A violência das religiões dá pano para mangas. A morte de Benazir Bhutto é mais um pretexto para o discurso de agora que as religiões só matam. Em Itália, li ecos de um texto de Salman Rushdie que acusa as religiões de todos os males do mundo. Não sei que reacções mereceu por cá o texto, se é que foi lido e conhecido. Lá li algumas bem interessantes... Em todo o caso, o discurso de Rushdie não é de agora e tem uma marca pessoal indelével. Há outros autores, nomeadamente americanos, que têm insistido nesta tese para concluir que Deus não existe. Esta lógica argumentativa (a de Rushdie e a de outros) é o reverso da frase do cardeal-patriarca que anunciou que o maior drama da humanidade é o ateísmo. Todos esquecem, no equívoco destas suas posições, que uns e outros fazem o mundo avançar nas coisas boas. É verdade que os do costume falam-me da Inquisição, do Pio XII (deturpando aqui grosseiramente a História), da Al-Qaeda ou do fundamentalismo bombista na Irlanda; como os crentes atiram com o nazismo e o comunismo, tragédias maiores que a Inquisição.
Deus não se escreve nestes atentados, já o repeti, e mantenho. Quem se diz de Deus, está longe dEle quando mata assim. Como estava longe de Deus, nas fogueiras ou nas torturas das prisões chilenas ou nos campos de extermínio de Auschwitz ou dos gulags. As religiões que matam não são religiões. Como as ideologias que mataram já não eram ideologias.