8.2.06

Cartoonados

Afinal: o jornaleco dinamarquês que tanto defende agora a liberdade de imprensa pediu desculpas pelo uso que dela fez. Sem responsabilidade(s), o profeta foi blasfemado. É bem, gritam os liberais do(s) costume(s). Porventura, os mesmos que gritaram aqui d'el-rei quando o Papa foi preservado. Adiante, que as coerências não são para esta história.
O confronto é de civilizações. José Manuel Fernandes, director do Público, chamou-lhe «guerra de civilizações» (mais uma, acrescentamos) porque há um certo Ocidente que acha que isto só lá vai assim: a dar e levar. Dá-se nos desenhos, leva-se nas embaixadas, atira-se com a impossibilidade do diálogo, cortam-se as pontes, destroem-se os corões e as bíblias e afunilamo-nos em fortalezas inexpugnáveis, fora com os que não vivem como nós.
Já vimos: a coerência não é para esta história. A guerra é que é. Este é o mundo desenhado pela doutrina Bush, desejado pelos ayatollahs do Irão, alimentado nas mesquitas radicais de Londres ou Carachi e nos púlpitos de Copenhaga ou da Virginia. É a hora, é a hora. Mais do que nunca: estender os braços, não esconder os rostos e dizer que à guerra preferimos outra coisa. Mesmo que até lá se queimem mais bandeiras ou se desenhem mais palermices. Os radicais não podem ser desta história.