Lá fora anoitece com o rugir de uma trovoada forte, algures sobre o Tejo. Apresso o passo, para apanhar a roupa, não vá a chuva tecê-las... E trauteio Marisa. «A boiada seca/Na enxurrada seca/A trovoada seca/Na enxada seca/Segue o seco sem sacar que o caminho é seco/sem sacar que o espinho é seco/sem sacar que seco é o Ser Sol/Sem sacar que algum espinho seco secará/E a água que sacar será um tiro seco/E secará o seu destino seca/Ô chuva vem me dizer/Se posso ir lá em cima prá derramar você/Ó chuva preste atenção/Se o povo lá de cima vive na solidão/Se acabar não acostumando/Se acabar parado calado/Se acabar baixinho/chorando/Se acabar meio abandonado/Pode ser lágrimas de São Pedro/Ou talvez um grande amor chorando/Pode ser o desabotoado céu».