Lisboa cheia de luz percorrida nos trilhos que os lisboetas pouco fazem, deixando lugar ao vozear constante de outras línguas. Subo ao Castelo, de autocarro para evitar a canícula. Espanhol, italiano, inglês, francês, alemão. E um casal adolescente português na idade da parvalheira. Depois desce-se a colina, chega-se à Baixa, vai suja a cidade, misturam-se as cores e os sabores de gentes de todo o lado, negros, brancos, árabes, católicos, pecadores, turistas, lisboetas, imigrantes, emigrantes, mendigos e indigentes, apressados e vagarosos. Num impulso tomo a direcção da Igreja de São Domingos. Não é sumptuosa, tem estatuária que a desfigura, velas que incomodam, preces que se queimam, mas as paredes negras e despidas do incêndio devolvem a beleza - das coisas simples. Da cidade em volta, luminosa.
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