cada ano civil, para recuperação física e psíquica do trabalhador.
Aquisição do direito no momento da celebração do contrato;
Vencimento do direito
- Princípio geral:
§ Em 1 de Janeiro de cada ano civil, reportado ao trabalho prestado no ano anterior.
- No ano de admissão:
§ Se o início do trabalho se verificar no 1º semestre, após um período de 60 dias de trabalho efectivo o trabalhador tem direito a oito dias úteis de férias;
§ Se o início do trabalho se verificar no 2º semestre, após seis meses completos de trabalho efectivo o trabalhador tem direito a: 22 dias úteis de férias, no ano imediato.
[in Portal do Cidadão, sublinhado nosso]
Assim
- venho requerer a vossa atenção para o facto de vários trabalhadores por conta de outrém estarem a gozar férias em período indevido! Queira confirmar, s.f.f.!
Férias: Correspondem a um período de descanso remunerado, em cada ano civil, para recuperação física e psíquica do trabalhador.
Aquisição do direito no momento da celebração do contrato;
Vencimento do direito
- Princípio geral:
§ Em 1 de Janeiro de cada ano civil, reportado ao trabalho prestado no ano anterior.
- No ano de admissão:
§ Se o início do trabalho se verificar no 1º semestre, após um período de 60 dias de trabalho efectivo o trabalhador tem direito a oito dias úteis de férias;
§ Se o início do trabalho se verificar no 2º semestre, após seis meses completos de trabalho efectivo o trabalhador tem direito a: 22 dias úteis de férias, no ano imediato.
[in Portal do Cidadão, sublinhado nosso]
Assim
- venho requerer a vossa atenção para o facto de vários trabalhadores por conta de outrém estarem a gozar férias em período indevido! Queira confirmar, s.f.f.!
Fahrenheit 2004
Por estes dias, ressurge a histeria do atentado. «Alerta máximo», «ameaças credíveis», tudo pintalgado com a cara contristada do Jorge Dúbio. Dá-me ideia que a convenção democrata e as eleições de Novembro têm alguma coisa a ver com estas "notícias"...
O "soundbyte" fácil no bloguismo
É uma história exemplar: no Glória Fácil, NS queixa-se de ter passado seis horas na urgência de Santa Maria, a acompanhar uma amiga doente.
Na triagem de Manchester, que avalia a gravidade da doença, foi-lhe atribuída a cor verde. O que significa: não é uma situação de urgência. E tenho quase a certeza que não foi a cor "verde-tio" que obrigou a uma espera de seis horas. Às 18 horas, NS e a sua amiga deviam ter ido ao Centro de Saúde!
Para gritar, como faz NS, «Ó sr. Luís Filipe Pereira e ex-ministros da Saúde nos últimos 30 anos, VÃO À FAVA!» era preferível razões mais fundas! Verdadeiras urgências na Saúde!
Na triagem de Manchester, que avalia a gravidade da doença, foi-lhe atribuída a cor verde. O que significa: não é uma situação de urgência. E tenho quase a certeza que não foi a cor "verde-tio" que obrigou a uma espera de seis horas. Às 18 horas, NS e a sua amiga deviam ter ido ao Centro de Saúde!
Para gritar, como faz NS, «Ó sr. Luís Filipe Pereira e ex-ministros da Saúde nos últimos 30 anos, VÃO À FAVA!» era preferível razões mais fundas! Verdadeiras urgências na Saúde!
Um buraco maior
O pequeno buraco que continua por tapar não se compara a outro que esta manhã se abriu uns 100 metros abaixo na rua. Será desta que a Câmara cumprirá na reabilitação urbana aquilo que, há muito (quando Santana era um autarca eleito), prometeu?
Motivos para...
... um regresso adiado: Lisboa, a luz e o sol, os amigos. E, de novo, Lisboa, as livrarias e discotecas. E os amigos, de novo, a fechar. Há lá melhor que isto?!
Terras de férias
Nós continuamos por cá. Mas na Terra damos tréguas. Fica o desafio: imprimir aquelas páginas, ler devagarinho - na praia ou no sofá, no escritório ou na esplanada e protestar cá para esta casa.
Apenas estas deixas soltas, para provocar apetites ou enjoos:
i) «DEUS MORREU».
ii) «Deus não quer saber se partimos hoje um braço ou nos zangámos com a nossa namorada ou se defendemos o penalti para ir a pé a Fátima.»
iii) «Julgo que (felizmente) o que distingue a esquerda da direita é a esquerda ser necessariamente religiosa. A opção de lutar ao lado dos fracos contra os fortes é uma opção religiosa não sustentável por qualquer visão "científica" do mundo.»
iv) «Acredito, ao contrário da Direita (inclusivamente a Direita da minha Igreja), que o papel da política, de todos nós, cidadãos (e cristãos) empenhados, é o de tentar transformar o mundo. Não apenas de administrar as desigualdades e de resignar-se com a desordem das coisas.»
v) «Um pecado que é o pior dos pecados, o orgulho dos justos, convictos da sua justiça, seguros que a vida que construíram garante por si só a sua salvação.»
vi) «Sermos cristãos não torna nenhum de nós melhor que nenhum outro.»
Apenas estas deixas soltas, para provocar apetites ou enjoos:
i) «DEUS MORREU».
ii) «Deus não quer saber se partimos hoje um braço ou nos zangámos com a nossa namorada ou se defendemos o penalti para ir a pé a Fátima.»
iii) «Julgo que (felizmente) o que distingue a esquerda da direita é a esquerda ser necessariamente religiosa. A opção de lutar ao lado dos fracos contra os fortes é uma opção religiosa não sustentável por qualquer visão "científica" do mundo.»
iv) «Acredito, ao contrário da Direita (inclusivamente a Direita da minha Igreja), que o papel da política, de todos nós, cidadãos (e cristãos) empenhados, é o de tentar transformar o mundo. Não apenas de administrar as desigualdades e de resignar-se com a desordem das coisas.»
v) «Um pecado que é o pior dos pecados, o orgulho dos justos, convictos da sua justiça, seguros que a vida que construíram garante por si só a sua salvação.»
vi) «Sermos cristãos não torna nenhum de nós melhor que nenhum outro.»
2.8.04
1.8.04
Na liderança da informação?
A TSF está contente. No primeiro semestre de 2004, a TSF «teve as melhores audiências de sempre», «reforçou a sua posição como rádio de referência»... Não duvido dos dados da Marktest. Não duvido da subida da TSF. Não duvido do mérito e da competência de muitos profissionais da TSF. Duvido é da receita em que assenta este sucesso. Diz-nos o "spot" que a informação "ajudou" ao crescimento de audiência. Que informação? Aquela que é ensanduichada entre músicas de nostalgia, fóruns mulheres e bancadas centrais? Reveladoramente, o "spot" começa com uma notícia em que o jornalista é notícia: «Antes do mais, deixa-me dizer boa noite, boa noite Portugal», dizia aliviado Carlos Raleiras, depois do seu rapto frustrado no Iraque.
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