Todos têm uma família. Mesmo um solitário na cidade deve sentar-se no esconso de uma qualquer tasca a espreitar o seu Benfica. Já o Papa tem a mais fácil das famílias: enorme, gigante, um mar de gente que tem um lar, a que chama a Casa do Pai, mas que acaba por não arreliar muito. Não deixa a louça por lavar, não chega tarde a casa, não grita nem amua, não acorda com remela. Quer dizer: faz isto tudo, mas longe das janelas do Vaticano.
A família de todos os dias, do quotidiano, das arreliações e dos aconchegos, essa, por opção o Papa deixou-a para trás. Mas ainda bem que assim é: se todos gostassem do amarelo, o que seria do azul?! O que me incomoda é que Bento XVI venha do púlpito da sua casa serena defender a família, que é um-pai-uma-mãe-e-filhos-quantos-forem. Indissolúvel. Também acho, mas acho para mim. Quando casei, assumi que é assim que quero viver. Com ela, para ter filhos, queremos ter filhos, os que conseguirmos, e a vivermos todos os dias para sermos felizes. Mas não quero impor esta vida assim a quem não for feliz assim. O Papa ao falar daquela família esquece muitas outras famílias. E nestas, muitas famílias de cristãos. O Papa ao falar assim esquece que devemos incluir antes de excluir. Mais: a família, núcleo essencial das nossas comunidades, deve ser também espaço de inclusão. E se nela persistir a violência, que sentido fará mantê-la indissolúvel?
Hoje, numa realidade em que as famílias se constituem de formas tão diversas (pais divorciados, filhos que convivem com padrastos e madrastas e irmãos do "outro lado", pais solteiros, famílias homossexuais com filhos naturais e adoptivos,...), mais valia fazer o discurso onde se falha tantas vezes. Mesmo nas melhores famílias, nas famílias de todos os dias. O discurso da inclusão, do amor. Tenho ideia que há dois mil anos um tipo que incomodou consciências e se deu com os pecadores lhes disse precisamente isto. Sem defesas dogmáticas. Essas, deixo para o Buffon.
A família de todos os dias, do quotidiano, das arreliações e dos aconchegos, essa, por opção o Papa deixou-a para trás. Mas ainda bem que assim é: se todos gostassem do amarelo, o que seria do azul?! O que me incomoda é que Bento XVI venha do púlpito da sua casa serena defender a família, que é um-pai-uma-mãe-e-filhos-quantos-forem. Indissolúvel. Também acho, mas acho para mim. Quando casei, assumi que é assim que quero viver. Com ela, para ter filhos, queremos ter filhos, os que conseguirmos, e a vivermos todos os dias para sermos felizes. Mas não quero impor esta vida assim a quem não for feliz assim. O Papa ao falar daquela família esquece muitas outras famílias. E nestas, muitas famílias de cristãos. O Papa ao falar assim esquece que devemos incluir antes de excluir. Mais: a família, núcleo essencial das nossas comunidades, deve ser também espaço de inclusão. E se nela persistir a violência, que sentido fará mantê-la indissolúvel?
Hoje, numa realidade em que as famílias se constituem de formas tão diversas (pais divorciados, filhos que convivem com padrastos e madrastas e irmãos do "outro lado", pais solteiros, famílias homossexuais com filhos naturais e adoptivos,...), mais valia fazer o discurso onde se falha tantas vezes. Mesmo nas melhores famílias, nas famílias de todos os dias. O discurso da inclusão, do amor. Tenho ideia que há dois mil anos um tipo que incomodou consciências e se deu com os pecadores lhes disse precisamente isto. Sem defesas dogmáticas. Essas, deixo para o Buffon.
[Declaração escusada de interesses: sim, tenho familiares e amigos divorciados, recasados, pais e mães solteiros, pais homossexuais, filhos e filhas que têm "meios irmãos" e os consideram irmãos de sangue.]