19.11.03

A cadeado

A Universidade de Coimbra voltou a ser fechada a cadeado. Durante as minhas férias perdi (um)a (das) maior(es) manifestação(ões) em muitos anos de estudantes. Mas os ecos que me chegaram (sobretudo na blogosfera) foi de repúdio pelo fecho a cadeado da Universidade coimbrã. É uma medida de protesto radical (sim, também eu preferia uma greve de zelo), que incomoda pelos vistos muito e muita gente (apesar de tudo, nada que se compare com os métodos de um jovem-mrpp-hoje-feito-cherne que, nos seus tempos áureos de lutador anti-burguês, chegou à sede do partido com uma camioneta carregada de móveis retirados da Faculdade de Direito). Feche-se o parêntesis, e olhemos para a realidade do ensino superior (para lá do parque de estacionamento, que tanto indigna os comentadores da nossa praça).
O que mudou em dez anos de propinas? Nada mudou na «qualidade do ensino», muito propangadeada pelo governo de então de Cavaco (e Ferreira Leite e Pedro Lynce e Durão Barroso), e muito mudou na desresponsabilização dos sucessivos governos - agravada com este, é verdade! -, na orçamentação das universidades e dos institutos politécnicos. As propinas servem hoje para pagar o papel higiénico e ordenados, não os laboratórios e as condições de excelência.
A propósito, aconselho vivamente a leitura de um texto do Barnabé (há lá outros textos, soltos, ao correr da pena, que vale a pena procurar sobre o assunto). E, à nova ministra do Ensino Superior, gostava de lhe indicar a leitura de um antigo documento, produzido pelo Conselho Nacional de Educação, algures no início da década de 90 (actualíssimo, se refrescarmos os dados estatísticos): «Manifesto sobre o Ensino Superior».