7.5.07

A Igreja falangista

«O resultado destas eleições vai influenciar em muitas coisas que têm implicações morais muito importantes, como são por exemplo a segurança e a defesa da vida, o tratamento do matrimónio e da família, a educação moral da juventude, a tranquilidade e estabilidade da convivência»: quem assim escreve é o arcebispo de Pamplona. O mesmo senhor que apela ao voto na extrema-direita: «Hoje em Espanha há alguns partidos políticos que querem ser fiéis à doutrina social da Igreja na sua totalidade, como por exemplo Comunión Tradicionalista Católica, Alternativa Española, Tercio Católico de Acción Política, Falange Española [partido fascista] de las JONS [...] Não têm muitas possibilidades de influenciar de maneira efectiva a vida política, ainda que pudessem chegar a entrar em alianças importantes se conseguissem o apoio suficiente dos cidadãos católicos».

Acho espantosa esta cruzada de alguma Igreja espanhola, que começa a ganhar adeptos por cá: em defesa da vida, atropela-se a vida. Contra o aborto, mas a apoiar partidos fascistas que deixaram um rasto de sangue numa ditadura execrável. A favor da vida, mas sem nomear os atropelos sociais, as injustiças de todos os empresários que despedem alegremente de segunda a sexta ou quando fazem opas, enquanto batem no peito ao domingo ou se ciliciam nas laudes. Esta Igreja de Fernando Sebastian Aguilar é uma Igreja hipócrita. A vida conta pouco, para estes bispos, para esta gente tão pouco sedenta de justiça.